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Afeganistão: uma prova de fogo para Obama

O presidente Barack Obama tenta hoje buscar um ponto intermediário entre os pedidos do Pentágono de mais tropas para o Afeganistão e de equilibrar as finanças e evitar um maior desgaste público por essa guerra.

Acabar com a insurgência nesse país centroasiático foi uma de suas promessas eleitorais, mas depois de nove meses no Escritório Oval, Obama viu que a realidade está muito distante das palavras.

Os registros de ataques, as declarações dos comandantes militares e a cifra de mortos não deixam lugar a dúvidas: Afeganistão está bem longe de ser um país pacificado.

Tanto o secretário de Defesa, Robert Gates, como o comandante das tropas estrangeiras no Afeganistão, o general Stanley McChrystal, reconheceram o fortalecimento dos talibãs e seu avanço nas regiões até hoje relativamente menos violentas.

Diante dessa situação, o governante anunciou no princípio de seu mandato uma nova estratégia, que inclui o envio de mais tropas, e que muitos meios de comunicação e especialistas consideraram uma escalada militar.

No entanto, McChrystal estimou insuficiente o reforço e solicitou mais 40 mil soldados, que, caso seja aprovado, elevariam a 100 mil os que o Pentágono tem ocupando ali.

Em oito anos de conflito morreram mais de 860 militares estadunidenses e outros 570 das forças estrangeiras, segundo cifras oficiais.

A isto se somam as multimilionárias despesas da campanha bélica e a crescente oposição da opinião pública e de vários legisladores democratas.

Segundo uma pesquisa da emissora CNN e da empresa Opinion Research Corp, 54 por cento dos estadunidenses recusam essa guerra.

A pesquisa destaca que o apoio ao conflito caiu de 50 para 41 por cento, com relação a maio.

Outra investigação da Universidade de Quinnipiac precisou que 49 por cento dos entrevistados estima que o Pentágono será incapaz de vencer os talibãs e apenas 38 por cento é favorável ao envio de mais soldados.

Ademais, a rejeição à guerra de dúzias de congressistas de seu próprio partido causa sérios problemas a Obama no momento em que tenta conquistar apoio no Capitólio para seu programa de reforma na saúde.

Por estes motivos o presidente trata na atualidade de atingir um compromisso entre os falcões e os generais que solicitam mais tropas e os setores liberais que se opõem à guerra.

Nos últimos dias Obama realizou encontros com sua equipe de segurança nacional para analisar o tema, mas meios de comunicação revelaram divisão na equipe assessora.

Servidores públicos que solicitaram o anonimato assinalaram que Gates, a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o enviado especial para o Afeganistão e Paquistão, Richard Holbrooke, apoiaram a possibilidade de aumentar o número de tropas.

Enquanto isso, o secretário da presidência, Rahm Emanuel, e o general James Jones, assessor nacional de segurança, mostraram-se cautelosos em respaldar a proposta.

Por sua vez, o vice-presidente, Joseph Biden, é partidário de manter sem mudanças a cifra de militares estadunidenses despregados nessa nação centroasiática.

Diante deste panorama, o chefe de Estado mostra-se cauteloso antes de tomar uma medida.

Até que o presidente não termine uma revisão da estratégia no Afeganistão não anunciará nenhuma ação, assinalou nesta semana o secretário de imprensa da Casa Branca, Robert Gibbs.

Mais tropas que trarão mais despesas milionárias, mais críticas e mais mortes de soldados ou uma política de contenção e minimizar danos? Nesse dilema se encontra Obama diante de uma guerra que herdou do governo de George W. Bush.

Fonte: 

Prensa Latina

Data: 

09/10/2009