Cuba e Brasil interessados em promover o impacto da ciência na saúde
O Comitê de Gestão Binacional Brasil-Cuba, reunido na terça-feira, concordou promover a transferência tecnológica de produtos com alto impacto na saúde, estudos clínicos conjuntos e o desenvolvimento de projetos de intervenção.
Esses são os objetivos de uma nova etapa da estratégia de cooperação entre os dois países nas áreas de ciência, tecnologia, inovação, e complexo econômico e industrial da saúde, na qual prevalece o conceito de conexão entre esses setores.
Na sessão de terça-feira, também foi ratificada a necessidade de facilitar um ambiente maior para a colaboração científica e a gestão do conhecimento, como foi levantado pelo vice-presidente de produção e inovação em saúde do Brasil, Marco Aurélio Carneiro, com a experiência da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e seu Observatório Nacional de Clima e Saúde.
Julieta María Cardozo, da Financiadora de Estudos e Projetos, Finep, compartilhou as linhas de financiamento e referências para a cooperação bilateral.
Em seu discurso, o coordenador geral de ações estratégicas em pesquisa clínica do Ministério da Saúde do Brasil, Evandro Oliveira, referiu-se às oportunidades de aumentar as capacidades produtivas e a inovação em medicamentos, entre outras possibilidades.
Durante o encontro, a diretora de Pesquisa Clínica do Centro de Imunologia Molecular, Dra. Tania Crombet, explicou que atualmente, entre outros estudos, Cuba tem em andamento um ensaio clínico com a formulação nasal NeuroEpo para pacientes com doença de Alzheimer leve e moderada.
O medicamento também está sendo testado para o tratamento de ataxias e tem grande potencial para a doença de Parkinson, isquemia cerebral aguda e outras doenças neurodegenerativas.
Na reativação do Comitê de Gestão Binacional Brasil-Cuba, as duas nações defendem o relançamento da cooperação em saúde, ciência, inovação e na área regulatória de medicamentos, equipamentos e dispositivos médicos.
Participam da reunião os ministros cubanos da Saúde Pública, José Angel Portal, e da Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Eduardo Martínez, o vice-ministro brasileiro da Saúde, Carlos Gadhela, e o embaixador brasileiro em Havana, Christian Vargas. Todos concordam que essa nova etapa de trabalho representa um avanço no campo da ciência da saúde.
Representantes das indústrias de biotecnologia e farmacêutica de Cuba e do Brasil, bem como autoridades regulatórias e de desenvolvimento de ensaios clínicos, também estão presentes.
Durante o primeiro dia de trabalho, o diretor da Citma apresentou o potencial do conglomerado biotecnológico e farmacêutico cubano, os projetos de vacinas contra o pneumococo, a dengue e o papiloma humano em que algumas de suas instituições estão trabalhando, o desenvolvimento de produtos inovadores como interferons, anticorpos monoclonais e outros imunógenos terapêuticos, utilizados no tratamento do câncer.
Também mencionou os produtos líderes da indústria, entre eles o Heberprot-P para o tratamento de úlceras do pé diabético, dada a incidência dessa patologia na América Latina, e o amplo portfólio de medicamentos de origem natural, que poderiam beneficiar a população brasileira.
O vice-ministro Gadhela destacou o interesse do Brasil em retomar os laços com Cuba por suas contribuições para a melhoria dos indicadores de saúde em seu país e como a transferência da plataforma tecnológica há 20 anos favoreceu a produção da primeira vacina totalmente brasileira contra a COVID-19.