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Copenhague: mau tempo para o clima

Poucos se atrevem a exaltar o suposto acordo da Cúpula sobre Mudança Climática de Copenhague e ainda que as Nações Unidas tentem salvar a cara, a chuva de críticas tocou fundo em todos as situações.

Aqueles que pensaram que ao passar dos dias as águas tomariam o nível desejado para dar condição ao documento cosmético, atingido pelas costas das maiorias na capital dinamarquesa, tropeçam hoje com a indignação generalizada.

Para além da postura irreverente da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA), em particular com a liderança dos presidentes Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela), a Cúpula de Copenhague parece não ter salvação.

A tal ponto, que ao falar da Conferência das Partes da ONU sobre o aquecimento global (COP15), Suécia, o titular de turno da União Europeia (UE), qualificou de desastre e grande fracasso" a reunião.

Sem rodeio, o ministro sueco de Meio Ambiente, Andreas Calgren, iniciou uma reunião do bloco comunitário em Bruxelas com frases bastante lapidárias em torno da COP15.

"Vamos discutir o desastre que tivemos em Copenhague, como continuar as negociações e como chegar mais longe", comentou.

Depois de dois anos de intensas negociações internacionais, o evento a respeito da mudança climática foi um grande fracasso, do qual temos que aprender, remarcou.

Alguns interesses muito pontuais no seio da UE tratam de maquiar o assunto e aprovar a suposta transcendência do próximo encontro em meados de 2010 em Bonn. Por suposto, a Chanceler Federal da Alemanha, Angela Merkel, defende a COP15.

Defender a Copenhague é apenas possível por aqueles que gozaram dos privilégios de chegar ao palácio de congressos Bella Center eludindo às enormes filas do lado de fora, tendo em vista obter suas credenciais.

Fui testemunha de que ministros, de países em via de desenvolvimento, tiveram que passar pela prova do frio, com temperaturas abaixo zero, e durante horas pela péssima organização do evento.

Insistentemente perguntado por esses e outros problemas, o responsável pela ONU para o clima, Yvo de Boer, se limitou a assumir a responsabilidade, mas não buscou soluções nem facilitou um melhor desenvolvimento da COP15.

À presidência dinamarquesa da reunião questionou-se-lhe também o manejo de promover rascunhos e documentos discutidos no seio de um seleto grupo de nações, sem levar em conta o critério das maiorias.

Diante do irado protesto do Grupo Africano e do G77, os dinamarqueses negaram a existência desses textos. Ao final, os papéis secretos terminaram convertendo-se em duas páginas e meia recusadas como plano pela ALBA e outras delegações.

O diretor internacional do Greenpeace, Kumi Naidoo, referiu-se a outra aresta do encontro na principal cidade dinamarquesa, a repressão policial contra manifestações pacífica ou ações para chamar a atenção em torno do drama climático.

Naidoo lamentou em um comunicado que "enquanto os culpados do crime real de deixar passar uma oportunidade histórica de salvar o clima voltaram a seus países em aviões privados, assistimos espantados ao procedimento das autoridades dinamarquesas".

Apontava a detenção de quatro ativistas pacíficos, entre eles o diretor do Greenpeace-Espanha, que se invadiu o jantar de gala da COP15 no Palácio Chistianborg e abriu um cartaz que dizia: Os políticos falam, os líderes atuam.

Fica ao México na COP16 de 2010 a esperança de passar à história se os governos conseguirem por-se de acordo e fizerem-se os compromissos políticos vinculantes. Hoje se deseja um sonho quimérico.

Fonte: 

Prensa Latina

Data: 

22/12/2009