Educação e desenvolvimento sustentável: uma equação inequívoca
“Entre as crianças de três a quatro anos de idade, dos países de receitas baixas e médias, os das famílias mais ricas têm quase seis vezes mais probabilidades que as crianças mais pobres de receber uma educação na primeira infância. Segundo o Instituto de Estatísticas da Unesco, em 2014 existiam 263 milhões de crianças, adolescentes e jovens sem escolarizar”.
Assim expressou, em 13 de setembro, a diretora do Gabinete Regional de Cultura para a América Latina e o Caribe, da Unesco, Katherine Müller-Marin, ao apresentar na capital cubana o Relatório de Acompanhamento da Educação no Mundo 2016, que contém uma análise sobre as relações entre este indicador e outras facetas do desenvolvimento sustentável, bem como das metas a atingir em matéria educativa, no contexto da nova agenda 2030, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
A representante da Unesco para Cuba, sustentou que este é o primeiro de uma série de relatórios que serão elaborados durante os próximos 15 anos, com o propósito de examinar os avanços obtidos no cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável relativo à educação, e para cumprir o mandato de acompanhamento proposto pelo Fórum Mundial sobre a Educação 2015, realizado em Incheon (República da Coreia).
Em uma análise sobre os desafios da aprendizagem, Müller-Marin explicou que as disparidades entre os sexos aumenta com o nível educativo, e existem grandes diferenças relacionadas com a riqueza: de cada 100 jovens dos mais ricos que finalizam o ensino primário, há só 36 dos mais pobres.
Acerca das múltiplas e complexas simbioses que se evidenciam entre a educação e os restantes objetivos da agenda, a representante sublinhou — para mencionar só um exemplo relacionado com o tema da paz — que nos países afetados por conflitos 21,5 milhões de crianças em idade de frequentam o ensino primário e 15 milhões de adolescentes na idade do primeiro ciclo de educação secundário, estão sem escolarizar.
Ainda, precisou que o documento — entre outros elementos— contém as medidas para fortalecer o acompanhamento da educação nos próximos anos, e acrescentou alguns de suas rotas até o ano 2030, entre os que figuram a necessidade de universalizar a terminação dos estudos nos ensinos primário e secundário, alargar o número de docentes preparados e proporcionar educação de qualidade às populações marginalizadas. “Para que o mundo consiga todos estes objetivos necessita de muita Cuba”, concluiu.
Ao terminar a apresentação, diretivos e especialistas do setor em Cuba, bem como a doutora Silvia Navarro, diretora do Instituto Central das Ciências Pedagógicas, atualizaram os avanços da Ilha maior das Antilhas — único país da América Latina e o Caribe que cumpre os objetivos de Educação para Todos — entre eles o processo de aperfeiçoamento do Sistema Nacional de Educação.
Os dados expostos na jornada, grosso modo, referiram-se a mais de 1,5 milhão de alunos que cursam estudos nos ensinos primário e secundário básico; ter atingido um nível de escolaridade média de 10 graus; os dez milhões de alfabetizados com o método ‘Sim, eu posso’, em 30 países do mundo, e a abordagem inclusiva de um ensino que atende a mais de 37 000 mil crianças, adolescentes e jovens com necessidades educativas especiais associadas ou não a deficiências físicas.
Participaram dos debates Cira Piñeiro e Aurora Fernández, primeira vice-ministra de Educação e vice-titular da Educação Superior, respectivamente; Anna Lucia D´Emilio, representante da Unicef em Cuba e outros convidados.