DISCURSO PRONUNCIADO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO RUZ NO ATO COMEMORATIVO DO PRIMEIRO DE MAIO, NA PRAÇA DA REVOLUÇÃO, A 1º DE MAIO DE 1962
Data:
01/05/1962
Visitantes que nos honram com sua presença;
Trabalhadores:
O que acontece no primeiro de maio serve para definir qual é a política de um país. Ali onde os trabalhadores estão oprimidos, ali onde a classe operária é vítima da exploração mais feroz, do Primeiro de Maio nem sequer se pode falar; seja lá onde for que o imperialismo, e os regimes exploradores que o apoiam, decidem na política de qualquer país do mundo, os trabalhadores não podem sequer reunir-se no Primeiro de Maio.
O Primeiro de Maio, dia Internacional dos Trabalhadores, serve, pois, para definir a política econômica e social de qualquer país. Em Argentina, por exemplo, sob a férula dos militares reacionários, hoje os trabalhadores não podem celebrar o Primeiro de Maio; em Guatemala, vítima o povo de feroz tirania, os trabalhadores não podem comemorar o Primeiro de Maio; em o Salvador, onde a oligarquia mais reacionária governa, os trabalhadores não podem celebrar o Primeiro de Maio; nos Estados Unidos, onde os monopólios extraem à classe operária dezenas de milhares de milhões de dólares todos os anos, onde aparecem publicadas as listas dos fabulosos lucros de cada uma das corporações —e donde saem esses lucros senão do suor e da exploração dos operários?—, nos Estados Unidos nem sequer se pode tomar o dia primeiro de maio como o dia dos trabalhadores. Durante os sete anos que viveu nosso país sob a tirania de Batista, aos trabalhadores não lhes era permitido sair à rua; a classe operária tinha que comemorar esse dia internacional em local fechado, sem que lhe permitissem nenhum tipo de ato público.
Que significa, pois, o júbilo e a concorrência multitudinária da classe operária um dia como hoje, a um ato como este, em um desfile como o que acabamos de presenciar em nosso país? Significa a grande realidade, a formosa realidade, a realidade de que os trabalhadores amanhecem jubilosos com as primeiras luzes da manhã; fazendo silvar as sirenas de todas as fábricas começam a comemoração deste dia da classe operária; e os trabalhadores todos se mobilizam, desde semanas atrás vêm mobilizando-se e preparando-se, para tornar mais formoso e mais vistoso neste dia.
Isso quer dizer a realidade formosa de que nosso país é um país onde cessou a exploração imperialista, onde cessou a exploração capitalista, e onde tem lugar uma profunda revolução social (APLAUSOS); em que os trabalhadores deixaram de ser a classe oprimida e a classe explorada, para ser a classe que rege os destinos da nação cubana (APLAUSOS).
Mas isto se vê não só pelo fato de que a classe operária está na rua, não só pelo fato de que a classe operária se congrega, mas que se congrega a classe operária convertida em movimento revolucionário, a classe operária convertida em vanguarda da pátria, a classe operária convertida em construtora da pátria nova, a classe operária convertida em Estado revolucionário, a classe operária convertida em vanguarda da pátria, a classe operária convertida em construtora da pátria nova, a classe operária convertida em defensora da pátria (APLAUSOS). Porque não se reúne simplesmente o operário como operário, se reúne o operário também como miliciano, se reúne o operário também como soldado da pátria (APLAUSOS). Basta ver o que é esta multidão para ter uma idéia do que é uma revolução.
Quem se reúnem aqui? Quem se encontram aqui presentes? (EXCLAMAÇÕES DE: “O povo!”) o povo, como responde o povo. E que é esse povo? Um povo de trabalhadores. Quem se reúnem aqui? Os trabalhadores (APLAUSOS). Mas não só vemos trabalhadores vestidos de trabalhadores, não só vemos trabalhadores levando sobre suas cabeças os bonés das oficinas mecânicas, vemos infinidade de cabeças de trabalhadores que levam o boné de miliciano (APLAUSOS) e, com o boné, o símbolo que acredita que fazem parte dos batalhões de milícia que defendem a Revolução (APLAUSOS); o símbolo que acredita ter passado a instrução militar, mas, sobretudo, o símbolo que acredita as forças que limparam de bandos contra-revolucionários as montanhas de El Escambray (APLAUSOS); o símbolo, mais formoso ainda, por terem proclamado com as espingardas ao alto —quando foram a enterrar os companheiros mortos vítimas do criminal ataque—(APLAUSOS), os operários, repito, que com os braços ao alto proclamaram o carácter socialista de nossa Revolução (APLAUSOS); o símbolo, em fim, dos batalhões proletários que derrotaram os mercenários do imperialismo nos combates de Praia Girón (APLAUSOS).
E entre o povo vemos trabalhadores vestindo a farda verde oliva, a farda das divisões, dos exércitos e das unidades permanentes das nossas Forças Armadas Revolucionárias, a farda cuja cor encheram de prestígio os soldados do Exército Rebelde (APLAUSOS).
E entre o povo não só vemos milicianos, vemos também milicianas (APLAUSOS); e não vemos apenas os combatentes das diferentes forças permanentes, vemos também os batalhões da defesa popular (APLAUSOS), integrados pelos operários, integrados pelos trabalhadores, cuja presença resulta indispensável nas indústrias e estabelecimentos onde trabalham, mas que constituem a grande reserva da classe operária para preencher as baixas que em qualquer luta forem feitas nas fileiras das unidades regulares.
Vemos não só bonés e quepes militares, vemos também —em número extraordinário— os lenços que adornam as cabeças das nossas trabalhadoras, os chapéus dos nossos camponeses, os bonés dos nossos operários industriais e os capacetes dos nossos mineiros. Em fim: que esta multidão leva sobre suas cabeças sua própria história. É uma multidão —ou seja: é um povo— que tem história, é um povo que com o esforço e o valor de seus filhos está escrevendo a história. História que escreve com o suor de sua testa e com sangue do seu coração, o sangue dos operários que têm tombado já lutando, o sangue dos mártires que têm dado suas vidas. É um povo que leva em suas roupas e em suas vestes sua própria história. Que tem história e que tem também cicatrizes, as cicatrizes da luta (APLAUSOS).
E o quê é esse povo trabalhador senão a mais extraordinária e formosa união, a mais extraordinária e entranhável irmandade? Rostos de brancos e rostos de negros que se unem e se confundem em verdadeira e profunda irmandade! Rostos de homens e mulheres, de jovens e de adultos! Rostos de povo, de povo humilde, de povo trabalhador! (APLAUSOS.)
E isso é o que se reúne aqui hoje para comemorar seu dia internacional, para comemorar sua festa de Primeiro de Maio (APLAUSOS). Isso é o que se reúne aqui hoje: o mais puro, o mais limpo e o mais honesto da pátria (APLAUSOS); o mais digno, o mais abnegado e o mais fecundo da nação: os que fazem a nação, os que criam todas as riquezas e todos os bens da nação. Os que constroem, sobre as ruinas do sistema abolido da exploração e do privilégio, a sociedade nova, a pátria nova. Não se reúnem parasitos (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”), não se reúnem exploradores (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”), não se reúnem ladrões (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”). Não! Reúnem-se trabalhadores, reúnem-se forjadores, reúnem-se criadores, reúnem-se os que com seus braços e com suas energias tornam possível a vida da nação. E por que se reúnem em tão grandiosa magnitude, e se reúnem com entusiasmo tão comovedor no meio da luta e no meio dos sacrifícios? (APLAUSOS.) Porque este é seu regime, esta é sua Revolução, este é seu sistema e este é seu Estado proletário (APLAUSOS).
E Estado proletário quer dizer trabalhadores à frente dos destinos do país, trabalhadores com as armas nas mãos. E quando se deseje ter uma definição compreensível, simples e clara do que é um Estado proletário, a resposta é bem singela: Aquele Estado onde a força é a força dos trabalhadores, aquele Estado onde as armas estão nas mãos dos trabalhadores (APLAUSOS).
E visto que o Estado dos capitalistas, o Estado dos exploradores se sustentava sobre a força das armas, sobre a violência e a repressão, sobre exércitos mercenários, o Estado proletário se sustenta sobre a força das armas que empunham os trabalhares (APLAUSOS). E é esse nosso Estado proletário, o primeiro Estado proletário da América Latina (APLAUSOS). Contra esse Estado proletário conspiram os imperialistas ianques; contra esse Estado proletário conspiram os reacionários de todo o continente, contra esse Estado proletário conspiram as classes escravizadoras desalojadas do poder em nossa pátria, porque revolução quis dizer desaparecimento total do poder dos monopólios ianques, do poder dos terratenentes, do poder dos burgueses exploradores, para serem substituídos pelo poder dos trabalhadores (APLAUSOS).
E isso é nossa Revolução, o poder dos trabalhadores. E assim como os exploradores queriam o poder para escravizar os operários, os operários querem e necessitam o poder para liberar-se dos escravizadores, chamem-se escravizadores estrangeiros, ou escravizadores crioulos. Para isso querem e para isso precisam o poder os trabalhadores, mas por isso também contra o poder dos trabalhadores conspiram os imperialistas, contra o poder dos trabalhadores lutam os imperialistas, para destruir o poder dos trabalhadores se empenham em tenaz luta contra nossa Revolução os imperialistas. Apoiados por quem? Pelos renegados da pátria! E quem são os renegados da pátria? Os exploradores de ontem, os escravizadores de ontem, os donos das terras de ontem, os donos das fábricas (APLAUSOS), os que exploravam a sangue e fogo o esforço de nosso povo, dos nossos trabalhadores!
Contra o poder dos trabalhadores conspiram os reacionários, conspiram os que pensam com os interesses dos exploradores, com os interesses dos imperialistas. Contra o poder dos trabalhadores, que quer dizer contra o direito dos trabalhadores a fazer um mundo melhor para eles, a construir uma sociedade mais justa para eles, que quer dizer contra a liberdade, a esperança e o porvir dos trabalhadores, contra esse poder e para destruir esse poder conspiram os que querem voltar a recuperar suas terras, seus edifícios, suas casas, suas fábricas, seus bancos, seus grandes negócios, contra o poder dos trabalhadores conspiram os parasitos e os aspirantes a parasitos (APLAUSOS). Contra o poder dos trabalhadores conspiram os que sentem fobia pelo trabalho, os que querem que outros trabalhem para eles. Contra o poder dos trabalhadores conspiram os escravizadores, os discriminadores, os corrompidos de ontem, os viciosos de toda laia, os criminosos, os sanguinários, os vende-pátrias, os traidores.
Contra o poder dos trabalhadores —quer dizer: contra o poder do mais digno e do mais fecundo da nação conspira o mais corrompido, o mais indigno, o mais imoral, o mais depravado que tinha no país ou tem ao redor do nosso país. Isso é o que significa, trabalhadores de Cuba, a conjura do imperialismo contra a pátria, a conjura do imperialismo contra o poder dos trabalhadores: tirar-lhes essas fábricas que hoje são do povo, que produzem para o povo e que rendem para o povo (APLAUSOS), tirar-lhe ao povo suas riquezas.
Contra o poder dos trabalhadores lança todos seus recursos o poderoso império ianque. Contra esse império poderoso, apesar de sua hostilidade para conosco, desenvolve-se o poder dos trabalhadores. Porque lá governam os monopólios, os monopólios a esse país, e querem que os monopólios governem em toda a América. Lá governam os reacionários e os discriminadores, e querem que os reacionários e os discriminadores governem em toda a América. Por isso querem fulminar nossa Revolução proletária, por isso querem destruir o poder dos nossos trabalhadores.
Grande, grande e histórica é, pois, esta luta, transcendental é esta luta, porque a Revolução proletária, a Revolução socialista, o poder dos trabalhadores a 90 milhas do império ianque é um desafio ao poder e aos recursos do império. É um dos desafios mais valentes e mais gloriosos que um povo possa lançar a um inimigo poderoso (APLAUSOS).
Eles, eles têm empregado todos seus recursos para destruir esta Revolução. Os imperialistas ianques sempre tinham destituído e derrubado governos quantas vezes o desejaram na América; os imperialistas ianques esmagaram movimentos revolucionários quantas vezes so propuseram. Contudo, propuseram-se derrocar o regime revolucionário e não o têm conseguido, propuseram-se esmagar nossa Revolução proletária, e nossa Revolução proletária continua em pé, marcha avante! (APLAUSOS.)
Contra nossa Revolução proletária, contra o poder dos nossos trabalhadores, têm empregado todas as armas, e começaram pelas armas econômicas, cevando-se sobre a economia subdesenvolvida do nosso país e dependente totalmente do mercado ianque.
Assim suprimiram nossas quotas açucareiras, suprimiram todas nossas exportações, lançaram contra nossa pátria um boicote em todos os países onde eles influem. E acharam que com isso seria suficiente, acharam que ao arrebatar-nos tão brutalmente nossos mercados nos destruiriam, fariam com que ficássemos de joelhos e nos renderiam. Contudo, este é o quarto Primeiro de Maio que nossos trabalhadores celebram em nossa pátria (APLAUSOS).
Mas não lhes bastava, não se sentiam satisfeitos nem seguros só com a agressão econômica, e começaram sua campanha de isolamento e de cerco internacional, começaram as manobras de chancelarias. e assim reuniram os chanceleres em Costa Rica, como depois os reuniram duas vezes em Punta del Este, para isolar e estrangular política e economicamente nosso país. Mas não lhes satisfez apenas o emprego das armas econômicas, o cerco e o isolamento político, movimentaram seu aparelho de espionagem, movimentaram suas fabulosas quantidades de milhões, e se lançaram a organizar bandos de criminosos, que assassinavam nossos professores, nossos brigadistas, nossos camponeses, nossos trabalhadores; lançaram seus planos de sabotagem para destruir nossas fábricas, para destruir nossos centros de trabalho, para destruir nossas riquezas. Mas também não lhes bastou com isso, e finalmente organizaram exércitos de mercenários e os lançaram contra a pátria, frente aos quais saíram a combater nossos batalhões de trabalhadores, derrotando-os também (APLAUSOS).
Acudiram, pois, a todas as armas: a agressão econômica, o bloqueio, o isolamento político, a sabotagem e as agressões militares. Contudo, não têm podido destruir o poder dos trabalhadores. Chocaram contra o poder dos trabalhadores. Nos têm imposto sacrifícios, sim, como podia ser de outra maneira? Se nossa economia era pobre, se nosso país era um país subdesenvolvido e o agrediram brutalmente, proibiram a exportação de sobressalentes de fábricas que tinham origem naquele país, de matérias-primas. Como não haveriam de nos impor sacrifícios, se nosso país tinha sido uma colônia ianque, onde tudo dependia do ianque e onde tudo ia parar ao ianque?
Têm-nos imposto sacrifícios, sim, e nos imporão mais sacrifícios, é possível, ainda. Eles, que têm feito o impossível por destruir-nos, lançam ao mundo suas campanhas dizendo que em Cuba tem escassez, dizendo que em Cuba tem racionamento; eles, que são os causantes das nossas dificuldades presentes, eles que são os que nos têm colocado tantos obstáculos no caminho, pregoam perante o mundo que os sacrifícios nossos não são produto, não, das agressões ianques, do bloqueio ianque, da guerra não declarada ianque contra nós, que nos obriga a fazer na defesa militar inclusive grandes despesas e grandes sacrifícios. Pregoam perante o mundo que nossos sacrifícios são conseqüência do fracasso da Revolução, que nossos sacrifícios são consequência das deficiências do socialismo.
Isso é o que pregoam pela América para enganar os povos da América, para confundir, para enganar o mundo. Nossos sacrifícios são, em primeiro lugar, conseqüência de que há uma distribuição muito mais equitativa, e que centenas de milhares de cubanos que não tinham antes um bocado que levar à boca, hoje têm um bocado que levar à boca, hoje têm um pão para seus filhos, ou um copo de leite. Hoje têm um salário para levar ao lar.
Mas só em parte é conseqüência disso, em parte é também devido às nossas deficiências, em parte é também devido à nossa inexperiência; mas em parte fundamental, em parte principal, é devido às agressões econômicas e militares ianques, é devido aos bloqueios ianques, é devido às brutais medidas tomadas contra nós.
Por isso podemos proclamar ao mundo que nossos sacrifícios de hoje não são conseqüência de deficiências da Revolução, não são conseqüências da Revolução em si mesma, mas são conseqüência das agressões imperialistas. Mas ao mesmo tempo podemos dizer também, e pregoar com orgulho perante o mundo, que por nossos sacrifícios de hoje, porque os temos sabido fazer e porque estamos dispostos a fazê-los, o imperialismo não tem conseguido destruir a Revolução (APLAUSOS). E que esses sacrifícios, esses sacrifícios não são originados nas leis e na transformação revolucionária, senão que, em câmbio, esses sacrifícios significam a vitória do nosso povo sobre o imperialismo. Sacrifício não é, pois, fracasso. Sacrifício é triunfo, sacrifício é vitória (APLAUSOS).
Sim, é que não queremos ser escravos de novo, e não voltaremos a sê-lo jamais. Os que tenham pescoço para levar jugo, que o ponham, que vão servir aos que colocam jugos e aos exploradores; que os que não temos tornozelo para levar grilos de escravos, nem nuca para levar jugo, jamais voltaremos a ser escravos, e o preço da liberdade o pagaremos ao preço que tenhamos que pagá-lo (APLAUSOS).
Para homens livres e por homens livres se fazem as revoluções; por homens que não quiseram continuar explorados e para homens que não serão jamais de novo explorados, são feitas as revoluções.
E assim, nós, por nossa parte, que temos em nossas mãos os recursos, que temos em nossas mãos todas as riquezas da nação, devemos fazer o necessário para emprega-la da melhor maneira e na melhor medida. Devemos fazer nosso grande esforço por melhorar nosso trabalho em todas as frentes e em todas as ordens.
Por um lado, devemos fazer isso, por um lado devemos trabalhar melhor; mas, por outro lado, devemos temperar o espírito, devemos temperar os corações nesta luta, que será uma luta longa e que será uma luta dura. O caminho é longo, o caminho é duro, mas não importa. Nem a luta longa nem o caminho duro nos assusta! (APLAUSOS), porque sabemos que no final está o prêmio, que no final está a vitória.
Lá eles, com suas repúblicas de burgueses, de capitalistas e de exploradores, com suas repúblicas de corrupção e de vício, de roubo e de jogo! Lá eles, com suas repúblicas de privilégios, de senhoritos, de discriminadores, de amos e de escravos! Lá eles, que os próprios povos se encarregarão de liquidar esse sistema! Que continuaremos adiante com nossa república de proletários, com nossa república de trabalhadores (APLAUSOS), com nossa república de homens abnegados, de homens dignos, de homens e mulheres heróicos, homens e mulheres limpos, homens e mulheres trabalhadores!
Que continuaremos adiante, sem que possam voltar jamais a instaurar seu regime de exploração, de crime, de injustiças, de abusos e de pilhagens! Que jamais voltarão a instaurar sobre o solo de nossa pátria seu criminal e odioso regime de exploração! Que jamais voltarão a explorar nossos camponeses e nossos operários!
Continuaremos adiante, com este povo que já tem história e que continua escrevendo a história! (APLAUSOS.) Continuaremos adiante, continuaremos adiante com este povo, com este poder dos trabalhadores, que ao quarto Primeiro de Maio pode proclamar que tem erradicado já não só o roubo, o vício, o jogo, a corrupção, a exploração e tantas coisas; tem erradicado o analfabetismo e dezenas de milhares de operários estudam nos centros de acompanhamento e de superação!
Continuaremos adiante, com a Revolução proletária, onde os operários têm seus filhos estudando nas universidades, nas escolas tecnológicas, nos institutos e nos estabelecimentos de ensino! (APLAUSOS.)
Continuaremos adiante, com nossa Revolução proletária, que no quarto aniversário pode dizer que tem já 200 000 crianças mais na primeira série das que tinha antes do triunfo de nossa Revolução! (APLAUSOS). Com nossa Revolução proletária, que tem 512 000 crianças na primeira série! E temos colocado ênfase nisto mais do que em nada, porque isto significa o porvir, o grandioso porvir da pátria, com este passo de carga rumo à superação, rumo à preparação do povo, com este passo de carga rumo à forja de um povo novo de centenas e centenas de milhares de técnicos que elevarão a produtividade do trabalho, e com isso aumentarão as riquezas da nação e o nível de vida de todo o povo, porque já não há exploradores que metam na algibeira e menos os haverá amanhã, que metam na algibeira o fruto do trabalho do povo. E o fruto do trabalho do povo —e isso o compreende o povo, e isso não ninguém poderá arrancar da mente nem do coração do povo—, o fruto do trabalho do povo é do povo e para o povo! (APLAUSOS.)
Lá eles, lá eles com suas repúblicas corroídas e corrompidas, que continuaremos adiante com nossa Revolução proletária; esta Revolução que um dia como hoje pode proclamar que um grupo de moças, que trabalhavam há apenas uns meses no serviço doméstico, hoje estão tomando taquigraficamente este discurso desde esta tribuna! (APLAUSOS.)
Continuaremos adiante, continuaremos adiante com esta Revolução proletária que senta na tribuna os operários premiados como operários exemplares, por sua conduta admirável no centro de trabalho! (APLAUSOS.)
Continuaremos adiante com nossa Revolução proletária, que na primeira fileira da tribuna senta o melhor operário do ano! (APLAUSOS.)
Continuaremos adiante com nossa Revolução, continuaremos adiante com nossa Revolução proletária que dignifica o trabalho, que suprime privilégios, que suprime desigualdades, e que converte o trabalhador no centro da nação, e que converte o trabalho na dedicação mais honrosa e mais digna do homem; que converte o trabalhador no herói da sociedade; que dignifica e eleva e elevará cada vez mais o trabalhador!
Continuaremos adiante com nossa Revolução proletária, porque jamais voltarão repúblicas burguesas, sistemas burgueses, sistemas de exploradores (APLAUSOS); porque jamais —jamais!—, jamais as mães proletárias voltarão a parir filhas para criadas dos senhoritos e dos exploradores (APLAUSOS), jamais! Jamais as mães proletárias voltarão a parir filhas para os prostíbulos de uma sociedade corrompida e miserável! (APLAUSOS.) Jamais as mães proletárias, jamais as mães proletárias voltarão a parir filhas ou filhos para a humilhação, para a discriminação, para a escravatura, para a exploração, porque de agora em diante, e sempre em nossa pátria, nascerão homens e mulheres para a justiça, homens e mulheres para a liberdade, homens e mulheres para a igualdade! (APLAUSOS.)
Viva a Revolução proletária!
Viva o poder dos trabalhadores!, que por isso dizemos, afirmamos e juramos:
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)
Trabalhadores:
O que acontece no primeiro de maio serve para definir qual é a política de um país. Ali onde os trabalhadores estão oprimidos, ali onde a classe operária é vítima da exploração mais feroz, do Primeiro de Maio nem sequer se pode falar; seja lá onde for que o imperialismo, e os regimes exploradores que o apoiam, decidem na política de qualquer país do mundo, os trabalhadores não podem sequer reunir-se no Primeiro de Maio.
O Primeiro de Maio, dia Internacional dos Trabalhadores, serve, pois, para definir a política econômica e social de qualquer país. Em Argentina, por exemplo, sob a férula dos militares reacionários, hoje os trabalhadores não podem celebrar o Primeiro de Maio; em Guatemala, vítima o povo de feroz tirania, os trabalhadores não podem comemorar o Primeiro de Maio; em o Salvador, onde a oligarquia mais reacionária governa, os trabalhadores não podem celebrar o Primeiro de Maio; nos Estados Unidos, onde os monopólios extraem à classe operária dezenas de milhares de milhões de dólares todos os anos, onde aparecem publicadas as listas dos fabulosos lucros de cada uma das corporações —e donde saem esses lucros senão do suor e da exploração dos operários?—, nos Estados Unidos nem sequer se pode tomar o dia primeiro de maio como o dia dos trabalhadores. Durante os sete anos que viveu nosso país sob a tirania de Batista, aos trabalhadores não lhes era permitido sair à rua; a classe operária tinha que comemorar esse dia internacional em local fechado, sem que lhe permitissem nenhum tipo de ato público.
Que significa, pois, o júbilo e a concorrência multitudinária da classe operária um dia como hoje, a um ato como este, em um desfile como o que acabamos de presenciar em nosso país? Significa a grande realidade, a formosa realidade, a realidade de que os trabalhadores amanhecem jubilosos com as primeiras luzes da manhã; fazendo silvar as sirenas de todas as fábricas começam a comemoração deste dia da classe operária; e os trabalhadores todos se mobilizam, desde semanas atrás vêm mobilizando-se e preparando-se, para tornar mais formoso e mais vistoso neste dia.
Isso quer dizer a realidade formosa de que nosso país é um país onde cessou a exploração imperialista, onde cessou a exploração capitalista, e onde tem lugar uma profunda revolução social (APLAUSOS); em que os trabalhadores deixaram de ser a classe oprimida e a classe explorada, para ser a classe que rege os destinos da nação cubana (APLAUSOS).
Mas isto se vê não só pelo fato de que a classe operária está na rua, não só pelo fato de que a classe operária se congrega, mas que se congrega a classe operária convertida em movimento revolucionário, a classe operária convertida em vanguarda da pátria, a classe operária convertida em construtora da pátria nova, a classe operária convertida em Estado revolucionário, a classe operária convertida em vanguarda da pátria, a classe operária convertida em construtora da pátria nova, a classe operária convertida em defensora da pátria (APLAUSOS). Porque não se reúne simplesmente o operário como operário, se reúne o operário também como miliciano, se reúne o operário também como soldado da pátria (APLAUSOS). Basta ver o que é esta multidão para ter uma idéia do que é uma revolução.
Quem se reúnem aqui? Quem se encontram aqui presentes? (EXCLAMAÇÕES DE: “O povo!”) o povo, como responde o povo. E que é esse povo? Um povo de trabalhadores. Quem se reúnem aqui? Os trabalhadores (APLAUSOS). Mas não só vemos trabalhadores vestidos de trabalhadores, não só vemos trabalhadores levando sobre suas cabeças os bonés das oficinas mecânicas, vemos infinidade de cabeças de trabalhadores que levam o boné de miliciano (APLAUSOS) e, com o boné, o símbolo que acredita que fazem parte dos batalhões de milícia que defendem a Revolução (APLAUSOS); o símbolo que acredita ter passado a instrução militar, mas, sobretudo, o símbolo que acredita as forças que limparam de bandos contra-revolucionários as montanhas de El Escambray (APLAUSOS); o símbolo, mais formoso ainda, por terem proclamado com as espingardas ao alto —quando foram a enterrar os companheiros mortos vítimas do criminal ataque—(APLAUSOS), os operários, repito, que com os braços ao alto proclamaram o carácter socialista de nossa Revolução (APLAUSOS); o símbolo, em fim, dos batalhões proletários que derrotaram os mercenários do imperialismo nos combates de Praia Girón (APLAUSOS).
E entre o povo vemos trabalhadores vestindo a farda verde oliva, a farda das divisões, dos exércitos e das unidades permanentes das nossas Forças Armadas Revolucionárias, a farda cuja cor encheram de prestígio os soldados do Exército Rebelde (APLAUSOS).
E entre o povo não só vemos milicianos, vemos também milicianas (APLAUSOS); e não vemos apenas os combatentes das diferentes forças permanentes, vemos também os batalhões da defesa popular (APLAUSOS), integrados pelos operários, integrados pelos trabalhadores, cuja presença resulta indispensável nas indústrias e estabelecimentos onde trabalham, mas que constituem a grande reserva da classe operária para preencher as baixas que em qualquer luta forem feitas nas fileiras das unidades regulares.
Vemos não só bonés e quepes militares, vemos também —em número extraordinário— os lenços que adornam as cabeças das nossas trabalhadoras, os chapéus dos nossos camponeses, os bonés dos nossos operários industriais e os capacetes dos nossos mineiros. Em fim: que esta multidão leva sobre suas cabeças sua própria história. É uma multidão —ou seja: é um povo— que tem história, é um povo que com o esforço e o valor de seus filhos está escrevendo a história. História que escreve com o suor de sua testa e com sangue do seu coração, o sangue dos operários que têm tombado já lutando, o sangue dos mártires que têm dado suas vidas. É um povo que leva em suas roupas e em suas vestes sua própria história. Que tem história e que tem também cicatrizes, as cicatrizes da luta (APLAUSOS).
E o quê é esse povo trabalhador senão a mais extraordinária e formosa união, a mais extraordinária e entranhável irmandade? Rostos de brancos e rostos de negros que se unem e se confundem em verdadeira e profunda irmandade! Rostos de homens e mulheres, de jovens e de adultos! Rostos de povo, de povo humilde, de povo trabalhador! (APLAUSOS.)
E isso é o que se reúne aqui hoje para comemorar seu dia internacional, para comemorar sua festa de Primeiro de Maio (APLAUSOS). Isso é o que se reúne aqui hoje: o mais puro, o mais limpo e o mais honesto da pátria (APLAUSOS); o mais digno, o mais abnegado e o mais fecundo da nação: os que fazem a nação, os que criam todas as riquezas e todos os bens da nação. Os que constroem, sobre as ruinas do sistema abolido da exploração e do privilégio, a sociedade nova, a pátria nova. Não se reúnem parasitos (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”), não se reúnem exploradores (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”), não se reúnem ladrões (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”). Não! Reúnem-se trabalhadores, reúnem-se forjadores, reúnem-se criadores, reúnem-se os que com seus braços e com suas energias tornam possível a vida da nação. E por que se reúnem em tão grandiosa magnitude, e se reúnem com entusiasmo tão comovedor no meio da luta e no meio dos sacrifícios? (APLAUSOS.) Porque este é seu regime, esta é sua Revolução, este é seu sistema e este é seu Estado proletário (APLAUSOS).
E Estado proletário quer dizer trabalhadores à frente dos destinos do país, trabalhadores com as armas nas mãos. E quando se deseje ter uma definição compreensível, simples e clara do que é um Estado proletário, a resposta é bem singela: Aquele Estado onde a força é a força dos trabalhadores, aquele Estado onde as armas estão nas mãos dos trabalhadores (APLAUSOS).
E visto que o Estado dos capitalistas, o Estado dos exploradores se sustentava sobre a força das armas, sobre a violência e a repressão, sobre exércitos mercenários, o Estado proletário se sustenta sobre a força das armas que empunham os trabalhares (APLAUSOS). E é esse nosso Estado proletário, o primeiro Estado proletário da América Latina (APLAUSOS). Contra esse Estado proletário conspiram os imperialistas ianques; contra esse Estado proletário conspiram os reacionários de todo o continente, contra esse Estado proletário conspiram as classes escravizadoras desalojadas do poder em nossa pátria, porque revolução quis dizer desaparecimento total do poder dos monopólios ianques, do poder dos terratenentes, do poder dos burgueses exploradores, para serem substituídos pelo poder dos trabalhadores (APLAUSOS).
E isso é nossa Revolução, o poder dos trabalhadores. E assim como os exploradores queriam o poder para escravizar os operários, os operários querem e necessitam o poder para liberar-se dos escravizadores, chamem-se escravizadores estrangeiros, ou escravizadores crioulos. Para isso querem e para isso precisam o poder os trabalhadores, mas por isso também contra o poder dos trabalhadores conspiram os imperialistas, contra o poder dos trabalhadores lutam os imperialistas, para destruir o poder dos trabalhadores se empenham em tenaz luta contra nossa Revolução os imperialistas. Apoiados por quem? Pelos renegados da pátria! E quem são os renegados da pátria? Os exploradores de ontem, os escravizadores de ontem, os donos das terras de ontem, os donos das fábricas (APLAUSOS), os que exploravam a sangue e fogo o esforço de nosso povo, dos nossos trabalhadores!
Contra o poder dos trabalhadores conspiram os reacionários, conspiram os que pensam com os interesses dos exploradores, com os interesses dos imperialistas. Contra o poder dos trabalhadores, que quer dizer contra o direito dos trabalhadores a fazer um mundo melhor para eles, a construir uma sociedade mais justa para eles, que quer dizer contra a liberdade, a esperança e o porvir dos trabalhadores, contra esse poder e para destruir esse poder conspiram os que querem voltar a recuperar suas terras, seus edifícios, suas casas, suas fábricas, seus bancos, seus grandes negócios, contra o poder dos trabalhadores conspiram os parasitos e os aspirantes a parasitos (APLAUSOS). Contra o poder dos trabalhadores conspiram os que sentem fobia pelo trabalho, os que querem que outros trabalhem para eles. Contra o poder dos trabalhadores conspiram os escravizadores, os discriminadores, os corrompidos de ontem, os viciosos de toda laia, os criminosos, os sanguinários, os vende-pátrias, os traidores.
Contra o poder dos trabalhadores —quer dizer: contra o poder do mais digno e do mais fecundo da nação conspira o mais corrompido, o mais indigno, o mais imoral, o mais depravado que tinha no país ou tem ao redor do nosso país. Isso é o que significa, trabalhadores de Cuba, a conjura do imperialismo contra a pátria, a conjura do imperialismo contra o poder dos trabalhadores: tirar-lhes essas fábricas que hoje são do povo, que produzem para o povo e que rendem para o povo (APLAUSOS), tirar-lhe ao povo suas riquezas.
Contra o poder dos trabalhadores lança todos seus recursos o poderoso império ianque. Contra esse império poderoso, apesar de sua hostilidade para conosco, desenvolve-se o poder dos trabalhadores. Porque lá governam os monopólios, os monopólios a esse país, e querem que os monopólios governem em toda a América. Lá governam os reacionários e os discriminadores, e querem que os reacionários e os discriminadores governem em toda a América. Por isso querem fulminar nossa Revolução proletária, por isso querem destruir o poder dos nossos trabalhadores.
Grande, grande e histórica é, pois, esta luta, transcendental é esta luta, porque a Revolução proletária, a Revolução socialista, o poder dos trabalhadores a 90 milhas do império ianque é um desafio ao poder e aos recursos do império. É um dos desafios mais valentes e mais gloriosos que um povo possa lançar a um inimigo poderoso (APLAUSOS).
Eles, eles têm empregado todos seus recursos para destruir esta Revolução. Os imperialistas ianques sempre tinham destituído e derrubado governos quantas vezes o desejaram na América; os imperialistas ianques esmagaram movimentos revolucionários quantas vezes so propuseram. Contudo, propuseram-se derrocar o regime revolucionário e não o têm conseguido, propuseram-se esmagar nossa Revolução proletária, e nossa Revolução proletária continua em pé, marcha avante! (APLAUSOS.)
Contra nossa Revolução proletária, contra o poder dos nossos trabalhadores, têm empregado todas as armas, e começaram pelas armas econômicas, cevando-se sobre a economia subdesenvolvida do nosso país e dependente totalmente do mercado ianque.
Assim suprimiram nossas quotas açucareiras, suprimiram todas nossas exportações, lançaram contra nossa pátria um boicote em todos os países onde eles influem. E acharam que com isso seria suficiente, acharam que ao arrebatar-nos tão brutalmente nossos mercados nos destruiriam, fariam com que ficássemos de joelhos e nos renderiam. Contudo, este é o quarto Primeiro de Maio que nossos trabalhadores celebram em nossa pátria (APLAUSOS).
Mas não lhes bastava, não se sentiam satisfeitos nem seguros só com a agressão econômica, e começaram sua campanha de isolamento e de cerco internacional, começaram as manobras de chancelarias. e assim reuniram os chanceleres em Costa Rica, como depois os reuniram duas vezes em Punta del Este, para isolar e estrangular política e economicamente nosso país. Mas não lhes satisfez apenas o emprego das armas econômicas, o cerco e o isolamento político, movimentaram seu aparelho de espionagem, movimentaram suas fabulosas quantidades de milhões, e se lançaram a organizar bandos de criminosos, que assassinavam nossos professores, nossos brigadistas, nossos camponeses, nossos trabalhadores; lançaram seus planos de sabotagem para destruir nossas fábricas, para destruir nossos centros de trabalho, para destruir nossas riquezas. Mas também não lhes bastou com isso, e finalmente organizaram exércitos de mercenários e os lançaram contra a pátria, frente aos quais saíram a combater nossos batalhões de trabalhadores, derrotando-os também (APLAUSOS).
Acudiram, pois, a todas as armas: a agressão econômica, o bloqueio, o isolamento político, a sabotagem e as agressões militares. Contudo, não têm podido destruir o poder dos trabalhadores. Chocaram contra o poder dos trabalhadores. Nos têm imposto sacrifícios, sim, como podia ser de outra maneira? Se nossa economia era pobre, se nosso país era um país subdesenvolvido e o agrediram brutalmente, proibiram a exportação de sobressalentes de fábricas que tinham origem naquele país, de matérias-primas. Como não haveriam de nos impor sacrifícios, se nosso país tinha sido uma colônia ianque, onde tudo dependia do ianque e onde tudo ia parar ao ianque?
Têm-nos imposto sacrifícios, sim, e nos imporão mais sacrifícios, é possível, ainda. Eles, que têm feito o impossível por destruir-nos, lançam ao mundo suas campanhas dizendo que em Cuba tem escassez, dizendo que em Cuba tem racionamento; eles, que são os causantes das nossas dificuldades presentes, eles que são os que nos têm colocado tantos obstáculos no caminho, pregoam perante o mundo que os sacrifícios nossos não são produto, não, das agressões ianques, do bloqueio ianque, da guerra não declarada ianque contra nós, que nos obriga a fazer na defesa militar inclusive grandes despesas e grandes sacrifícios. Pregoam perante o mundo que nossos sacrifícios são conseqüência do fracasso da Revolução, que nossos sacrifícios são consequência das deficiências do socialismo.
Isso é o que pregoam pela América para enganar os povos da América, para confundir, para enganar o mundo. Nossos sacrifícios são, em primeiro lugar, conseqüência de que há uma distribuição muito mais equitativa, e que centenas de milhares de cubanos que não tinham antes um bocado que levar à boca, hoje têm um bocado que levar à boca, hoje têm um pão para seus filhos, ou um copo de leite. Hoje têm um salário para levar ao lar.
Mas só em parte é conseqüência disso, em parte é também devido às nossas deficiências, em parte é também devido à nossa inexperiência; mas em parte fundamental, em parte principal, é devido às agressões econômicas e militares ianques, é devido aos bloqueios ianques, é devido às brutais medidas tomadas contra nós.
Por isso podemos proclamar ao mundo que nossos sacrifícios de hoje não são conseqüência de deficiências da Revolução, não são conseqüências da Revolução em si mesma, mas são conseqüência das agressões imperialistas. Mas ao mesmo tempo podemos dizer também, e pregoar com orgulho perante o mundo, que por nossos sacrifícios de hoje, porque os temos sabido fazer e porque estamos dispostos a fazê-los, o imperialismo não tem conseguido destruir a Revolução (APLAUSOS). E que esses sacrifícios, esses sacrifícios não são originados nas leis e na transformação revolucionária, senão que, em câmbio, esses sacrifícios significam a vitória do nosso povo sobre o imperialismo. Sacrifício não é, pois, fracasso. Sacrifício é triunfo, sacrifício é vitória (APLAUSOS).
Sim, é que não queremos ser escravos de novo, e não voltaremos a sê-lo jamais. Os que tenham pescoço para levar jugo, que o ponham, que vão servir aos que colocam jugos e aos exploradores; que os que não temos tornozelo para levar grilos de escravos, nem nuca para levar jugo, jamais voltaremos a ser escravos, e o preço da liberdade o pagaremos ao preço que tenhamos que pagá-lo (APLAUSOS).
Para homens livres e por homens livres se fazem as revoluções; por homens que não quiseram continuar explorados e para homens que não serão jamais de novo explorados, são feitas as revoluções.
E assim, nós, por nossa parte, que temos em nossas mãos os recursos, que temos em nossas mãos todas as riquezas da nação, devemos fazer o necessário para emprega-la da melhor maneira e na melhor medida. Devemos fazer nosso grande esforço por melhorar nosso trabalho em todas as frentes e em todas as ordens.
Por um lado, devemos fazer isso, por um lado devemos trabalhar melhor; mas, por outro lado, devemos temperar o espírito, devemos temperar os corações nesta luta, que será uma luta longa e que será uma luta dura. O caminho é longo, o caminho é duro, mas não importa. Nem a luta longa nem o caminho duro nos assusta! (APLAUSOS), porque sabemos que no final está o prêmio, que no final está a vitória.
Lá eles, com suas repúblicas de burgueses, de capitalistas e de exploradores, com suas repúblicas de corrupção e de vício, de roubo e de jogo! Lá eles, com suas repúblicas de privilégios, de senhoritos, de discriminadores, de amos e de escravos! Lá eles, que os próprios povos se encarregarão de liquidar esse sistema! Que continuaremos adiante com nossa república de proletários, com nossa república de trabalhadores (APLAUSOS), com nossa república de homens abnegados, de homens dignos, de homens e mulheres heróicos, homens e mulheres limpos, homens e mulheres trabalhadores!
Que continuaremos adiante, sem que possam voltar jamais a instaurar seu regime de exploração, de crime, de injustiças, de abusos e de pilhagens! Que jamais voltarão a instaurar sobre o solo de nossa pátria seu criminal e odioso regime de exploração! Que jamais voltarão a explorar nossos camponeses e nossos operários!
Continuaremos adiante, com este povo que já tem história e que continua escrevendo a história! (APLAUSOS.) Continuaremos adiante, continuaremos adiante com este povo, com este poder dos trabalhadores, que ao quarto Primeiro de Maio pode proclamar que tem erradicado já não só o roubo, o vício, o jogo, a corrupção, a exploração e tantas coisas; tem erradicado o analfabetismo e dezenas de milhares de operários estudam nos centros de acompanhamento e de superação!
Continuaremos adiante, com a Revolução proletária, onde os operários têm seus filhos estudando nas universidades, nas escolas tecnológicas, nos institutos e nos estabelecimentos de ensino! (APLAUSOS.)
Continuaremos adiante, com nossa Revolução proletária, que no quarto aniversário pode dizer que tem já 200 000 crianças mais na primeira série das que tinha antes do triunfo de nossa Revolução! (APLAUSOS). Com nossa Revolução proletária, que tem 512 000 crianças na primeira série! E temos colocado ênfase nisto mais do que em nada, porque isto significa o porvir, o grandioso porvir da pátria, com este passo de carga rumo à superação, rumo à preparação do povo, com este passo de carga rumo à forja de um povo novo de centenas e centenas de milhares de técnicos que elevarão a produtividade do trabalho, e com isso aumentarão as riquezas da nação e o nível de vida de todo o povo, porque já não há exploradores que metam na algibeira e menos os haverá amanhã, que metam na algibeira o fruto do trabalho do povo. E o fruto do trabalho do povo —e isso o compreende o povo, e isso não ninguém poderá arrancar da mente nem do coração do povo—, o fruto do trabalho do povo é do povo e para o povo! (APLAUSOS.)
Lá eles, lá eles com suas repúblicas corroídas e corrompidas, que continuaremos adiante com nossa Revolução proletária; esta Revolução que um dia como hoje pode proclamar que um grupo de moças, que trabalhavam há apenas uns meses no serviço doméstico, hoje estão tomando taquigraficamente este discurso desde esta tribuna! (APLAUSOS.)
Continuaremos adiante, continuaremos adiante com esta Revolução proletária que senta na tribuna os operários premiados como operários exemplares, por sua conduta admirável no centro de trabalho! (APLAUSOS.)
Continuaremos adiante com nossa Revolução proletária, que na primeira fileira da tribuna senta o melhor operário do ano! (APLAUSOS.)
Continuaremos adiante com nossa Revolução, continuaremos adiante com nossa Revolução proletária que dignifica o trabalho, que suprime privilégios, que suprime desigualdades, e que converte o trabalhador no centro da nação, e que converte o trabalho na dedicação mais honrosa e mais digna do homem; que converte o trabalhador no herói da sociedade; que dignifica e eleva e elevará cada vez mais o trabalhador!
Continuaremos adiante com nossa Revolução proletária, porque jamais voltarão repúblicas burguesas, sistemas burgueses, sistemas de exploradores (APLAUSOS); porque jamais —jamais!—, jamais as mães proletárias voltarão a parir filhas para criadas dos senhoritos e dos exploradores (APLAUSOS), jamais! Jamais as mães proletárias voltarão a parir filhas para os prostíbulos de uma sociedade corrompida e miserável! (APLAUSOS.) Jamais as mães proletárias, jamais as mães proletárias voltarão a parir filhas ou filhos para a humilhação, para a discriminação, para a escravatura, para a exploração, porque de agora em diante, e sempre em nossa pátria, nascerão homens e mulheres para a justiça, homens e mulheres para a liberdade, homens e mulheres para a igualdade! (APLAUSOS.)
Viva a Revolução proletária!
Viva o poder dos trabalhadores!, que por isso dizemos, afirmamos e juramos:
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)
VERSÕES TAQUIGRÁFICAS