DISCURSO PRONUNCIADO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO RUZ NO SEGUNDO ANIVERSÁRIO DA VITÓRIA DE PLAYA GIRON (BAÍA DOS PORCOS), NO TEATRO “CHAPLIN” DE MIRAMAR, EM 19 DE ABRIL DE 1963
Data:
19/04/1963
Familiares dos heróicos soldados mortos em Girón (APLAUSOS);
Companheiros do Partido e das Forças Armadas Revolucionárias (APLAUSOS):
Hoje nós comemoramos o segundo aniversário da vitória de Playa Girón (Baía dos Porcos: N. do Trad.) (APLAUSOS). Esta data sempre terá grande transcendência na história da nossa Revolução. Foi para nossa pátria e para nossa Revolução uma batalha decisiva; não foi a única batalha decisiva da Revolução; talvez não seja a última, mas tomara que fosse a última.
Esta foi a última de uma série de batalhas pelo nosso país que foram travadas ao longo deste processo revolucionário. Se as batalhas da luta contra a tirania tornaram possível a conquista do poder revolucionário e mudaram o curso da história do nosso país, a batalha de Playa Giron impediu que a história do nosso país tivesse um recuo e salvou a Revolução.
Porém, essa vitória não foi um fato casual, não se tratou de que a sorte nos favorecesse a nós, não era uma questão de sorte. A vitória forjou-se antes da batalha, e para nós todos — sobretudo para os companheiros das Forças Armadas Revolucionárias (APLAUSOS) — é uma lição importante.
O fato de que a contenda se tivesse liquidado em 72 horas pode talvez conduzir ao erro de pensar que o perigo não foi grande. A vitória foi fulminante, mas o perigo foi grande para nosso país. Os que organizaram esta empresa não são tão idiotas; os que organizaram esta empresa não são uns ignorantes em questões militares — em questões políticas sim, em questões sociais sim, mas em questões militares não são uns ignorantes. Só que a sorte das nações e o destino dos povos não é um simples fato da técnica militar.
É claro que a política dos atacantes era uma: destruir a Revolução. Os planos para destruir a Revolução não os começaram a preparar desde aquele dia, mas sim desde muito antes, o esforço para criar as condições começou apenas triunfou a Revolução sobre a tirania de Batista. Nós sabemos que foi imediatamente depois de ter sido promulgada a Lei da Reforma Agrária; desde esse instante começaram a preparar suas forças, suas forças militares. E, desde o começo, tinham tentado criar as condições políticas.
E, naturalmente, que aquele ataque militar foi precedido de uma série de agressões econômicas, de uma enorme campanha de propaganda contra a Revolução no mundo todo, e de uma política tendente a dividir e enfraquecer as forças da Revolução.
Por outro lado, tentaram fazer todo o possível a fim de que nosso país não se pudesse armar. A maior parte de vocês lembra que quando do triunfo da Revolução nos deparamos com uns poucos tanques, alguns eram Sherman, antigos; outros eram Cometas ingleses, que ainda nem nos explicamos por que é que o senhor Batista não os levou à luta, já que esses tanques nós os encontramos no antigo acampamento de Columbia, hoje Cidade Liberdade (APLAUSOS). E lembro que também havia algumas tanquetas e uns tanques bem levezinhos, que hoje parecem brinquedos, chamados General Stuart; uma enorme diversidade de armas de diferentes tipos e alguns aviões de diferentes tipos.
Mas, como vocês sabem, esse equipamento todo precisa de constante reparação, precisa de peças de reposição e, sobretudo, quando é preciso treinar um pessoal completamente novo. Porque quando a Revolução triunfou não tínhamos um único tanquista, não tínhamos um só artilheiro, e pilotos militares só alguns companheiros que, por terem aderido à luta revolucionária, estavam prisioneiros em Isla de Pinos. De fato, não tínhamos técnicos. E como havia que ensinar um pessoal, pessoal que, em muitos casos, nem sequer tinha visto um tanque, aqueles tanques se desgastavam rapidamente; aquele equipamento, no decurso de uns meses estava praticamente ou estaria praticamente inservível.
Já nossos inimigos começavam a preparar essa expedição e nós determinamos começar a adquirir algumas armas — que foram as primeiras armas adquiridas na Europa, compradas a uma fábrica belga. Nossos inimigos começaram a fazer pressões para evitar que nos armássemos: por um lado preparavam sua expedição e, por outro, tentavam impedir que adquiríssemos armas. Como a fábrica de armas resistiu no começo as pressões, lançaram mão da sabotagem. Dessa maneira, explodiu um navio nos nossos cais, na hora em que começava a descarga.
Depois disso, no nosso país temos descarregado nem se sabe quantas centenas de navios (APLAUSOS), e é muito curioso!, nenhum desses navios explodiu. Em troca, aquele navio explodiu. Era um navio vindo de um país da Europa Ocidental, onde os agentes da CIA trabalham livremente.
Quando todas as investigações e as deduções indicavam que tinha sido um criminoso ato de sabotagem, os imperialistas o negaram. Porque, inclusive, como vocês lembrarão, para saber se existia a possibilidade de explosão por acidente, foram jogadas de um avião várias daquelas caixas. Era impossível que explodissem! Mas não tinha nada de estranho que eles se negassem.
Depois, já nós todos tivemos a chance de saber o quanto cínicos são os nossos inimigos. E há muitas coisas que ensinam, e os fatos ensinam mais do que as palavras e mais do que os discursos.
Assim nosso povo acordou num amanhecer atacado de diferentes pontos por aviões que levavam insígnias cubanas, fato insólito, pirata e repudiável, além de covarde e traiçoeiro (APLAUSOS). E já vemos o que fizeram nossos inimigos, que publicaram no mundo todo. O que é que apareceu publicado em todos os jornais do mundo? O que é que foi publicado? Acaso que aviões ianques, equipados por eles e organizados por eles a partir de bases centro-americanas haviam atacado Cuba?
Não. Quando nós denunciamos que aviões ianques tinham atacado Cuba, eles disseram que era falso, e que aqueles eram aviões cubanos que se tinham revoltado. Quando por aqueles mesmos dias nós dissemos que um piloto norte-americano tinha sido identificado em um dos aviões derribados, eles disseram que era falso, o negaram a seus próprios familiares. E o cadáver ficou longo tempo preservado, à espera da reclamação.
Agora, quase depois de dois anos, sabe-se que cerca de 20 pilotos norte-americanos participaram daqueles ataques. Então o negaram.
E quem queira ter uma ideia real de até aonde chega a falta de escrúpulos e a falta de moral e de veracidade dos nossos inimigos, basta ler as informações internacionais relativamente ao primeiro dia da invasão, o que publicaram no mundo: que Santiago de Cuba já estava na posse dos invasores; que tinham chegado a Matanzas; que Isla de Pinos tinha sido liberada e, com isso, todos os prisioneiros; que o porto de Bayamo havia sido tomado; que, naturalmente, nós todos estávamos refugiados em embaixadas. Estas coisas ilustram e ensinam.
Por isso, não seria nada estranho que um dia qualquer se conheça como fizeram a sabotagem à La Coubre (APLAUSOS). Aquele fato criminoso e cobarde custou a vida de inúmeros companheiros do Exército e um número semelhante de trabalhadores. Holocausto de vidas que em nada faz tremer a mão dos criminosos! Não lhes interessou sequer a nacionalidade do navio, que era francês, a ainda menos lhes interessou assassinar uns quantos trabalhadores franceses. Do ponto de vista moral os imperialistas nunca se preocuparam na hora de assassinar trabalhadores.
Mas sua política era a de impedir armar-nos, enquanto eles iam preparando sua expedição. E nós tínhamos que armar-nos, porque uma coisa que caracteriza a Revolução é que a Revolução nunca deixou de fazer o que fosse necessário fazer, nunca deixou de adotar as medidas que fosse necessário adotar para preservar o país e para preservar os interesses de nosso povo.
E assim, só dos países socialistas (APLAUSOS) veio a atitude de amizade, quando todos os países capitalistas, pressionados pelos Estados Unidos, se negaram a vender-nos armas, os países socialistas estiveram dispostos a vender-nos armas (APLAUSOS), algo mais que vender-nos, a dar-nos armas fiadas (APLAUSOS). E assim começaram as primeiras aquisições de armas no bloco socialista.
É claro que para os imperialistas teria sido fácil — e digo fácil a partir de certo ponto de vista —; teria sido fácil estabelecer uma cabeça de ponte no nosso país se nós não tivéssemos contado com artilharia nem com tanques. Não dominar este país, que não é a mesma coisa. E para o qual, para impedi-lo, não precisamos nem de tanques nem de artilharia (APLAUSOS), porque uma coisa era fazer uma cabeça de ponte e outra coisa era dominar o país, embora não tivéssemos mais que fuzis. Porque nós sabemos o que se pode fazer com fuzis! (APLAUSOS) e até os fuzis que tinha o antigo exército teriam sido para nós mais do que suficientes para estar combatendo contra os invasores 50 anos mais (APLAUSOS).
Mas claro, eles tinham seus cálculos, seus planos: estabelecer uma cabeça de ponte e travar contra o nosso país uma guerra de desgaste. Se nós não tivéssemos nem artilharia nem tanques, eles, se apoderando de uma zona aonde só se podia chegar por três estradas, separada do restante do território por um extenso pantanal, largo e virtualmente intransitável, esse ataque apoiado por mais de vinte aviões, media dúzia de tanques, 1,5 mil homens com os equipamentos mais modernos, teriam podido estabelecer uma cabeça de ponte.
E depois da cabeça de ponte vinha o demais: um governo ali que já o tinham em um avião, ‘empacotado’ e tudo, porque esses senhores realmente já vinham ‘empacotados’ como ‘pacotes postais’, com a fatura por fora, que dizia “Made in USA”. E atrás do governo estabelecido nessa cabeça de ponte, o apoio de outros governos reacionários e, sobretudo, o apoio do imperialismo, o reconhecimento e o apoio.
Seu plano era baseado na suposição de que nós não íamos contar com equipamentos para impedir esse tipo de operação. Mas os equipamentos tinham começado a chegar alguns meses antes da invasão. Contudo, era preciso resolver outro problema: não tínhamos tanquistas, não tínhamos artilheiros. O quê fazer?
Os primeiros técnicos que vieram, e que era um grupo muito reduzido, começaram a treinar uma bateria de cada arma; uma bateria de canhão de 55 milímetros antitanque; outra de 76; outra bateria de 85, uma outra bateria de morteiros 120, e outra bateria de canhões de 122 milímetros. No total: cinco baterias. E supunha-se que para dominar aquelas primeiras baterias se precisava de meses.
Já nós víamos avançar os preparativos do inimigo. Se tivéssemos esperado meses teríamos tido cinco baterias para essa data. Os técnicos eram muito poucos e não podiam ensinar mais artilheiros. O quê fazer?
Mobilizamos muitos milicianos; lhes perguntamos quais queriam ser artilheiros, em meio de determinados requisitos de idade. Tínhamos já também um nutrido grupo de armas antiaéreas, mas não tínhamos pessoal. Os mais jovens foram enviados para as armas antiaéreas, os demais para os canhões, para os morteiros e para as armas antitanque.
Milhares e milhares de jovens responderam ao chamamento. Como treiná-los? Reunimo-los em Ciudad Libertad, em Granma, em La Cabaña, em Baracoa, e então ali pusemos cada uma das baterias que estavam sendo instruídas pelos técnicos tchecos, e nós pedimos aos companheiros: o que vocês aprenderem de manhã, o ensinam à tarde aos demais (APLAUSOS).
E assim começou a instrução em massa, os técnicos cooperaram extraordinariamente, e poucos dias depois tudo estava organizado, porque era já no fim do ano 1960, apenas três meses antes da invasão. Já tínhamos muitas peças, mas não tínhamos artilheiros, e assim se formaram os artilheiros; assim se formaram também os tanquistas, com esses métodos, com toda a urgência. E me lembro perfeitamente que a bateria de obuses e de canhões de 122 milímetros acabou de se organizar duas semanas antes da invasão; já estava pronta (APLAUSOS).
Os inimigos fizeram planos para atacar-nos desarmados, mas nós superamos esse obstáculo e obtivemos as armas.
Quando o inimigo soube que tínhamos as armas, calculou que não teríamos tempo para treinar o pessoal, e, contudo, o pessoal foi treinado em poucas semanas, e quando chegaram se depararam com mais de 100 baterias de canhões (APLAUSOS), com pessoal treinado.
Algo semelhante aconteceu com a aviação. Para nós era evidente que ainda que eles soubessem que tínhamos muito poucos aviões, e ainda menos pilotos que aviões — porque naquele tempo, companheiros, não tínhamos pilotos — só sete pilotos no dia 17, no dia da invasão, porque um deles tinha morrido no dia 15. Embora eles soubessem dessas desvantagens, tentaram destruir esses aviões. Para que? Para ter um domínio completo do ar, e nessas condições com um domínio completo do ar, com uma força, com a força de uma brigada e o armamento que tinham, contra um inimigo que supostamente não teria podido mobilizar tanques nem artilharia, o plano de ocupar um espaço do território nacional como cabeça de ponte, para depois lançar todos os recursos do imperialismo e de seus cúmplices neste continente, esse plano teria sido possível.
Mas, que aconteceu com a aviação? Nosso comando militar adivinhou as intenções do inimigo, dispersou os aviões, deu-lhes proteção antiaérea, e quando veio efetivamente o ataque, tão só destruíram dois ou três aparelhos. E àqueles aparelhos conseguimos tirar o proveito máximo, porque tenham em conta que metade da frota inimiga foi afundada, seu combustível de reposição para o campo de aviação, e um dos batalhões ficou fora de combate, ao ser atacado o navio Houston por parte de um dos nossos aviões de combate (APLAUSOS).
Naturalmente que se multiplicou a energia e o esforço dos nossos homens; e o esforço que fez esse reduzido número de pilotos, que depois ficou ainda mais reduzido, a cinco, foi realmente extraordinário (APLAUSOS).
Por isso lhe digo que o acaso não teve nada a ver, mas que foi a vontade e o espírito de nosso povo e de nossa Revolução o que tornou possível a vitória.
Ainda eles estão averiguando o que aconteceu, ainda aparecem artigos nos jornais e nas revistas ianques perguntando o que aconteceu; como pode ter sido possível; como se puderam ter enganado seus melhores generais; seus melhores políticos; seus melhores estrategistas; seus melhores serviços de inteligência; porque à parte de que eles pensam que são infalíveis e invencíveis, lhes é bem difícil imaginar que ficaram enganados. E o “que aconteceu” para nós é muito claro.
Eles ainda lá estão dizendo que deviam ter feito o ataque no dia 17 ao amanhecer. Bem, se o tivessem feito, no dia 17 ao amanhecer estavam nossos aviões todos no ar, e carregados de bombas (APLAUSOS). Portanto, caso tiverem lançado esse ataque, que dizem que o suspenderam, não teriam feito nada; e depois dizem: que se os tivesse apoiado a aviação norte-americana, que estava num dos porta-aviões próximos, teriam obtido o triunfo. Sorte para os pilotos dos aviões desse porta-aviões, que não foram enviados a combater, porque podíamos ter mobilizado ali centenas e centenas de peças antiaéreas (APLAUSOS), e embora não fossem mobilizadas todas, só uma parte, teriam sido mais do que suficientes para apoiar nossa infantaria, nossos tanques e nossa artilharia.
Lá estiveram voando os aviões ianques muito alto, se tivessem baixado para atacar, muitos desses aviões teriam sido derribados, e não teriam determinado a sorte da batalha, porque já desde o dia 17, muito antes de que eles soubessem que estavam fracassados, já nos tínhamos uma cabeça de ponte do lado de lá, e já havia vários batalhões avançando por todos os caminhos para cortar a comunicação entre eles. E dessa forma, nem com 100 nem com mil aviões teriam podido manter a cabeça de ponte (APLAUSOS).
Quer dizer, que a situação já não tinha remédio para eles. Companhias inteiras de bazucas já estavam desdobradas e emboscadas nas estradas entre Playa Giron e Playa Larga, entre Playa Giron e Cayo Ramona; de forma tal que, de dia e de noite, em qualquer instante em que tivessem tentado realizar um movimento, teriam caído em mortíferas emboscadas. E não teriam podido impedir isso, de maneira nenhuma, com o apoio da aviação dos porta-aviões. Pode ser que tivessem resistido um pouquinho mais, porque não chegaram às 72 horas, eles ficaram fora de combate às sessenta e tantas horas, e eu diria que tiveram um pouquinho de sorte, pois estiveram prestes a ser liquidados antes.
Mas de nenhuma maneira teriam podido triunfar, portanto muito bem podem ficar entretidos mais dez anos, averiguando o que aconteceu, porque na realidade, nossos inimigos terão que passar a vida toda perguntando o que aconteceu em tudo (APLAUSOS), porque é possível, é possível que o senhor Batista, que era um dos tantos governantes que tinham os imperialistas para defender seus interesses, ainda esteja na ilha de Funchal perguntando o que aconteceu (RISOS). E os imperialistas vão passar a vida toda perguntando o que aconteceu, e enquanto mais tentem afastar nosso país do seu destino justo, terão que repetir, incessantemente, o que aconteceu (RISOS). Porque todos os planos — todos — estão saindo para eles mal, mal e mal.
E assim poderiam perguntar: o que aconteceu no Escambray? (RISOS), o que aconteceu na Baía dos Porcos? Que aconteceu com a contrarrevolução? E, que aconteceu com todos seus planos? E de tal maneira é verdade que o estão perguntando, que este segundo aniversário coincidiu com a crise e a desmontagem geral da contrarrevolução (APLAUSOS), e com uma verdadeira “briga de cães” entre eles. E dentro de alguns dias perguntarão: Que aconteceu? (RISOS).
O fato real, histórico, é que nosso país, nosso povo, nossa Revolução, foram saindo vitoriosos e os imperialistas foram sendo derrotados em todos e cada um dos fronts onde nos atacaram (APLAUSOS). Porque eles pensaram que ao tirar-nos o petróleo, ao tirar-nos a cota açucareira, ao estabelecerem um embargo, nos arruinariam e nos renderiam pela fome.
Pensaram que assim que estabelecessem uma série de medidas restritivas contra os navios para que não navegassem para Cuba, nos arruinariam pela fome. E que aconteceu? (APLAUSOS E RISOS). Agora lemos as informações e dizem que estão muito preocupados, porque cada vez são mais os navios que estão vindo. Que aconteceu (RISOS).
Por isso lhes dizia que a vitória que hoje comemoramos se forjou antes da vitória, muito antes. E isso é algo que deve ensinar-nos, porque as vitórias não se forjam na hora da batalha, mas sim muito antes da batalha.
E nessa ocasião nosso país se livrou de horas difíceis, porque se efetivamente o inimigo tivesse instaurado uma cabeça de ponte ali, com um governo provisório, quantas dezenas de milhares, ou centenas de milhares de vidas teria custado isso? Não se podem calcular as baixas, porque eles teriam tido o apoio incessante, o fornecimento incessante de armas.
E da mesma maneira que empregaram pilotos ianques — embora o tenham estado negando durante quase dois anos, para acabar reconhecendo-o agora — também teriam empregado os aviadores ianques, teriam estado atacando nossas estradas, nossas vias de comunicações, teriam paralisado a vida econômica do país, todos os planos da Revolução teriam sofrido de maneira extraordinária, e teria sido incalculável o número de vítimas desse tipo de guerra criminosa e desapiedada que eles tentaram implantar aqui. Por isso, nunca devemos esquecer suas intenções.
É claro que eles disseram aos mercenários que a milícia, que o exército, que todo mundo se uniria a eles; que eles eram os “libertadores”. Disseram isso a eles, mas eles, os chefes, não acreditavam, porque se tivessem acreditado isso eles não teriam desembarcado num pantanal, aonde era muito difícil chegar, teriam desembarcado no terreno firme, se todo mundo ia se unir a eles. Mas desembarcaram em um lugar aonde era muito difícil chegar, porque sabiam que ali precisamente não iam chegar pessoas para unir-se a eles, mas sim pessoas para destrui-los.
Uma coisa é o que eles disseram aos mercenários, que por sinal, lhes fizeram pensar que era um passeio militar, e já aqueles caras se achavam desfilando pelas ruas de Havana — é possível que até tivessem imaginado um desfile pela Praça Cívica, aqueles contrarrevolucionários todos, com seus uniformes de “camuflagem” ou de ‘vermes’, como mais queiram — eles imaginaram isso, mas os que prepararam o plano não pensavam isso, porque ao que parece conheciam melhor as realidades, e tinham o plano de guerra de desgaste contra a Revolução, impedir que o povo progredisse, impedir que o povo avançasse, fazer correr rios de sangue. Essas eram as intenções dos nossos inimigos.
A propósito do que eles disseram aos contrarrevolucionários, algum dia se escreverão até comédias. Ainda não, porque os fatos são ainda muito recentes; mas algum dia até comédias, porque, vejam que fizeram crer a esses caras — sujeitos — (RISOS) que iam se deparar com as milícias e os soldados esperando por eles, como se fossem os libertadores!
Naturalmente que a um ‘gusano’ (contrarrevolucionário) podem fazer esse conto, porque um contrarrevolucionário é, em primeiro lugar, um sujeito subjetivista, ignorante, sem noção das leis da história e das realidades sociais. Da mesma forma os fazem acreditar em Satanás do que os fazem pensar que são libertadores! Mas é preciso sair de um clube de filhos de burgueses, desses que nacionalizou a Revolução, para chegar a pensar semelhantes tolices; é preciso ser ignorante, não perceber a posição que ocupava dentro de uma sociedade em que ele era um privilegiado, frente os muito explorados.
E é que só basta pegar nos papéis e ver os nomes, as listas (APLAUSOS), porque a Revolução fala com a verdade na mão, e podemos falar com a verdade na mão, porque conhecemos essa grande verdade do que era uma sociedade capitalista, dividida entre exploradores e explorados, entre parasitos que não trabalhavam e a grande massa privada desses privilégios, porque sabemos a grande verdade de que a sociedade capitalista é uma sociedade dividida em classes, entre exploradores e explorados.
Os ‘gusanos’ não sabem disso, porque eles acham que é uma sociedade é algo dividido entre gente infeliz, destinada sempre a ser infeliz, e gente privilegiada, gente inteligente, gente “esperta” (RISOS), destinada a viver bem, sem interessar-lhes um cominho quantas outras pessoas se deitam sem comer, quantas são analfabetas, quantas estão morrendo sem ter um médico (APLAUSOS).
E esses senhores de aristocráticos clubes, onde só eles... E não só os ricos, porque não só discriminavam os homens pela riqueza, mas também pela cor da pele (APLAUSOS); por isso para eles era intolerável que uma criança negra tomasse banho em uma de suas praias.
Unicamente pessoas saídas desse mundo de ignorância, mas naturalmente de uma ignorância interessada, daquelas que ignoram o que não lhes convém, podia imaginar semelhante tolice.
Nestes dias tivemos a chance de ver muitas vezes os rostos queridos de inúmeros companheiros que morreram naqueles dias. Os jornais os têm publicado e a Comissão de Orientação Revolucionária fez um folheto com suas fotografias e seus nomes, sua idade, o lugar onde trabalhavam, origem.
E assim vemos — e vou citar só alguns casos — companheiros mortos em Playa Girón, do Exército Rebelde: Ramón Enrique Báez Vázquez, natural de Calabazar de Santa Rita, Jiguaní, Oriente, agricultor, 21 anos; Héctor Batista Peña, natural de Velazco, Oriente, operário agrícola,19 anos; Alejandro Beltrán Mojena, natural de Baire, Oriente, operário agrícola, 26 anos; Ramiro Betancourt, natural de Bacuey, San Luis, Oriente, engraxate e outros empregos, 19 anos (APLAUSOS).
(O DOUTOR CASTRO CONVERSA COM UMA DAS PESSOAS PRESENTES)
Era seu filho, senhora e irmão de sete milhões de cubanos! (APLAUSOS PROLONGADOS.)
Emilio Daudinot Pineda, natural de Guaibanó, Guantánamo, Oriente, operário agrícola, 20 anos; Juan Alberto Díaz González, natural de Zulueta, estudante, 24 anos; Nicanor Egozgue Rosas, natural de Aguada de Pasajeros, carpinteiro, 37 anos; Antero Fernández Vargas, natural de Isabel María, Pinar del Río, mineiro de Charco Redondo, 30 anos; José Ramón Fuertes Cano, natural de Camajuaní, operário agrícola, 27 anos; Manuel Galán Mora, natural de Palma Soriano, Oriente, operário agrícola, 22 anos; Enrique Hernández Montes de Oca, natural de Alto Songo, Oriente, operário e padeiro, 23 anos; Diosmede Jiménez Palomino, natural de Estacadero, Niquero, Oriente, operário agrícola, 26 anos; Osvaldo López López, natural de Naranjo, Pilón, Niquero, Oriente, operário agrícola, 33 anos; Inocente Antonio Palacio Baro, natural de Majagua, província de Camaguey, operário agrícola, 24 anos; Armando Parra Góngora, natural de Holguín, Oriente, operário agrícola, 25 anos; Víctor Manuel Reyes Pérez, natural del Caney, Oriente, mecânico de carros, 23 anos; Raúl Rojas Mendoza, natural de Caney, Oriente, vendedor de um posto de frutas, 24 anos; José Mariano Tamayo Rodríguez, natural de Bayamo, Oriente, estudante, 21 anos.
Da Polícia Nacional Revolucionária: José Manuel Bañuls Perera, natural de Santiago de Cuba, 23 anos; Wilfredo Betancourt Arias, natural de Cayo de la Jagua, Santa Lucía, Oriente, operário agrícola, 21 anos; Eusebio Cañer Enríquez, natural de Santa Isabel de las Lajas, operário agrícola, 21 anos; Luis Artemio Carbó Ricardo, natural de Sagua de Tánamo, Oriente, estudante, 22 anos; Rafael Angel Carini Milián, natural de Havana, antes empregado de um jornal, 20 anos; Efraín Israel Espinosa Pérez, natural de Las Bocas de Tanas, Niquero, Oriente, antes operário agrícola, 24 anos; Adalberto Gómez Núñez, natural de Havana, empregado de jornais, 26 anos; Wilfredo Gonce Cabrera, natural de Caimanera, Oriente, 19 anos (APLAUSOS); Rodolfo Fernández Alvarez, natural de San Benito, Alto Songo, Oriente, 19 anos; Rafael Izquierdo Ramírez, natural da usina açucareira Delicias, Oriente, cozinheiro, 24 anos; Luis López Mustelier, natural de Guantánamo, Oriente, operário agrícola, 25 anos; Alvaro Morales Hernández, natural de Bayamo, Oriente, carpinteiro, 25 anos; Tomás Palmero Vizcaíno, natural de Tayabacoa, Sancti Spíritus, operário agrícola, 30 anos; Juan Dioscórides Prieto Delgado, natural de Jovellanos, Matanzas, mecânico, 20 anos; Pedro A. Quintana López, natural de Guane, Pinar del Río, empregado de armazém, 26 anos; Sofiel Riverón López, natural de Los Arabos, Matanzas, empregado de lavandaria, 20 anos; Roberto Rodríguez Sarmiento, natural de El Cristo, Oriente, operário agrícola, 25 anos; Julián Sánchez Gómez, natural de Aguada de Pasajeros, balconista, 31 anos.
E assim em quaisquer das páginas, bem na dos companheiros da marinha que tombaram, bem na dos valentes companheiros da escola de responsáveis pelas milícias, bem na dos da base de Baracoa que manipulavam os morteiros de 120 milímetros, ou bem as crianças, porque eram praticamente umas crianças as que manipulavam as antiaéreas da Base Granma (APLAUSOS).
Base Granma: Juan Domingo Cardona Bravo, natural de Santiago de Cuba, escolar (APLAUSOS), aprendiz de sapateiro, 17 anos; Nelson Fernández Estévez, natural de Catalina de Guines, operário agrícola, 14 anos (APLAUSOS); Hugo Rivero Alamo, natural de San José de las Lajas, Havana, operário agrícola, 21 anos; Rolando Valdivia Fernández, natural de Florida, Camaguey, empregado, 16 anos (APLAUSOS).
E assim os companheiros da força aérea, os companheiros do Batalhão 111 (APLAUSOS), do Batalhão 116 (APLAUSOS), do Batalhão 117 (APLAUSOS), do Batalhão 123 (APLAUSOS), do Batalhão 144 (APLAUSOS), do Batalhão 180 (APLAUSOS), do Batalhão 219, Colón, do Batalhão 227, Unión de Reyes (APLAUSOS), do Batalhão 326, Cienfuegos (APLAUSOS), do Batalhão 339, Cienfuegos (APLAUSOS).
Os companheiros das Milícias Territoriais e os companheiros que morreram no ataque às FARs, da Bateria de Havana, da Bateria de Camaguey, e da Bateria de Las Villas, que perfazem um total de 149 companheiros mortos; do Exército Rebelde, da Aviação, da Marinha, da Artilharia, dos Batalhões das Milícias (APLAUSOS). Porque nesta histórica batalha combateram, e também morreram homens das diferentes forças que integram o aparelho armado da Revolução. Vitória que foi, por isso, sangue de todos, valor de todos, honra de todos, méritos de todos, batalha do povo, que foi combater pela Revolução, e não por uma Revolução a meio, mas sim por uma Revolução verdadeira, por uma Revolução socialista (APLAUSOS).
E eis o inimigo, segundo os dados que nos entregou a Secção de Informação do Exército quando ainda não estavam completos esses dados. Latifundiários, 100, com milhares de hectares de terra; proprietários médios, 24; donos de casas, com milhares de casas, 67; comerciantes, 112; industriais, 35; ex-militares da tirania, 194; ricaços, 179; altos funcionários, 89; empregados, 236; lúmpens, 112.
Entre outras coisas, eles possuíam dois negócios de madeira; a loja El Encanto de Camaguey, três padarias, a Casa Potín, três companhias de transporte rodoviário, oito negócios de peças e acessórios de carros, uma tipografia, três agências de publicidade, três bancos comerciais, cinco farmácias, três motéis, 46 negócios vários, uma companhia de fumigação, três lojas de ferragens, duas joalharias, sete armazéns de suprimentos, uma companhia de licores, cinco cafés ou restaurantes, uma estação de rádio, quatro postos de gasolina, dois armazéns de peles, dois aviários, cinco lojas de roupas e confecções, duas boates, dez botecos, uma companhia de seguros e finanças, duas lavanderias, uma fábrica de mosaicos, seis indústrias pecuárias, uma fábrica de refrigerantes, quatro jazidas, sete usinas açucareiras, oito companhias construtoras, um armazém de tecidos, uma indústria de peles, uma fábrica de plásticos, uma fábrica de montagem de reboques, uma fábrica de bolachas, uma fábrica de chouriços, um laboratório, uma processadora de mármores, uma indústria do café, 80 apartamentos, uma fábrica de cimento, milhares de cabeças de gado impossíveis de calcular, duas frotas navais, uma companhia de seguros, incontáveis casas para alugar, uma frota camaroeira, um hotel, uma clínica, um cinema, dois clubes, um edifício comercial, um moinho de arroz, um hangar gigante para fábrica, cinco condomínios, três quintas de lazer, duas pedreiras, uma fábrica de produtos de alumínio.
E esses são os que vieram em representação dos demais, que eram os donos das demais coisas. Porque estes invasores mercenários realmente representavam sua classe.
Como é que não vimos nenhum desses indivíduos na Serra Maestra lutando contra a tirania sanguinária? Como é que nenhum deles ficou comovido diante de assassinatos bárbaros, como aquele do Natal sangrento, ou daquele em Oro de Guisa onde tão só num dia foram assassinados mais de 40 camponeses, ou quando nas ruas, nas estradas do nosso país amanheciam todos os dias cadáveres de jovens crivados de balas?
Nos dias do terror, da tortura e do crime, eles não apareceram por lado nenhum. E era então quando estes soldados rebeldes, operários agrícolas, pessoas muito humildes do povo, pegavam as armas e combatiam os assassinos. Não! Eles se juntaram aos assassinos, pois não debalde havia cerca de 200 ex-militares, e entre eles sujeitos como Calviño, que se juntaram para vir fazer guerra aos homens humildes do povo.
Precisa-se de mais alguma prova? Haverá melhor lição de história, haverá melhor demonstração da teoria marxista da luta de classes? (APLAUSOS).
E é que acaso pensavam que os soldados de incontáveis batalhas, os operários agrícolas, os trabalhadores, os proletários iam receber como se fossem libertadores estes escravistas, estes discriminadores, estes exploradores, estes miseráveis parasitos?
(ALGUÉM DO PÚBLICO GRITA ALGO ACERCA DE ARÉVALO). Esse cara está desprestigiado há muitos anos, já ninguém tem que desprestigiá-lo (RISOS E APLAUSOS).
E aqui nos fatos reais é quando fica demonstrado o que defende cada um, por que morreram eles, os que morreram; por que vinham lutar; e o que defendiam os nossos, por que morreram os nossos.
Porque do lado de lá se juntaram todos os malandros, os esbirros, os corruptos, os viciados, os exploradores, para vierem assassinar homens humildes do povo, mulheres, crianças.
O que teria sido deste país nas mãos desse pessoal? Com quanta sanha e com quanto ódio teriam tentado vingar-se? Porque nós os conhecemos bem. E os revolucionários são bem diferentes, porque nós sabemos o que acontecia aos nossos feridos quando caíam nas mãos dele durante a guerra, nós sabíamos o que acontecia com os prisioneiros. A Revolução é bem diferente, porque os esmaga como baratas, mas depois de se terem rendido não os assassina a até cura os feridos. É bem diferente!
E é lógico, porque deixamos a eles cumprir a triste missão de assassinos. Porque os revolucionários sabemos ter calma, fortaleza, e fazer o que fizemos, obrigar os imperialistas a pagar a indenização pelos danos que causaram, vê-los sofrer a humilhação que nos lembrava hoje esse documentário, e ver ali mesmo, onde iniciaram seu assalto criminoso, pousar os aviões carregados de remédios e alimentos para crianças (APLAUSOS) com o qual ficou culminada a vitória do povo.
E qual é agora a situação dos nossos inimigos? O que é que pensam? O que estão fazendo? Que está acontecendo dois anos depois da batalha da Baía dos Porcos? Estão praticamente liquidados.
E hoje podemos contar com um testemunho muito importante e muito útil dos nossos próprios inimigos. Porque, como acabaram tendo uma briga de cães, temos podido contar com o testemunho de quem foi o principal instrumento dos imperialistas e que se colocou na liderança do organismo contrarrevolucionário, e que nestes dias se demitiu, tornando públicos certos detalhes que são muito interessantes porque agora, mais uma vez, perante o mundo todo fica demonstrado que tínhamos razão, e perante o mundo todo fica demonstrado que agíamos muito bem quando nos preparávamos para resistir novas agressões do imperialismo.
E na carta-renúncia do cabecilha contrarrevolucionário Miró Cardona (EXCLAMAÇÕES) há certos pormenores como estes, nos quais se descobrem os planos dos inimigos do nosso país. Diz: “Dois dias de importância: 20 de abril e 4 de maio de 1961” — diz este senhor na carta... E nós não dizemos isto, porque sempre eles acabam dizendo o que nós tínhamos denunciado anteriormente. Diz: “Em 20 de abril de 1961, o honorável presidente Kennedy, quem com honestidade exemplar de primeiro executivo tinha assumido todas as responsabilidades da desastrosa experiência” — refere-se a esta experiência — “também declarou sua decisão de não abandonar Cuba; e anunciou ao hemisfério que se as outras nações da América Latina não cumpriam seu dever, os Estados Unidos agiriam de acordo com suas obrigações, sob os tratados e Convênios Interamericanos.
“Catorze dias depois, em 4 de maio, depois de meu retorno de uma viagem à Nicarágua, Guatemala e a Ilha de Vieques, por uma sugestão dele, acompanhado dos doutores Maceo e Varona, em uma ansiosa procura de sobreviventes, o presidente Kennedy, em uma entrevista, planejou junto comigo o futuro imediato de Cuba”. E vejam, ainda, a posição traidora de um senhor que está ao lado de uma potência inimiga do país, planejando com o presidente dessa potência o futuro de Cuba.
“Seus oferecimentos de cooperação foram definitivos e seu respaldo total e absoluto.
“Na mesma forma, procurou-se apoio para as forças clandestinas em Cuba” — quer dizer, confissão por parte deles da ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos de Cuba, e da subversão, como se fosse necessária mais uma prova. “E o primeiro programa de recrutamento de voluntários cubanos nas diferentes unidades militares dos Estados Unidos foi planejado para um período de treino de muito curta duração. Mais adiante se agrupariam com seus oficiais em um corpo militar, na hora em que determinássemos que era oportuno”. Mais uma denúncia. Cuba denunciava que estavam treinando outra vez forças mercenárias para um ataque.
“Em nome dele, eu convidei os oficiais das Forças Armadas de Cuba” — diga-se ex-militares que faziam parte do exército de Batista — “para participarem de cursos especiais em diferentes escolas dos Estados Unidos, e foram destinados a travar uma batalha na ilha de Castro. Determinaram-se outras coisas — determinaram-se outras coisas! — “que não é necessário mencionar nesta ocasião”.
E continua dizendo o senhor Miró Cardona: “O período desde maio até outubro de 1961 teve seus momentos difíceis. Já em 31 de outubro desse ano todas nossas diferenças tinham sido resolvidas e os acordos foram reunidos em um convênio, o qual a história no seu momento registrará” — e que registrará para sofrerem o escárnio.
Então falam acerca de ter subscrito um convênio com eles, em 31 de outubro para a invasão a Cuba. E, mais para a frente, este senhor declara: “Entrevista de 10 de abril de 1962” — reparem na data, porque isto é muito importante —: “depois de reunir-me brevemente com o procurador-geral, Robert Kennedy, a pedido dele me convidou ir à casa do presidente. Tal como nas ocasiões anteriores, fui com o doutor Ernesto de Aragon. Richard N. Coodwin estava lá. A entrevista com o presidente durou uma hora; foi uma reunião satisfatória.
“Na reunião eu examinei a crise interna de Cuba, a crise no hemisfério, a crise de descontentamento entre os exilados e a posição atormentada do Conselho. A reunião não foi impessoal, a conversação foi viva e o senhor Kennedy me assegurou que o problema era essencialmente militar e requer de seis divisões” — requereria e faz tempo disso! — (RISOS), “que o Conselho devia contribuir com o maior número de soldados, e que os Estados Unidos não deviam adotar uma posição unilateral, porque isto provocaria graves críticas no continente”.
E diz: “O honorável senhor presidente ali mesmo deu ordens de que fossem adotadas medidas imediatas para o recrutamento em massa, eliminando todos os requisitos possíveis, assim como que os funcionários fossem convidados. A reunião, como é natural, abrangeu também outros aspectos que não me permito revelar” — se o que está revelando é isto, o que será o que não revela!
E diz mais em diante: “O general Lanz Daley veio a Miami discutir comigo certos aspectos do problema militar, que não eram de solução fácil, e que representavam demoras inevitáveis.” Quer dizer, que este senhor, o chefe dos contrarrevolucionários, declara publicamente que existia um pacto entre eles e o governo dos Estados Unidos para lançar uma invasão contra Cuba, e que esses cubanos que se estavam treinando nas Forças Armadas dos Estados Unidos, seriam reunidos numa dada altura para fazer parte da força de ataque. E, ainda, também diz que o ataque era de forças de mercenários e de soldados norte-americanos.
Em que mês foi a entrevista, onde se ratificaram os planos? Em 10 de abril de 1962. Mas outra vez os imperialistas terão de se perguntar o que aconteceu! (RISOS) E que aconteceu? Que o governo de Cuba, tal como o governo soviético, tínhamos conhecimento desses planos de agressão contra Cuba, e assim, no mês de junho — isto é, dois meses depois desta última entrevista — iniciaram-se as conversações entre os representantes do governo soviético e o governo cubano relativamente a esta situação e as medidas a serem tomadas.
E as medidas que foram adotadas, os passos que foram dados perante a certeza de uma agressão contra nosso país, foram os passos relativos ao fortalecimento das nossas Forças Armadas e o envio de projéteis estratégicos ao nosso país (APLAUSOS).
Agora o mundo, agora o mundo saberá quem foi o responsável por esta crise do Caribe!, agora o mundo todo pode conhecer quem foi o culpado, quem era o agressor, que intenções e que planos tinha. E o mundo todo terá que reconhecer que Cuba agiu em legítima defesa, que as medidas que o governo de Cuba — juntamente com o governo soviético — adotou, eram medidas justas e medidas necessárias para frear as aventuras guerreiras e agressivas. E quando os projéteis foram instalados aqui, já não era então um problema de seis ou sete divisões, já não era um problema de divisões, mas sim o problema de ter que encarar o risco de uma guerra termonuclear.
Não passaram muitos meses, decorreram apenas sete meses da crise, e eis as provas de que Cuba tinha razão, eis as provas subscritas, nada mais nada menos, que pelo cabecilha da contrarrevolução, de quem foram os responsáveis pela crise, e quem foram os culpados de ter levado o mundo ao limiar da guerra.
Não decorreu muito tempo, e mais uma vez a razão fica demonstrada ao nosso favor.
Eles, naturalmente, agora estão tentando por todos os meios desmentir essas declarações; desmente-a o governo norte-americano e diz que não é certo que houvesse esse convênio, alguns contrarrevolucionários a estão desmentindo, porque isso os desprestigia perante o mundo. Mas isso não o escreve um amigo da Revolução Cubana, o escreve o inimigo, o escreve o cabecilha dos nossos inimigos. Não temos por que duvidar e, ainda, porque os fatos que ele denuncia estão à vista.
É lógico que este problema se torne agora um grande problema para o governo dos Estados Unidos. E é lógico porque aqueles que praticam uma política de agressão, de violação das leis internacionais, aqueles que praticam uma política imoral e sem princípios, têm necessariamente que cair nesses abismos de descrédito e nesses labirintos insalváveis. Porque assim como Cuba tem ido demonstrando em cada caso sua razão e Cuba tem ido vencendo, eles em cada caso têm ido fracassando e sua política tem ido ficando cada vez mais a nu.
Este senhor chamado Miró Cardona — que nós o conhecemos bem demais —aparentemente levou a sério a comédia — a paródia que os imperialistas criaram — tão a sério que agora fica furioso contra os imperialistas. Quando ocorre este problema? Quando o problema de Cuba já não é um problema de mais ou menos divisões, mas sim quando um ataque a Cuba desencadearia uma guerra mundial. E já isso é outra coisa! Porque não é o mesmo para os imperialistas dar sem receber, que receberem tudo o que merecem por tentarem dar (APLAUSOS).
E os problemas de Cuba agora são problemas muito delicados e muito complexos, que não se podem manejar, do ponto de vista dos imperialistas, segundo o capricho desses instrumentos. O problema de Cuba tem a ver com a paz ou com a guerra, e os imperialistas têm compreendido essa realidade e os perigos que entranha um ataque a Cuba.
Mas essa situação, naturalmente, se torna insuportável para os contrarrevolucionários. Não sem razão um senador norte-americano, presidente do Comitê das Relações Exteriores, que aparentemente perdeu a paciência e determinou dizer-lhe quatro verdades a este senhor e aos contrarrevolucionários, disse uma coisa que é verdade. Diz: “um número surpreendentemente grande destes senhores são oligarcas batistianos e fascistas”. E ao mesmo tempo disse, declarou, que este senhor Miró Cardona não se conforma agora com menos do que com uma guerra na qual se vejam envolvidos os Estados Unidos, e não uma guerra local, mas sim uma guerra mundial.
E perante esta nova situação criada e que foi criada em consequência das medidas que foram adotadas, pelas medidas adotadas entre Cuba e a URSS, esta nova situação obriga ao governo dos Estados Unidos a pôr um limite a estes senhores contrarrevolucionários, porque se encontram diante de uma situação nova e mais difícil. E agora os imperialistas recebem seu merecido.
Os apertos que está tendo agora o senhor Kennedy os tem mais que merecidos. E quem lhe provoca esses apertos? O tal do Miró Cardona. Pois a política de agressões contra Cuba significou uma política de desastres para Kennedy. A quem pode chantagear Miró Cardona? A Kennedy. E por que? Porque lhe foram criadas as condições.
É proverbial aqui entre os companheiros do Conselho de Ministros, que o senhor Miró não pôde chantagear nem ao senhor Urrutia, porque nos primeiros dias do governo, este senhor Miró, que gosta das presunções, um dia chegou a apresentou sua demissão ao senhor Urrutia. E então o senhor Urrutia lhe diz: “Ah, sim, pois não, me dá a demissão, porque nós tínhamos criado este cargo para o senhor e agora o vamos suprimir”. O homem saiu furioso dali, dizendo: “Aceitaram a minha demissão, aceitaram a minha demissão.” Não conseguiu chantagear Urrutia e agora tenta chantagear Kennedy, porque Kennedy lhe criou as condições e lhe deu as armas.
Nós conhecemos muito bem este senhor chamado Miró Cardona. Foi advogado de Casillas, assassino de Jesús Menéndez, foi advogado de Grau na causa 82 — acho que era a 82, não?, se é que alguém se lembra daqueles tempos. Mas como era um advogado de certo renome, jurista e professor universitário, detinha certos cargos no Colégio dos Advogados, e como era, ainda, um senhor ambicioso, realizou certas atividades muito cômodas, por sinal, e quando do triunfo da Revolução o senhor Urrutia o nomeou primeiro-ministro. Posteriormente, considerou que era conveniente se demitir.
Mais adiante — e esta é outra anedota interessante — quando o senhor Urrutia enveredou pelo caminho da reação e da traição à Revolução, pelo caminho da divisão, ameaçando de criar um problema à Revolução, o senhor Miró Cardona concordou conosco em que este senhor Urrutia era um incapaz, um idiota e que havia que achar uma solução a esta situação. E então ele expressou que estava disposto a aceitar o cargo de presidente da República. É bom que se saiba que naqueles dias em que deflagrou a crise com o senhor Urrutia, o senhor Miró Cardona estava na sua casa, esperando que o nomeassem presidente. E quão grande foi sua surpresa ao conhecer que ninguém o tinha designado presidente, e que o Conselho de Ministros escolheu um verdadeiro presidente para nosso país (APLAUSOS).
Eu não tenho a menor dúvida de que se este senhor tivesse sido escolhido como presidente, estaria gozando da vida e, inclusive, se teria declarado comunista (RISOS), porque nós o conhecemos bem, porque tinha um imenso afã de sobressair. E desiludido de tamanha maneira por causa daquele fato, foi que determinou desertar e ir viver para os Estados Unidos, onde o designaram presidente do Conselho Contrarrevolucionário.
Naqueles primeiros dias da Revolução, este senhor, cujo pai tinha sido um combatente do Exército Mambí, um grande soldado, um grande patriota e um homem muito progressista, que poderia ser considerado dentre os homens mais avançados do Exército Mambí, e ajudante de Antonio Maceo — qualidades que, naturalmente, seu filho não herdou, e ainda menos seu neto, que foi um dos prisioneiros de Girón —, devido a esse relacionamento familiar que tinha com um dos ajudantes de Maceo, conservava o facão de Maceo. E claro, naqueles primeiros dias da Revolução, um dia apresentou-se a nós e nos entregou o facão de Maceo. Naturalmente, para nós foi uma grande emoção receber aquela relíquia, e com uma grande devoção a temos conservado. E em dias recentes, nos quais esteve examinando este facão, eu comentava para meus botões: foi uma sorte que nos primeiros dias da Revolução se apresentassem circunstâncias com as quais este senhor teve a ideia de dar-me de presente este facão, porque, caso contrário, o teria dado a Kennedy, e o facão de Maceo estaria neste instante nas mãos de Kenndey. Mas, felizmente, o facão ficou aqui (RISOS), e naturalmente será entregue ao museu da história da nossa pátria.
Mas assim é este senhor, e assim são eles todos, na mesma linha. Diante da falência total e o fracasso total da política imperialista contra Cuba, determina montar um show e então se demite, e naturalmente redige este documento, um plano de chantagem contra o governo dos Estados Unidos.
Mas era lógico que estes senhores agora tentem chantagear o governo dos Estados Unidos, porque o governo dos Estados Unidos lhes criou as condições e as oportunidades para que agora possam fazer isso. E que é que estão fazendo os outros chamados líderes da contrarrevolução? Empurrando, caiu esta e estão empurrando, e até Sánchez Arango, do qual não se escutava falar há mais de um ano, tem feito uma declaração apoiando Kennedy, dizendo que é correto que Kennedy manipule esta situação com cuidado porque entranha o perigo de uma guerra.
E um tal do Collins, ou não sei o quê, tem feito outra declaração dizendo que é preciso apoiar o senhor Kennedy; e o senhor Garcerán, que também aspira à presidência pela via de que era o magistrado mais antigo, e de acordo com a Constituição burguesa de 1940, diz que Kennedy tem razão, e agora, Tony Varona também está apoiando Kennedy. Então, eles todos estão puxando para ver o que podem obter a partir dos restos daquele que até ontem foi seu chefe.
Que moral a deste pessoal, e que impudicícia a deste pessoal. Mas é possível que o senhor Kennedy também não saiba o que vai fazer, nem com Varona, nem com Garcerán, nem com Collins, nem com Aureliano nem com ninguém. Porque o maior problema que já arranjou na sua carreira política é este problema. Pois precisamente seus inimigos o acusam de não ter uma política para com Cuba. E como dizíamos aqui, recentemente, essa política não existe mais, não existe nem pode existir. Porque, como? Com uma política de guerra que seria a destruição do imperialismo? Então acusam Kennedy de não ter uma política para com Cuba; mas resulta que todas fracassam porque todas têm que fracassar.
E a outra, a da guerra, é muito perigosa para eles.
E essa é a situação. Quem terá arranjado esses problemas? Ele próprio, e a política agressiva de Kennedy contra Cuba e contra a Revolução Cubana é a que gerou mais problemas e mais dores de cabeça para ele, porque tem sido uma política, sem dúvida de nenhuma classe, torpe, não de um político experiente, mas sim de um novato em política. Porque, naturalmente, dentro dos círculos imperialistas existem determinados interesses de um grupo e de outro e, em longo prazo, esta política se virou contra ele.
Que fracassos lhe trouxe? Em primeiro lugar o da invasão pela Baía dos Porcos, que tem sido um dos episódios que maior descrédito trouxe para um presidente dos Estados Unidos e para os próprios Estados Unidos.
Quando Kennedy tomou posse da presidência e houve uma mudança de administração entre republicanos e democratas, vocês lembrarão que naqueles dias nós estávamos mobilizados, esperado uma invasão, e quando o senhor Kennedy tomou posse da presidência, desmobilizamos os batalhões que tínhamos cuidando das costas, à espera da política que este senhor ia implementar; inclusive, declaramos que o governo de Cuba esperava que abrisse mão da política de agressões que tinha seguido a administração de Eisenhower.
O que é que ele fez? Embarcou-se naquela política, não teve sequer a habilidade de responsabilizar a administração anterior com a política que tinha implementado, e aplicar uma política menos torpe contra Cuba; não fez isso, dobrou o esforço que vinha fazendo a administração de Eisenhower. Sob sua administração, fizeram-se grandes esforços para organizar os bandos contrarrevolucionários, as sabotagens e, por último, a invasão.
E quando se produziu a invasão, o que é que ele fez? Não retificou, teimou no caminho das agressões, como demonstram as declarações feitas pelo cabecilha Miró Cardona, e que problema arranjou?, pois simplesmente pôs o mundo à beira da guerra termonuclear, pôs em perigo a própria existência dos Estados Unidos, como consequência dessa política agressiva contra Cuba.
Resolveu-se a crise, e hoje o problema de Cuba é o problema mais utilizado por seus inimigos políticos para atacá-lo, exigindo-lhe medidas mais drásticas, quer dizer, medidas que conduziriam a uma guerra e que, portanto, não pode adotar sem se expor a tamanhos perigos. Por que?, quem deu as armas aos inimigos internos? Ele próprio, sua política de agressão contra Cuba. Quem deu as armas aos contrarrevolucionários? Ele próprio. Por que é vítima da chantagem de Miró Cardona e dos seus seguidores? Por sua própria culpa; e se nalgum momento a administração do senhor Kennedy tem dado alguns passos que se pudessem considerar sensatos, têm sido os passos que deu para pôr fim às corridas piratas e descontroladas dos contrarrevolucionários.
Porque ao menos, com essas políticas, diminuíam os riscos de um conflito. E claro, agora está recebendo o que merece, pois um safado, um senhor medíocre, imoral, cobiçoso e corrupto, que é esse tal do Miró, se dá ao luxo de chantageá-lo, de fazer essas acusações contra ele, de publicá-las na imprensa dos Estados Unidos, porque de fato o senhor Miró faz agora o jogo dos inimigos políticos de Kennedy, os que acusam Kennedy de não ter adotado medidas mais drásticas, e assim essa política de agressão levou a atual administração dos Estados Unidos a uma série de descréditos, de reveses e de situações constrangedoras.
O que seria o único que evitaria esse descrédito todo? Simplesmente, abrir mão da política agressiva contra Cuba. Os fatos têm demonstrado o fracasso dessa política; os imperialistas têm fracassado nas suas agressões contra Cuba. E na situação atual, nas condições atuais, a única alternativa sensata e bem pensada, é abrir mão dessa política agressiva.
Os contrarrevolucionários acusam Kennedy de querer coexistir com Cuba e de coexistência pacífica com Cuba. Mas é que os contrarrevolucionários têm chegado à conclusão de que a política agressiva já fracassou, e que os imperialistas estão em meio de uma situação difícil, que a política agressiva dos Estados Unidos contra Cuba está na falência. E como farejam isso, percebem isso, começam a denunciar que querem coexistir.
Nós temos sido as vítimas, nós temos sido os agredidos. É possível que os contrarrevolucionários digam agora que a Revolução Cubana está interessada em coexistir.
A Revolução Cubana esteve do lado da paz, o que a Revolução Cubana fez foi defender-se; nós não somos a favor da guerra. Agora, a Revolução Cubana tem derrotado a política agressiva dos imperialistas, a levou à falência (APLAUSOS), a fez cair no descrédito; nossa política triunfou e a política deles fracassou, e os colocou numa situação de escândalo internacional, de descrédito, altamente lesiva para os Estados Unidos.
Nós não estamos aqui fazendo campanha a favor da coexistência; nós não queremos a guerra, nós queremos a paz, nós não somos um entrave para a paz. Mas isso nunca dependeu de nós; o que nós temos feito é defender-nos, e defender-nos com sucesso. Eles têm fracassado e, portanto, não lhes resta outra alternativa que abrir mão dessa política de agressões contra nós, abrir mão da política que seguiram.
Abrirão mão disso? Não podemos saber. Teimarão na tolice e no engano, como até agora? Não podemos saber. Mas nossa atitude é uma: se fazem uma política de paz, nós fazemos uma política de paz; se teimam na política de agressões, continuaremos defendendo-nos por todos os meios e com todas as armas (APLAUSOS), e continuaremos lutando com toda a energia, e continuaremos desferindo-lhes reveses.
A situação atual, a correlação de forças no mundo, o estado de nossas relações com o bloco socialista e o descrédito da política agressiva contra Cuba, por um lado, nos coloca em melhor situação do que em nenhum outro momento anterior, para continuarmos travando com sucesso esta luta.
Quatro anos e meio de hostilidade contra nosso país, quatro anos e meio obrigando-nos a investir enormes energias e recursos na luta pela sobrevivência da Revolução, na defesa do país, quatro anos e meio defendendo-nos contra o bloqueio econômico e as agressões de um poderoso país contra nós. Ter saído vitorioso, graças à coragem de nosso povo, à energia de nosso povo e à solidariedade do bloco socialista (APLAUSOS), há de ser para nós motivo de orgulho.
Mas não podemos dormir à sombra da bananeira. O inimigo não abrirá mão facilmente dos seus planos agressivos, o inimigo não esmorecerá facilmente e lançará mão de novos meios, de novas táticas, de novos planos.
Agora, ultimamente, estão pondo ênfase na necessidade de assassinar os líderes da Revolução; estão pondo ênfase na necessidade de praticar a sedição, comprar, subornar, procurar nas fileiras da Revolução para ver se localizam elementos fracos, elementos traidores. E falam de dinheiro, e falam em investir muito dinheiro, falam em subornar, falam em comprar.
E isso nos faz lembrar os primeiros dias na Serra Maestra quando depois de lutarem infrutiferamente durante um ano, os soldados de Batista não podiam dar cabo de nós, e então idearam um plano e espalharam pela Serra Maestra toda uma série de panfletos, oferecendo recompensas pelas nossas cabeças. E assim ofereciam 100 mil pesos pela minha cabeça (RISOS) — a cada certo tempo chegava às minhas mãos um desses papelinhos, eu fiquei surpreendido ao ver o alto preço que tinham fixado — e ofereceram dezenas de milhares de pesos pelas cabeças doutros companheiros, quem a entregasse vivo ou morto, ou quem oferecesse informações que permitisse ao exército a liquidação de quaisquer um destes companheiros.
E não houve um único camponês que desse uma informação, não houve ninguém que se prestasse à traição, não houve ninguém que se deixasse subornar. E as traças acabaram engolindo as centenas de milhares e talvez milhões de papelinhos que espalharam pelas montanhas, naquela tentativa ridícula e desesperada.
Porque há uma coisa que os imperialistas não sabem, e vão saber, e vão aprender; e que é a abissal diferença que há entre um revolucionário e um mercenário. Eles resolviam seus problemas com os exércitos profissionais, com as camadas militares. E assim, mantiveram sua hegemonia, subornando alguns generais, apoiando-os; e assim, instauravam tiranias militares na América.
Qual foi o fato básico e indispensável para o desenvolvimento da Revolução? A desintegração da camada militar, de um exército elitista ao serviço da exploração e do privilégio, e sua substituição por umas forças armadas integradas pelo povo e indissoluvelmente unidas ao povo (APLAUSOS), forças armadas integradas por proletários e por camponeses; povo armado; porque aqui, com uniforme ou sem uniforme, todo revolucionário é um soldado da pátria (APLAUSOS); com uniforme ou sem uniforme cada revolucionário é um trabalhador da pátria (APLAUSOS).
E a Revolução criou forças de combate de novo tipo, inteiramente novas, indissoluvelmente unidas ao povo e à Revolução, como uma única coisa. E aparentemente os imperialistas não têm compreendido isso, aparentemente os imperialistas não percebem isso.
E além do mais, as Forças Armadas da Revolução são umas forças cujas raízes estão na história, cujo aprendizado o obtiveram combatendo. E no espírito dessas forças armadas, no espírito de nós todos, está a história que temos feito juntos, desde que começamos com uns pouquinhos fuzis; sendo reduzidos para menos de dez homens, frente a forças poderosas.
E assim surgiu do povo, das fileiras mais unidas do povo, de sacrifício em sacrifício, de batalha em batalha, de vitória em vitória.
E assim temos chegado a ser o que a Revolução é: um acontecimento histórico neste continente, um fato que inspira a admiração e o respeito em todos os recantos do mundo; uma força que os imperialistas não conseguiram vencer, aos quais temos desferido inúmeras derrotas.
Hoje temos muitas coisas que não tínhamos antes: a técnica, a disciplina, os conhecimentos adquiridos, os equipamentos muito modernos com que contamos para defender nosso país, o estudo, que tem sido o caminho da superação de muitos e muitos companheiros, muitos dos quais nem sequer sabiam ler e escrever.
E se antes da batalha de Girón, uns meses antes, não tínhamos nada mais que sete pilotos, e não tínhamos nem artilheiros nem tanquistas, hoje temos pessoal técnico demais que adquiriu enormes conhecimentos, que continua adquirindo-os; que está perfeitamente munido e em condições de contestar qualquer ataque.
Aquilo da Baía dos Porcos, caso se repetisse algo parecido, quanto é que duraria hoje? Quantas horas poderão resistir o ataque das nossas forças, com a disciplina, a capacidade e os equipamentos com que hoje contamos? E o inimigo sabe disso, e por isso, suas esperanças são cada vez mais vãs.
Companheiros: não só povo e Forças Armadas Revolucionárias são a mesma coisa; mas são a mesma ideia; povo e Forças Armadas — além de que cada soldado é um trabalhador e cada trabalhador é um soldado — é a ideia, a ideologia, os princípios revolucionários que defendemos. E nós todos estaremos vinculados mediante uma força organizada, que é nosso Partido, nosso Partido Unido da Revolução Socialista (APLAUSOS).
E da mesma forma em que cada local de trabalho temos vindo a organizar as células de base revolucionárias, em cada unidade de combate iremos organizando as células de bases revolucionárias, os membros do Partido (APLAUSOS), escolhendo sempre os companheiros mais abnegados, mais sacrificados, os companheiros exemplares, os melhores combatentes da pátria. E assim iremos organizando a vanguarda da Revolução, o Partido marxista-leninista da Revolução Socialista (APLAUSOS).
E cada militante revolucionário não só terá muitas balas de canhão e muitas balas de metralhadora, e muitos equipamentos de combate, não só terá muito parque militar, munições de guerra, mas também terá armas ideológicas (APLAUSOS). E avançará paralelamente a instrução militar com a instrução política.
Nós todos temos aprendido o que se pode conseguir com o estudo, todos temos visto o quanto se superaram nossos homens, o quanto têm aprendido, quanto se têm desenvolvido e quanto lhes resta ainda pela frente. Porque ainda nos resta muito pela frente!
Esta noite nós ficamos comovidos ao escutarmos os cantos patrióticos, a sinfonia dedicada aos nossos heróis caídos; vibravam as últimas fibras de cada um de nós ao relembrarmos, ao ver, as cenas daqueles dias. Sentíamos infinita gratidão e carinho para nossos companheiros, profundo e legítimo orgulho das nossas forças, das nossas vitórias, de vermos um povo como este unido, vermos a Revolução mais unida do que nunca, mais organizada do que nunca, constitui uma impressionante força social, política e revolucionária, que é o patrimônio de cada um dos cidadãos bons e dignos deste país.
Contudo, quando isto seja visto daqui a 20, daqui a 30 anos, a emoção das gerações futuras será incomparavelmente maior, e ainda as fotos destes atos, a recordação destes atos, a presença de cada um de vocês será motivo de emoção e de admiração para as gerações vindouras, porque nos coube viver esta hora, sermos vanguardas da pátria nesta hora, força criadora da pátria, sermos uma Revolução em andamento, que mudou tudo, que deitou por terra as muralhas do passado.
Os castelos que ontem pareciam inexpugnáveis foram demolidos. Por quem? Pelos poderosos? Não! Pelos generais profissionais? Não! Pelos milionários? Não! Pelos homens e mulheres mais humildes do povo, pelos homens e mulheres mais esquecidas do povo (APLAUSOS), pelos homens e mulheres explorados do povo, do povo puro. Como eu dizia aos companheiros da força aérea, das fileiras da fome, das fileiras do ‘tempo morto’, das fileiras dos explorados, dos discriminados, surgiu a força que fez mudar o curso da história da nossa pátria, surgiu a Revolução que comoveu o continente todo (APLAUSOS); surgiu a luta, o movimento que pôs em xeque o império burguês mais poderoso do mundo, surgiu o exemplo e o alento, surgiu o porvir que está nas nossas mãos.
Aqui se reuniram familiares que levam com dignidade a dor, nem por isso menos profunda dos entes mortos, combatentes da Revolução, soldados da Pátria, militantes do Partido, homens e mulheres temperados, homens e mulheres testados na dor e no sacrifício.
E nós temos direito mesmo de saber que nas nossas mãos está o destino, e temos sido sempre homens de fé no porvir, de fé nas massas, de fé no povo, aqueles que viveram os dias difíceis da Serra Maestra, quando não havia para todos nem sal nem açúcar, nem roupas nem sapatos, quando não chegava nada, e nos rodeavam batalhões de soldados determinados em liquidar-nos; os que vivemos aqueles dias e tivemos fé, aqueles que nunca esmoreceram e souberam comer uma vez ao dia quando comiam, ou não comer, e souberam o que era ficar encharcado numa trincheira sem fumar, e sem cobertores, e andarem descalços pelas montanhas sem esmorecerem; os que foram submetidos às provas difíceis que nos impôs a Revolução por uma causa ou por outra, no combate, no trabalho, na dor, sabemos que o porvir está nas nossas mãos e que temos direito de atingi-lo, que temos o direito de criá-lo, e que de ninguém mais do que nós depende.
É verdade que temos recebido extraordinária ajuda solidária que foi de muito valor nestes tempos; é verdade que temos recebido muito de fora. Mas também que nós temos que pôr muito mais da nossa parte. Já não somos revolucionários novatos, já temos a obrigação de irmos sendo revolucionários experientes e responsáveis.
A luta difícil da Revolução nos tem ido temperando a todos, e já está na hora de que nosso povo revolucionário, nossas massas e cada um dos homens e mulheres do povo compreendam suas responsabilidades, compreendam as realidades, porque por diante temos grandes tarefas.
É verdade que fomos obrigados a defender-nos como questão fundamental. Mas temos por diante a tarefa do desenvolvimento econômico do país, a tarefa de produzir e de criar bens, de fazer avançar com ritmo acelerado nossa economia. E para isso devemos aproveitar todas as circunstâncias favoráveis que hoje temos, e avançar na frente com o esforço de todos, na produção como temos avançado na defesa! E assim, é preciso produzir açúcar, produzir açúcar, os milhões de toneladas de açúcar que possamos produzir aproveitando ao máximo nossas possibilidades, e impulsionar o desenvolvimento econômico da nação. Porque nós os revolucionários devemos lutar em todos os fronts e atender devidamente a cada uma das nossas obrigações.
A necessidade de defender-nos nos tem obrigado a empregar enormes contingentes de braços vigorosos para pegarem nas armas; não dispomos de muitos braços. É preciso desenvolver as máquinas, é preciso mecanizar, racionalizar a produção. E às vezes — por isso hoje falo disto — porque às vezes temos sido muito mais entusiásticos para pegar nas armas do que temos sido para pegar o instrumento de trabalho. E temos sido, temos sabido ser como povo todo o heróico que tem sido necessário nos combates, e contudo não temos atingido patamares similares de heroísmo no campo da produção.
E um dia como hoje, quando nós estamos revendo a história e lembramos nossos mártires tombados, pensamos em todas as causas pelas quais eles lutaram e morreram. Não só para manter erguida a bandeira da pátria, firme e invencível a Revolução; morreram pelo porvir do país, morreram pela felicidade do povo, para que o povo tivesse direito de construir esse porvir para ele próprio, esse bem-estar.
E assim, para nós, este ato profundamente humano, é como um símbolo da nossa Revolução e de nosso povo, da irmandade, da união, do espírito revolucionário de nosso povo, do invencível espírito de nosso país, um símbolo!
E assim os lembraremos sempre, porque os que estamos aqui, que queremos a Revolução de forma entranhável, temos vivido momentos diferentes: momentos difíceis, momentos críticos. Na nossa mente estão guardados aqueles dias em que o povo todo, com uma impressionante serenidade, se dispôs a resistir o ataque inimigo, no mês de outubro, dispôs-se a lutar e dispôs-se a morrer.
Este povo tem uma história, está escrevendo uma grande e bela história que a nós todos nos une, que a nós todos os irmana em um mesmo sentimento, em um mesmo ideal, em uma mesma veneração para aqueles que lutaram, para aqueles que morreram.
E isso é bom, é alentador, e isso é a força da Revolução, porque cada mãe sabe que em cada soldado da pátria tem um filho! (APLAUSOS), e cada soldado da pátria sabe que em cada mãe de um companheiro morto tem uma mãe! (APLAUSOS) E assim, as mães de nossos heróis podem dizer como disse (Carlos Manuel de) Céspedes: “que todos os cubanos são seus filhos” (APLAUSOS), e podem dizer tal como Mariana Grajales, que a seus filhos mais novos, em meio da dor, lhes disse: “cresce, para que também entregues tua vida à pátria, se for necessário” (APLAUSOS). Porque a Revolução, a Revolução nos tem ensinado isso: não o egoísmo que separa, mas sim a solidariedade que une, o amor que une! Que a dor de cada um seja a dor de todos, e a dor de todos a dor de cada um! (APLAUSOS).
Irmãos nós todos! (APLAUSOS) Mães nós todos! (APLAUSOS). Filhos nós todos! (APLAUSOS).
E que esta seja como a melhor flor, que junto da recordação dos que morreram, desta lista impressionante de homens, de cubanos, de filhos humildes do povo, nós possamos render homenagem em um dia como hoje, e dobrar nossa fé no porvir, nossa fé na pátria, nossa fé na Revolução (APLAUSOS).
O que temos feito nos deve ter ensinado que nada é impossível, porque aquilo que ontem parecia impossível tem sido possível hoje! (APLAUSOS) E por isso, nada nos parecerá impossível amanhã!
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)
Companheiros do Partido e das Forças Armadas Revolucionárias (APLAUSOS):
Hoje nós comemoramos o segundo aniversário da vitória de Playa Girón (Baía dos Porcos: N. do Trad.) (APLAUSOS). Esta data sempre terá grande transcendência na história da nossa Revolução. Foi para nossa pátria e para nossa Revolução uma batalha decisiva; não foi a única batalha decisiva da Revolução; talvez não seja a última, mas tomara que fosse a última.
Esta foi a última de uma série de batalhas pelo nosso país que foram travadas ao longo deste processo revolucionário. Se as batalhas da luta contra a tirania tornaram possível a conquista do poder revolucionário e mudaram o curso da história do nosso país, a batalha de Playa Giron impediu que a história do nosso país tivesse um recuo e salvou a Revolução.
Porém, essa vitória não foi um fato casual, não se tratou de que a sorte nos favorecesse a nós, não era uma questão de sorte. A vitória forjou-se antes da batalha, e para nós todos — sobretudo para os companheiros das Forças Armadas Revolucionárias (APLAUSOS) — é uma lição importante.
O fato de que a contenda se tivesse liquidado em 72 horas pode talvez conduzir ao erro de pensar que o perigo não foi grande. A vitória foi fulminante, mas o perigo foi grande para nosso país. Os que organizaram esta empresa não são tão idiotas; os que organizaram esta empresa não são uns ignorantes em questões militares — em questões políticas sim, em questões sociais sim, mas em questões militares não são uns ignorantes. Só que a sorte das nações e o destino dos povos não é um simples fato da técnica militar.
É claro que a política dos atacantes era uma: destruir a Revolução. Os planos para destruir a Revolução não os começaram a preparar desde aquele dia, mas sim desde muito antes, o esforço para criar as condições começou apenas triunfou a Revolução sobre a tirania de Batista. Nós sabemos que foi imediatamente depois de ter sido promulgada a Lei da Reforma Agrária; desde esse instante começaram a preparar suas forças, suas forças militares. E, desde o começo, tinham tentado criar as condições políticas.
E, naturalmente, que aquele ataque militar foi precedido de uma série de agressões econômicas, de uma enorme campanha de propaganda contra a Revolução no mundo todo, e de uma política tendente a dividir e enfraquecer as forças da Revolução.
Por outro lado, tentaram fazer todo o possível a fim de que nosso país não se pudesse armar. A maior parte de vocês lembra que quando do triunfo da Revolução nos deparamos com uns poucos tanques, alguns eram Sherman, antigos; outros eram Cometas ingleses, que ainda nem nos explicamos por que é que o senhor Batista não os levou à luta, já que esses tanques nós os encontramos no antigo acampamento de Columbia, hoje Cidade Liberdade (APLAUSOS). E lembro que também havia algumas tanquetas e uns tanques bem levezinhos, que hoje parecem brinquedos, chamados General Stuart; uma enorme diversidade de armas de diferentes tipos e alguns aviões de diferentes tipos.
Mas, como vocês sabem, esse equipamento todo precisa de constante reparação, precisa de peças de reposição e, sobretudo, quando é preciso treinar um pessoal completamente novo. Porque quando a Revolução triunfou não tínhamos um único tanquista, não tínhamos um só artilheiro, e pilotos militares só alguns companheiros que, por terem aderido à luta revolucionária, estavam prisioneiros em Isla de Pinos. De fato, não tínhamos técnicos. E como havia que ensinar um pessoal, pessoal que, em muitos casos, nem sequer tinha visto um tanque, aqueles tanques se desgastavam rapidamente; aquele equipamento, no decurso de uns meses estava praticamente ou estaria praticamente inservível.
Já nossos inimigos começavam a preparar essa expedição e nós determinamos começar a adquirir algumas armas — que foram as primeiras armas adquiridas na Europa, compradas a uma fábrica belga. Nossos inimigos começaram a fazer pressões para evitar que nos armássemos: por um lado preparavam sua expedição e, por outro, tentavam impedir que adquiríssemos armas. Como a fábrica de armas resistiu no começo as pressões, lançaram mão da sabotagem. Dessa maneira, explodiu um navio nos nossos cais, na hora em que começava a descarga.
Depois disso, no nosso país temos descarregado nem se sabe quantas centenas de navios (APLAUSOS), e é muito curioso!, nenhum desses navios explodiu. Em troca, aquele navio explodiu. Era um navio vindo de um país da Europa Ocidental, onde os agentes da CIA trabalham livremente.
Quando todas as investigações e as deduções indicavam que tinha sido um criminoso ato de sabotagem, os imperialistas o negaram. Porque, inclusive, como vocês lembrarão, para saber se existia a possibilidade de explosão por acidente, foram jogadas de um avião várias daquelas caixas. Era impossível que explodissem! Mas não tinha nada de estranho que eles se negassem.
Depois, já nós todos tivemos a chance de saber o quanto cínicos são os nossos inimigos. E há muitas coisas que ensinam, e os fatos ensinam mais do que as palavras e mais do que os discursos.
Assim nosso povo acordou num amanhecer atacado de diferentes pontos por aviões que levavam insígnias cubanas, fato insólito, pirata e repudiável, além de covarde e traiçoeiro (APLAUSOS). E já vemos o que fizeram nossos inimigos, que publicaram no mundo todo. O que é que apareceu publicado em todos os jornais do mundo? O que é que foi publicado? Acaso que aviões ianques, equipados por eles e organizados por eles a partir de bases centro-americanas haviam atacado Cuba?
Não. Quando nós denunciamos que aviões ianques tinham atacado Cuba, eles disseram que era falso, e que aqueles eram aviões cubanos que se tinham revoltado. Quando por aqueles mesmos dias nós dissemos que um piloto norte-americano tinha sido identificado em um dos aviões derribados, eles disseram que era falso, o negaram a seus próprios familiares. E o cadáver ficou longo tempo preservado, à espera da reclamação.
Agora, quase depois de dois anos, sabe-se que cerca de 20 pilotos norte-americanos participaram daqueles ataques. Então o negaram.
E quem queira ter uma ideia real de até aonde chega a falta de escrúpulos e a falta de moral e de veracidade dos nossos inimigos, basta ler as informações internacionais relativamente ao primeiro dia da invasão, o que publicaram no mundo: que Santiago de Cuba já estava na posse dos invasores; que tinham chegado a Matanzas; que Isla de Pinos tinha sido liberada e, com isso, todos os prisioneiros; que o porto de Bayamo havia sido tomado; que, naturalmente, nós todos estávamos refugiados em embaixadas. Estas coisas ilustram e ensinam.
Por isso, não seria nada estranho que um dia qualquer se conheça como fizeram a sabotagem à La Coubre (APLAUSOS). Aquele fato criminoso e cobarde custou a vida de inúmeros companheiros do Exército e um número semelhante de trabalhadores. Holocausto de vidas que em nada faz tremer a mão dos criminosos! Não lhes interessou sequer a nacionalidade do navio, que era francês, a ainda menos lhes interessou assassinar uns quantos trabalhadores franceses. Do ponto de vista moral os imperialistas nunca se preocuparam na hora de assassinar trabalhadores.
Mas sua política era a de impedir armar-nos, enquanto eles iam preparando sua expedição. E nós tínhamos que armar-nos, porque uma coisa que caracteriza a Revolução é que a Revolução nunca deixou de fazer o que fosse necessário fazer, nunca deixou de adotar as medidas que fosse necessário adotar para preservar o país e para preservar os interesses de nosso povo.
E assim, só dos países socialistas (APLAUSOS) veio a atitude de amizade, quando todos os países capitalistas, pressionados pelos Estados Unidos, se negaram a vender-nos armas, os países socialistas estiveram dispostos a vender-nos armas (APLAUSOS), algo mais que vender-nos, a dar-nos armas fiadas (APLAUSOS). E assim começaram as primeiras aquisições de armas no bloco socialista.
É claro que para os imperialistas teria sido fácil — e digo fácil a partir de certo ponto de vista —; teria sido fácil estabelecer uma cabeça de ponte no nosso país se nós não tivéssemos contado com artilharia nem com tanques. Não dominar este país, que não é a mesma coisa. E para o qual, para impedi-lo, não precisamos nem de tanques nem de artilharia (APLAUSOS), porque uma coisa era fazer uma cabeça de ponte e outra coisa era dominar o país, embora não tivéssemos mais que fuzis. Porque nós sabemos o que se pode fazer com fuzis! (APLAUSOS) e até os fuzis que tinha o antigo exército teriam sido para nós mais do que suficientes para estar combatendo contra os invasores 50 anos mais (APLAUSOS).
Mas claro, eles tinham seus cálculos, seus planos: estabelecer uma cabeça de ponte e travar contra o nosso país uma guerra de desgaste. Se nós não tivéssemos nem artilharia nem tanques, eles, se apoderando de uma zona aonde só se podia chegar por três estradas, separada do restante do território por um extenso pantanal, largo e virtualmente intransitável, esse ataque apoiado por mais de vinte aviões, media dúzia de tanques, 1,5 mil homens com os equipamentos mais modernos, teriam podido estabelecer uma cabeça de ponte.
E depois da cabeça de ponte vinha o demais: um governo ali que já o tinham em um avião, ‘empacotado’ e tudo, porque esses senhores realmente já vinham ‘empacotados’ como ‘pacotes postais’, com a fatura por fora, que dizia “Made in USA”. E atrás do governo estabelecido nessa cabeça de ponte, o apoio de outros governos reacionários e, sobretudo, o apoio do imperialismo, o reconhecimento e o apoio.
Seu plano era baseado na suposição de que nós não íamos contar com equipamentos para impedir esse tipo de operação. Mas os equipamentos tinham começado a chegar alguns meses antes da invasão. Contudo, era preciso resolver outro problema: não tínhamos tanquistas, não tínhamos artilheiros. O quê fazer?
Os primeiros técnicos que vieram, e que era um grupo muito reduzido, começaram a treinar uma bateria de cada arma; uma bateria de canhão de 55 milímetros antitanque; outra de 76; outra bateria de 85, uma outra bateria de morteiros 120, e outra bateria de canhões de 122 milímetros. No total: cinco baterias. E supunha-se que para dominar aquelas primeiras baterias se precisava de meses.
Já nós víamos avançar os preparativos do inimigo. Se tivéssemos esperado meses teríamos tido cinco baterias para essa data. Os técnicos eram muito poucos e não podiam ensinar mais artilheiros. O quê fazer?
Mobilizamos muitos milicianos; lhes perguntamos quais queriam ser artilheiros, em meio de determinados requisitos de idade. Tínhamos já também um nutrido grupo de armas antiaéreas, mas não tínhamos pessoal. Os mais jovens foram enviados para as armas antiaéreas, os demais para os canhões, para os morteiros e para as armas antitanque.
Milhares e milhares de jovens responderam ao chamamento. Como treiná-los? Reunimo-los em Ciudad Libertad, em Granma, em La Cabaña, em Baracoa, e então ali pusemos cada uma das baterias que estavam sendo instruídas pelos técnicos tchecos, e nós pedimos aos companheiros: o que vocês aprenderem de manhã, o ensinam à tarde aos demais (APLAUSOS).
E assim começou a instrução em massa, os técnicos cooperaram extraordinariamente, e poucos dias depois tudo estava organizado, porque era já no fim do ano 1960, apenas três meses antes da invasão. Já tínhamos muitas peças, mas não tínhamos artilheiros, e assim se formaram os artilheiros; assim se formaram também os tanquistas, com esses métodos, com toda a urgência. E me lembro perfeitamente que a bateria de obuses e de canhões de 122 milímetros acabou de se organizar duas semanas antes da invasão; já estava pronta (APLAUSOS).
Os inimigos fizeram planos para atacar-nos desarmados, mas nós superamos esse obstáculo e obtivemos as armas.
Quando o inimigo soube que tínhamos as armas, calculou que não teríamos tempo para treinar o pessoal, e, contudo, o pessoal foi treinado em poucas semanas, e quando chegaram se depararam com mais de 100 baterias de canhões (APLAUSOS), com pessoal treinado.
Algo semelhante aconteceu com a aviação. Para nós era evidente que ainda que eles soubessem que tínhamos muito poucos aviões, e ainda menos pilotos que aviões — porque naquele tempo, companheiros, não tínhamos pilotos — só sete pilotos no dia 17, no dia da invasão, porque um deles tinha morrido no dia 15. Embora eles soubessem dessas desvantagens, tentaram destruir esses aviões. Para que? Para ter um domínio completo do ar, e nessas condições com um domínio completo do ar, com uma força, com a força de uma brigada e o armamento que tinham, contra um inimigo que supostamente não teria podido mobilizar tanques nem artilharia, o plano de ocupar um espaço do território nacional como cabeça de ponte, para depois lançar todos os recursos do imperialismo e de seus cúmplices neste continente, esse plano teria sido possível.
Mas, que aconteceu com a aviação? Nosso comando militar adivinhou as intenções do inimigo, dispersou os aviões, deu-lhes proteção antiaérea, e quando veio efetivamente o ataque, tão só destruíram dois ou três aparelhos. E àqueles aparelhos conseguimos tirar o proveito máximo, porque tenham em conta que metade da frota inimiga foi afundada, seu combustível de reposição para o campo de aviação, e um dos batalhões ficou fora de combate, ao ser atacado o navio Houston por parte de um dos nossos aviões de combate (APLAUSOS).
Naturalmente que se multiplicou a energia e o esforço dos nossos homens; e o esforço que fez esse reduzido número de pilotos, que depois ficou ainda mais reduzido, a cinco, foi realmente extraordinário (APLAUSOS).
Por isso lhe digo que o acaso não teve nada a ver, mas que foi a vontade e o espírito de nosso povo e de nossa Revolução o que tornou possível a vitória.
Ainda eles estão averiguando o que aconteceu, ainda aparecem artigos nos jornais e nas revistas ianques perguntando o que aconteceu; como pode ter sido possível; como se puderam ter enganado seus melhores generais; seus melhores políticos; seus melhores estrategistas; seus melhores serviços de inteligência; porque à parte de que eles pensam que são infalíveis e invencíveis, lhes é bem difícil imaginar que ficaram enganados. E o “que aconteceu” para nós é muito claro.
Eles ainda lá estão dizendo que deviam ter feito o ataque no dia 17 ao amanhecer. Bem, se o tivessem feito, no dia 17 ao amanhecer estavam nossos aviões todos no ar, e carregados de bombas (APLAUSOS). Portanto, caso tiverem lançado esse ataque, que dizem que o suspenderam, não teriam feito nada; e depois dizem: que se os tivesse apoiado a aviação norte-americana, que estava num dos porta-aviões próximos, teriam obtido o triunfo. Sorte para os pilotos dos aviões desse porta-aviões, que não foram enviados a combater, porque podíamos ter mobilizado ali centenas e centenas de peças antiaéreas (APLAUSOS), e embora não fossem mobilizadas todas, só uma parte, teriam sido mais do que suficientes para apoiar nossa infantaria, nossos tanques e nossa artilharia.
Lá estiveram voando os aviões ianques muito alto, se tivessem baixado para atacar, muitos desses aviões teriam sido derribados, e não teriam determinado a sorte da batalha, porque já desde o dia 17, muito antes de que eles soubessem que estavam fracassados, já nos tínhamos uma cabeça de ponte do lado de lá, e já havia vários batalhões avançando por todos os caminhos para cortar a comunicação entre eles. E dessa forma, nem com 100 nem com mil aviões teriam podido manter a cabeça de ponte (APLAUSOS).
Quer dizer, que a situação já não tinha remédio para eles. Companhias inteiras de bazucas já estavam desdobradas e emboscadas nas estradas entre Playa Giron e Playa Larga, entre Playa Giron e Cayo Ramona; de forma tal que, de dia e de noite, em qualquer instante em que tivessem tentado realizar um movimento, teriam caído em mortíferas emboscadas. E não teriam podido impedir isso, de maneira nenhuma, com o apoio da aviação dos porta-aviões. Pode ser que tivessem resistido um pouquinho mais, porque não chegaram às 72 horas, eles ficaram fora de combate às sessenta e tantas horas, e eu diria que tiveram um pouquinho de sorte, pois estiveram prestes a ser liquidados antes.
Mas de nenhuma maneira teriam podido triunfar, portanto muito bem podem ficar entretidos mais dez anos, averiguando o que aconteceu, porque na realidade, nossos inimigos terão que passar a vida toda perguntando o que aconteceu em tudo (APLAUSOS), porque é possível, é possível que o senhor Batista, que era um dos tantos governantes que tinham os imperialistas para defender seus interesses, ainda esteja na ilha de Funchal perguntando o que aconteceu (RISOS). E os imperialistas vão passar a vida toda perguntando o que aconteceu, e enquanto mais tentem afastar nosso país do seu destino justo, terão que repetir, incessantemente, o que aconteceu (RISOS). Porque todos os planos — todos — estão saindo para eles mal, mal e mal.
E assim poderiam perguntar: o que aconteceu no Escambray? (RISOS), o que aconteceu na Baía dos Porcos? Que aconteceu com a contrarrevolução? E, que aconteceu com todos seus planos? E de tal maneira é verdade que o estão perguntando, que este segundo aniversário coincidiu com a crise e a desmontagem geral da contrarrevolução (APLAUSOS), e com uma verdadeira “briga de cães” entre eles. E dentro de alguns dias perguntarão: Que aconteceu? (RISOS).
O fato real, histórico, é que nosso país, nosso povo, nossa Revolução, foram saindo vitoriosos e os imperialistas foram sendo derrotados em todos e cada um dos fronts onde nos atacaram (APLAUSOS). Porque eles pensaram que ao tirar-nos o petróleo, ao tirar-nos a cota açucareira, ao estabelecerem um embargo, nos arruinariam e nos renderiam pela fome.
Pensaram que assim que estabelecessem uma série de medidas restritivas contra os navios para que não navegassem para Cuba, nos arruinariam pela fome. E que aconteceu? (APLAUSOS E RISOS). Agora lemos as informações e dizem que estão muito preocupados, porque cada vez são mais os navios que estão vindo. Que aconteceu (RISOS).
Por isso lhes dizia que a vitória que hoje comemoramos se forjou antes da vitória, muito antes. E isso é algo que deve ensinar-nos, porque as vitórias não se forjam na hora da batalha, mas sim muito antes da batalha.
E nessa ocasião nosso país se livrou de horas difíceis, porque se efetivamente o inimigo tivesse instaurado uma cabeça de ponte ali, com um governo provisório, quantas dezenas de milhares, ou centenas de milhares de vidas teria custado isso? Não se podem calcular as baixas, porque eles teriam tido o apoio incessante, o fornecimento incessante de armas.
E da mesma maneira que empregaram pilotos ianques — embora o tenham estado negando durante quase dois anos, para acabar reconhecendo-o agora — também teriam empregado os aviadores ianques, teriam estado atacando nossas estradas, nossas vias de comunicações, teriam paralisado a vida econômica do país, todos os planos da Revolução teriam sofrido de maneira extraordinária, e teria sido incalculável o número de vítimas desse tipo de guerra criminosa e desapiedada que eles tentaram implantar aqui. Por isso, nunca devemos esquecer suas intenções.
É claro que eles disseram aos mercenários que a milícia, que o exército, que todo mundo se uniria a eles; que eles eram os “libertadores”. Disseram isso a eles, mas eles, os chefes, não acreditavam, porque se tivessem acreditado isso eles não teriam desembarcado num pantanal, aonde era muito difícil chegar, teriam desembarcado no terreno firme, se todo mundo ia se unir a eles. Mas desembarcaram em um lugar aonde era muito difícil chegar, porque sabiam que ali precisamente não iam chegar pessoas para unir-se a eles, mas sim pessoas para destrui-los.
Uma coisa é o que eles disseram aos mercenários, que por sinal, lhes fizeram pensar que era um passeio militar, e já aqueles caras se achavam desfilando pelas ruas de Havana — é possível que até tivessem imaginado um desfile pela Praça Cívica, aqueles contrarrevolucionários todos, com seus uniformes de “camuflagem” ou de ‘vermes’, como mais queiram — eles imaginaram isso, mas os que prepararam o plano não pensavam isso, porque ao que parece conheciam melhor as realidades, e tinham o plano de guerra de desgaste contra a Revolução, impedir que o povo progredisse, impedir que o povo avançasse, fazer correr rios de sangue. Essas eram as intenções dos nossos inimigos.
A propósito do que eles disseram aos contrarrevolucionários, algum dia se escreverão até comédias. Ainda não, porque os fatos são ainda muito recentes; mas algum dia até comédias, porque, vejam que fizeram crer a esses caras — sujeitos — (RISOS) que iam se deparar com as milícias e os soldados esperando por eles, como se fossem os libertadores!
Naturalmente que a um ‘gusano’ (contrarrevolucionário) podem fazer esse conto, porque um contrarrevolucionário é, em primeiro lugar, um sujeito subjetivista, ignorante, sem noção das leis da história e das realidades sociais. Da mesma forma os fazem acreditar em Satanás do que os fazem pensar que são libertadores! Mas é preciso sair de um clube de filhos de burgueses, desses que nacionalizou a Revolução, para chegar a pensar semelhantes tolices; é preciso ser ignorante, não perceber a posição que ocupava dentro de uma sociedade em que ele era um privilegiado, frente os muito explorados.
E é que só basta pegar nos papéis e ver os nomes, as listas (APLAUSOS), porque a Revolução fala com a verdade na mão, e podemos falar com a verdade na mão, porque conhecemos essa grande verdade do que era uma sociedade capitalista, dividida entre exploradores e explorados, entre parasitos que não trabalhavam e a grande massa privada desses privilégios, porque sabemos a grande verdade de que a sociedade capitalista é uma sociedade dividida em classes, entre exploradores e explorados.
Os ‘gusanos’ não sabem disso, porque eles acham que é uma sociedade é algo dividido entre gente infeliz, destinada sempre a ser infeliz, e gente privilegiada, gente inteligente, gente “esperta” (RISOS), destinada a viver bem, sem interessar-lhes um cominho quantas outras pessoas se deitam sem comer, quantas são analfabetas, quantas estão morrendo sem ter um médico (APLAUSOS).
E esses senhores de aristocráticos clubes, onde só eles... E não só os ricos, porque não só discriminavam os homens pela riqueza, mas também pela cor da pele (APLAUSOS); por isso para eles era intolerável que uma criança negra tomasse banho em uma de suas praias.
Unicamente pessoas saídas desse mundo de ignorância, mas naturalmente de uma ignorância interessada, daquelas que ignoram o que não lhes convém, podia imaginar semelhante tolice.
Nestes dias tivemos a chance de ver muitas vezes os rostos queridos de inúmeros companheiros que morreram naqueles dias. Os jornais os têm publicado e a Comissão de Orientação Revolucionária fez um folheto com suas fotografias e seus nomes, sua idade, o lugar onde trabalhavam, origem.
E assim vemos — e vou citar só alguns casos — companheiros mortos em Playa Girón, do Exército Rebelde: Ramón Enrique Báez Vázquez, natural de Calabazar de Santa Rita, Jiguaní, Oriente, agricultor, 21 anos; Héctor Batista Peña, natural de Velazco, Oriente, operário agrícola,19 anos; Alejandro Beltrán Mojena, natural de Baire, Oriente, operário agrícola, 26 anos; Ramiro Betancourt, natural de Bacuey, San Luis, Oriente, engraxate e outros empregos, 19 anos (APLAUSOS).
(O DOUTOR CASTRO CONVERSA COM UMA DAS PESSOAS PRESENTES)
Era seu filho, senhora e irmão de sete milhões de cubanos! (APLAUSOS PROLONGADOS.)
Emilio Daudinot Pineda, natural de Guaibanó, Guantánamo, Oriente, operário agrícola, 20 anos; Juan Alberto Díaz González, natural de Zulueta, estudante, 24 anos; Nicanor Egozgue Rosas, natural de Aguada de Pasajeros, carpinteiro, 37 anos; Antero Fernández Vargas, natural de Isabel María, Pinar del Río, mineiro de Charco Redondo, 30 anos; José Ramón Fuertes Cano, natural de Camajuaní, operário agrícola, 27 anos; Manuel Galán Mora, natural de Palma Soriano, Oriente, operário agrícola, 22 anos; Enrique Hernández Montes de Oca, natural de Alto Songo, Oriente, operário e padeiro, 23 anos; Diosmede Jiménez Palomino, natural de Estacadero, Niquero, Oriente, operário agrícola, 26 anos; Osvaldo López López, natural de Naranjo, Pilón, Niquero, Oriente, operário agrícola, 33 anos; Inocente Antonio Palacio Baro, natural de Majagua, província de Camaguey, operário agrícola, 24 anos; Armando Parra Góngora, natural de Holguín, Oriente, operário agrícola, 25 anos; Víctor Manuel Reyes Pérez, natural del Caney, Oriente, mecânico de carros, 23 anos; Raúl Rojas Mendoza, natural de Caney, Oriente, vendedor de um posto de frutas, 24 anos; José Mariano Tamayo Rodríguez, natural de Bayamo, Oriente, estudante, 21 anos.
Da Polícia Nacional Revolucionária: José Manuel Bañuls Perera, natural de Santiago de Cuba, 23 anos; Wilfredo Betancourt Arias, natural de Cayo de la Jagua, Santa Lucía, Oriente, operário agrícola, 21 anos; Eusebio Cañer Enríquez, natural de Santa Isabel de las Lajas, operário agrícola, 21 anos; Luis Artemio Carbó Ricardo, natural de Sagua de Tánamo, Oriente, estudante, 22 anos; Rafael Angel Carini Milián, natural de Havana, antes empregado de um jornal, 20 anos; Efraín Israel Espinosa Pérez, natural de Las Bocas de Tanas, Niquero, Oriente, antes operário agrícola, 24 anos; Adalberto Gómez Núñez, natural de Havana, empregado de jornais, 26 anos; Wilfredo Gonce Cabrera, natural de Caimanera, Oriente, 19 anos (APLAUSOS); Rodolfo Fernández Alvarez, natural de San Benito, Alto Songo, Oriente, 19 anos; Rafael Izquierdo Ramírez, natural da usina açucareira Delicias, Oriente, cozinheiro, 24 anos; Luis López Mustelier, natural de Guantánamo, Oriente, operário agrícola, 25 anos; Alvaro Morales Hernández, natural de Bayamo, Oriente, carpinteiro, 25 anos; Tomás Palmero Vizcaíno, natural de Tayabacoa, Sancti Spíritus, operário agrícola, 30 anos; Juan Dioscórides Prieto Delgado, natural de Jovellanos, Matanzas, mecânico, 20 anos; Pedro A. Quintana López, natural de Guane, Pinar del Río, empregado de armazém, 26 anos; Sofiel Riverón López, natural de Los Arabos, Matanzas, empregado de lavandaria, 20 anos; Roberto Rodríguez Sarmiento, natural de El Cristo, Oriente, operário agrícola, 25 anos; Julián Sánchez Gómez, natural de Aguada de Pasajeros, balconista, 31 anos.
E assim em quaisquer das páginas, bem na dos companheiros da marinha que tombaram, bem na dos valentes companheiros da escola de responsáveis pelas milícias, bem na dos da base de Baracoa que manipulavam os morteiros de 120 milímetros, ou bem as crianças, porque eram praticamente umas crianças as que manipulavam as antiaéreas da Base Granma (APLAUSOS).
Base Granma: Juan Domingo Cardona Bravo, natural de Santiago de Cuba, escolar (APLAUSOS), aprendiz de sapateiro, 17 anos; Nelson Fernández Estévez, natural de Catalina de Guines, operário agrícola, 14 anos (APLAUSOS); Hugo Rivero Alamo, natural de San José de las Lajas, Havana, operário agrícola, 21 anos; Rolando Valdivia Fernández, natural de Florida, Camaguey, empregado, 16 anos (APLAUSOS).
E assim os companheiros da força aérea, os companheiros do Batalhão 111 (APLAUSOS), do Batalhão 116 (APLAUSOS), do Batalhão 117 (APLAUSOS), do Batalhão 123 (APLAUSOS), do Batalhão 144 (APLAUSOS), do Batalhão 180 (APLAUSOS), do Batalhão 219, Colón, do Batalhão 227, Unión de Reyes (APLAUSOS), do Batalhão 326, Cienfuegos (APLAUSOS), do Batalhão 339, Cienfuegos (APLAUSOS).
Os companheiros das Milícias Territoriais e os companheiros que morreram no ataque às FARs, da Bateria de Havana, da Bateria de Camaguey, e da Bateria de Las Villas, que perfazem um total de 149 companheiros mortos; do Exército Rebelde, da Aviação, da Marinha, da Artilharia, dos Batalhões das Milícias (APLAUSOS). Porque nesta histórica batalha combateram, e também morreram homens das diferentes forças que integram o aparelho armado da Revolução. Vitória que foi, por isso, sangue de todos, valor de todos, honra de todos, méritos de todos, batalha do povo, que foi combater pela Revolução, e não por uma Revolução a meio, mas sim por uma Revolução verdadeira, por uma Revolução socialista (APLAUSOS).
E eis o inimigo, segundo os dados que nos entregou a Secção de Informação do Exército quando ainda não estavam completos esses dados. Latifundiários, 100, com milhares de hectares de terra; proprietários médios, 24; donos de casas, com milhares de casas, 67; comerciantes, 112; industriais, 35; ex-militares da tirania, 194; ricaços, 179; altos funcionários, 89; empregados, 236; lúmpens, 112.
Entre outras coisas, eles possuíam dois negócios de madeira; a loja El Encanto de Camaguey, três padarias, a Casa Potín, três companhias de transporte rodoviário, oito negócios de peças e acessórios de carros, uma tipografia, três agências de publicidade, três bancos comerciais, cinco farmácias, três motéis, 46 negócios vários, uma companhia de fumigação, três lojas de ferragens, duas joalharias, sete armazéns de suprimentos, uma companhia de licores, cinco cafés ou restaurantes, uma estação de rádio, quatro postos de gasolina, dois armazéns de peles, dois aviários, cinco lojas de roupas e confecções, duas boates, dez botecos, uma companhia de seguros e finanças, duas lavanderias, uma fábrica de mosaicos, seis indústrias pecuárias, uma fábrica de refrigerantes, quatro jazidas, sete usinas açucareiras, oito companhias construtoras, um armazém de tecidos, uma indústria de peles, uma fábrica de plásticos, uma fábrica de montagem de reboques, uma fábrica de bolachas, uma fábrica de chouriços, um laboratório, uma processadora de mármores, uma indústria do café, 80 apartamentos, uma fábrica de cimento, milhares de cabeças de gado impossíveis de calcular, duas frotas navais, uma companhia de seguros, incontáveis casas para alugar, uma frota camaroeira, um hotel, uma clínica, um cinema, dois clubes, um edifício comercial, um moinho de arroz, um hangar gigante para fábrica, cinco condomínios, três quintas de lazer, duas pedreiras, uma fábrica de produtos de alumínio.
E esses são os que vieram em representação dos demais, que eram os donos das demais coisas. Porque estes invasores mercenários realmente representavam sua classe.
Como é que não vimos nenhum desses indivíduos na Serra Maestra lutando contra a tirania sanguinária? Como é que nenhum deles ficou comovido diante de assassinatos bárbaros, como aquele do Natal sangrento, ou daquele em Oro de Guisa onde tão só num dia foram assassinados mais de 40 camponeses, ou quando nas ruas, nas estradas do nosso país amanheciam todos os dias cadáveres de jovens crivados de balas?
Nos dias do terror, da tortura e do crime, eles não apareceram por lado nenhum. E era então quando estes soldados rebeldes, operários agrícolas, pessoas muito humildes do povo, pegavam as armas e combatiam os assassinos. Não! Eles se juntaram aos assassinos, pois não debalde havia cerca de 200 ex-militares, e entre eles sujeitos como Calviño, que se juntaram para vir fazer guerra aos homens humildes do povo.
Precisa-se de mais alguma prova? Haverá melhor lição de história, haverá melhor demonstração da teoria marxista da luta de classes? (APLAUSOS).
E é que acaso pensavam que os soldados de incontáveis batalhas, os operários agrícolas, os trabalhadores, os proletários iam receber como se fossem libertadores estes escravistas, estes discriminadores, estes exploradores, estes miseráveis parasitos?
(ALGUÉM DO PÚBLICO GRITA ALGO ACERCA DE ARÉVALO). Esse cara está desprestigiado há muitos anos, já ninguém tem que desprestigiá-lo (RISOS E APLAUSOS).
E aqui nos fatos reais é quando fica demonstrado o que defende cada um, por que morreram eles, os que morreram; por que vinham lutar; e o que defendiam os nossos, por que morreram os nossos.
Porque do lado de lá se juntaram todos os malandros, os esbirros, os corruptos, os viciados, os exploradores, para vierem assassinar homens humildes do povo, mulheres, crianças.
O que teria sido deste país nas mãos desse pessoal? Com quanta sanha e com quanto ódio teriam tentado vingar-se? Porque nós os conhecemos bem. E os revolucionários são bem diferentes, porque nós sabemos o que acontecia aos nossos feridos quando caíam nas mãos dele durante a guerra, nós sabíamos o que acontecia com os prisioneiros. A Revolução é bem diferente, porque os esmaga como baratas, mas depois de se terem rendido não os assassina a até cura os feridos. É bem diferente!
E é lógico, porque deixamos a eles cumprir a triste missão de assassinos. Porque os revolucionários sabemos ter calma, fortaleza, e fazer o que fizemos, obrigar os imperialistas a pagar a indenização pelos danos que causaram, vê-los sofrer a humilhação que nos lembrava hoje esse documentário, e ver ali mesmo, onde iniciaram seu assalto criminoso, pousar os aviões carregados de remédios e alimentos para crianças (APLAUSOS) com o qual ficou culminada a vitória do povo.
E qual é agora a situação dos nossos inimigos? O que é que pensam? O que estão fazendo? Que está acontecendo dois anos depois da batalha da Baía dos Porcos? Estão praticamente liquidados.
E hoje podemos contar com um testemunho muito importante e muito útil dos nossos próprios inimigos. Porque, como acabaram tendo uma briga de cães, temos podido contar com o testemunho de quem foi o principal instrumento dos imperialistas e que se colocou na liderança do organismo contrarrevolucionário, e que nestes dias se demitiu, tornando públicos certos detalhes que são muito interessantes porque agora, mais uma vez, perante o mundo todo fica demonstrado que tínhamos razão, e perante o mundo todo fica demonstrado que agíamos muito bem quando nos preparávamos para resistir novas agressões do imperialismo.
E na carta-renúncia do cabecilha contrarrevolucionário Miró Cardona (EXCLAMAÇÕES) há certos pormenores como estes, nos quais se descobrem os planos dos inimigos do nosso país. Diz: “Dois dias de importância: 20 de abril e 4 de maio de 1961” — diz este senhor na carta... E nós não dizemos isto, porque sempre eles acabam dizendo o que nós tínhamos denunciado anteriormente. Diz: “Em 20 de abril de 1961, o honorável presidente Kennedy, quem com honestidade exemplar de primeiro executivo tinha assumido todas as responsabilidades da desastrosa experiência” — refere-se a esta experiência — “também declarou sua decisão de não abandonar Cuba; e anunciou ao hemisfério que se as outras nações da América Latina não cumpriam seu dever, os Estados Unidos agiriam de acordo com suas obrigações, sob os tratados e Convênios Interamericanos.
“Catorze dias depois, em 4 de maio, depois de meu retorno de uma viagem à Nicarágua, Guatemala e a Ilha de Vieques, por uma sugestão dele, acompanhado dos doutores Maceo e Varona, em uma ansiosa procura de sobreviventes, o presidente Kennedy, em uma entrevista, planejou junto comigo o futuro imediato de Cuba”. E vejam, ainda, a posição traidora de um senhor que está ao lado de uma potência inimiga do país, planejando com o presidente dessa potência o futuro de Cuba.
“Seus oferecimentos de cooperação foram definitivos e seu respaldo total e absoluto.
“Na mesma forma, procurou-se apoio para as forças clandestinas em Cuba” — quer dizer, confissão por parte deles da ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos de Cuba, e da subversão, como se fosse necessária mais uma prova. “E o primeiro programa de recrutamento de voluntários cubanos nas diferentes unidades militares dos Estados Unidos foi planejado para um período de treino de muito curta duração. Mais adiante se agrupariam com seus oficiais em um corpo militar, na hora em que determinássemos que era oportuno”. Mais uma denúncia. Cuba denunciava que estavam treinando outra vez forças mercenárias para um ataque.
“Em nome dele, eu convidei os oficiais das Forças Armadas de Cuba” — diga-se ex-militares que faziam parte do exército de Batista — “para participarem de cursos especiais em diferentes escolas dos Estados Unidos, e foram destinados a travar uma batalha na ilha de Castro. Determinaram-se outras coisas — determinaram-se outras coisas! — “que não é necessário mencionar nesta ocasião”.
E continua dizendo o senhor Miró Cardona: “O período desde maio até outubro de 1961 teve seus momentos difíceis. Já em 31 de outubro desse ano todas nossas diferenças tinham sido resolvidas e os acordos foram reunidos em um convênio, o qual a história no seu momento registrará” — e que registrará para sofrerem o escárnio.
Então falam acerca de ter subscrito um convênio com eles, em 31 de outubro para a invasão a Cuba. E, mais para a frente, este senhor declara: “Entrevista de 10 de abril de 1962” — reparem na data, porque isto é muito importante —: “depois de reunir-me brevemente com o procurador-geral, Robert Kennedy, a pedido dele me convidou ir à casa do presidente. Tal como nas ocasiões anteriores, fui com o doutor Ernesto de Aragon. Richard N. Coodwin estava lá. A entrevista com o presidente durou uma hora; foi uma reunião satisfatória.
“Na reunião eu examinei a crise interna de Cuba, a crise no hemisfério, a crise de descontentamento entre os exilados e a posição atormentada do Conselho. A reunião não foi impessoal, a conversação foi viva e o senhor Kennedy me assegurou que o problema era essencialmente militar e requer de seis divisões” — requereria e faz tempo disso! — (RISOS), “que o Conselho devia contribuir com o maior número de soldados, e que os Estados Unidos não deviam adotar uma posição unilateral, porque isto provocaria graves críticas no continente”.
E diz: “O honorável senhor presidente ali mesmo deu ordens de que fossem adotadas medidas imediatas para o recrutamento em massa, eliminando todos os requisitos possíveis, assim como que os funcionários fossem convidados. A reunião, como é natural, abrangeu também outros aspectos que não me permito revelar” — se o que está revelando é isto, o que será o que não revela!
E diz mais em diante: “O general Lanz Daley veio a Miami discutir comigo certos aspectos do problema militar, que não eram de solução fácil, e que representavam demoras inevitáveis.” Quer dizer, que este senhor, o chefe dos contrarrevolucionários, declara publicamente que existia um pacto entre eles e o governo dos Estados Unidos para lançar uma invasão contra Cuba, e que esses cubanos que se estavam treinando nas Forças Armadas dos Estados Unidos, seriam reunidos numa dada altura para fazer parte da força de ataque. E, ainda, também diz que o ataque era de forças de mercenários e de soldados norte-americanos.
Em que mês foi a entrevista, onde se ratificaram os planos? Em 10 de abril de 1962. Mas outra vez os imperialistas terão de se perguntar o que aconteceu! (RISOS) E que aconteceu? Que o governo de Cuba, tal como o governo soviético, tínhamos conhecimento desses planos de agressão contra Cuba, e assim, no mês de junho — isto é, dois meses depois desta última entrevista — iniciaram-se as conversações entre os representantes do governo soviético e o governo cubano relativamente a esta situação e as medidas a serem tomadas.
E as medidas que foram adotadas, os passos que foram dados perante a certeza de uma agressão contra nosso país, foram os passos relativos ao fortalecimento das nossas Forças Armadas e o envio de projéteis estratégicos ao nosso país (APLAUSOS).
Agora o mundo, agora o mundo saberá quem foi o responsável por esta crise do Caribe!, agora o mundo todo pode conhecer quem foi o culpado, quem era o agressor, que intenções e que planos tinha. E o mundo todo terá que reconhecer que Cuba agiu em legítima defesa, que as medidas que o governo de Cuba — juntamente com o governo soviético — adotou, eram medidas justas e medidas necessárias para frear as aventuras guerreiras e agressivas. E quando os projéteis foram instalados aqui, já não era então um problema de seis ou sete divisões, já não era um problema de divisões, mas sim o problema de ter que encarar o risco de uma guerra termonuclear.
Não passaram muitos meses, decorreram apenas sete meses da crise, e eis as provas de que Cuba tinha razão, eis as provas subscritas, nada mais nada menos, que pelo cabecilha da contrarrevolução, de quem foram os responsáveis pela crise, e quem foram os culpados de ter levado o mundo ao limiar da guerra.
Não decorreu muito tempo, e mais uma vez a razão fica demonstrada ao nosso favor.
Eles, naturalmente, agora estão tentando por todos os meios desmentir essas declarações; desmente-a o governo norte-americano e diz que não é certo que houvesse esse convênio, alguns contrarrevolucionários a estão desmentindo, porque isso os desprestigia perante o mundo. Mas isso não o escreve um amigo da Revolução Cubana, o escreve o inimigo, o escreve o cabecilha dos nossos inimigos. Não temos por que duvidar e, ainda, porque os fatos que ele denuncia estão à vista.
É lógico que este problema se torne agora um grande problema para o governo dos Estados Unidos. E é lógico porque aqueles que praticam uma política de agressão, de violação das leis internacionais, aqueles que praticam uma política imoral e sem princípios, têm necessariamente que cair nesses abismos de descrédito e nesses labirintos insalváveis. Porque assim como Cuba tem ido demonstrando em cada caso sua razão e Cuba tem ido vencendo, eles em cada caso têm ido fracassando e sua política tem ido ficando cada vez mais a nu.
Este senhor chamado Miró Cardona — que nós o conhecemos bem demais —aparentemente levou a sério a comédia — a paródia que os imperialistas criaram — tão a sério que agora fica furioso contra os imperialistas. Quando ocorre este problema? Quando o problema de Cuba já não é um problema de mais ou menos divisões, mas sim quando um ataque a Cuba desencadearia uma guerra mundial. E já isso é outra coisa! Porque não é o mesmo para os imperialistas dar sem receber, que receberem tudo o que merecem por tentarem dar (APLAUSOS).
E os problemas de Cuba agora são problemas muito delicados e muito complexos, que não se podem manejar, do ponto de vista dos imperialistas, segundo o capricho desses instrumentos. O problema de Cuba tem a ver com a paz ou com a guerra, e os imperialistas têm compreendido essa realidade e os perigos que entranha um ataque a Cuba.
Mas essa situação, naturalmente, se torna insuportável para os contrarrevolucionários. Não sem razão um senador norte-americano, presidente do Comitê das Relações Exteriores, que aparentemente perdeu a paciência e determinou dizer-lhe quatro verdades a este senhor e aos contrarrevolucionários, disse uma coisa que é verdade. Diz: “um número surpreendentemente grande destes senhores são oligarcas batistianos e fascistas”. E ao mesmo tempo disse, declarou, que este senhor Miró Cardona não se conforma agora com menos do que com uma guerra na qual se vejam envolvidos os Estados Unidos, e não uma guerra local, mas sim uma guerra mundial.
E perante esta nova situação criada e que foi criada em consequência das medidas que foram adotadas, pelas medidas adotadas entre Cuba e a URSS, esta nova situação obriga ao governo dos Estados Unidos a pôr um limite a estes senhores contrarrevolucionários, porque se encontram diante de uma situação nova e mais difícil. E agora os imperialistas recebem seu merecido.
Os apertos que está tendo agora o senhor Kennedy os tem mais que merecidos. E quem lhe provoca esses apertos? O tal do Miró Cardona. Pois a política de agressões contra Cuba significou uma política de desastres para Kennedy. A quem pode chantagear Miró Cardona? A Kennedy. E por que? Porque lhe foram criadas as condições.
É proverbial aqui entre os companheiros do Conselho de Ministros, que o senhor Miró não pôde chantagear nem ao senhor Urrutia, porque nos primeiros dias do governo, este senhor Miró, que gosta das presunções, um dia chegou a apresentou sua demissão ao senhor Urrutia. E então o senhor Urrutia lhe diz: “Ah, sim, pois não, me dá a demissão, porque nós tínhamos criado este cargo para o senhor e agora o vamos suprimir”. O homem saiu furioso dali, dizendo: “Aceitaram a minha demissão, aceitaram a minha demissão.” Não conseguiu chantagear Urrutia e agora tenta chantagear Kennedy, porque Kennedy lhe criou as condições e lhe deu as armas.
Nós conhecemos muito bem este senhor chamado Miró Cardona. Foi advogado de Casillas, assassino de Jesús Menéndez, foi advogado de Grau na causa 82 — acho que era a 82, não?, se é que alguém se lembra daqueles tempos. Mas como era um advogado de certo renome, jurista e professor universitário, detinha certos cargos no Colégio dos Advogados, e como era, ainda, um senhor ambicioso, realizou certas atividades muito cômodas, por sinal, e quando do triunfo da Revolução o senhor Urrutia o nomeou primeiro-ministro. Posteriormente, considerou que era conveniente se demitir.
Mais adiante — e esta é outra anedota interessante — quando o senhor Urrutia enveredou pelo caminho da reação e da traição à Revolução, pelo caminho da divisão, ameaçando de criar um problema à Revolução, o senhor Miró Cardona concordou conosco em que este senhor Urrutia era um incapaz, um idiota e que havia que achar uma solução a esta situação. E então ele expressou que estava disposto a aceitar o cargo de presidente da República. É bom que se saiba que naqueles dias em que deflagrou a crise com o senhor Urrutia, o senhor Miró Cardona estava na sua casa, esperando que o nomeassem presidente. E quão grande foi sua surpresa ao conhecer que ninguém o tinha designado presidente, e que o Conselho de Ministros escolheu um verdadeiro presidente para nosso país (APLAUSOS).
Eu não tenho a menor dúvida de que se este senhor tivesse sido escolhido como presidente, estaria gozando da vida e, inclusive, se teria declarado comunista (RISOS), porque nós o conhecemos bem, porque tinha um imenso afã de sobressair. E desiludido de tamanha maneira por causa daquele fato, foi que determinou desertar e ir viver para os Estados Unidos, onde o designaram presidente do Conselho Contrarrevolucionário.
Naqueles primeiros dias da Revolução, este senhor, cujo pai tinha sido um combatente do Exército Mambí, um grande soldado, um grande patriota e um homem muito progressista, que poderia ser considerado dentre os homens mais avançados do Exército Mambí, e ajudante de Antonio Maceo — qualidades que, naturalmente, seu filho não herdou, e ainda menos seu neto, que foi um dos prisioneiros de Girón —, devido a esse relacionamento familiar que tinha com um dos ajudantes de Maceo, conservava o facão de Maceo. E claro, naqueles primeiros dias da Revolução, um dia apresentou-se a nós e nos entregou o facão de Maceo. Naturalmente, para nós foi uma grande emoção receber aquela relíquia, e com uma grande devoção a temos conservado. E em dias recentes, nos quais esteve examinando este facão, eu comentava para meus botões: foi uma sorte que nos primeiros dias da Revolução se apresentassem circunstâncias com as quais este senhor teve a ideia de dar-me de presente este facão, porque, caso contrário, o teria dado a Kennedy, e o facão de Maceo estaria neste instante nas mãos de Kenndey. Mas, felizmente, o facão ficou aqui (RISOS), e naturalmente será entregue ao museu da história da nossa pátria.
Mas assim é este senhor, e assim são eles todos, na mesma linha. Diante da falência total e o fracasso total da política imperialista contra Cuba, determina montar um show e então se demite, e naturalmente redige este documento, um plano de chantagem contra o governo dos Estados Unidos.
Mas era lógico que estes senhores agora tentem chantagear o governo dos Estados Unidos, porque o governo dos Estados Unidos lhes criou as condições e as oportunidades para que agora possam fazer isso. E que é que estão fazendo os outros chamados líderes da contrarrevolução? Empurrando, caiu esta e estão empurrando, e até Sánchez Arango, do qual não se escutava falar há mais de um ano, tem feito uma declaração apoiando Kennedy, dizendo que é correto que Kennedy manipule esta situação com cuidado porque entranha o perigo de uma guerra.
E um tal do Collins, ou não sei o quê, tem feito outra declaração dizendo que é preciso apoiar o senhor Kennedy; e o senhor Garcerán, que também aspira à presidência pela via de que era o magistrado mais antigo, e de acordo com a Constituição burguesa de 1940, diz que Kennedy tem razão, e agora, Tony Varona também está apoiando Kennedy. Então, eles todos estão puxando para ver o que podem obter a partir dos restos daquele que até ontem foi seu chefe.
Que moral a deste pessoal, e que impudicícia a deste pessoal. Mas é possível que o senhor Kennedy também não saiba o que vai fazer, nem com Varona, nem com Garcerán, nem com Collins, nem com Aureliano nem com ninguém. Porque o maior problema que já arranjou na sua carreira política é este problema. Pois precisamente seus inimigos o acusam de não ter uma política para com Cuba. E como dizíamos aqui, recentemente, essa política não existe mais, não existe nem pode existir. Porque, como? Com uma política de guerra que seria a destruição do imperialismo? Então acusam Kennedy de não ter uma política para com Cuba; mas resulta que todas fracassam porque todas têm que fracassar.
E a outra, a da guerra, é muito perigosa para eles.
E essa é a situação. Quem terá arranjado esses problemas? Ele próprio, e a política agressiva de Kennedy contra Cuba e contra a Revolução Cubana é a que gerou mais problemas e mais dores de cabeça para ele, porque tem sido uma política, sem dúvida de nenhuma classe, torpe, não de um político experiente, mas sim de um novato em política. Porque, naturalmente, dentro dos círculos imperialistas existem determinados interesses de um grupo e de outro e, em longo prazo, esta política se virou contra ele.
Que fracassos lhe trouxe? Em primeiro lugar o da invasão pela Baía dos Porcos, que tem sido um dos episódios que maior descrédito trouxe para um presidente dos Estados Unidos e para os próprios Estados Unidos.
Quando Kennedy tomou posse da presidência e houve uma mudança de administração entre republicanos e democratas, vocês lembrarão que naqueles dias nós estávamos mobilizados, esperado uma invasão, e quando o senhor Kennedy tomou posse da presidência, desmobilizamos os batalhões que tínhamos cuidando das costas, à espera da política que este senhor ia implementar; inclusive, declaramos que o governo de Cuba esperava que abrisse mão da política de agressões que tinha seguido a administração de Eisenhower.
O que é que ele fez? Embarcou-se naquela política, não teve sequer a habilidade de responsabilizar a administração anterior com a política que tinha implementado, e aplicar uma política menos torpe contra Cuba; não fez isso, dobrou o esforço que vinha fazendo a administração de Eisenhower. Sob sua administração, fizeram-se grandes esforços para organizar os bandos contrarrevolucionários, as sabotagens e, por último, a invasão.
E quando se produziu a invasão, o que é que ele fez? Não retificou, teimou no caminho das agressões, como demonstram as declarações feitas pelo cabecilha Miró Cardona, e que problema arranjou?, pois simplesmente pôs o mundo à beira da guerra termonuclear, pôs em perigo a própria existência dos Estados Unidos, como consequência dessa política agressiva contra Cuba.
Resolveu-se a crise, e hoje o problema de Cuba é o problema mais utilizado por seus inimigos políticos para atacá-lo, exigindo-lhe medidas mais drásticas, quer dizer, medidas que conduziriam a uma guerra e que, portanto, não pode adotar sem se expor a tamanhos perigos. Por que?, quem deu as armas aos inimigos internos? Ele próprio, sua política de agressão contra Cuba. Quem deu as armas aos contrarrevolucionários? Ele próprio. Por que é vítima da chantagem de Miró Cardona e dos seus seguidores? Por sua própria culpa; e se nalgum momento a administração do senhor Kennedy tem dado alguns passos que se pudessem considerar sensatos, têm sido os passos que deu para pôr fim às corridas piratas e descontroladas dos contrarrevolucionários.
Porque ao menos, com essas políticas, diminuíam os riscos de um conflito. E claro, agora está recebendo o que merece, pois um safado, um senhor medíocre, imoral, cobiçoso e corrupto, que é esse tal do Miró, se dá ao luxo de chantageá-lo, de fazer essas acusações contra ele, de publicá-las na imprensa dos Estados Unidos, porque de fato o senhor Miró faz agora o jogo dos inimigos políticos de Kennedy, os que acusam Kennedy de não ter adotado medidas mais drásticas, e assim essa política de agressão levou a atual administração dos Estados Unidos a uma série de descréditos, de reveses e de situações constrangedoras.
O que seria o único que evitaria esse descrédito todo? Simplesmente, abrir mão da política agressiva contra Cuba. Os fatos têm demonstrado o fracasso dessa política; os imperialistas têm fracassado nas suas agressões contra Cuba. E na situação atual, nas condições atuais, a única alternativa sensata e bem pensada, é abrir mão dessa política agressiva.
Os contrarrevolucionários acusam Kennedy de querer coexistir com Cuba e de coexistência pacífica com Cuba. Mas é que os contrarrevolucionários têm chegado à conclusão de que a política agressiva já fracassou, e que os imperialistas estão em meio de uma situação difícil, que a política agressiva dos Estados Unidos contra Cuba está na falência. E como farejam isso, percebem isso, começam a denunciar que querem coexistir.
Nós temos sido as vítimas, nós temos sido os agredidos. É possível que os contrarrevolucionários digam agora que a Revolução Cubana está interessada em coexistir.
A Revolução Cubana esteve do lado da paz, o que a Revolução Cubana fez foi defender-se; nós não somos a favor da guerra. Agora, a Revolução Cubana tem derrotado a política agressiva dos imperialistas, a levou à falência (APLAUSOS), a fez cair no descrédito; nossa política triunfou e a política deles fracassou, e os colocou numa situação de escândalo internacional, de descrédito, altamente lesiva para os Estados Unidos.
Nós não estamos aqui fazendo campanha a favor da coexistência; nós não queremos a guerra, nós queremos a paz, nós não somos um entrave para a paz. Mas isso nunca dependeu de nós; o que nós temos feito é defender-nos, e defender-nos com sucesso. Eles têm fracassado e, portanto, não lhes resta outra alternativa que abrir mão dessa política de agressões contra nós, abrir mão da política que seguiram.
Abrirão mão disso? Não podemos saber. Teimarão na tolice e no engano, como até agora? Não podemos saber. Mas nossa atitude é uma: se fazem uma política de paz, nós fazemos uma política de paz; se teimam na política de agressões, continuaremos defendendo-nos por todos os meios e com todas as armas (APLAUSOS), e continuaremos lutando com toda a energia, e continuaremos desferindo-lhes reveses.
A situação atual, a correlação de forças no mundo, o estado de nossas relações com o bloco socialista e o descrédito da política agressiva contra Cuba, por um lado, nos coloca em melhor situação do que em nenhum outro momento anterior, para continuarmos travando com sucesso esta luta.
Quatro anos e meio de hostilidade contra nosso país, quatro anos e meio obrigando-nos a investir enormes energias e recursos na luta pela sobrevivência da Revolução, na defesa do país, quatro anos e meio defendendo-nos contra o bloqueio econômico e as agressões de um poderoso país contra nós. Ter saído vitorioso, graças à coragem de nosso povo, à energia de nosso povo e à solidariedade do bloco socialista (APLAUSOS), há de ser para nós motivo de orgulho.
Mas não podemos dormir à sombra da bananeira. O inimigo não abrirá mão facilmente dos seus planos agressivos, o inimigo não esmorecerá facilmente e lançará mão de novos meios, de novas táticas, de novos planos.
Agora, ultimamente, estão pondo ênfase na necessidade de assassinar os líderes da Revolução; estão pondo ênfase na necessidade de praticar a sedição, comprar, subornar, procurar nas fileiras da Revolução para ver se localizam elementos fracos, elementos traidores. E falam de dinheiro, e falam em investir muito dinheiro, falam em subornar, falam em comprar.
E isso nos faz lembrar os primeiros dias na Serra Maestra quando depois de lutarem infrutiferamente durante um ano, os soldados de Batista não podiam dar cabo de nós, e então idearam um plano e espalharam pela Serra Maestra toda uma série de panfletos, oferecendo recompensas pelas nossas cabeças. E assim ofereciam 100 mil pesos pela minha cabeça (RISOS) — a cada certo tempo chegava às minhas mãos um desses papelinhos, eu fiquei surpreendido ao ver o alto preço que tinham fixado — e ofereceram dezenas de milhares de pesos pelas cabeças doutros companheiros, quem a entregasse vivo ou morto, ou quem oferecesse informações que permitisse ao exército a liquidação de quaisquer um destes companheiros.
E não houve um único camponês que desse uma informação, não houve ninguém que se prestasse à traição, não houve ninguém que se deixasse subornar. E as traças acabaram engolindo as centenas de milhares e talvez milhões de papelinhos que espalharam pelas montanhas, naquela tentativa ridícula e desesperada.
Porque há uma coisa que os imperialistas não sabem, e vão saber, e vão aprender; e que é a abissal diferença que há entre um revolucionário e um mercenário. Eles resolviam seus problemas com os exércitos profissionais, com as camadas militares. E assim, mantiveram sua hegemonia, subornando alguns generais, apoiando-os; e assim, instauravam tiranias militares na América.
Qual foi o fato básico e indispensável para o desenvolvimento da Revolução? A desintegração da camada militar, de um exército elitista ao serviço da exploração e do privilégio, e sua substituição por umas forças armadas integradas pelo povo e indissoluvelmente unidas ao povo (APLAUSOS), forças armadas integradas por proletários e por camponeses; povo armado; porque aqui, com uniforme ou sem uniforme, todo revolucionário é um soldado da pátria (APLAUSOS); com uniforme ou sem uniforme cada revolucionário é um trabalhador da pátria (APLAUSOS).
E a Revolução criou forças de combate de novo tipo, inteiramente novas, indissoluvelmente unidas ao povo e à Revolução, como uma única coisa. E aparentemente os imperialistas não têm compreendido isso, aparentemente os imperialistas não percebem isso.
E além do mais, as Forças Armadas da Revolução são umas forças cujas raízes estão na história, cujo aprendizado o obtiveram combatendo. E no espírito dessas forças armadas, no espírito de nós todos, está a história que temos feito juntos, desde que começamos com uns pouquinhos fuzis; sendo reduzidos para menos de dez homens, frente a forças poderosas.
E assim surgiu do povo, das fileiras mais unidas do povo, de sacrifício em sacrifício, de batalha em batalha, de vitória em vitória.
E assim temos chegado a ser o que a Revolução é: um acontecimento histórico neste continente, um fato que inspira a admiração e o respeito em todos os recantos do mundo; uma força que os imperialistas não conseguiram vencer, aos quais temos desferido inúmeras derrotas.
Hoje temos muitas coisas que não tínhamos antes: a técnica, a disciplina, os conhecimentos adquiridos, os equipamentos muito modernos com que contamos para defender nosso país, o estudo, que tem sido o caminho da superação de muitos e muitos companheiros, muitos dos quais nem sequer sabiam ler e escrever.
E se antes da batalha de Girón, uns meses antes, não tínhamos nada mais que sete pilotos, e não tínhamos nem artilheiros nem tanquistas, hoje temos pessoal técnico demais que adquiriu enormes conhecimentos, que continua adquirindo-os; que está perfeitamente munido e em condições de contestar qualquer ataque.
Aquilo da Baía dos Porcos, caso se repetisse algo parecido, quanto é que duraria hoje? Quantas horas poderão resistir o ataque das nossas forças, com a disciplina, a capacidade e os equipamentos com que hoje contamos? E o inimigo sabe disso, e por isso, suas esperanças são cada vez mais vãs.
Companheiros: não só povo e Forças Armadas Revolucionárias são a mesma coisa; mas são a mesma ideia; povo e Forças Armadas — além de que cada soldado é um trabalhador e cada trabalhador é um soldado — é a ideia, a ideologia, os princípios revolucionários que defendemos. E nós todos estaremos vinculados mediante uma força organizada, que é nosso Partido, nosso Partido Unido da Revolução Socialista (APLAUSOS).
E da mesma forma em que cada local de trabalho temos vindo a organizar as células de base revolucionárias, em cada unidade de combate iremos organizando as células de bases revolucionárias, os membros do Partido (APLAUSOS), escolhendo sempre os companheiros mais abnegados, mais sacrificados, os companheiros exemplares, os melhores combatentes da pátria. E assim iremos organizando a vanguarda da Revolução, o Partido marxista-leninista da Revolução Socialista (APLAUSOS).
E cada militante revolucionário não só terá muitas balas de canhão e muitas balas de metralhadora, e muitos equipamentos de combate, não só terá muito parque militar, munições de guerra, mas também terá armas ideológicas (APLAUSOS). E avançará paralelamente a instrução militar com a instrução política.
Nós todos temos aprendido o que se pode conseguir com o estudo, todos temos visto o quanto se superaram nossos homens, o quanto têm aprendido, quanto se têm desenvolvido e quanto lhes resta ainda pela frente. Porque ainda nos resta muito pela frente!
Esta noite nós ficamos comovidos ao escutarmos os cantos patrióticos, a sinfonia dedicada aos nossos heróis caídos; vibravam as últimas fibras de cada um de nós ao relembrarmos, ao ver, as cenas daqueles dias. Sentíamos infinita gratidão e carinho para nossos companheiros, profundo e legítimo orgulho das nossas forças, das nossas vitórias, de vermos um povo como este unido, vermos a Revolução mais unida do que nunca, mais organizada do que nunca, constitui uma impressionante força social, política e revolucionária, que é o patrimônio de cada um dos cidadãos bons e dignos deste país.
Contudo, quando isto seja visto daqui a 20, daqui a 30 anos, a emoção das gerações futuras será incomparavelmente maior, e ainda as fotos destes atos, a recordação destes atos, a presença de cada um de vocês será motivo de emoção e de admiração para as gerações vindouras, porque nos coube viver esta hora, sermos vanguardas da pátria nesta hora, força criadora da pátria, sermos uma Revolução em andamento, que mudou tudo, que deitou por terra as muralhas do passado.
Os castelos que ontem pareciam inexpugnáveis foram demolidos. Por quem? Pelos poderosos? Não! Pelos generais profissionais? Não! Pelos milionários? Não! Pelos homens e mulheres mais humildes do povo, pelos homens e mulheres mais esquecidas do povo (APLAUSOS), pelos homens e mulheres explorados do povo, do povo puro. Como eu dizia aos companheiros da força aérea, das fileiras da fome, das fileiras do ‘tempo morto’, das fileiras dos explorados, dos discriminados, surgiu a força que fez mudar o curso da história da nossa pátria, surgiu a Revolução que comoveu o continente todo (APLAUSOS); surgiu a luta, o movimento que pôs em xeque o império burguês mais poderoso do mundo, surgiu o exemplo e o alento, surgiu o porvir que está nas nossas mãos.
Aqui se reuniram familiares que levam com dignidade a dor, nem por isso menos profunda dos entes mortos, combatentes da Revolução, soldados da Pátria, militantes do Partido, homens e mulheres temperados, homens e mulheres testados na dor e no sacrifício.
E nós temos direito mesmo de saber que nas nossas mãos está o destino, e temos sido sempre homens de fé no porvir, de fé nas massas, de fé no povo, aqueles que viveram os dias difíceis da Serra Maestra, quando não havia para todos nem sal nem açúcar, nem roupas nem sapatos, quando não chegava nada, e nos rodeavam batalhões de soldados determinados em liquidar-nos; os que vivemos aqueles dias e tivemos fé, aqueles que nunca esmoreceram e souberam comer uma vez ao dia quando comiam, ou não comer, e souberam o que era ficar encharcado numa trincheira sem fumar, e sem cobertores, e andarem descalços pelas montanhas sem esmorecerem; os que foram submetidos às provas difíceis que nos impôs a Revolução por uma causa ou por outra, no combate, no trabalho, na dor, sabemos que o porvir está nas nossas mãos e que temos direito de atingi-lo, que temos o direito de criá-lo, e que de ninguém mais do que nós depende.
É verdade que temos recebido extraordinária ajuda solidária que foi de muito valor nestes tempos; é verdade que temos recebido muito de fora. Mas também que nós temos que pôr muito mais da nossa parte. Já não somos revolucionários novatos, já temos a obrigação de irmos sendo revolucionários experientes e responsáveis.
A luta difícil da Revolução nos tem ido temperando a todos, e já está na hora de que nosso povo revolucionário, nossas massas e cada um dos homens e mulheres do povo compreendam suas responsabilidades, compreendam as realidades, porque por diante temos grandes tarefas.
É verdade que fomos obrigados a defender-nos como questão fundamental. Mas temos por diante a tarefa do desenvolvimento econômico do país, a tarefa de produzir e de criar bens, de fazer avançar com ritmo acelerado nossa economia. E para isso devemos aproveitar todas as circunstâncias favoráveis que hoje temos, e avançar na frente com o esforço de todos, na produção como temos avançado na defesa! E assim, é preciso produzir açúcar, produzir açúcar, os milhões de toneladas de açúcar que possamos produzir aproveitando ao máximo nossas possibilidades, e impulsionar o desenvolvimento econômico da nação. Porque nós os revolucionários devemos lutar em todos os fronts e atender devidamente a cada uma das nossas obrigações.
A necessidade de defender-nos nos tem obrigado a empregar enormes contingentes de braços vigorosos para pegarem nas armas; não dispomos de muitos braços. É preciso desenvolver as máquinas, é preciso mecanizar, racionalizar a produção. E às vezes — por isso hoje falo disto — porque às vezes temos sido muito mais entusiásticos para pegar nas armas do que temos sido para pegar o instrumento de trabalho. E temos sido, temos sabido ser como povo todo o heróico que tem sido necessário nos combates, e contudo não temos atingido patamares similares de heroísmo no campo da produção.
E um dia como hoje, quando nós estamos revendo a história e lembramos nossos mártires tombados, pensamos em todas as causas pelas quais eles lutaram e morreram. Não só para manter erguida a bandeira da pátria, firme e invencível a Revolução; morreram pelo porvir do país, morreram pela felicidade do povo, para que o povo tivesse direito de construir esse porvir para ele próprio, esse bem-estar.
E assim, para nós, este ato profundamente humano, é como um símbolo da nossa Revolução e de nosso povo, da irmandade, da união, do espírito revolucionário de nosso povo, do invencível espírito de nosso país, um símbolo!
E assim os lembraremos sempre, porque os que estamos aqui, que queremos a Revolução de forma entranhável, temos vivido momentos diferentes: momentos difíceis, momentos críticos. Na nossa mente estão guardados aqueles dias em que o povo todo, com uma impressionante serenidade, se dispôs a resistir o ataque inimigo, no mês de outubro, dispôs-se a lutar e dispôs-se a morrer.
Este povo tem uma história, está escrevendo uma grande e bela história que a nós todos nos une, que a nós todos os irmana em um mesmo sentimento, em um mesmo ideal, em uma mesma veneração para aqueles que lutaram, para aqueles que morreram.
E isso é bom, é alentador, e isso é a força da Revolução, porque cada mãe sabe que em cada soldado da pátria tem um filho! (APLAUSOS), e cada soldado da pátria sabe que em cada mãe de um companheiro morto tem uma mãe! (APLAUSOS) E assim, as mães de nossos heróis podem dizer como disse (Carlos Manuel de) Céspedes: “que todos os cubanos são seus filhos” (APLAUSOS), e podem dizer tal como Mariana Grajales, que a seus filhos mais novos, em meio da dor, lhes disse: “cresce, para que também entregues tua vida à pátria, se for necessário” (APLAUSOS). Porque a Revolução, a Revolução nos tem ensinado isso: não o egoísmo que separa, mas sim a solidariedade que une, o amor que une! Que a dor de cada um seja a dor de todos, e a dor de todos a dor de cada um! (APLAUSOS).
Irmãos nós todos! (APLAUSOS) Mães nós todos! (APLAUSOS). Filhos nós todos! (APLAUSOS).
E que esta seja como a melhor flor, que junto da recordação dos que morreram, desta lista impressionante de homens, de cubanos, de filhos humildes do povo, nós possamos render homenagem em um dia como hoje, e dobrar nossa fé no porvir, nossa fé na pátria, nossa fé na Revolução (APLAUSOS).
O que temos feito nos deve ter ensinado que nada é impossível, porque aquilo que ontem parecia impossível tem sido possível hoje! (APLAUSOS) E por isso, nada nos parecerá impossível amanhã!
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)
Versões Estenográficas – Conselho de Estado