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FARC-EP rejeitam reforma do fórum militar aprovada pelo Congresso

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP) recusaram hoje nesta capital a reforma constitucional do fórum militar aprovada pelo Congresso colombiano, a qual considera um passo para a impunidade. 

Pouco antes de começar no Palácio de Convenções uma nova jornada do diálogo de paz com o Governo, a guerrilha apresentou um comunicado, lido por Yuri Camargo, no qual condena a decisão da terça-feira passada que, segundo seus defensores, "busca dar segurança jurídica aos membros das Forças Militares e da Polícia". 

Essa reforma vai contra os interesses das vítimas do terrorismo de Estado e abre espaço ao fórum militar, ignorando a indignação nacional e internacional daqueles que advertem sobre uma facilitação da impunidade, reflete o texto.

De acordo com as FARC-EP, está aberto o caminho para não punir os responsáveis por "mais de 3.500 falsos positivos (execuções extrajudiciais) ou civis assassinados por militares".

Sobre esses casos, 1.200 foram questionados, para 665 houve investigação e apenas 72 chegou à justiça, com um nível de impunidade de 98 por cento, denunciou a insurgência. No comunicado, a guerrilha pergunta por que nenhum promotor chamou o ex-ministro de Defesa Camilo Ospina e o ex-presidente Álvaro Uribe, em cujo gerenciamento foi assinada a ordem "que desatou os crimes".

O Governo e congressistas colombianos atribuem ao fórum a intenção "de salvaguarda da instituição militar", enquanto as Nações Unidas e organizações defensoras dos direitos humanos o questionam.

Ontem, o presidente Juan Manuel Santos assegurou que já não existem mais no país sul-americano execuções extrajudiciais, os chamados falsos positivos.

Na continuidade da mesa de conversas de paz em Havana, com Cuba e Noruega como garantidores, a delegação governamental manteve seu tradicional silêncio diante da imprensa presente na sede para cobrir as conversas destinadas a pôr fim a décadas de conflito armado.

Por sua vez, a equipe de comunicação que acompanha o grupo do Governo comentou aos jornalistas que amanhã o diálogo entrará em um novo recesso.

A mesa vai ser retomada de 19 a 21 de dezembro e depois fará uma nova pausa até o próximo ano, detalhou essa fonte.

Na próxima segunda-feira, começa em Bogotá um fórum sobre desenvolvimento integral agrário, do qual tanto o gabinete de Santos como as FARC-EP esperam propostas e opiniões da sociedade úteis para o processo de paz.

As partes concordaram na importância da participação cidadã na busca da paz, processo iniciado em Cuba no dia 19 de novembro com uma agenda de seis pontos.

Até a data, a prioridade foi o tema da terra, enquanto os demais pontos a serem abordados são: a participação política, o fim do conflito, o problema do narcotráfico, a atenção às vítimas e os mecanismos de implementação, verificação e referendamento do que for acordado.

Fonte: 

Prensa Latina

Data: 

14/12/2012