EUA pretendeu escamotear triunfo revolucionário em Cuba
Em 1958 o governo dos Estados Unidos tentou evitar o triunfo do Exército Rebelde em Cuba.
Nessa ocasião, o papel desempenhado pela Agência Central de Inteligência (CIA) teve como fundamento estratégico a estimulação de uma "terceira força" capaz de se desfazer do ditador Fulgencio Batista, que já não garantia a proteção dos interesses estadunidenses na ilha.
Ao mesmo tempo, pretendia impedir o avanço do Movimento Revolucionário 26 de Julio, dirigido pelo Comandante em Chefe Fidel Castro Ruz.
O oficial da CIA David Atlee Phillips explica em suas memórias que a identificação, estimulação e respaldo desta "terceira força", tinha sido uma proposta de James Noel, chefe da Estação CIA em Havana, que trabalhou ativamente em sua implementação.
Esta manobra correspondia a que se identifica na CIA como "operações de ação política", isto é, o respaldo clandestino a indivíduos ou organizações que em países terceiros possam responder melhor aos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos.
Já a diplomacia norte-americana o tinha feito em Cuba, em ocasião da Revolução de 30, quando deu seu apoio a Batista para derrocar o denominado governo dos "Cem Dias", no qual evidenciava-se a postura antimperialista de Antonio Guiteras.
Em dezembro de 1958, a CIA levou a vias de fato vários planos, entre eles a visita a Havana de William D. Pawley, ex-embaixador norte-americano no Peru e no Brasil, que tratou, infrutiferamente, de convencer o tirano para que abandonasse o poder.
A CIA também havia criado uma versão de "terceira força" armada nas montanhas, atuação encomendada à direção da II Frente Nacional do Escambray desde fevereiro e junho de 1958, com a incorporação dos agentes da inteligência norte-americana William Alexander Morgan e John Meckpless Espíritto, respectivamente.
Projetavam utilizar esta organização como um obstáculo frente ao avanço militar do Exército Rebelde. Foi uma operação com o objetivo de que no Escambray se estabelecesse Carlos Prío, que tinha sido derrocado pelo golpe de Estado de Batista no dia 10 de março de 1952.
Documentos divulgados pela CIA posteriormente, revelam que em dezembro de 1958 a Divisão Paramilitar da agência projetava um lançamento de armas por via aérea.
A operação estava dirigida a sua "terceira força" nas montanhas, com o objetivo de que estivesse melhor equipada para se opor aos crescentes sucessos do Exército Rebelde em sua marcha avassaladora para o ocidente.
Não puderam desencadeá-la porque a planificaram para os primeiros dias de janeiro de 1959, quando a ditadura já havia colapsado como resultado dos embates das forças rebeldes.
Em resposta a uma solicitação do Departamento de Estado norte-americano do dia 8 de dezembro de 1958, o ditador dominicano Rafael Leónidas Trujillo expressou sua disposição em atuar de imediato para evitar o triunfo revolucionário em Cuba.
Referindo-se ao apoio à ditadura de Batista, no dia 15 de dezembro, em entrevista com Joseph S. Farland, embaixador estadunidense em Santo Domingo, Trujillo respondeu que "se por alguma causa os Estados Unidos desejava oferecer aquela ajuda de forma indireta, o governo dominicano alegremente atuaria nessa direção".
Em cumprimento desta proposta, no dia 20 de dezembro Trujillo ofereceu a Batista enviar três mil soldados dominicanos para Las Villas e dois mil com destino a Oriente.
Desde agosto de 1958 o Departamento de Estado manobrava para conseguir uma mediação política latino-americana que impedisse o triunfo rebelde, e desde outubro se empenhava em criar uma comissão mediadora da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A missão estava integrada, entre outros, pelos ex-presidentes Arnulfo Arias (Panamá) e Galo Plaza (Equador). Sua versão mais acabada tem como data o 31 de dezembro de 1958.
Outra operação da CIA para evitar o triunfo revolucionário, foi o respaldo ao politiqueiro Tony Varona para que chegasse em território camagüeyano no final de dezembro de 1958 e assim, em conjunto com tropas batistianas que lhe ajudariam, teria que ser aceito como uma força a ser levada em conta no novo governo que se estabelecesse.
Uma variante adicional da CIA consistia em que seu velho colaborador Justo Carrillo, junto com o ex-coronel Ramón Barquín -no momento preso na Ilha de Pinos- deviam encabeçar uma Junta Militar que retirasse Batista do poder, como uma maneira de tirar a legitimidade do Exército Rebelde.
Sob a direção da Embaixada norte-americana, uma opção similar a esta foi a que se aplicou no dia Primeiro de Janeiro de 1959, através de Ramón Barquín, em uma desesperada tentativa de manter intacto o exército batistiano como garantia de seus interesses no país.
Tudo isso evidencia que não eram apenas palavras a expressão do diretor da CIA Allen Dulles na reunião do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos no dia 23 de dezembro de 1958.
Nesse encontro, diante da presença ativa do presidente Dwight D. Eisenhower e preocupado pelo avanço das tropas rebeldes em Cuba, Dulles expressou: "Devemos evitar a vitória de Castro".
Tal interesse não pôde ser cumprido, como também não puderam o conseguir durante mais de meio século. A Revolução segue adiante com o apoio do povo.
*Os autores são investigadores titulares do Centro de Investigações Históricas da Segurança do Estado.
Nessa ocasião, o papel desempenhado pela Agência Central de Inteligência (CIA) teve como fundamento estratégico a estimulação de uma "terceira força" capaz de se desfazer do ditador Fulgencio Batista, que já não garantia a proteção dos interesses estadunidenses na ilha.
Ao mesmo tempo, pretendia impedir o avanço do Movimento Revolucionário 26 de Julio, dirigido pelo Comandante em Chefe Fidel Castro Ruz.
O oficial da CIA David Atlee Phillips explica em suas memórias que a identificação, estimulação e respaldo desta "terceira força", tinha sido uma proposta de James Noel, chefe da Estação CIA em Havana, que trabalhou ativamente em sua implementação.
Esta manobra correspondia a que se identifica na CIA como "operações de ação política", isto é, o respaldo clandestino a indivíduos ou organizações que em países terceiros possam responder melhor aos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos.
Já a diplomacia norte-americana o tinha feito em Cuba, em ocasião da Revolução de 30, quando deu seu apoio a Batista para derrocar o denominado governo dos "Cem Dias", no qual evidenciava-se a postura antimperialista de Antonio Guiteras.
Em dezembro de 1958, a CIA levou a vias de fato vários planos, entre eles a visita a Havana de William D. Pawley, ex-embaixador norte-americano no Peru e no Brasil, que tratou, infrutiferamente, de convencer o tirano para que abandonasse o poder.
A CIA também havia criado uma versão de "terceira força" armada nas montanhas, atuação encomendada à direção da II Frente Nacional do Escambray desde fevereiro e junho de 1958, com a incorporação dos agentes da inteligência norte-americana William Alexander Morgan e John Meckpless Espíritto, respectivamente.
Projetavam utilizar esta organização como um obstáculo frente ao avanço militar do Exército Rebelde. Foi uma operação com o objetivo de que no Escambray se estabelecesse Carlos Prío, que tinha sido derrocado pelo golpe de Estado de Batista no dia 10 de março de 1952.
Documentos divulgados pela CIA posteriormente, revelam que em dezembro de 1958 a Divisão Paramilitar da agência projetava um lançamento de armas por via aérea.
A operação estava dirigida a sua "terceira força" nas montanhas, com o objetivo de que estivesse melhor equipada para se opor aos crescentes sucessos do Exército Rebelde em sua marcha avassaladora para o ocidente.
Não puderam desencadeá-la porque a planificaram para os primeiros dias de janeiro de 1959, quando a ditadura já havia colapsado como resultado dos embates das forças rebeldes.
Em resposta a uma solicitação do Departamento de Estado norte-americano do dia 8 de dezembro de 1958, o ditador dominicano Rafael Leónidas Trujillo expressou sua disposição em atuar de imediato para evitar o triunfo revolucionário em Cuba.
Referindo-se ao apoio à ditadura de Batista, no dia 15 de dezembro, em entrevista com Joseph S. Farland, embaixador estadunidense em Santo Domingo, Trujillo respondeu que "se por alguma causa os Estados Unidos desejava oferecer aquela ajuda de forma indireta, o governo dominicano alegremente atuaria nessa direção".
Em cumprimento desta proposta, no dia 20 de dezembro Trujillo ofereceu a Batista enviar três mil soldados dominicanos para Las Villas e dois mil com destino a Oriente.
Desde agosto de 1958 o Departamento de Estado manobrava para conseguir uma mediação política latino-americana que impedisse o triunfo rebelde, e desde outubro se empenhava em criar uma comissão mediadora da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A missão estava integrada, entre outros, pelos ex-presidentes Arnulfo Arias (Panamá) e Galo Plaza (Equador). Sua versão mais acabada tem como data o 31 de dezembro de 1958.
Outra operação da CIA para evitar o triunfo revolucionário, foi o respaldo ao politiqueiro Tony Varona para que chegasse em território camagüeyano no final de dezembro de 1958 e assim, em conjunto com tropas batistianas que lhe ajudariam, teria que ser aceito como uma força a ser levada em conta no novo governo que se estabelecesse.
Uma variante adicional da CIA consistia em que seu velho colaborador Justo Carrillo, junto com o ex-coronel Ramón Barquín -no momento preso na Ilha de Pinos- deviam encabeçar uma Junta Militar que retirasse Batista do poder, como uma maneira de tirar a legitimidade do Exército Rebelde.
Sob a direção da Embaixada norte-americana, uma opção similar a esta foi a que se aplicou no dia Primeiro de Janeiro de 1959, através de Ramón Barquín, em uma desesperada tentativa de manter intacto o exército batistiano como garantia de seus interesses no país.
Tudo isso evidencia que não eram apenas palavras a expressão do diretor da CIA Allen Dulles na reunião do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos no dia 23 de dezembro de 1958.
Nesse encontro, diante da presença ativa do presidente Dwight D. Eisenhower e preocupado pelo avanço das tropas rebeldes em Cuba, Dulles expressou: "Devemos evitar a vitória de Castro".
Tal interesse não pôde ser cumprido, como também não puderam o conseguir durante mais de meio século. A Revolução segue adiante com o apoio do povo.
*Os autores são investigadores titulares do Centro de Investigações Históricas da Segurança do Estado.
Fonte:
Prensa Latina
Data:
16/04/2010