DISCURSO PRONUNCIADO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO RUZ NO ENCERRAMENTO DO ATO PARA COMEMORAR O 6º ANIVERSÁRIO DO ATAQUE AO PALÁCIO PRESIDENCIAL, EFETUADO NA ESCADARIA DA UNIVERSIDADE DE HAVANA, EM 13 DE MARÇO DE 1963
Data:
13/03/1963
Companheiros estudantes (APLAUSOS)
Esta data marca o momento de mais alto heroísmo na história da nossa Universidade, e que é por isso um dia que será preciso culminar sempre em um ato como o de hoje, com os estudantes fundamentalmente, será uma data de maior importância cada ano.
Não ocorrerá tal como no passado, em que as datas gloriosas iam perdendo emoção, iam perdendo força, no vazio onde todo o esforço dos que lutaram e dos que morreram parecia perder-se.
Esta data terá cada vez mais e mais força, essencialmente porque aquele esforço e aquele sacrificio não caíram no vazio, mas sim porque os frutos se verão florescer cada vez mais e mais. E o futuro se encarregará de demonstrar-nos esta verdade, porque o futuro será, cada vez mais visivelmente, o futuro da nossa juventude, o futuro dos nossos estudantes. E porque a pátria será cada vez mais e mais uma imensa escola, uma imensa universidade.
E este espaço que hoje está lotado de jovens, não será já o bastante para dar cabimento aos nossos jovens. E por isso, será preciso fazer como se fez. Quem vai ao ato da escadaria? Quais bolsistas vão ao ato da escadaria, de nossos bolsistas não universitários? (APLAUSOS). Pois os melhores estudantes, os de melhor comportamento, os de melhor dossiê (APLAUSOS). Se algum que não pertence a essa categoria conseguiu entrar às escondidas por aí, é exclusivamente sob sua responsabilidade.
Mas assim foi como se resolveu o problema, porque já é um problema determinar quem pode vir, porque vocês todos não cabem nesta escadaria. E então, por isso, foram escolhidos aqueles que tinham mais méritos.
E assim, ano após ano, em que serão mais e mais os estudantes, se reunirão nesta escadaria os mais estudiosos e os de mais méritos. E um lugar aqui, embora seja um lugar em pé, para comemorar este dia, para poder vir aqui, para ter a honra de estar aqui, será preciso ganhá-lo durante o ano.
Nós, gracejando, ao começar este ato, dizíamos a alguns companheiros; no nosso tempo não havia tanto público na escadaria; no nosso tempo de estudante, a escadaria poucas vezes ficava lotada.
Estas são as diferenças, as profundas e as visíveis diferenças entre o passado e o presente. Mas, sobretudo, é preciso pensar e é preciso olhar rumo ao amanhã. Nós, nos revolucionários, sempre pensamos no amanhã.
Na ocasião recente de ter percorrido as áreas escolares da nossa capital, começando pela escola de ensino primário de bolsistas também, de Santa María del Mar, continuando pela cidade escolar situada no antigo centro de Tarará (APLAUSOS) — que ao que parece tem sua representação aqui neste ato, pelo que escuto — e continuando depois por diferentes lugares, durante horas praticamente percorrendo as ruas, enxergando as mudanças no comportamento, na disciplina, na atitude, e até na presença física dos nossos estudantes, dizia a um companheiro que isso era como um percurso pelo futuro.
Um dia como hoje, em um ato como este, é preciso, sobretudo, pensar no futuro, olhar para o futuro. Nós às vezes nos perguntamos qual será a visão panorâmica dos nossos jovens; quais serão seus sentimentos em um dia como hoje; o que pensarão.
Lembrando aquele respeito com que nós pensávamos sempre nos nossos mártires, nos homens que perderam sua vida por uma causa, pela causa de nosso país, de nosso povo; lembrando a história, a história das lutas pela independência e as lutas na República; e lembrando aquele respeito que nos inspiravam a nós nossos antecessores, nos temos perguntado qual será o sentimento dos nossos jovens.
É que acaso os jovens terão o sentimento de que aquela luta concluiu? É que acaso terão o sentimento de que as páginas mais brilhantes já foram escritas? De que o mais heróico e o de maior mérito já tem sido realizado, e que não haverá para os nossos jovens o palco, o combate onde provar seu espírito, onde provar suas qualidades de revolucionários e de patriotas? Às vezes nos perguntamos isso. E, contudo, se alguém fosse capaz de pensar que já está escrita a história, se alguém fosse capaz de pensar que ainda restam na nossa frente muitas páginas brilhantes a serem escritas, estaria enganado. Porque ainda há na frente de todos e, sobretudo, ainda restam por diante de vocês muitas páginas ainda a serem escritas, muito ainda que lutar, muito ainda que fazer e muito ainda que criar.
Travaram-se umas quantas batalhas. Mas as batalhas que foram travadas contra Batista e sua camarilha, as batalhas que foram travadas contra seus esbirros e criminosos, eram tão só o começo da Revolução. E não eram as batalhas mais difíceis; as batalhas que estão sendo travadas contra o imperialismo ainda são mais difíceis.
Mas ainda há uma outra batalha mais difícil que essas batalhas contra o imperialismo — e alguns perguntarão quais batalhas poderiam ser essas — e essa batalha é a batalha contra o passado, contra o passado e suas ideias reacionárias, contra o passado e sus hábitos nefastos, contra o passado e seus vícios, contra o passado e seu sistema de privilégios, de exploração do homem pelo homem, contra o passado e as ideias, as ideias — repito — as ideias que nos deixou: a forma de olharmos as coisas, de olharmos a vida, os conceitos egoístas; aquele nascer e crescer diferenciando sempre entre o meu e o teu, e o conceito do meu, o meu acima de todos os demais; as ideias que se foram assentando praticamente durante séculos.
Nas revoluções as ideias têm muita importância, porque lutam as classes e lutam as ideias das classes. E os reacionários tentam atrair para suas ideias o maior número de pessoas possível; aproveitam, lançam mão da influência das velhas ideias nas pessoas. E naturalmente que são precisamente nossos estudantes universitários e os das nossas escolas superiores de ensino os que hão de constituir a vanguarda na técnica e também na cultura e nas ideias.
Porque é claro que aqui já não se estão formando parasitos para a sociedade, mas sim trabalhadores para a sociedade, servidores para a sociedade; não exploradores, mas sim trabalhadores. E hão de ser em cada local de trabalho os de mente mais ampla, cultura mais vasta e compreensão mais ampla e profunda. Porque o inimigo aproveita a ignorância, a ignorância faz parte do passado.
Quando falo do passado e seus vícios eu penso, sobretudo, entre tantos vícios, na ignorância. E esses são grandes aliados dos reacionários e dos imperialistas.
No ano passado, por esta data, apresentaram-se as circunstâncias que me obrigaram a fazer uma crítica por causa da supressão de uma invocação a Deus no testamento de (José Antonio) Echeverría. Com toda a honradez, com toda a sinceridade, que deve ser a honradez e a sinceridade dos revolucionários, fiz aquela crítica, julgando errado e não revolucionário aquele ato. Os companheiros compreenderam a crítica e reconheceram o erro.
Não vou falar de outros que, invocando a Deus, querem fazer contrarrevolução (APLAUSOS).
E isto está relacionado com o que falávamos da batalha mais difícil de todas, que era a batalha contra o passado, e que esse passado tenta gravitar por todos os meios possíveis, e que os reacionários lançam mão de todos os meios possíveis, e que os imperialistas, esses monstros sem entranhas, porque não lhes interessa mais que a quantidade de ouro que possam acumular dia a dia, mês a mês e ano por ano; porque a nenhum imperialista, a nenhum capitalista, a nenhum explorador lhe interessa outra coisa — e isso o compreende quem tenha pelo menos um mínimo de raciocínio — não lhe interessa nem lhe interessará jamais outra coisa do que seu proveito, seu próprio benefício.
É claro que tentam fazer crer ao mundo que ao lutar por seus benefícios pessoais lutam pelo progresso da humanidade. Nós sabemos bem quão triviais eram muitos desses crentes, que frequentavam a igreja de manhã, ainda em meio dos efeitos do rum que tinham bebido nos seus aristocráticos e privilegiados clubes. Sabemos quão “piedoso” era esse pessoal, tão “piedoso”, que em um Natal sangrento, como aquele que fez Cowley, que em uma noite assassinou mais de 20 lutadores proletários. Isso era muito pouca coisa para eles, que não haveriam de interromper os folguedos do fim do ano, nem jamais se sentiram sensibilizados pelas centenas e milhares de mortos daquela luta, e que ainda nos derradeiros dias de Batista, no próprio 31 de dezembro, dia da fuga, os surpreendeu em meio dos seus folguedos e festanças.
É claro que de manhã diziam que se sentiam muito contentes porque o senhor Batista tinha ido embora. Mas é que, indiscutivelmente, pensavam que iam ter as mãos mais soltas para explorar ainda mais nosso povo. Conhecemos, então, a piedade daqueles senhores. Não temos nenhuma dúvida.
E lembramos que alguns senhores que nunca tinham frequentado a igreja, mal chegou a lei da Reforma Agrária, começaram a frequentar a igreja praticamente todos os dias. Mas, bem: o povo os conhecia.
O imperialismo tentou provocar um confronto entre a igreja católica e a Revolução e o imperialismo foi desmascarado. Alguns setores reacionários da igreja tentaram utilizar as igrejas contra a Revolução, mas também foram desmascarados. A água foi retornando ao seu nível e os imperialistas começaram a perder a esperança de poder utilizar a igreja católica como instrumento de sua contrarrevolução.
A Revolução manteve-se firme nos seus princípios de respeito às crenças religiosas de qualquer cidadão, seu respeito ao culto. Não ocupou igrejas, não fechou igrejas, não pôs obstáculos às atividades de nenhum sacerdote disposto a desempenhar suas funções propriamente religiosas, e inclusive pode dizer-se que começaram a desaparecer os conflitos entre a Revolução e a igreja católica.
De maneira que, se nos primeiros meses da Revolução se escutava falar de muitos casos de atividades contrarrevolucionárias relacionadas com a igreja católica, depois já não mais eram escutados e praticamente apenas se escutam. E os fatos têm servido para demonstrar como é possível que uma revolução respeite as crenças, como uma revolução proletária mantenha esse princípio no poder, e como a Revolução respeita os sentimentos religiosos de qualquer cidadão; que não é a mesma coisa que respeitar as atividades contrarrevolucionárias de qualquer reacionário, encobertas sob o manto da religiosidade (APLAUSOS).
O que é que fizeram os imperialistas? Conformaram-se? Não, mudaram de tática, e até mudaram de igreja.
E veremos isso muitas vezes. Veremos o inimigo de classe mudar a tática muitas vezes, porque esta luta será longa e tem que ser, necessariamente, longa. Porque esta luta de classes, esta luta de ideias não acaba em 24 horas. A batalha mais difícil, a batalha mais longa não era a batalha contra Batista; a batalha contra os imperialistas, a batalha contra os reacionários, a batalha contra os exploradores, a batalha contra o passado, como dizia há uns minutos. E muitas vezes veremos o inimigo mudar de tática. E isso fez o imperialismo: a forma em que mudou a tática quando se viu esmagado nas cidades pelos Comitês de Defesa da Revolução (APLAUSOS). De tal maneira que o cerco foi-se estreitando, e se mudaram das cidades para o campo, onde a dispersão da população torna muito mais difícil a vigilância do que na cidade.
E de um tempo a esta parte, eis as atividade de duas ou três seitas religiosas, fundadas, precisamente nos Estados Unidos e que têm sido utilizadas como vanguarda de penetração na América Latina, seitas fundadas e subsidiadas pelos imperialistas. Porque os tubarões do imperialismo, senhores, não se importam com Deus nem com a religião, nem com ninguém, porque eles não têm mais Deus do que seu ouro e seus lucros (APLAUSOS).
Mas, ainda, como os tubarões do imperialismo têm uma posição moral e ideológica muito fraca perante a realidade da exploração, como para os tubarões do imperialismo se torna muito difícil justificar diante de ninguém a existência de milhões de analfabetos e de explorados e de pessoas com fome, e as mortes prematuras, e a média de vida que não ultrapassa os 30 anos em muitos países deste continente, e como isso é muito difícil de defender com lógica e com argumentos, e como têm muito pouco que oferecer ao faminto e ao explorado, muito pouco que oferecer-lhes nesta vida, vida que para as massas é mais breve do que para os exploradores, então lançam mão de um magnífico recurso: o de oferecer-lhes maravilhas na outra vida. Talvez as maravilhas que os pobres deste mundo veem nas casas dos ricos.
Imagino como é que um pobre verá o céu, e talvez imagine o céu com um grande automóvil, baixela de prata, um palácio e uma perna de porco ou de vaca assada na mesa da casa. Quer dizer, imaginarão que são sabidos, imaginarão que são cultos, imaginarão que estão sadios, imaginarão essas maravilhas que os ricos exploradores desfrutam neste mundo e que não querem deixar para outros (APLAUSOS).
Pois bem, onde pensavam penetrar as companhias petroleiras mandavam na frente missionários dalgumas dessas seitas. E aqueles que tenham estado em alguns desses lugares ficarão espantados dos resultados da superstição e do engano nas mentes ignorantes. E que havia, por exemplo, uma família de leprosos, que tinham aderido a essa seita, e que quando lhes diziam para mandarem seus filhos ao hospital, diziam: “Não, porque esse hospital é católico e é preferível eles morrerem, porque nesta vida as pessoas devem sofrer e morrer para obter a outra vida”.
Já não era, naturalmente, como hoje, choque de ideias religiosas contra ideias políticas. Quando se enfrentavam as ideias políticas, eram colisões, inclusive, de fanatismos religiosos. E a humanidade assistiu frequentemente ao encontro violento entre esses fanatismos. Milhões e milhões de seres humanos caíram nessas lutas de fanáticos, por tras das quais se encobriam determinados interesses, bem nacionais ou bem de classes.
E, de um tempo a esta parte, começamos a perceber uma atividade inusitada em nosso país — atividade que nunca tinham tido — dessas seitas que são dirigidas diretamente a partir dos Estados Unidos, porque essas não são dirigidas a partir de Roma. Essas são dirigidas a partir dos Estados Unidos e são utilizadas como agentes da Agência Central de Inteligência, do Departamento de Estado e da política ianque.
Naturalmente que eles trabalham com métodos muito sutis, naturalmente que vão encaminhados a explorar a ignorância, vão explorar a superstição, vão enganar o mais ignorante, o camponês mais humilde. E assim, enquanto a Revolução organizava a sua campanha de alfabetização e mobilizava dezenas de milhares de jovens para erradicar o analfabetismo, os imperialistas mobilizavam suas seitas religiosas, as subvencionavam e as mandavam aos campos, aproveitando-se da tolerância da Revolução, para realizar atividades, não com fins religiosos, mas sim com fins eminentemente e essencialmente políticos e contrarrevolucionários.
E então começaram a chegar as notícias e os relatórios, sobretudo nas zonas onde a contrarrevolução trabalhava mais ativamente, acerca da presença de elementos dessas seitas.
Como trabalham? O que é que fazem? Trabalham de uma maneira muito sutil, vão explorar a superstição. Todo mundo sabe quão supersticiosas costumam ser as pessoas nos nossos campos. Quem não morou no campo? Quem não lembra que, inclusive, as coisas mais absurdas que nos contavam e que se convertiam em crenças: que se uma coruja passava e depois havia que dizer: “Deus me livre!” (RISOS), que se um galo cantava três vezes e ninguém respondia ao galo, que se uma galinha cantava como galo? E assim por diante, que qualquer pessoa lendo “A História de Roma”, de Tito Lívio, não acharia grandes diferenças entre aquelas superstições fenomenais do mundo antigo, no qual todos os problemas deviam ser determinados primeiramente com um feiticeiro: qual era o dia bom para a batalha e qual era o dia mau, se a sorte viria a ser favorável ou adversa, e eram contínuos sacrifícios de aves e de animais em geral, incessante viver em meio da superstição e do engano, por causa da ignorância daqueles tempos, em que muitos dos fenômenos da natureza sequer podiam ser explicados.
E essa ignorância é a que vêm explorar esses agentes dos imperialistas. E é claro que muito sutilmente, não de maneira aberta; eles vão para uma zona onde possam haver agentes da contrarrevolução, onde a Agência Central de Inteligência tenha tentado criar bandos armados, onde se tenham cometido assassinatos como o do professor Conrado Benítez ou o do brigadista Manuel Ascunce Domenech (APLAUSOS), e então vão lá pregar, ali precisamente onde são assassinados os jovens, onde são assassinados os camponeses, onde são assassinados os operários e eles têm que defender-se dos bandos e dos assassinos; lá aparecem estes agentes do imperialismo dizendo que não deve haver luta, que não se devem empregar as armas e fazem uma tarefa de amolecimento. E, sob o pretexto da religião, dizer: “Não uses as armas, não te defendas, não sejas miliciano”, ou quando haja que recolher o algodão, ou o café, ou a cana, ou fazer um trabalho especial, e as massas se mobilizam num domingo, ou um sábado, ou um dia qualquer, então eles chegam e dizem: “não trabalhes no sétimo dia”. E então começam, sob o pretexto religioso, a pregar contra o trabalho voluntário.
Mas, ainda, apregoam que não se deve respeitar a bandeira e dizem aos pais: “não mandem as crianças à escola na sexta-feira para que não jurem a bandeira”. E é que nossa pátria — pátria que teve que lutar por sua independência e sua bandeira, pátria que viu morrer tantos heróis no caminho, pátria que por seu destino tem dado a vida de tantos jovens, de tantos trabalhadores, de tantos camponeses, de tantos homens e mulheres dignos — pode tolerar que ninguém apregoe essa irreverência contra a pátria, essa irreverência contra a bandeira? (EXCLAMAÇÕES DE: “paredón, paredón!” (fuzilamento. N. do Trad.).
E acaso a pátria, que tem que defender-se de um inimigo poderoso, a 90 milhas, que incessantemente nos ameaça de atacar-nos com todas suas forças, pode tolerar que ninguém apregoe essa falta de patriotismo, esse abrir mão do combate, isso de não pegar nas armas, e de tal forma esteja na contramão do hino da nação que diz: “Ao combate corredes, às armas valentes corredes”, desde os dias de Céspedes? (APLAUSOS).
É que uma pátria, uma pátria que precisa de produzir, para vencer as enormes dificuldades que nos traz o bloqueio econômico da mais poderosa e reacionária nação da terra; é que a pátria que tem que trabalhar para construir seu futuro, pode permitir que sejam apregoadas essas mentiras contra o trabalho?
E o que tem a ver isso com a religião? O que tem a ver isso com os sentimentos religiosos de ninguém?
E por isso é que eu lhes dizia que é preciso lutar, e lutar forte. Difícil é que venham a esta universidade apregoar tolices, porque não acharão caldo de cultura favorável; é difícil que venham dizer aqui a alguém que não assista ao médico e que diga uma oração para se curar, é difícil. Mas aqui não vêm!, vão lá onde está a ignorância, a ignorância que deixaram na nossa pátria 60 anos de exploração imperialista.
E é preciso desmascarar esses inimigos diante das massas, é preciso pô-los em evidência diante das massas! E as massas proletárias, e as massas camponesas, e os estudantes, e os trabalhadores intelectuais, que tiveram a chance de adquirir maior cultura, uma atitude mais científica, devem combater a mentira, a superstição, a falsidade e, acima de tudo, a farsa contrarrevolucionária que se pretende esconder sob o véu do sentimento religioso. Porque são inimigos da Revolução, são inimigos do proletariado, são inimigos dos camponeses, são inimigos da Pátria e são instrumentos dos imperialistas.
E nosso povo bem conhece, sobretudo nos campos, esses pseudorreligiosos. E, como diz um companheiro, um desses grupos é conhecido sob o nome dos ‘batas brancas’, por parte dos nossos camponeses e dos nossos milicianos — ‘batas brancas’ — porque têm aparecido em muitos desses lugares.
E são três, principalmente, essas seitas, os principais instrumentos hoje do imperialismo, e são: as Testemunhas de Gehová (ASSOBIOS), o bando evangélico de Gedeão (ASSOBIOS) e a Igreja Pentecostal (ASSOBIOS).
É curioso e é uma prova da tolerância da Revolução, uma prova extraordinária da tolerância da Revolução, que este último grupo tem na província de Las Villas, perto do povoado de Santo Domingo, uma escola chamada Instituto Bíblico Pentecostal, onde são preparados seus líderes, e que o dirige um norte-americano; um ianque é o diretor dessa escola (EXCLAMAÇÕES E VAIAS). Até onde chega a tolerância da Revolução, até onde chega!
Nos dias recentes, devido a gestões da embaixada suíça, autorizou-se, como é de acordo a nossa política, a saída de um grupo de senhores que diziam ser cidadãos norte-americanos, ou que tinham algum parente norte-americano, ou que lhes tinha nascido uma filhinha na Flórida (RISOS) e portanto se acolhiam a esse benefício de sair do país.
E foi muito curioso, não levaram nenhum desses senhores que estão à frente dessas seitas; foi curioso mesmo, esses não. Como é que vão levar esses que estão trabalhando livremente, que têm escolas e preparam seus líderes para espionar, para observar o território nacional, fazer campanha contrarrevolucionária entre os camponeses e combater a Revolução?
Mas vejam até onde chega a tolerância da Revolução, que temos esse diretor ianque de uma escola de líderes da contrarrevolução (EXCLAMAÇÕES DE: “Fora!”), disfarçado sob o véu religioso.
E que acaso nossa pátria é obrigada a permitir isso? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Ou é que acaso os imperialistas acham que somos idiotas?
É claro, companheiros estudantes, que as condições de ignorância derivadas do passado, onde estes meios podem pretender determinados fins, não se podem mudar em um dia. Nós temos posto muita ênfase e muito especial interesse na formação de professores.
Ah!, quanto mais avançar a Revolução muito mais ficamos convencidos de quanta razão tínhamos nisso! Graças aos professores que foram promovidos nos primeiros meses, o primeiro e o segundo ano da Revolução, contamos com escolas no país todo.
Vocês sabem o esforço que foi necessário fazer; vir aqui à Universidade para achar professores para os novos centros de ensino de segundo grau e pré-universitário. E muitos jovens, companheiros da Universidade, têm-se destacado como magníficos professores dessas escolas e alguns deles têm sido, inclusive, nomeados diretores (APLAUSOS).
Contudo, quanto nos falta e quanto esforço é preciso realizar para satisfazer cabalmente nossas necessidades.
Estes senhores pentecostais têm uma escola onde instruem seus agentes durante oito meses; mas, contudo, nossos professores, que começam o curso em Minas del Frío, têm que estudar cinco anos e ainda depois terão que continuar frequentando cursos de diferentes tipos de superação.
No Topes de Collantes, escola de primeiro ciclo, há neste momento uns 3 mil jovens, dos quais o primeiro contingente este ano terminará o primeiro ciclo e depois irá estudar dois anos em um instituto pedagógico.
E neste ano fez-se o esforço para ingressar um número determinado de professores, pediram-se as certidões da sexta série e — como já disse em uma ocasião — quase 50% deles tinha escolarização de terceira e quarta classe e às vezes menos, o que nos tem ensinado que será preciso fazer uma mobilização muito maior no próximo ano letivo para completar a capacidade dos 5 mil ou 6 mil que devem começar a estudar.
É que como tudo era praticamente uma fraude na nossa pátria, não só havia um milhão de analfabetos, mas também muitos que tendo uma certidão de sexta série, tinham uma escolarização de segunda ou terceira. Assim se encontrava nosso ensino!
E esses professores que estamos formando serão os novos contingentes de ingressem no nosso magistério — e dos quais, dentro de alguns anos teremos muitos milhares graduados — e serão os responsáveis por ir à escola ensinar deveras, levar até o nível que corresponder os jovens, incutir-lhes desde idades bem precoces hábitos de vida social, hábitos sociais corretos. Porque se bem é verdade que nem todos os seres humanos são da mesma condição, do mesmo temperamento e do mesmo caráter, a educação tem uma influência decisiva, e é a educação a única coisa capaz de desenvolver as inclinações positivas do ser humano e de combater desde muito cedo suas inclinações negativas.
Mas para isso precisamos do técnico, do professor, do especialista, aquele que conheça como se educa uma criança, qual é a psicologia de uma criança, o caráter de uma criança e como se ensina e se forma uma criança.
Temos muitos professores voluntários, porque naquela sociedade de privilégios e de exploração e de incultura, porém, apesar das condições adversas se desenvolveram muitos talentos que brilharam nos diferentes ramos, ou da medicina, ou da engenharia, ou como professores, ou como mestres; embora, naturalmente, não eram as condições de hoje em que vamos formar professores à sério.
Acaso alguma camponesa podia estudar para mestra, ou a filha de um operário de uma usina açucareira? Não, porque as escolas normais estavam nas cidades, principalmente nas capitais e não havia bolsas; e hoje todos os alunos de magistério, todos, têm uma bolsa e isso começa pelas montanhas.
É claro que assim chegaremos a ter formidáveis mestres, sobretudo se continuamos preocupando-nos nesse sentido; se continuamos destinando todos os meios, meios revolucionários, meios novos, como os meios aplicados em uma escola de professores funcionando nesta capital e da qual eu já falei noutra ocasião e que hoje tem a seu cargo perto de 10 mil camponesas.
Meninas de 15 e 16 anos, realizando um trabalho impressionante, com extraordinária responsabilidade, ensinando de manhã, estudando à tarde e à noite, retornando ao lar das camponesas para fiscalizar como funciona tudo, e o que demonstra o que se pode conseguir, o que se pode fazer com os jovens.
E uma das coisas que teve a nossa Revolução é saber ponderar o valor moral, humano e a dinâmica e a atividade e a capacidade dos jovens. E temos obtido fantásticos resultados, sucessos impressionantes, do qual a campanha de alfabetização foi uma prova bem eloquente.
É preciso concentrar a atenção na formação dos mestres e dos professores, porque serão soldados da vanguarda na luta contra a ignorância e contra o passado. E, futuramente, ninguém terá que contar estas coisas, estas coisas incríveis de como os imperialistas preparam seus agentes e realizam suas atividades; primeiramente porque as vamos combater, as massas vão enfrentar os farsantes; saberão diferenciar entre o homem e a mulher de boa fé; não esquecer, não esquecer os milhares e milhares de crentes de boa fé enganados, incutidos de toda uma série de ideias plantadas na sua ignorância, em seu desconhecimento do mundo, boas pessoas.
O que é preciso combater é os responsáveis por essa fraude, o que é preciso combater é as facilidades com que estão contando e submetê-los ao fórum das leis do país (APLAUSOS). E, sobretudo, sair na sua frente onde quer que se encontrem, desmascará-los como agentes do imperialismo inimigo da pátria (APLAUSOS); sair ao campo nas nossas fazendas, nas nossas associações camponesas; enfrentá-los com nossas organizações de massa e com nosso Partido Unido da Revolução Socialista (APLAUSOS).
E na medida em que estejamos mais organizados e avancemos em todos os fronts e superemos nossas deficiências, iremos vencendo a batalha nesse front e em todos os fronts.
E isso permite a vocês terem uma ideia daquilo que têm por diante, da tarefa que têm por diante. Por acaso essa é a única mazela que vem à baila? Não, surge outra série de mazelas que são consequência direta do passado, da herança que nos deixou o capitalismo. Qual delas, por exemplo? O delinquente antissocial, o ladrão, o malandro. Nossa Revolução, na luta contra o imperialismo e os agentes do imperialismo, e concentrando nisso todo seu esforço, ainda não adotou suficientes medidas contra outro tipo de mazela que é herança do capitalismo e que é a delinquência comum. De maneira tal que há parasitos, crescidos sob aquela sociedade, que não se resignam a trabalhar de maneira nenhuma, que antes de querer ganhar o pão honradamente, trabalhando no campo ou trabalhando nas obras públicas, caso não saberem fazer outra coisa, preferem ganhar em quinze minutos o que de outra maneira teriam que ganhar em um mês, ou dois meses de trabalho honrado. E roubar um televisor, ou roubar uma rádio, ou assaltar uma casa (ALGUÉM DO PÚBLICO INTERROMPE).
Sim, há juízes que os libertam, há juízes que não colaboram com a polícia (APLAUSOS): E, naturalmente; isso obedece a outras razões; isso obedece a outras razões; alguns desses senhores juízes desejam criar problemas à Revolução. Mas, ainda, é uma legislação anacrônica, na qual o senhor que roubar um carro, ou uma rádio, ou um aparelho elétrico a qualquer família (ALGUÉM DO PÚBLICO LHE DIZ: “Guanahacabibes!”) Guanahacabibes o quê! Guanahacabibes é para aquele que se engana de boa fé, não para o delinquente. De maneira tal que já existiu o caso de que a polícia prendeu duas vezes, no mesmo dia, o mesmo ladrão.
É claro que não vamos ilibar nosso corpo da ordem pública da responsabilidade. É que têm que prestar maior atenção ao problema e adotar medidas efetivas e enérgicas, e ganhar consciência de que é preciso lutar seriamente contra esse vício que nos deixou a sociedade capitalista.
Houve, inclusive, algum companheiro que pensou que através de métodos absolutamente filantrópicos ia combater essa mazela social, esse vício, e que com um bom conselho um delinquente poderia voltar à vida ordenada e ao convívio social; essas são ilusões, resultado: com as leis anacrônicas, a atitude de alguns juízes, a falta de consciência social para combater essa mazela; que espalha o terror entre as famílias, que há famílias aterrorizadas por causa da atividade desse tipo de elemento antissocial, tendo medo de que as roubem, com medo de sofrerem qualquer acidente, serem vítimas de qualquer agressão por parte dos ladrões.
Há bairros, por exemplo, como o bairro de Altahabana, onde moram inúmeros médicos, em que eles nos têm informado do estado de inquietação em que moram suas famílias, com motivo dessas atividades. E outros muitos bairros, pois, por que? Porque os gatunos andam “livremente” (DO PÚBLICO LHE DIZEM: “Que vão trabalhar!”) e simplesmente se impõe como um dever da Revolução combater de maneira eficaz essa mazela e adotar medidas severas (APLAUSOS).
Enquanto possam sair para a rua mediante o pagamento de uma pequena fiança de 100 pesos, esses negócios organizados, porque eles têm sua rede de distribuição e de comercialização dos produtos que obtêm com o roubo, não custa nenhum trabalho aos gatunos obter os 100 ou os 200 pesos.
Às vezes empregam crianças, o qual é pior, empregam menores de idade para entrarem nas casas e abri-las. Resultado: a necessidade de adotarmos medidas severas. Em primeiro lugar, a exclusão da fiança (APLAUSOS); mas isso não é suficiente, a quem roubar em um lar onde se encontre uma família, quer dizer, que roube e esteja em perigo a família, que possa ser vítima de uma agressão física, quer dizer roubo empregando a violência nos domicílios e nas pessoas, será aplicada a pena capital (APLAUSOS PROLONGADOS); e quem roubar empregando menores de idade, maior razão para aplicar a pena capital (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: “Fidel, paredon (fuzilamento) para o ladrão!”).
Nós sabemos, nós sabemos que o delinquente é o produto da sociedade, que o delinquente é um produto dessa sociedade já abolida; mas nem por isso podemos deixar de adotar medidas para proteger as famílias, para proteger a sociedade deles, para proteger o povo de suas atividades. Não podemos deixar de adotar medidas drásticas, porque doutra maneira a sociedade ficaria exposta à livre vontade destes elementos antissociais. E é preciso combater isso tal como se combate uma doença, tal como se combate uma praga, tal como se combate uma epidemia.
(ALGUÉM DO PÚBLICO FAZ REFERÊNCIA AOS SALÕES DE JOGAR BILHAR). Dito em boa hora!, esse companheiro que nos fez lembrar os salões de jogar bilhar (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES). Nos não temos discutido esse problema, mas muitos companheiros se têm aproximado de nós para falar-nos dele, do número de vadios e lúmpens que se reúnem em muitos desses lugares.
Eu dizia aos companheiros que ainda nos resta muito por fazer, muito, porque ainda temos uma grande quantidade de focos de infecção de delinquência e de malandragem, e sobretudo restam as classes sociais que sustentam e alimentam esses focos, os vícios que os geram. Por que, o que é esse ladrão a não ser o produto de uma sociedade que desonra o trabalho e que reprova o trabalho: o capitalismo? Quem são esses vadios? Porque não são só os ladrões: há outros subprodutos do capitalismo e dos reacionários e dos exploradores, subprodutos que temos recebido abundantemente, porque se bem não nos deixaram fábricas, nos deixaram vícios de toda a classe neste país.
O imperialismo é pródigo em criar esses vícios todos. Todo mundo lembra o que acontecia em Guantánamo quando os ‘marines’ andavam à solta; e todo mundo sabe o que acontece onde se encontrem as forças ianques, quanta corrupção, quanto vício introduzem, porque eles precisam de “entreter” seus soldados.
O produto ao qual me estou referindo não é precisamente a prostituição agora, mazela e vício, vestígio contra o qual lutamos pacientemente, acauteladamente, com cuidado, e com métodos adequados; porque essas são as vítimas, esse é outro subproduto da sociedade capitalista, que degradava de tal maneira a mulher, a privava dos meios de vida de tal maneira, dos meios decorosos para viver, que dessa maneira arrastava dezenas e dezenas de milhares de pessoas a exercer esses ofícios nojentos.
Não, não estavam abertas para as mulheres as portas das profissões técnicas, ou de muitas profissões técnicas; praticamente nem 50% das meninas entrava na escola de medicina para formar-se como médicos, ou para converter-se em enfermeiras, ou para converter-se em professoras (APLAUSOS); não se convertiam em administradoras de milhares e milhares de lojas, como com a última lei de nacionalização decretada.
Não. O panorama da vida para a mulher era outro muito diferente, e muito diferente do honroso porvir e do porvir digno que qualquer mulher tem hoje em dia aqui na nossa pátria. Porque alguns desses que levaram suas filhinhas do país, as levaram do país onde as mulheres começam a ter plenos direitos, todas as oportunidades, e onde a prostituição nas suas mil formas está sendo abolida, para levá-las para o país que é a fonte ideal para todos os vícios.
Porque não debalde, e não é por acaso, que os contrarrevolucionários levaram para Miami seus salões de jogo, seu jogo ilícito e suas atividades ilícitas; não é por acaso que fundaram muitos prostíbulos lá em Miami e em muitos outros lugares da América aonde foram parar.
Há outras mazelas às quais ia me referir, e que é a do vadio, o lúmpen, lúmpen, inclusive, de receitas amplas, filhos de burgueses, que nem estudam nem trabalham. O que é que esperarão? Que retorne o capitalismo para viverem como vadios? O que estão sonhando? Nem sei o que sonharão, porque agora parece que os imperialistas não os querem receber, não querem receber os burgueses em Miami nem nos Estados Unidos! É curioso mesmo! A Revolução resistiu a drenagem, a campanha colossal para levar-nos os médicos do país, fazendo campanhas contra a Revolução por causa da emigração que saía.
É claro que eles se cuidavam muito bem de apresentar o problema da emigração de Cuba como um problema relacionado com a Revolução, e o único que tinha feito a Revolução era ter mudado o caráter dessa emigração, e a composição dessa emigração, porque antes emigravam muitos infelizes, muitos que não tinham onde trabalhar.
E vocês lembrarão, antes da Revolução, nas décadas de 40 e de 50, as filas imensas em frente da embaixada ianque pedindo vistos. E o difícil que era conseguir um visto. Quando veio a Revolução, escancararam as portas para todo aquele que quisesse ir embora, e a Revolução também escancarou as portas para tuodo aquele que quisesse partir!
Porém, que aconteceu? Os imperialistas fecharam as portas, perderam a batalha para a Revolução, perderam a batalha. E assim, a gusanera (contrarrevolução. N. do Trad.) não dirá que nós somos os culpados. Não; porque as nossas portas estão abertas para aqueles que desejem abandonar o país! (APLAUSOS).
Eles deram dezenas de milhares de vistos e agora suspenderam o transporte. Como vocês sabem, o Governo permitiu a saída nos navios que traziam o pagamento da indenização, e assim saíram três navios. Mas no quarto navio, o que é que inventaram os imperialistas? Pois inventaram um navio alemão, que chegava até aqui e daqui partia para a Alemanha, para não dar chance a sair a ninguém.
Suspenderam as linhas, alegaram que não era rentável. Discutiu-se a possibilidade de que os dólares que pagassem os que saíam, metade ficasse em Cuba e a outra metade a recebesse a companhia — dólares que, naturalmente, tinham que mandar-lhes de fora. Quer dizer, que o Governo não pôs empecilho algum, as agências imperialistas tentam ocultar a verdade, porque evidentemente não querem problemas com a ‘gusanera’ (contrarrevolução) — que já têm demais, ao que parece!
E, o que é que aconteceu? Que deram permissão a dezenas de milhares de pessoas para irem residir lá, muitas delas renunciaram a seus empregos, em muitos casos magníficos e excelentes empregos à sombra; muitos que não eram burgueses e que pertenciam à aristocracia, ou à pequena burguesia, e agora os enganaram, mais uma vez os enganaram.
Vão ficar? Pois então não pensem que vão recuperar aquele empregozinho cômodo! (APLAUSOS). Porque nós entendemos que devem ir realizar trabalho físico, que é do que mais estamos precisando neste momento, e que vão trabalhar na agricultura. Damos trabalho a todos, se quiserem, na agricultura! E com o perdão dos camponeses, que não seria mais do que um pequeno reforço, e não de muito valor! (RISOS). Mas, se querem, que comecem pelo campo.
E seria bom recomendar aos nossos administradores, esses às vezes magnânimos, e excessivamente magnânimos empregadores, que sem reverem os cálculos das despesas nas empresas são generosos demais na hora de aumentar o quadro de pessoal, lhes recomendaria repararem bem, não seja que dêem cabimento outra vez a esses senhores que já tinham seu visto e tudo pronto, até que os ianques chegaram e lhes cortaram a saída (APLAUSOS).
O país “livre”! a América do Norte, o país do “mundo livre”, o “país livre” que não deixa vir ninguém aqui, que ficou com medo e teve susto perante a possibilidade de que a Cuba se pudesse vir livremente, e proibiu vir ao país; e inclusive condenou a pagar elevadas quantias de multa a um valente jornalista negro que se atreveu vir a Cuba (APLAUSOS). Em que posição ridícula ficou perante nosso país e nossa Revolução o país “livre”! É algo ridículo, que não deixa sair ninguém para visitar Cuba! Perante o país que deixa sair quem quiser e permite entrar ao visitante de qualquer país do mundo que quiser! Que permite vir os norte-americanos que queiram! Que não fecha suas fronteiras a ninguém!
Em que posição ridícula ficaram perante nossa pátria, perante nosso país! E aqueles que ficaram numa posição ainda mais ridícula são aqueles “enganados”, os que queriam ir para o “mundo livre” e o “mundo livre” lhes fechou a porta na cara! (APLAUSOS).
Ora, é claro, se querem viver aqui, não pode ser de vadios, não pode ser de vadios. Aqui é preciso trabalhar (APLAUSOS). Que não estejam procurando — não sei como diz o provérbio — “os pés ao gato”, “os quatro pés do gato”, vocês me entendem o que eu quero dizer. Que a Revolução não tem nenhuma obrigação de tolerar vadios, não tem nenhuma obrigação de tolerar parasitos, a Revolução sustenta o jovem, o doente, o deficiente, o idoso, tudo para eles; são os únicos que tem direito de viver do trabalho dos demais: as crianças, os doentes, os deficientes e os idosos. Mas vadios, vadios vivendo dos demais (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Por que? Por acaso vocês acham que nosso proletariado vai estar disposto a quebrar-se a vida trabalhando nas nossas usinas e nos nossos campos produzindo para eles? Qual é o direito que têm? Nenhum direito! E que se despachem, e que andem direitinho, e que saibam que aqui têm que trabalhar para viver (APLAUSOS).
É claro que por aí anda outro espécime, outro subproduto que nós devemos combater. É esse jovem que tem 16,17, 15 anos, e nem estuda, nem trabalha; então, anda de lúmpen, nas esquinas, nas cantinas, vai a alguns teatros, e assume algumas liberdades e realiza algumas libertinagens. Um jovem que nem trabalha, nem estuda, o que é que pensa da vida? Pensa viver de parasito? Pensa viver como vadio? Pensa viver dos demais? Se os imperialistas não os recebem lá no seu “mundo livre”, então que se prontifiquem também para trabalhar (APLAUSOS).
Também não toleramos esse subproduto do capitalismo. Porque há alguns burgueses que têm dito: “não mando meus filhos à escola”. Então, nem estudam nem trabalham. E às vezes nem as filhas. Que porvir vão deparar a essas meninas? As querem tanto que não as querem ver convertidas numa estudante ou numa trabalhadora? Em que as querem ver convertidas?
(DO PÚBLICO DIZEM ALGO AO DOUTOR CASTRO)
Vamos atender ao essencial, não desviar-nos agora nos detalhes.
E que acontece? Que esse tipo existe, e há alguns por aí com responsabilidade dos seus familiares, com responsabilidade dos seus familiares, aprendendo a ser lúmpens, aprendendo a ser vadios, aprendendo a ser delinquentes.
Claro que não colidem com a Revolução como sistema, mas colidem com a lei, e embarcam nessa onda e se tornam contrarrevolucionários (RISOS). Porque na Revolução percebem a lei, e percebem a ordem, são contrarrevolucionários, e são uns... bem, o que são todos os contrarrevolucionários (EXCLAMAÇÕES E APLAUSOS). Porque são uns safados, tão safados como todos os contrarrevolucionários.
Porque, senhores, não se esqueçam disto, sobretudo vocês, jovens: não se esqueçam disto, tenham isso sempre presente: que tal como a Revolução que une o melhor, o mais firme, o mais entusiástico, o mais valioso; a contrarrevolução reúne o pior, desde o burguês até o maconheiro, desde o esbirro até o malandro, desde o dono de uma usina açucareira até o vadio profissional, o viciado, e esse elemento todo se junta para travar batalha contra a lei, e a Revolução; a sociedade; para viver como vadios; estorvar: tudo; o pior; se junta: no esqueçam isso nunca.
Então; muitas dessas pessoas estão nesses lugares: nos salões de bilhar, nas esquinas, nas cantinas; restam muitas coisas. Mas é preciso estudá-las, é preciso estudá-las. O importante é o princípio, o princípio de que não podemos permitir-lhes aspirar a serem vadios.
(DO PÚBLICO LHE DIZEM: “Os fraquinhos, Fidel!”, “os homossexuais!”).
Um momento! É que vocês não me deixaram completar a ideia (RISOS E APLAUSOS). Muitos desses janotas vadios, filhos de burgueses, andam por aí com umas calças estreitas demais (RISOS); alguns deles com um violãozinho em atitudes “elvispreslianas”, e que levaram sua libertinagem aos extremos de querer frequentar alguns lugares de concorrência pública a organizar seus shows feminis livremente.
É bom não confundirem a serenidade da Revolução e a equanimidade da Revolução com fraquezas da Revolução. Porque na nossa sociedade não pode haver cabimento para essas degenerações (APLAUSOS). A sociedade socialista não pode permitir esse tipo de degenerações.
Jovenzinhos aspirantes a isso? Não! “Árvore que cresceu torta...”, já o remédio não é tão fácil. Não vou dizer que vamos aplicar medidas drásticas contra essas árvores tortas, porém jovenzinhos aspirantes, não!
Há umas quantas teorias, eu não sou cientista, eu não sou um técnico nessa matéria (RISOS), mas sim sempre percebi uma coisa: que o campo não dava esse subproduto. Sempre percebi isso, e sempre o tenho muito presente.
Estou certo de que independentemente de qualquer teoria e das pesquisas da medicina, entendo que influi muito o ambiente, muito do ambiente e do enfraquecimento nesse problema. Mas todos são parentes: o lúmpenzinho, o vadio, o elvispresliano, o “calça jeans” (RISOS).
E que é que opinam vocês, companheiros e companheiras? O que é que opina nossa juventude forte, entusiástica, enérgica, otimista, que luta por um porvir, disposta a trabalhar por esse porvir e a morrer por esse porvir? O que é que opina de todos esses vícios? (EXCLAMAÇÕES).
Então, consideramos que a nossa agricultura precisa de braços (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”); e que essa contrarrevolução de lúmpens, e a outra contrarrevolução, não confundam Havana com Miami. Parece que ainda não adquiriram consciência clara acerca do país em que estão vivendo, e parece que pretendem ignorar que o proletariado tem a mão dura, porque trabalha forte, com ferros. E o proletariado tem a mão de ferro quando é preciso tê-la. Calmamente sabe ter a mão de ferro quando seja preciso tê-la, sem extremismos. Somos inimigos dos extremismos, somos inimigos dos métodos incorretos, somos inimigos do desleixo; mas isso não quer dizer que a Revolução não tenha a mão de ferro e que os nossos trabalhadores não tenham a mão de ferro, porque nossos trabalhadores sabem que o inimigo imperialista tinha a mão de ferro, e muito forte. E os trabalhadores que conhecem acerca da história da Comuna de Paris, nossos trabalhadores que conhecem acerca da história da Espanha, nossos trabalhadores que conhecem a história daquelas ocasiões nas quais o proletariado teve que sofrer a mão da reação, sabe o que pretende para ele a contrarrevolução, o que pretende para nosso povo, para nossos jovens, para nossas mulheres, para nossos camponeses, para nossos operários, para nossos soldados, para nossos milicianos.
Há algumas ocasiões em que eu me pergunto o que é que imaginarão estes senhores. Quando qualquer pessoa anda pela Quinta Avenida e observa todas aquelas casas que hoje alojam dezenas e dezenas de milhares de jovens, muitas escolas, tantos programas em andamento, nós pensamos: O que é que acham estes senhores? Pensarão recuperar isto, pensarão recuperar suas casinhas e despejar para as ruas os filhos dos nossos operários e dos nossos camponeses, expulsá-los das nossas escolas pré-universitárias e tecnológicas, expulsá-los das nossas universidades, expulsar as crianças das fazendas infantis estabelecidas em muitas dessas fazendas de recreio? O que é que pensarão? Sonharão com esses sonhos dantescos? Em que mundo eles estão vivendo? O que é que eles imaginam do nosso povo, o que é que imaginam dos nossos jovens, o que é que imaginam dos nossos proletários, o que é que imaginam dos nossos camponeses, o que é que imaginam dos homens e mulheres dignos que em um número tão elevado deu esta terra?
Que nem sequer sonhem que vão encontrar uma pedra em pé! Nem uma pedra em pé neste país, ianques insolentes, imperialistas desbocados, promotores de guerras, atiçadores de guerras, charlatães! O que é que imaginam, politiqueiros de baixa lei, que tem convertido nossa pátria no motivo central de suas campanhas políticas, de suas aspirações inconfessáveis, monopolistas de um e doutro partido, que são iguais? O que é que estão imaginando e pensando? Iludidos! Pois não enxergam o mundo de hoje tal como é, e fecham os olhos como o avestruz, pretendendo ignorar um continente em ebulição, que pretendem curar as mazelas da América com receitas de mercurocromo, a fome e a miséria espantosa.
E na medida em que se desesperam com seu fracasso na América, na medida em que a onda revolucionária cresce na América, cresce sua histeria e cresce seu ódio. E devem saber que deste país não poderão colher nem o pó, ou — em todo o caso — o pó de que falava Antonio Maceo, alagado com o nosso sangue! (APLAUSOS). Pelas armas que temos e as armas que estão passando às nossas mãos, e que são adequadas para receber, como merece, qualquer agressor.
Porque, agora mesmo, estamos recrutando o pessoal para nossas armas mais modernas. E precisamos de técnicos (APLAUSOS), precisamos de estudantes da faculdade de tecnologia, precisamos pessoal com alto nível. E o que temos combinado é, primeiramente, escolher esse pessoal nas Forças Armadas, depois nos locais de trabalho (APLAUSOS). Porque há muitos locais de trabalho onde há jovens bons, jovens revolucionários, que estão trabalhando, realizando uma tarefa que não é de maior importância, cuja vaga, inclusive, poderia ser fechada. Porque o que nós temos pedido nos ministérios é que a vaga de qualquer jovem que venha prestar este serviço seja fechada, para fazer economia. E, em último termo, alguns estudantes, devido a precisarmos de pessoal com um elevado nível de cultura e conhecimentos técnicos para saber empregar as armas que estão à nossa disposição (APLAUSOS).
E temos que preparar-nos, temos que preparar-nos em todos os fronts, em todos os fronts; no da produção, no do estudo, com todas as medidas de reorganização que se estão adotando, e na defesa. Não descurar nenhum front. Poder contar com magníficas unidades de combate para que os imperialistas não sonhem sequer que vão achar as coisas fáceis no nosso país.
Eles sabem que Cuba luta, aprenderam isso em Giron (Baía dos Porcos), sabem muito bem (APLAUSOS). Ainda estão discutindo o que aconteceu, o que aconteceu e como aconteceu. Discutem e discutem, mas aconteceu o que aconteceu porque tinha que acontecer, porque lhes demos o que mereciam, porque os recebemos, naturalmente, não como eles esperavam. Já poderemos falar outra vez disso, porque os ouvimos discutir e não sabem nem a metade acerca disso. Que se bombardearam, que se não bombardearam, que se deviam ter feito outro bombardeio e não o fizeram. E pensavam que nós estávamos aqui, meio tontos, de braços cruzados. E nunca seremos idiotas, nunca estaremos de braços cruzados. A Revolução nunca ficará de braços cruzados! (APLAUSOS).
E a Revolução sempre adotará todas as medidas, de ordem nacional e de ordem internacional (APLAUSOS). E dará todos os passos para se defender, para resistir.
Eles contam, sonham, acusam o senhor Kennedy de que não tem uma política determinada, clara, que obtenha resultados. Mas, onde está essa política, onde pode estar essa política?
É que não existe mais essa política e não pode existir. E a outra, a que propõem os guerreiristas, conduz a seu próprio desastre.
Porque nós também temos feito nossos cálculos. O Pentágono calcula, e nós também calculamos. Eles imaginam, e nós também imaginamos. Eles dão certos passos e nós também damos certos passos (APLAUSOS).
Assim aconteceu quando Giron. Calcularam e voltaram a calcular, e se enganaram. Pois bem; na próxima ocasião, na próxima ocasião, também se vão enganar. E com esta Revolução sempre vão estar enganados, até aprenderem a lição, e até compreenderem que o único caminho que lhes resta é respeitarem a soberania deste país, a dignidade deste país, o direito deste país, a autodeterminação deste país, a independência deste país (APLAUSOS). E qualquer outro caminho estará errado.
Devemos preparar-nos, então, em todos os fronts! Vamos trabalhar sempre com entusiasmo, não importam os obstáculos, não importa a ação do inimigo, não importam os ignorantes! Nós temos a razão, nós temos o direito, nós temos a energia, nós temos a iniciativa, temos a história conosco!
Companheiras e companheiros estudantes, futuros técnicos da pátria, vanguarda intelectual e revolucionária de nosso povo: vamos lutar, vamos trabalhar, vamos organizar-nos! Organizar nosso Partido, desenvolver nossas organizações de massa, combater o inimigo em todos os fronts, travar a batalha onde quer que tenhamos que travá-la, e preparar-nos para todas as contingências! As contingências não nos assustam! Os imperialistas têm muito mais que perder que nós! Nós aqui, hoje, podemos dizer aquilo que disseram Marx e Engels no seu Manifesto Comunista: “Os proletários não têm outra coisa que perder a não ser suas correntes!”
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)
Esta data marca o momento de mais alto heroísmo na história da nossa Universidade, e que é por isso um dia que será preciso culminar sempre em um ato como o de hoje, com os estudantes fundamentalmente, será uma data de maior importância cada ano.
Não ocorrerá tal como no passado, em que as datas gloriosas iam perdendo emoção, iam perdendo força, no vazio onde todo o esforço dos que lutaram e dos que morreram parecia perder-se.
Esta data terá cada vez mais e mais força, essencialmente porque aquele esforço e aquele sacrificio não caíram no vazio, mas sim porque os frutos se verão florescer cada vez mais e mais. E o futuro se encarregará de demonstrar-nos esta verdade, porque o futuro será, cada vez mais visivelmente, o futuro da nossa juventude, o futuro dos nossos estudantes. E porque a pátria será cada vez mais e mais uma imensa escola, uma imensa universidade.
E este espaço que hoje está lotado de jovens, não será já o bastante para dar cabimento aos nossos jovens. E por isso, será preciso fazer como se fez. Quem vai ao ato da escadaria? Quais bolsistas vão ao ato da escadaria, de nossos bolsistas não universitários? (APLAUSOS). Pois os melhores estudantes, os de melhor comportamento, os de melhor dossiê (APLAUSOS). Se algum que não pertence a essa categoria conseguiu entrar às escondidas por aí, é exclusivamente sob sua responsabilidade.
Mas assim foi como se resolveu o problema, porque já é um problema determinar quem pode vir, porque vocês todos não cabem nesta escadaria. E então, por isso, foram escolhidos aqueles que tinham mais méritos.
E assim, ano após ano, em que serão mais e mais os estudantes, se reunirão nesta escadaria os mais estudiosos e os de mais méritos. E um lugar aqui, embora seja um lugar em pé, para comemorar este dia, para poder vir aqui, para ter a honra de estar aqui, será preciso ganhá-lo durante o ano.
Nós, gracejando, ao começar este ato, dizíamos a alguns companheiros; no nosso tempo não havia tanto público na escadaria; no nosso tempo de estudante, a escadaria poucas vezes ficava lotada.
Estas são as diferenças, as profundas e as visíveis diferenças entre o passado e o presente. Mas, sobretudo, é preciso pensar e é preciso olhar rumo ao amanhã. Nós, nos revolucionários, sempre pensamos no amanhã.
Na ocasião recente de ter percorrido as áreas escolares da nossa capital, começando pela escola de ensino primário de bolsistas também, de Santa María del Mar, continuando pela cidade escolar situada no antigo centro de Tarará (APLAUSOS) — que ao que parece tem sua representação aqui neste ato, pelo que escuto — e continuando depois por diferentes lugares, durante horas praticamente percorrendo as ruas, enxergando as mudanças no comportamento, na disciplina, na atitude, e até na presença física dos nossos estudantes, dizia a um companheiro que isso era como um percurso pelo futuro.
Um dia como hoje, em um ato como este, é preciso, sobretudo, pensar no futuro, olhar para o futuro. Nós às vezes nos perguntamos qual será a visão panorâmica dos nossos jovens; quais serão seus sentimentos em um dia como hoje; o que pensarão.
Lembrando aquele respeito com que nós pensávamos sempre nos nossos mártires, nos homens que perderam sua vida por uma causa, pela causa de nosso país, de nosso povo; lembrando a história, a história das lutas pela independência e as lutas na República; e lembrando aquele respeito que nos inspiravam a nós nossos antecessores, nos temos perguntado qual será o sentimento dos nossos jovens.
É que acaso os jovens terão o sentimento de que aquela luta concluiu? É que acaso terão o sentimento de que as páginas mais brilhantes já foram escritas? De que o mais heróico e o de maior mérito já tem sido realizado, e que não haverá para os nossos jovens o palco, o combate onde provar seu espírito, onde provar suas qualidades de revolucionários e de patriotas? Às vezes nos perguntamos isso. E, contudo, se alguém fosse capaz de pensar que já está escrita a história, se alguém fosse capaz de pensar que ainda restam na nossa frente muitas páginas brilhantes a serem escritas, estaria enganado. Porque ainda há na frente de todos e, sobretudo, ainda restam por diante de vocês muitas páginas ainda a serem escritas, muito ainda que lutar, muito ainda que fazer e muito ainda que criar.
Travaram-se umas quantas batalhas. Mas as batalhas que foram travadas contra Batista e sua camarilha, as batalhas que foram travadas contra seus esbirros e criminosos, eram tão só o começo da Revolução. E não eram as batalhas mais difíceis; as batalhas que estão sendo travadas contra o imperialismo ainda são mais difíceis.
Mas ainda há uma outra batalha mais difícil que essas batalhas contra o imperialismo — e alguns perguntarão quais batalhas poderiam ser essas — e essa batalha é a batalha contra o passado, contra o passado e suas ideias reacionárias, contra o passado e sus hábitos nefastos, contra o passado e seus vícios, contra o passado e seu sistema de privilégios, de exploração do homem pelo homem, contra o passado e as ideias, as ideias — repito — as ideias que nos deixou: a forma de olharmos as coisas, de olharmos a vida, os conceitos egoístas; aquele nascer e crescer diferenciando sempre entre o meu e o teu, e o conceito do meu, o meu acima de todos os demais; as ideias que se foram assentando praticamente durante séculos.
Nas revoluções as ideias têm muita importância, porque lutam as classes e lutam as ideias das classes. E os reacionários tentam atrair para suas ideias o maior número de pessoas possível; aproveitam, lançam mão da influência das velhas ideias nas pessoas. E naturalmente que são precisamente nossos estudantes universitários e os das nossas escolas superiores de ensino os que hão de constituir a vanguarda na técnica e também na cultura e nas ideias.
Porque é claro que aqui já não se estão formando parasitos para a sociedade, mas sim trabalhadores para a sociedade, servidores para a sociedade; não exploradores, mas sim trabalhadores. E hão de ser em cada local de trabalho os de mente mais ampla, cultura mais vasta e compreensão mais ampla e profunda. Porque o inimigo aproveita a ignorância, a ignorância faz parte do passado.
Quando falo do passado e seus vícios eu penso, sobretudo, entre tantos vícios, na ignorância. E esses são grandes aliados dos reacionários e dos imperialistas.
No ano passado, por esta data, apresentaram-se as circunstâncias que me obrigaram a fazer uma crítica por causa da supressão de uma invocação a Deus no testamento de (José Antonio) Echeverría. Com toda a honradez, com toda a sinceridade, que deve ser a honradez e a sinceridade dos revolucionários, fiz aquela crítica, julgando errado e não revolucionário aquele ato. Os companheiros compreenderam a crítica e reconheceram o erro.
Não vou falar de outros que, invocando a Deus, querem fazer contrarrevolução (APLAUSOS).
E isto está relacionado com o que falávamos da batalha mais difícil de todas, que era a batalha contra o passado, e que esse passado tenta gravitar por todos os meios possíveis, e que os reacionários lançam mão de todos os meios possíveis, e que os imperialistas, esses monstros sem entranhas, porque não lhes interessa mais que a quantidade de ouro que possam acumular dia a dia, mês a mês e ano por ano; porque a nenhum imperialista, a nenhum capitalista, a nenhum explorador lhe interessa outra coisa — e isso o compreende quem tenha pelo menos um mínimo de raciocínio — não lhe interessa nem lhe interessará jamais outra coisa do que seu proveito, seu próprio benefício.
É claro que tentam fazer crer ao mundo que ao lutar por seus benefícios pessoais lutam pelo progresso da humanidade. Nós sabemos bem quão triviais eram muitos desses crentes, que frequentavam a igreja de manhã, ainda em meio dos efeitos do rum que tinham bebido nos seus aristocráticos e privilegiados clubes. Sabemos quão “piedoso” era esse pessoal, tão “piedoso”, que em um Natal sangrento, como aquele que fez Cowley, que em uma noite assassinou mais de 20 lutadores proletários. Isso era muito pouca coisa para eles, que não haveriam de interromper os folguedos do fim do ano, nem jamais se sentiram sensibilizados pelas centenas e milhares de mortos daquela luta, e que ainda nos derradeiros dias de Batista, no próprio 31 de dezembro, dia da fuga, os surpreendeu em meio dos seus folguedos e festanças.
É claro que de manhã diziam que se sentiam muito contentes porque o senhor Batista tinha ido embora. Mas é que, indiscutivelmente, pensavam que iam ter as mãos mais soltas para explorar ainda mais nosso povo. Conhecemos, então, a piedade daqueles senhores. Não temos nenhuma dúvida.
E lembramos que alguns senhores que nunca tinham frequentado a igreja, mal chegou a lei da Reforma Agrária, começaram a frequentar a igreja praticamente todos os dias. Mas, bem: o povo os conhecia.
O imperialismo tentou provocar um confronto entre a igreja católica e a Revolução e o imperialismo foi desmascarado. Alguns setores reacionários da igreja tentaram utilizar as igrejas contra a Revolução, mas também foram desmascarados. A água foi retornando ao seu nível e os imperialistas começaram a perder a esperança de poder utilizar a igreja católica como instrumento de sua contrarrevolução.
A Revolução manteve-se firme nos seus princípios de respeito às crenças religiosas de qualquer cidadão, seu respeito ao culto. Não ocupou igrejas, não fechou igrejas, não pôs obstáculos às atividades de nenhum sacerdote disposto a desempenhar suas funções propriamente religiosas, e inclusive pode dizer-se que começaram a desaparecer os conflitos entre a Revolução e a igreja católica.
De maneira que, se nos primeiros meses da Revolução se escutava falar de muitos casos de atividades contrarrevolucionárias relacionadas com a igreja católica, depois já não mais eram escutados e praticamente apenas se escutam. E os fatos têm servido para demonstrar como é possível que uma revolução respeite as crenças, como uma revolução proletária mantenha esse princípio no poder, e como a Revolução respeita os sentimentos religiosos de qualquer cidadão; que não é a mesma coisa que respeitar as atividades contrarrevolucionárias de qualquer reacionário, encobertas sob o manto da religiosidade (APLAUSOS).
O que é que fizeram os imperialistas? Conformaram-se? Não, mudaram de tática, e até mudaram de igreja.
E veremos isso muitas vezes. Veremos o inimigo de classe mudar a tática muitas vezes, porque esta luta será longa e tem que ser, necessariamente, longa. Porque esta luta de classes, esta luta de ideias não acaba em 24 horas. A batalha mais difícil, a batalha mais longa não era a batalha contra Batista; a batalha contra os imperialistas, a batalha contra os reacionários, a batalha contra os exploradores, a batalha contra o passado, como dizia há uns minutos. E muitas vezes veremos o inimigo mudar de tática. E isso fez o imperialismo: a forma em que mudou a tática quando se viu esmagado nas cidades pelos Comitês de Defesa da Revolução (APLAUSOS). De tal maneira que o cerco foi-se estreitando, e se mudaram das cidades para o campo, onde a dispersão da população torna muito mais difícil a vigilância do que na cidade.
E de um tempo a esta parte, eis as atividade de duas ou três seitas religiosas, fundadas, precisamente nos Estados Unidos e que têm sido utilizadas como vanguarda de penetração na América Latina, seitas fundadas e subsidiadas pelos imperialistas. Porque os tubarões do imperialismo, senhores, não se importam com Deus nem com a religião, nem com ninguém, porque eles não têm mais Deus do que seu ouro e seus lucros (APLAUSOS).
Mas, ainda, como os tubarões do imperialismo têm uma posição moral e ideológica muito fraca perante a realidade da exploração, como para os tubarões do imperialismo se torna muito difícil justificar diante de ninguém a existência de milhões de analfabetos e de explorados e de pessoas com fome, e as mortes prematuras, e a média de vida que não ultrapassa os 30 anos em muitos países deste continente, e como isso é muito difícil de defender com lógica e com argumentos, e como têm muito pouco que oferecer ao faminto e ao explorado, muito pouco que oferecer-lhes nesta vida, vida que para as massas é mais breve do que para os exploradores, então lançam mão de um magnífico recurso: o de oferecer-lhes maravilhas na outra vida. Talvez as maravilhas que os pobres deste mundo veem nas casas dos ricos.
Imagino como é que um pobre verá o céu, e talvez imagine o céu com um grande automóvil, baixela de prata, um palácio e uma perna de porco ou de vaca assada na mesa da casa. Quer dizer, imaginarão que são sabidos, imaginarão que são cultos, imaginarão que estão sadios, imaginarão essas maravilhas que os ricos exploradores desfrutam neste mundo e que não querem deixar para outros (APLAUSOS).
Pois bem, onde pensavam penetrar as companhias petroleiras mandavam na frente missionários dalgumas dessas seitas. E aqueles que tenham estado em alguns desses lugares ficarão espantados dos resultados da superstição e do engano nas mentes ignorantes. E que havia, por exemplo, uma família de leprosos, que tinham aderido a essa seita, e que quando lhes diziam para mandarem seus filhos ao hospital, diziam: “Não, porque esse hospital é católico e é preferível eles morrerem, porque nesta vida as pessoas devem sofrer e morrer para obter a outra vida”.
Já não era, naturalmente, como hoje, choque de ideias religiosas contra ideias políticas. Quando se enfrentavam as ideias políticas, eram colisões, inclusive, de fanatismos religiosos. E a humanidade assistiu frequentemente ao encontro violento entre esses fanatismos. Milhões e milhões de seres humanos caíram nessas lutas de fanáticos, por tras das quais se encobriam determinados interesses, bem nacionais ou bem de classes.
E, de um tempo a esta parte, começamos a perceber uma atividade inusitada em nosso país — atividade que nunca tinham tido — dessas seitas que são dirigidas diretamente a partir dos Estados Unidos, porque essas não são dirigidas a partir de Roma. Essas são dirigidas a partir dos Estados Unidos e são utilizadas como agentes da Agência Central de Inteligência, do Departamento de Estado e da política ianque.
Naturalmente que eles trabalham com métodos muito sutis, naturalmente que vão encaminhados a explorar a ignorância, vão explorar a superstição, vão enganar o mais ignorante, o camponês mais humilde. E assim, enquanto a Revolução organizava a sua campanha de alfabetização e mobilizava dezenas de milhares de jovens para erradicar o analfabetismo, os imperialistas mobilizavam suas seitas religiosas, as subvencionavam e as mandavam aos campos, aproveitando-se da tolerância da Revolução, para realizar atividades, não com fins religiosos, mas sim com fins eminentemente e essencialmente políticos e contrarrevolucionários.
E então começaram a chegar as notícias e os relatórios, sobretudo nas zonas onde a contrarrevolução trabalhava mais ativamente, acerca da presença de elementos dessas seitas.
Como trabalham? O que é que fazem? Trabalham de uma maneira muito sutil, vão explorar a superstição. Todo mundo sabe quão supersticiosas costumam ser as pessoas nos nossos campos. Quem não morou no campo? Quem não lembra que, inclusive, as coisas mais absurdas que nos contavam e que se convertiam em crenças: que se uma coruja passava e depois havia que dizer: “Deus me livre!” (RISOS), que se um galo cantava três vezes e ninguém respondia ao galo, que se uma galinha cantava como galo? E assim por diante, que qualquer pessoa lendo “A História de Roma”, de Tito Lívio, não acharia grandes diferenças entre aquelas superstições fenomenais do mundo antigo, no qual todos os problemas deviam ser determinados primeiramente com um feiticeiro: qual era o dia bom para a batalha e qual era o dia mau, se a sorte viria a ser favorável ou adversa, e eram contínuos sacrifícios de aves e de animais em geral, incessante viver em meio da superstição e do engano, por causa da ignorância daqueles tempos, em que muitos dos fenômenos da natureza sequer podiam ser explicados.
E essa ignorância é a que vêm explorar esses agentes dos imperialistas. E é claro que muito sutilmente, não de maneira aberta; eles vão para uma zona onde possam haver agentes da contrarrevolução, onde a Agência Central de Inteligência tenha tentado criar bandos armados, onde se tenham cometido assassinatos como o do professor Conrado Benítez ou o do brigadista Manuel Ascunce Domenech (APLAUSOS), e então vão lá pregar, ali precisamente onde são assassinados os jovens, onde são assassinados os camponeses, onde são assassinados os operários e eles têm que defender-se dos bandos e dos assassinos; lá aparecem estes agentes do imperialismo dizendo que não deve haver luta, que não se devem empregar as armas e fazem uma tarefa de amolecimento. E, sob o pretexto da religião, dizer: “Não uses as armas, não te defendas, não sejas miliciano”, ou quando haja que recolher o algodão, ou o café, ou a cana, ou fazer um trabalho especial, e as massas se mobilizam num domingo, ou um sábado, ou um dia qualquer, então eles chegam e dizem: “não trabalhes no sétimo dia”. E então começam, sob o pretexto religioso, a pregar contra o trabalho voluntário.
Mas, ainda, apregoam que não se deve respeitar a bandeira e dizem aos pais: “não mandem as crianças à escola na sexta-feira para que não jurem a bandeira”. E é que nossa pátria — pátria que teve que lutar por sua independência e sua bandeira, pátria que viu morrer tantos heróis no caminho, pátria que por seu destino tem dado a vida de tantos jovens, de tantos trabalhadores, de tantos camponeses, de tantos homens e mulheres dignos — pode tolerar que ninguém apregoe essa irreverência contra a pátria, essa irreverência contra a bandeira? (EXCLAMAÇÕES DE: “paredón, paredón!” (fuzilamento. N. do Trad.).
E acaso a pátria, que tem que defender-se de um inimigo poderoso, a 90 milhas, que incessantemente nos ameaça de atacar-nos com todas suas forças, pode tolerar que ninguém apregoe essa falta de patriotismo, esse abrir mão do combate, isso de não pegar nas armas, e de tal forma esteja na contramão do hino da nação que diz: “Ao combate corredes, às armas valentes corredes”, desde os dias de Céspedes? (APLAUSOS).
É que uma pátria, uma pátria que precisa de produzir, para vencer as enormes dificuldades que nos traz o bloqueio econômico da mais poderosa e reacionária nação da terra; é que a pátria que tem que trabalhar para construir seu futuro, pode permitir que sejam apregoadas essas mentiras contra o trabalho?
E o que tem a ver isso com a religião? O que tem a ver isso com os sentimentos religiosos de ninguém?
E por isso é que eu lhes dizia que é preciso lutar, e lutar forte. Difícil é que venham a esta universidade apregoar tolices, porque não acharão caldo de cultura favorável; é difícil que venham dizer aqui a alguém que não assista ao médico e que diga uma oração para se curar, é difícil. Mas aqui não vêm!, vão lá onde está a ignorância, a ignorância que deixaram na nossa pátria 60 anos de exploração imperialista.
E é preciso desmascarar esses inimigos diante das massas, é preciso pô-los em evidência diante das massas! E as massas proletárias, e as massas camponesas, e os estudantes, e os trabalhadores intelectuais, que tiveram a chance de adquirir maior cultura, uma atitude mais científica, devem combater a mentira, a superstição, a falsidade e, acima de tudo, a farsa contrarrevolucionária que se pretende esconder sob o véu do sentimento religioso. Porque são inimigos da Revolução, são inimigos do proletariado, são inimigos dos camponeses, são inimigos da Pátria e são instrumentos dos imperialistas.
E nosso povo bem conhece, sobretudo nos campos, esses pseudorreligiosos. E, como diz um companheiro, um desses grupos é conhecido sob o nome dos ‘batas brancas’, por parte dos nossos camponeses e dos nossos milicianos — ‘batas brancas’ — porque têm aparecido em muitos desses lugares.
E são três, principalmente, essas seitas, os principais instrumentos hoje do imperialismo, e são: as Testemunhas de Gehová (ASSOBIOS), o bando evangélico de Gedeão (ASSOBIOS) e a Igreja Pentecostal (ASSOBIOS).
É curioso e é uma prova da tolerância da Revolução, uma prova extraordinária da tolerância da Revolução, que este último grupo tem na província de Las Villas, perto do povoado de Santo Domingo, uma escola chamada Instituto Bíblico Pentecostal, onde são preparados seus líderes, e que o dirige um norte-americano; um ianque é o diretor dessa escola (EXCLAMAÇÕES E VAIAS). Até onde chega a tolerância da Revolução, até onde chega!
Nos dias recentes, devido a gestões da embaixada suíça, autorizou-se, como é de acordo a nossa política, a saída de um grupo de senhores que diziam ser cidadãos norte-americanos, ou que tinham algum parente norte-americano, ou que lhes tinha nascido uma filhinha na Flórida (RISOS) e portanto se acolhiam a esse benefício de sair do país.
E foi muito curioso, não levaram nenhum desses senhores que estão à frente dessas seitas; foi curioso mesmo, esses não. Como é que vão levar esses que estão trabalhando livremente, que têm escolas e preparam seus líderes para espionar, para observar o território nacional, fazer campanha contrarrevolucionária entre os camponeses e combater a Revolução?
Mas vejam até onde chega a tolerância da Revolução, que temos esse diretor ianque de uma escola de líderes da contrarrevolução (EXCLAMAÇÕES DE: “Fora!”), disfarçado sob o véu religioso.
E que acaso nossa pátria é obrigada a permitir isso? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Ou é que acaso os imperialistas acham que somos idiotas?
É claro, companheiros estudantes, que as condições de ignorância derivadas do passado, onde estes meios podem pretender determinados fins, não se podem mudar em um dia. Nós temos posto muita ênfase e muito especial interesse na formação de professores.
Ah!, quanto mais avançar a Revolução muito mais ficamos convencidos de quanta razão tínhamos nisso! Graças aos professores que foram promovidos nos primeiros meses, o primeiro e o segundo ano da Revolução, contamos com escolas no país todo.
Vocês sabem o esforço que foi necessário fazer; vir aqui à Universidade para achar professores para os novos centros de ensino de segundo grau e pré-universitário. E muitos jovens, companheiros da Universidade, têm-se destacado como magníficos professores dessas escolas e alguns deles têm sido, inclusive, nomeados diretores (APLAUSOS).
Contudo, quanto nos falta e quanto esforço é preciso realizar para satisfazer cabalmente nossas necessidades.
Estes senhores pentecostais têm uma escola onde instruem seus agentes durante oito meses; mas, contudo, nossos professores, que começam o curso em Minas del Frío, têm que estudar cinco anos e ainda depois terão que continuar frequentando cursos de diferentes tipos de superação.
No Topes de Collantes, escola de primeiro ciclo, há neste momento uns 3 mil jovens, dos quais o primeiro contingente este ano terminará o primeiro ciclo e depois irá estudar dois anos em um instituto pedagógico.
E neste ano fez-se o esforço para ingressar um número determinado de professores, pediram-se as certidões da sexta série e — como já disse em uma ocasião — quase 50% deles tinha escolarização de terceira e quarta classe e às vezes menos, o que nos tem ensinado que será preciso fazer uma mobilização muito maior no próximo ano letivo para completar a capacidade dos 5 mil ou 6 mil que devem começar a estudar.
É que como tudo era praticamente uma fraude na nossa pátria, não só havia um milhão de analfabetos, mas também muitos que tendo uma certidão de sexta série, tinham uma escolarização de segunda ou terceira. Assim se encontrava nosso ensino!
E esses professores que estamos formando serão os novos contingentes de ingressem no nosso magistério — e dos quais, dentro de alguns anos teremos muitos milhares graduados — e serão os responsáveis por ir à escola ensinar deveras, levar até o nível que corresponder os jovens, incutir-lhes desde idades bem precoces hábitos de vida social, hábitos sociais corretos. Porque se bem é verdade que nem todos os seres humanos são da mesma condição, do mesmo temperamento e do mesmo caráter, a educação tem uma influência decisiva, e é a educação a única coisa capaz de desenvolver as inclinações positivas do ser humano e de combater desde muito cedo suas inclinações negativas.
Mas para isso precisamos do técnico, do professor, do especialista, aquele que conheça como se educa uma criança, qual é a psicologia de uma criança, o caráter de uma criança e como se ensina e se forma uma criança.
Temos muitos professores voluntários, porque naquela sociedade de privilégios e de exploração e de incultura, porém, apesar das condições adversas se desenvolveram muitos talentos que brilharam nos diferentes ramos, ou da medicina, ou da engenharia, ou como professores, ou como mestres; embora, naturalmente, não eram as condições de hoje em que vamos formar professores à sério.
Acaso alguma camponesa podia estudar para mestra, ou a filha de um operário de uma usina açucareira? Não, porque as escolas normais estavam nas cidades, principalmente nas capitais e não havia bolsas; e hoje todos os alunos de magistério, todos, têm uma bolsa e isso começa pelas montanhas.
É claro que assim chegaremos a ter formidáveis mestres, sobretudo se continuamos preocupando-nos nesse sentido; se continuamos destinando todos os meios, meios revolucionários, meios novos, como os meios aplicados em uma escola de professores funcionando nesta capital e da qual eu já falei noutra ocasião e que hoje tem a seu cargo perto de 10 mil camponesas.
Meninas de 15 e 16 anos, realizando um trabalho impressionante, com extraordinária responsabilidade, ensinando de manhã, estudando à tarde e à noite, retornando ao lar das camponesas para fiscalizar como funciona tudo, e o que demonstra o que se pode conseguir, o que se pode fazer com os jovens.
E uma das coisas que teve a nossa Revolução é saber ponderar o valor moral, humano e a dinâmica e a atividade e a capacidade dos jovens. E temos obtido fantásticos resultados, sucessos impressionantes, do qual a campanha de alfabetização foi uma prova bem eloquente.
É preciso concentrar a atenção na formação dos mestres e dos professores, porque serão soldados da vanguarda na luta contra a ignorância e contra o passado. E, futuramente, ninguém terá que contar estas coisas, estas coisas incríveis de como os imperialistas preparam seus agentes e realizam suas atividades; primeiramente porque as vamos combater, as massas vão enfrentar os farsantes; saberão diferenciar entre o homem e a mulher de boa fé; não esquecer, não esquecer os milhares e milhares de crentes de boa fé enganados, incutidos de toda uma série de ideias plantadas na sua ignorância, em seu desconhecimento do mundo, boas pessoas.
O que é preciso combater é os responsáveis por essa fraude, o que é preciso combater é as facilidades com que estão contando e submetê-los ao fórum das leis do país (APLAUSOS). E, sobretudo, sair na sua frente onde quer que se encontrem, desmascará-los como agentes do imperialismo inimigo da pátria (APLAUSOS); sair ao campo nas nossas fazendas, nas nossas associações camponesas; enfrentá-los com nossas organizações de massa e com nosso Partido Unido da Revolução Socialista (APLAUSOS).
E na medida em que estejamos mais organizados e avancemos em todos os fronts e superemos nossas deficiências, iremos vencendo a batalha nesse front e em todos os fronts.
E isso permite a vocês terem uma ideia daquilo que têm por diante, da tarefa que têm por diante. Por acaso essa é a única mazela que vem à baila? Não, surge outra série de mazelas que são consequência direta do passado, da herança que nos deixou o capitalismo. Qual delas, por exemplo? O delinquente antissocial, o ladrão, o malandro. Nossa Revolução, na luta contra o imperialismo e os agentes do imperialismo, e concentrando nisso todo seu esforço, ainda não adotou suficientes medidas contra outro tipo de mazela que é herança do capitalismo e que é a delinquência comum. De maneira tal que há parasitos, crescidos sob aquela sociedade, que não se resignam a trabalhar de maneira nenhuma, que antes de querer ganhar o pão honradamente, trabalhando no campo ou trabalhando nas obras públicas, caso não saberem fazer outra coisa, preferem ganhar em quinze minutos o que de outra maneira teriam que ganhar em um mês, ou dois meses de trabalho honrado. E roubar um televisor, ou roubar uma rádio, ou assaltar uma casa (ALGUÉM DO PÚBLICO INTERROMPE).
Sim, há juízes que os libertam, há juízes que não colaboram com a polícia (APLAUSOS): E, naturalmente; isso obedece a outras razões; isso obedece a outras razões; alguns desses senhores juízes desejam criar problemas à Revolução. Mas, ainda, é uma legislação anacrônica, na qual o senhor que roubar um carro, ou uma rádio, ou um aparelho elétrico a qualquer família (ALGUÉM DO PÚBLICO LHE DIZ: “Guanahacabibes!”) Guanahacabibes o quê! Guanahacabibes é para aquele que se engana de boa fé, não para o delinquente. De maneira tal que já existiu o caso de que a polícia prendeu duas vezes, no mesmo dia, o mesmo ladrão.
É claro que não vamos ilibar nosso corpo da ordem pública da responsabilidade. É que têm que prestar maior atenção ao problema e adotar medidas efetivas e enérgicas, e ganhar consciência de que é preciso lutar seriamente contra esse vício que nos deixou a sociedade capitalista.
Houve, inclusive, algum companheiro que pensou que através de métodos absolutamente filantrópicos ia combater essa mazela social, esse vício, e que com um bom conselho um delinquente poderia voltar à vida ordenada e ao convívio social; essas são ilusões, resultado: com as leis anacrônicas, a atitude de alguns juízes, a falta de consciência social para combater essa mazela; que espalha o terror entre as famílias, que há famílias aterrorizadas por causa da atividade desse tipo de elemento antissocial, tendo medo de que as roubem, com medo de sofrerem qualquer acidente, serem vítimas de qualquer agressão por parte dos ladrões.
Há bairros, por exemplo, como o bairro de Altahabana, onde moram inúmeros médicos, em que eles nos têm informado do estado de inquietação em que moram suas famílias, com motivo dessas atividades. E outros muitos bairros, pois, por que? Porque os gatunos andam “livremente” (DO PÚBLICO LHE DIZEM: “Que vão trabalhar!”) e simplesmente se impõe como um dever da Revolução combater de maneira eficaz essa mazela e adotar medidas severas (APLAUSOS).
Enquanto possam sair para a rua mediante o pagamento de uma pequena fiança de 100 pesos, esses negócios organizados, porque eles têm sua rede de distribuição e de comercialização dos produtos que obtêm com o roubo, não custa nenhum trabalho aos gatunos obter os 100 ou os 200 pesos.
Às vezes empregam crianças, o qual é pior, empregam menores de idade para entrarem nas casas e abri-las. Resultado: a necessidade de adotarmos medidas severas. Em primeiro lugar, a exclusão da fiança (APLAUSOS); mas isso não é suficiente, a quem roubar em um lar onde se encontre uma família, quer dizer, que roube e esteja em perigo a família, que possa ser vítima de uma agressão física, quer dizer roubo empregando a violência nos domicílios e nas pessoas, será aplicada a pena capital (APLAUSOS PROLONGADOS); e quem roubar empregando menores de idade, maior razão para aplicar a pena capital (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: “Fidel, paredon (fuzilamento) para o ladrão!”).
Nós sabemos, nós sabemos que o delinquente é o produto da sociedade, que o delinquente é um produto dessa sociedade já abolida; mas nem por isso podemos deixar de adotar medidas para proteger as famílias, para proteger a sociedade deles, para proteger o povo de suas atividades. Não podemos deixar de adotar medidas drásticas, porque doutra maneira a sociedade ficaria exposta à livre vontade destes elementos antissociais. E é preciso combater isso tal como se combate uma doença, tal como se combate uma praga, tal como se combate uma epidemia.
(ALGUÉM DO PÚBLICO FAZ REFERÊNCIA AOS SALÕES DE JOGAR BILHAR). Dito em boa hora!, esse companheiro que nos fez lembrar os salões de jogar bilhar (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES). Nos não temos discutido esse problema, mas muitos companheiros se têm aproximado de nós para falar-nos dele, do número de vadios e lúmpens que se reúnem em muitos desses lugares.
Eu dizia aos companheiros que ainda nos resta muito por fazer, muito, porque ainda temos uma grande quantidade de focos de infecção de delinquência e de malandragem, e sobretudo restam as classes sociais que sustentam e alimentam esses focos, os vícios que os geram. Por que, o que é esse ladrão a não ser o produto de uma sociedade que desonra o trabalho e que reprova o trabalho: o capitalismo? Quem são esses vadios? Porque não são só os ladrões: há outros subprodutos do capitalismo e dos reacionários e dos exploradores, subprodutos que temos recebido abundantemente, porque se bem não nos deixaram fábricas, nos deixaram vícios de toda a classe neste país.
O imperialismo é pródigo em criar esses vícios todos. Todo mundo lembra o que acontecia em Guantánamo quando os ‘marines’ andavam à solta; e todo mundo sabe o que acontece onde se encontrem as forças ianques, quanta corrupção, quanto vício introduzem, porque eles precisam de “entreter” seus soldados.
O produto ao qual me estou referindo não é precisamente a prostituição agora, mazela e vício, vestígio contra o qual lutamos pacientemente, acauteladamente, com cuidado, e com métodos adequados; porque essas são as vítimas, esse é outro subproduto da sociedade capitalista, que degradava de tal maneira a mulher, a privava dos meios de vida de tal maneira, dos meios decorosos para viver, que dessa maneira arrastava dezenas e dezenas de milhares de pessoas a exercer esses ofícios nojentos.
Não, não estavam abertas para as mulheres as portas das profissões técnicas, ou de muitas profissões técnicas; praticamente nem 50% das meninas entrava na escola de medicina para formar-se como médicos, ou para converter-se em enfermeiras, ou para converter-se em professoras (APLAUSOS); não se convertiam em administradoras de milhares e milhares de lojas, como com a última lei de nacionalização decretada.
Não. O panorama da vida para a mulher era outro muito diferente, e muito diferente do honroso porvir e do porvir digno que qualquer mulher tem hoje em dia aqui na nossa pátria. Porque alguns desses que levaram suas filhinhas do país, as levaram do país onde as mulheres começam a ter plenos direitos, todas as oportunidades, e onde a prostituição nas suas mil formas está sendo abolida, para levá-las para o país que é a fonte ideal para todos os vícios.
Porque não debalde, e não é por acaso, que os contrarrevolucionários levaram para Miami seus salões de jogo, seu jogo ilícito e suas atividades ilícitas; não é por acaso que fundaram muitos prostíbulos lá em Miami e em muitos outros lugares da América aonde foram parar.
Há outras mazelas às quais ia me referir, e que é a do vadio, o lúmpen, lúmpen, inclusive, de receitas amplas, filhos de burgueses, que nem estudam nem trabalham. O que é que esperarão? Que retorne o capitalismo para viverem como vadios? O que estão sonhando? Nem sei o que sonharão, porque agora parece que os imperialistas não os querem receber, não querem receber os burgueses em Miami nem nos Estados Unidos! É curioso mesmo! A Revolução resistiu a drenagem, a campanha colossal para levar-nos os médicos do país, fazendo campanhas contra a Revolução por causa da emigração que saía.
É claro que eles se cuidavam muito bem de apresentar o problema da emigração de Cuba como um problema relacionado com a Revolução, e o único que tinha feito a Revolução era ter mudado o caráter dessa emigração, e a composição dessa emigração, porque antes emigravam muitos infelizes, muitos que não tinham onde trabalhar.
E vocês lembrarão, antes da Revolução, nas décadas de 40 e de 50, as filas imensas em frente da embaixada ianque pedindo vistos. E o difícil que era conseguir um visto. Quando veio a Revolução, escancararam as portas para todo aquele que quisesse ir embora, e a Revolução também escancarou as portas para tuodo aquele que quisesse partir!
Porém, que aconteceu? Os imperialistas fecharam as portas, perderam a batalha para a Revolução, perderam a batalha. E assim, a gusanera (contrarrevolução. N. do Trad.) não dirá que nós somos os culpados. Não; porque as nossas portas estão abertas para aqueles que desejem abandonar o país! (APLAUSOS).
Eles deram dezenas de milhares de vistos e agora suspenderam o transporte. Como vocês sabem, o Governo permitiu a saída nos navios que traziam o pagamento da indenização, e assim saíram três navios. Mas no quarto navio, o que é que inventaram os imperialistas? Pois inventaram um navio alemão, que chegava até aqui e daqui partia para a Alemanha, para não dar chance a sair a ninguém.
Suspenderam as linhas, alegaram que não era rentável. Discutiu-se a possibilidade de que os dólares que pagassem os que saíam, metade ficasse em Cuba e a outra metade a recebesse a companhia — dólares que, naturalmente, tinham que mandar-lhes de fora. Quer dizer, que o Governo não pôs empecilho algum, as agências imperialistas tentam ocultar a verdade, porque evidentemente não querem problemas com a ‘gusanera’ (contrarrevolução) — que já têm demais, ao que parece!
E, o que é que aconteceu? Que deram permissão a dezenas de milhares de pessoas para irem residir lá, muitas delas renunciaram a seus empregos, em muitos casos magníficos e excelentes empregos à sombra; muitos que não eram burgueses e que pertenciam à aristocracia, ou à pequena burguesia, e agora os enganaram, mais uma vez os enganaram.
Vão ficar? Pois então não pensem que vão recuperar aquele empregozinho cômodo! (APLAUSOS). Porque nós entendemos que devem ir realizar trabalho físico, que é do que mais estamos precisando neste momento, e que vão trabalhar na agricultura. Damos trabalho a todos, se quiserem, na agricultura! E com o perdão dos camponeses, que não seria mais do que um pequeno reforço, e não de muito valor! (RISOS). Mas, se querem, que comecem pelo campo.
E seria bom recomendar aos nossos administradores, esses às vezes magnânimos, e excessivamente magnânimos empregadores, que sem reverem os cálculos das despesas nas empresas são generosos demais na hora de aumentar o quadro de pessoal, lhes recomendaria repararem bem, não seja que dêem cabimento outra vez a esses senhores que já tinham seu visto e tudo pronto, até que os ianques chegaram e lhes cortaram a saída (APLAUSOS).
O país “livre”! a América do Norte, o país do “mundo livre”, o “país livre” que não deixa vir ninguém aqui, que ficou com medo e teve susto perante a possibilidade de que a Cuba se pudesse vir livremente, e proibiu vir ao país; e inclusive condenou a pagar elevadas quantias de multa a um valente jornalista negro que se atreveu vir a Cuba (APLAUSOS). Em que posição ridícula ficou perante nosso país e nossa Revolução o país “livre”! É algo ridículo, que não deixa sair ninguém para visitar Cuba! Perante o país que deixa sair quem quiser e permite entrar ao visitante de qualquer país do mundo que quiser! Que permite vir os norte-americanos que queiram! Que não fecha suas fronteiras a ninguém!
Em que posição ridícula ficaram perante nossa pátria, perante nosso país! E aqueles que ficaram numa posição ainda mais ridícula são aqueles “enganados”, os que queriam ir para o “mundo livre” e o “mundo livre” lhes fechou a porta na cara! (APLAUSOS).
Ora, é claro, se querem viver aqui, não pode ser de vadios, não pode ser de vadios. Aqui é preciso trabalhar (APLAUSOS). Que não estejam procurando — não sei como diz o provérbio — “os pés ao gato”, “os quatro pés do gato”, vocês me entendem o que eu quero dizer. Que a Revolução não tem nenhuma obrigação de tolerar vadios, não tem nenhuma obrigação de tolerar parasitos, a Revolução sustenta o jovem, o doente, o deficiente, o idoso, tudo para eles; são os únicos que tem direito de viver do trabalho dos demais: as crianças, os doentes, os deficientes e os idosos. Mas vadios, vadios vivendo dos demais (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Por que? Por acaso vocês acham que nosso proletariado vai estar disposto a quebrar-se a vida trabalhando nas nossas usinas e nos nossos campos produzindo para eles? Qual é o direito que têm? Nenhum direito! E que se despachem, e que andem direitinho, e que saibam que aqui têm que trabalhar para viver (APLAUSOS).
É claro que por aí anda outro espécime, outro subproduto que nós devemos combater. É esse jovem que tem 16,17, 15 anos, e nem estuda, nem trabalha; então, anda de lúmpen, nas esquinas, nas cantinas, vai a alguns teatros, e assume algumas liberdades e realiza algumas libertinagens. Um jovem que nem trabalha, nem estuda, o que é que pensa da vida? Pensa viver de parasito? Pensa viver como vadio? Pensa viver dos demais? Se os imperialistas não os recebem lá no seu “mundo livre”, então que se prontifiquem também para trabalhar (APLAUSOS).
Também não toleramos esse subproduto do capitalismo. Porque há alguns burgueses que têm dito: “não mando meus filhos à escola”. Então, nem estudam nem trabalham. E às vezes nem as filhas. Que porvir vão deparar a essas meninas? As querem tanto que não as querem ver convertidas numa estudante ou numa trabalhadora? Em que as querem ver convertidas?
(DO PÚBLICO DIZEM ALGO AO DOUTOR CASTRO)
Vamos atender ao essencial, não desviar-nos agora nos detalhes.
E que acontece? Que esse tipo existe, e há alguns por aí com responsabilidade dos seus familiares, com responsabilidade dos seus familiares, aprendendo a ser lúmpens, aprendendo a ser vadios, aprendendo a ser delinquentes.
Claro que não colidem com a Revolução como sistema, mas colidem com a lei, e embarcam nessa onda e se tornam contrarrevolucionários (RISOS). Porque na Revolução percebem a lei, e percebem a ordem, são contrarrevolucionários, e são uns... bem, o que são todos os contrarrevolucionários (EXCLAMAÇÕES E APLAUSOS). Porque são uns safados, tão safados como todos os contrarrevolucionários.
Porque, senhores, não se esqueçam disto, sobretudo vocês, jovens: não se esqueçam disto, tenham isso sempre presente: que tal como a Revolução que une o melhor, o mais firme, o mais entusiástico, o mais valioso; a contrarrevolução reúne o pior, desde o burguês até o maconheiro, desde o esbirro até o malandro, desde o dono de uma usina açucareira até o vadio profissional, o viciado, e esse elemento todo se junta para travar batalha contra a lei, e a Revolução; a sociedade; para viver como vadios; estorvar: tudo; o pior; se junta: no esqueçam isso nunca.
Então; muitas dessas pessoas estão nesses lugares: nos salões de bilhar, nas esquinas, nas cantinas; restam muitas coisas. Mas é preciso estudá-las, é preciso estudá-las. O importante é o princípio, o princípio de que não podemos permitir-lhes aspirar a serem vadios.
(DO PÚBLICO LHE DIZEM: “Os fraquinhos, Fidel!”, “os homossexuais!”).
Um momento! É que vocês não me deixaram completar a ideia (RISOS E APLAUSOS). Muitos desses janotas vadios, filhos de burgueses, andam por aí com umas calças estreitas demais (RISOS); alguns deles com um violãozinho em atitudes “elvispreslianas”, e que levaram sua libertinagem aos extremos de querer frequentar alguns lugares de concorrência pública a organizar seus shows feminis livremente.
É bom não confundirem a serenidade da Revolução e a equanimidade da Revolução com fraquezas da Revolução. Porque na nossa sociedade não pode haver cabimento para essas degenerações (APLAUSOS). A sociedade socialista não pode permitir esse tipo de degenerações.
Jovenzinhos aspirantes a isso? Não! “Árvore que cresceu torta...”, já o remédio não é tão fácil. Não vou dizer que vamos aplicar medidas drásticas contra essas árvores tortas, porém jovenzinhos aspirantes, não!
Há umas quantas teorias, eu não sou cientista, eu não sou um técnico nessa matéria (RISOS), mas sim sempre percebi uma coisa: que o campo não dava esse subproduto. Sempre percebi isso, e sempre o tenho muito presente.
Estou certo de que independentemente de qualquer teoria e das pesquisas da medicina, entendo que influi muito o ambiente, muito do ambiente e do enfraquecimento nesse problema. Mas todos são parentes: o lúmpenzinho, o vadio, o elvispresliano, o “calça jeans” (RISOS).
E que é que opinam vocês, companheiros e companheiras? O que é que opina nossa juventude forte, entusiástica, enérgica, otimista, que luta por um porvir, disposta a trabalhar por esse porvir e a morrer por esse porvir? O que é que opina de todos esses vícios? (EXCLAMAÇÕES).
Então, consideramos que a nossa agricultura precisa de braços (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”); e que essa contrarrevolução de lúmpens, e a outra contrarrevolução, não confundam Havana com Miami. Parece que ainda não adquiriram consciência clara acerca do país em que estão vivendo, e parece que pretendem ignorar que o proletariado tem a mão dura, porque trabalha forte, com ferros. E o proletariado tem a mão de ferro quando é preciso tê-la. Calmamente sabe ter a mão de ferro quando seja preciso tê-la, sem extremismos. Somos inimigos dos extremismos, somos inimigos dos métodos incorretos, somos inimigos do desleixo; mas isso não quer dizer que a Revolução não tenha a mão de ferro e que os nossos trabalhadores não tenham a mão de ferro, porque nossos trabalhadores sabem que o inimigo imperialista tinha a mão de ferro, e muito forte. E os trabalhadores que conhecem acerca da história da Comuna de Paris, nossos trabalhadores que conhecem acerca da história da Espanha, nossos trabalhadores que conhecem a história daquelas ocasiões nas quais o proletariado teve que sofrer a mão da reação, sabe o que pretende para ele a contrarrevolução, o que pretende para nosso povo, para nossos jovens, para nossas mulheres, para nossos camponeses, para nossos operários, para nossos soldados, para nossos milicianos.
Há algumas ocasiões em que eu me pergunto o que é que imaginarão estes senhores. Quando qualquer pessoa anda pela Quinta Avenida e observa todas aquelas casas que hoje alojam dezenas e dezenas de milhares de jovens, muitas escolas, tantos programas em andamento, nós pensamos: O que é que acham estes senhores? Pensarão recuperar isto, pensarão recuperar suas casinhas e despejar para as ruas os filhos dos nossos operários e dos nossos camponeses, expulsá-los das nossas escolas pré-universitárias e tecnológicas, expulsá-los das nossas universidades, expulsar as crianças das fazendas infantis estabelecidas em muitas dessas fazendas de recreio? O que é que pensarão? Sonharão com esses sonhos dantescos? Em que mundo eles estão vivendo? O que é que eles imaginam do nosso povo, o que é que imaginam dos nossos jovens, o que é que imaginam dos nossos proletários, o que é que imaginam dos nossos camponeses, o que é que imaginam dos homens e mulheres dignos que em um número tão elevado deu esta terra?
Que nem sequer sonhem que vão encontrar uma pedra em pé! Nem uma pedra em pé neste país, ianques insolentes, imperialistas desbocados, promotores de guerras, atiçadores de guerras, charlatães! O que é que imaginam, politiqueiros de baixa lei, que tem convertido nossa pátria no motivo central de suas campanhas políticas, de suas aspirações inconfessáveis, monopolistas de um e doutro partido, que são iguais? O que é que estão imaginando e pensando? Iludidos! Pois não enxergam o mundo de hoje tal como é, e fecham os olhos como o avestruz, pretendendo ignorar um continente em ebulição, que pretendem curar as mazelas da América com receitas de mercurocromo, a fome e a miséria espantosa.
E na medida em que se desesperam com seu fracasso na América, na medida em que a onda revolucionária cresce na América, cresce sua histeria e cresce seu ódio. E devem saber que deste país não poderão colher nem o pó, ou — em todo o caso — o pó de que falava Antonio Maceo, alagado com o nosso sangue! (APLAUSOS). Pelas armas que temos e as armas que estão passando às nossas mãos, e que são adequadas para receber, como merece, qualquer agressor.
Porque, agora mesmo, estamos recrutando o pessoal para nossas armas mais modernas. E precisamos de técnicos (APLAUSOS), precisamos de estudantes da faculdade de tecnologia, precisamos pessoal com alto nível. E o que temos combinado é, primeiramente, escolher esse pessoal nas Forças Armadas, depois nos locais de trabalho (APLAUSOS). Porque há muitos locais de trabalho onde há jovens bons, jovens revolucionários, que estão trabalhando, realizando uma tarefa que não é de maior importância, cuja vaga, inclusive, poderia ser fechada. Porque o que nós temos pedido nos ministérios é que a vaga de qualquer jovem que venha prestar este serviço seja fechada, para fazer economia. E, em último termo, alguns estudantes, devido a precisarmos de pessoal com um elevado nível de cultura e conhecimentos técnicos para saber empregar as armas que estão à nossa disposição (APLAUSOS).
E temos que preparar-nos, temos que preparar-nos em todos os fronts, em todos os fronts; no da produção, no do estudo, com todas as medidas de reorganização que se estão adotando, e na defesa. Não descurar nenhum front. Poder contar com magníficas unidades de combate para que os imperialistas não sonhem sequer que vão achar as coisas fáceis no nosso país.
Eles sabem que Cuba luta, aprenderam isso em Giron (Baía dos Porcos), sabem muito bem (APLAUSOS). Ainda estão discutindo o que aconteceu, o que aconteceu e como aconteceu. Discutem e discutem, mas aconteceu o que aconteceu porque tinha que acontecer, porque lhes demos o que mereciam, porque os recebemos, naturalmente, não como eles esperavam. Já poderemos falar outra vez disso, porque os ouvimos discutir e não sabem nem a metade acerca disso. Que se bombardearam, que se não bombardearam, que se deviam ter feito outro bombardeio e não o fizeram. E pensavam que nós estávamos aqui, meio tontos, de braços cruzados. E nunca seremos idiotas, nunca estaremos de braços cruzados. A Revolução nunca ficará de braços cruzados! (APLAUSOS).
E a Revolução sempre adotará todas as medidas, de ordem nacional e de ordem internacional (APLAUSOS). E dará todos os passos para se defender, para resistir.
Eles contam, sonham, acusam o senhor Kennedy de que não tem uma política determinada, clara, que obtenha resultados. Mas, onde está essa política, onde pode estar essa política?
É que não existe mais essa política e não pode existir. E a outra, a que propõem os guerreiristas, conduz a seu próprio desastre.
Porque nós também temos feito nossos cálculos. O Pentágono calcula, e nós também calculamos. Eles imaginam, e nós também imaginamos. Eles dão certos passos e nós também damos certos passos (APLAUSOS).
Assim aconteceu quando Giron. Calcularam e voltaram a calcular, e se enganaram. Pois bem; na próxima ocasião, na próxima ocasião, também se vão enganar. E com esta Revolução sempre vão estar enganados, até aprenderem a lição, e até compreenderem que o único caminho que lhes resta é respeitarem a soberania deste país, a dignidade deste país, o direito deste país, a autodeterminação deste país, a independência deste país (APLAUSOS). E qualquer outro caminho estará errado.
Devemos preparar-nos, então, em todos os fronts! Vamos trabalhar sempre com entusiasmo, não importam os obstáculos, não importa a ação do inimigo, não importam os ignorantes! Nós temos a razão, nós temos o direito, nós temos a energia, nós temos a iniciativa, temos a história conosco!
Companheiras e companheiros estudantes, futuros técnicos da pátria, vanguarda intelectual e revolucionária de nosso povo: vamos lutar, vamos trabalhar, vamos organizar-nos! Organizar nosso Partido, desenvolver nossas organizações de massa, combater o inimigo em todos os fronts, travar a batalha onde quer que tenhamos que travá-la, e preparar-nos para todas as contingências! As contingências não nos assustam! Os imperialistas têm muito mais que perder que nós! Nós aqui, hoje, podemos dizer aquilo que disseram Marx e Engels no seu Manifesto Comunista: “Os proletários não têm outra coisa que perder a não ser suas correntes!”
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)
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