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Seychelles, onde um francês deixou seu nome

Na história de quase quatro séculos do sistema escravista e colonialista, ambos baseados na exploração na África, várias personagens marcaram com seus nomes o de uma nação ou outras regiões importantes do continente.
Mauricio, país situado no oceano Índico deve seu nome ao príncipe holandês Mauricio de Nassau, dado pelos marinhos dessa nação em honra ao governante; Caprivi, região do leste de Namíbia, responde o chanceler da Alemanha Leo Von Caprivi, posterior a Otto Von Bismarck, quem abriu o caminho teutônico na África.

Mahé, a ilha principal do arquipélago de Seychelles, situado a noroeste de Madagascar e ao leste do Quênia, banhada pelo Índico, toma seu nome do francês Mahé de la Bourdonnais.

Este representante do expansionismo da França foi o fundador do império galo nos mares da Índia e, terminada essa encomenda das autoridades de Paris, dirigiu a expedição de conquista de Seychelles em 1768.

APONTAMENTOS HISTORICOS

Alguns historiadores assinalam que Ibn Batuta, navegador árabe que durante muito tempo percorreu os mares do Índico, foi o primeiro que inscreveu essas ilhas nos mapas em meados do século XV e que o português Vasco da Gama as descobriu para seu país em 1504.

O navegante luso que fez a descoberta graças aos mapas de Batuta, também esteve no que atualmente é Moçambique, quando por ordem do rei português procurava uma rota mais curta para chegar à Índia.

No começo do século XVI, uma embarcação portuguesa chegou aos pequenos montículos de grande ito e coral que emergiam das águas oceânicas e os denominaram "Sete irmãs", nome pelo qual ficaram conhecidas até que os franceses se apossaram de Seychelles, depois da conquista do país por Mahé de Bourdonnais.

FIRMEZA FRANCESA

Os franceses dedicaram-se ao cultivo das especiarias trazidas das Índias e ao tráfico de escravos africanos, os que se ocupariam do trabalho nas plantações. Paris aplicou em Seychelles uma combinação de escravatura e colonialismo.

O arquipélago de Seychelles está constituído por 85 ilhas divididas em dois grupos: Mahé, que recebeu o nome do conquistador galo, com 40 ilhas; o outro com 45 está integrado por numerosas e pequenas ilhas de corais.

No final do século XVIII chegaram os primeiros colonos provenientes da própria França à ilha de Santa Ana. Gradualmente chegaram marinheiros, plantadores, comerciantes, fugitivos da justiça e caçadores de aventuras. Uns, atraídos pela possibilidade de cultivar especiarias para vendê-las na Europa; outros, procuravam o modo de enriquecer com facilidade e rapidez.

As enseadas de Seychelles foram também refúgio para os barcos piratas que iam reabastecer-se de água e alimentos e serviam de lugar para esconder os tesouros roubados, segundo a lenda.

Seis anos antes de finalizar o século, quatro navios ingleses com 1.200 soldados e 166 canhões a bordo chegaram a Mahé. O comandante francês que só dispunha de oito peças de artilharia e 40 guardas, capitulou.

O ocorrido em Seychelles significou outro episódio das rivalidades entre Grã-Bretanha e França, duas grandes potências coloniais que lutaram para conquistar novos territórios na África.

Essas discrepâncias também se manifestaram em outras regiões continentais, como foi a luta pelo apoderamento das posses da Alemanha depois de sua derrota na Primeira Guerra Mundial.

GRÃ-BRETANHA

Os britânicos apoderaram-se totalmente de Seychelles em 1810, e incorporaram-na como colônia dependente das ilhas Mauricio também arrebatada da França. Em lugar de levar escravos da África, Londres preferia trazê-los da China e da Índia. Essa força de trabalho escrava foi incorporada às tarefas que realizavam os africanos dos ocupantes franceses.

Durante a ocupação francesa, os donos de plantações submetiam os escravos a um bárbaro sistema de exploração, e com os novos amos britânicos este se via reforçado: africanos e asiáticos trabalhavam para enriquecer a metrópole.

Nesta nação juntaram-se pela primeira vez escravos de África e Ásia. Em 1834 a Coroa britânica decretou o fim do comércio de escravos em suas colônias.

No período das guerras mundiais as ilhas Seychelles converteram-se em pontos estratégicos da Grã-Bretanha. Finalizada a última contenda universal em 1945 a população começou a reivindicar a independência. Era o acordar da África e do arquipélago.

A Grã-Bretanha apelou às acostumadas manobras para dilatar a libertação de Seychelles; repressão a partidários da independência e promoção de divisões entre suas filas. Mas Londres não podia fazer caso omisso às reivindicações e no dia 26 de junho de 1976 o país ficou livre.

Mahé de la Bourdonnais ficaria para sempre na história de Seychelles. Na ilha que leva seu nome está a capital, Victoria.

Hoje a maior parte da população é mestiça, mistura de autóctones africanos, índios, chineses, descendentes de franceses e outros europeus que chegaram às ilhas e são depoimentos do passado do arquipélago.

Fonte: 

Prensa Latina

Data: 

30/11/2013