Discursos e Intervenções

DISCURSO PRONUNCIADO NO ATO DE ENCERRAMENTO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA AOS PROFESSORES DO ENSINO PRIMÁRIO, NO ESTÁDIO LATINO-AMERICANO, NO DIA 4 DE SETEMBRO DE 1964

Data: 

04/09/1964

Companheiras e companheiros;
Professoras e professores:  
Um grande passo de avanço é o que se tem dado com este curso.  

Quero explicar-lhes — e esperava precisamente esta oportunidade — como surgiu a ideia do curso. E quero esclarecê-lo porque no começo houve alguma confusão. Em primeiro lugar... (EXCLAMAÇÕES DE: “¡Não se escuta!”) Se não se escuta não há remédio; o único remédio é tentar fazer o maior silêncio possível.

Das conversações com o diretor do Inder (Instituto Nacional dos Esportes. N. do Trad.) e dos companheiros que trabalham nesse front se tornava evidente que nossos esportes necessitavam de uma base mais sólida na educação física de nossa juventude. Nas competições internacionais e nos eventos esportivos em geral, em nosso país, tal como noutros países, se tinha podido observar que certas deficiências nos nossos atletas eram consequência da falta da educação física à idade em que, precisamente, devem começar a desenvolver-se os músculos e as condições físicas do ser humano, quer dizer, desde criança.  

Resolveu-se fazer algo nesse sentido para tentar levar a educação física à escola primária. Surgiu a ideia de introduzir a educação física e os esportes, como mais uma disciplina nas escolas de formação de professores, de maneira que todos os professores que se graduassem, no futuro, como professores de ensino primário se graduassem também como professores de educação física e esportes (APLAUSOS).

Isso não resultava uma tarefa difícil. E não resultava uma tarefa difícil, pois para isso se requeria somente preparar os programas e enviar os professores de educação física aos nossos centros de formação de professores; primeiramente, ao Instituto Pedagógico Makarenko, à escola de professores no primeiro ciclo de Topes de Collantes e à escola pré-vocacional ou vocacional — segundo o caso— de Minas de Frío.

Quer dizer que, em longo prazo, o problema ficava resolvido: cada professor devia receber, ademais, o título de Professor de Educação Física, para juntar em uma só pessoa o professor de instrução primária e o professor de educação física; única solução possível, pois se considera a educação física parte essencial da educação integral das crianças.

Mas ficava uma grande lacuna: o quê fazer com nossas crianças na atualidade, o quê fazer com 1.300.000 crianças que as organizações educacionais se propunham matricular em nossa escola primária. Um milhão e trezentas mil crianças cubanas iam ficar sem educação física. E parecia que isso era um problema insolúvel.

Mas na Revolução não há problemas insolúveis. Também o analfabetismo parecia um problema insolúvel e, contudo, achou-se uma solução; e uma solução eficaz, e uma solução que trouxe resultados verdadeiramente extraordinários.

O quê fazer? Então surgiu a ideia de organizar um pequeno curso de educação física para os professores em exercício do ensino primário.

Naturalmente que esta ideia não se teria podido levar a termo, ao começo da Revolução; esta ideia somente se teria podido levar a termo nesta ocasião, depois de cinco anos de Revolução, quando o Ministério da Educação conta com uma enorme capacidade para albergar estudantes e quando o Instituto de Educação Física e Esportes conta com um grande número de dirigentes para que pudessem efetuar o curso.  

Nós consultamos com esses companheiros, e eles informaram que estavam em condições de realizar o curso.  

Era, naturalmente, uma tarefa grande. Era preciso um grande esforço de organização.  

Quando esta ideia surgiu foi aproximadamente dois ou três meses antes de acabar o ano letivo. E então ocorreu um detalhe, um detalhe que se converteu em um obstáculo. Os companheiros do Ministério estavam esperando que em uma reunião com os professores, com algum objetivo, fosse explicado este plano, e na realidade nós estávamos um pouco ignorantes dessa ideia que tinha o Ministério, e como resultado decorreram os últimos meses do curso, e já tinha sido organizado o curso, porém, os professores em geral não tinham conhecimento desse curso. Daí que surgiu a dificuldade de que no momento em que foi anunciado, já nos finais do ano letivo, no começo das férias, alguns professores ou muitos professores tinham organizado seus programas de férias; esse foi um inconveniente que surgiu, no qual os professores tinham toda a razão e nós éramos os culpados, os companheiros do Ministério e eu (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”).

Contudo, era necessário determinar entre fazer ou não fazer o curso; fazê-lo poderia trazer algumas interpretações erradas e alguns justificados descontentes. Mas, definitivamente, porque temos fé em nossos professores, resolvemos fazer o curso; e porque tínhamos, ainda, a certeza de que ia ser extraordinariamente positivo, tanto na ordem física quanto na ordem moral, para nossos professores, e que eles compreenderiam a extraordinária importância que isto teria para a realização de suas tarefas como professores (APLAUSOS).

Dentro daquela situação foram adotadas algumas medidas, transferiram-se algumas férias de agosto para julho, e se resolveram outros problemas, tais como o caso de professoras que não tinham quem tomasse conta dos filhos e para as quais foi organizado, aliás, uma espécie de escola infantil, de creches, de maneira que mais de mil crianças também passaram o curso aqui em Havana, nas suas escolas (APLAUSOS). E segundo eu soube, foram muito bem atendidas, e que ontem houve um ato muito bonito que as crianças que frequentaram essas escolas durante o curso deram às mães, na véspera de finalizar este curso.

Mas, afinal, vencendo essas dificuldades, o curso foi realizado, e segundo a opinião de todos os companheiros, foi realizado com notável sucesso (APLAUSOS). E que o entusiasmo dos professores foi aumentando desde o primeiro dia até o fim.  

Quem me contou isto? Bem: pois os professores, porque em distintas ocasiões, acidentalmente, deparei-me com alguns dos grupos de professores e, realmente, eu pude observar que estavam muito entusiasmados com o curso. E, por isso, temos em geral uma boa impressão. Perguntava como os atendiam (EXCLAMAÇÕES DE: “Bem!”), e em geral parece que os atenderam bem; não passaram muito mal estes dias de curso (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”); os estudos eram suportáveis (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”); tinha alguns probleminhas, logicamente, de ordem social: os meses de férias, alguns problemas de ordem social, alguns casais, a separação, todas essas coisas (EXCLAMAÇÕES). Mas, em geral, pois os obstáculos não foram insalváveis e, em geral, pois, foram resolvendo-se todos esses problemas, e esperamos que ninguém tenha problemas por isso e que, ao contrário, retornem agora a seus lares e depois às escolas, e vocês possam convencer algum do que outro marido recalcitrante (EXCLAMAÇÕES), que eu não vou dizer que com razão ou sem ela — possivelmente com razão— iam sentir-se um pouco sozinhos nesses dias que vocês estavam no curso (EXCLAMAÇÕES).  

O fato é que, graças a este esforço, 1.300.000 estudantes do ensino primário, 1.300.000 crianças cubanas, que é a meta que pensam cumprir as organizações educacionais, poderão receber educação física. E ao conseguirmos isto, posso afirmar — se não nos têm informado mal os companheiros do INDER — que Cuba será, a partir de agora, o primeiro país do mundo no qual a educação física estará presente desde a primeira série (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: “LPV, prontos pra vencer”, E DE: “Fidel, Fidel, diga-nos que outra coisa nós temos que fazer!”). Bem, eu lhes vou dizer: Agora têm que fazer campeões! (APLAUSOS.)

E se isto for assim, se vamos ser o primeiro país que consiga este ambicioso propósito, bem vale a pena que nos sintamos orgulhosos do esforço e da vitória conseguida com isto.

A educação em nosso país avança a passos de gigante. O que se tem feito nestes cinco anos teria parecido algo realmente impossível, primeiro abrindo salas de aulas suficientes para que todas as crianças tivessem escolas. Tão logo triunfou a Revolução 10 mil professores que estavam sem emprego encontraram ocupação, e encontraram ocupação simplesmente porque era um dever da Revolução e porque era uma necessidade do país, encontraram ocupação de uma maneira revolucionária, sem que mediassem favoritismos de nenhuma classe, sem que nenhum político lhes pedisse a cédula eleitoral, sem que ninguém tivesse que intervir. Que muitas vezes nossos professores eram submetidos a estes humilhantes procedimentos e, inclusive no passado, muitos professores que levam mais tempo lembrarão que em ocasiões os funcionários lhes exigiam o pagamento de determinadas quantias de dinheiro para conceder-lhes uma sala de aulas.

Já esses tempos vão ficando atrás que mal se lembram, e naturalmente que não voltarão jamais. Depois, foi necessário resolver o problema das escolas rurais das montanhas e também se resolveu; depois foi necessário fazer face ao problema do analfabetismo, defrontou-se e resolveu-se; foi necessário resolver o problema da falta de centros de ensino secundário, escolas tecnológicas e pré-universitárias em muitos povoados do país, e foi resolvido este problema mediante o plano de bolsas, graças ao qual uns 100 mil jovens estão estudando como bolsistas.

Mas não bastava o que se tinha feito, não bastava a erradicação do analfabetismo; era necessário fazer avançar a campanha de acompanhamento, e a campanha de acompanhamento foi levada ao fim e se vem implementando com crescente impulso. E assim, 428 mil operários e camponeses estão frequentando os cursos de superação. E este número impressionantemente grande cresce. Há locais de trabalho onde uma porcentagem altíssima de trabalhadores frequenta a escola, na batalha para atingir a 6ª série. E agora com este curso se introduz a educação física e os esportes na escola primária.  
Isso não quer dizer que o trabalho se vá desenvolver em condições fáceis; bem sabem vocês as necessidades que temos de locais, bem sabem que apesar dos inúmeros edifícios que foram dedicados a escolas, dos quartéis que se converteram em escolas e das escolas que se construíram, quantas necessidades dessa ordem ainda temos, quantas escolinhas em condições precárias, sem áreas de participação esportiva, sem campos de esportes, e muitas vezes em condições materiais difíceis para ministrar o ensino.  

Mas isso não deve desanimar nenhum de vocês, não; porque a ginástica, o esporte, quando não se possam fazer em uma área de participação esportiva... eu não vou dizer que em uma rua se poderá jogar beisebol, mas se pode fazer ginástica. E quando os professores não tenham área de participação esportiva, combinam com as organizações, concordam com as autoridades, e a determinadas horas, naquelas ruas que não sejam muito transitadas, podem organizar seus ensinos de educação física (APLAUSOS).

Aqui temos diante os textos que prepararam os companheiros do INDER e do Ministério da Educação, e com os quais vocês levam material que lhes permitirá lembrar o que têm aprendido, e que os ajudará a realizar essa tarefa. Aqui estão, por exemplo, os exercícios escolares — eu estou certo de que todos os rapazes os receberão com agrado — os fundamentos dos esportes escolares, a ginástica artística e o manual de jogos.

(DIZEM ALGO AO DOUTOR CASTRO)

Sim, precisamente isso me tinham dito os companheiros, que vocês vão com todos os textos. Mas isto não é suficiente, eles têm que continuar dando a vocês facilidades de todo o tipo, para que vocês estejam atualizados em todas estas questões; porque vocês sabem que, às vezes, as regras do jogo mudam e é preciso estar bem informado.

(DIZEM ALGO AO DOUTOR CASTRO)

O quê?... (VOZES: “Os apitos!”) Ah! O apito. Vamos ver se o pedem aos reis e para o dia 6 de janeiro lhes conseguem um apito a cada uma das professoras.  
Nós estamos certos de que os rapazes vão receber isto com muito agrado. E todas estas questões, o resultado de tudo isto, os frutos de tudo isto, se podem apreciar em determinados momentos, como foi nas vésperas de 26 de julho passado, o desfile esportivo, que constituiu um ato verdadeiramente impressionante; possivelmente alguns de vocês o viram, outros puderam assistir pela televisão. E calculem como será quando todas as crianças possam participar em massa desse tipo de atividades.

E assim, com estas perspectivas, se encerra hoje este curso, e foi necessário este estádio para o ato. Por que um estádio? Por duas razões: primeiramente, porque os professores queriam fazer uma demonstração do que tinham aprendido e que, por sinal, o fizeram muito bem e os felicitamos; segundo, porque não havia outro local para poder reunir tantos professores.  

Isto significará um grande auge para a saúde e para as condições físicas de nossas crianças e de nossos jovens; significará benefícios inapreciáveis, do qual sempre estarão agradecidos aos seus professores. Não basta com que formemos mentalmente os jovens e as crianças, é preciso formá-las fisicamente. De maneira que ainda para os estudos sempre estarão em melhor disposição de ânimo, e sempre estarão em melhores condições de saúde. Crescerá uma juventude forte e sadia, e toda a nação se beneficiará disso; serão melhores estudantes, serão melhores técnicos, serão melhores trabalhadores.

Por exemplo, eis o caso de que 97% dos jovens que participaram das competições esportivas aprovaram os estudos; quer dizer, que houve uma promoção de 97% entre os jovens que praticam os esportes escolares, que é um número verdadeiramente recorde. Quer dizer, que o esporte e a educação física não vão tirar espaço aos estudos, mas irão mesmo fortalecer os estudos dos alunos.

E ninguém sabe quanta utilidade pode ter o esporte na vida, os exercícios, e nós temos experiência disso. Tivemos a oportunidade de praticar esportes, e o esporte nos ajudou em muitas etapas; e os esportes que tínhamos praticado nos ajudaram nos momentos duros da luta revolucionária, quando tivemos que internar-nos nas montanhas, quando tivemos que viver nas florestas e quando tivemos que fazer enormes esforços físicos. Naturalmente que nesses casos a vontade dos homens era um fator decisivo. E tinha homens que com sua extraordinária vontade, apesar das dificuldades de ordem física, venciam a prova. Mas, naturalmente, a capacidade para realizar estas tarefas era uma extraordinária ajuda.

Vou referir uma anedota recente que implica uma espécie de contradição, e permite ver quanta necessidade temos de tomar conta destas questões. Nós escutamos dizer, em dias recentes, que um grupo de companheiros, dirigentes de nossos jovens comunistas, desfrutavam das férias em uma praia, internaram-se um pouco no mar, caminhando, talvez sem darem por eles, transferiram-se para a direita, para a esquerda, e quando iam regressar à beira perceberam que a água era mais profunda, e alguns deles estiveram prestes a se afogarem. E quando a mim me explicaram isso, eu disse que me parecia uma coisa absurda, que como era que nossos jovens comunistas não sabiam nadar, como era que nossos dirigentes não sabiam nadar; e que, entre outras coisas, além da preparação teórica, era bom que conseguissem uma piscina e que aprendessem a nadar (APLAUSOS).

Porque aí temos uma prova; perante um incidente, perante uma dificuldade, perante a dificuldade de ter que nadar uns metros, a possibilidade de perder a vida.

Lembro-me, também, quando do furacão Flora, de inúmeros camponeses que salvaram suas famílias porque moravam perto do rio Cauto e eram bons nadadores; e assim, muitas crianças foram salvas pelos pais porque sabiam nadar, e possivelmente muitas pereceram, porque seus pais ou porque elas não sabiam nadar. Ninguém pode prever em que momento em sua vida pode deparar-se com a oportunidade de apreciar estas coisas, porque o homem é mais completo, é mais apto, é mais capaz para vencer dificuldades, quando —além de ser um homem preparado, tecnicamente preparado, um homem culto— é um homem que está em condições de fazer face a qualquer dessas dificuldades que inesperadamente se apresentam.  

E no futuro nossa juventude tem que ser o resultado de uma juventude que tem crescido e se tem educado em meio de uma revolução; e tem que ser o fruto de uma revolução, de uma revolução do povo, pelo povo e para o povo (APLAUSOS). Portanto, ano após ano, iremos acompanhando os resultados deste trabalho. Nós temos fundadas razões para pensar que nossa juventude se formará em condições muito diferentes do passado, e que já hoje dezenas, centenas de milhares de jovens, são prova vivente da nova mentalidade, do novo espírito das gerações que se formam na Revolução. Têm-no demonstrado em inúmeras provas, têm-no demonstrado nos combates em defesa da pátria, e todos lembrarão aqueles jovens de 14, 15 e 16 anos que praticamente deixaram fora de combate os aviões inimigos, quando do traidor ataque pela Baía dos Porcos (APLAUSOS); todos terão visto como, inclusive, uma brigada das Forças Aéreas Revolucionárias, ocupou destacadíssimo lugar nos cortes de cana.

Nossa juventude se educa hoje no estudo, nossa juventude se educa hoje no cumprimento do dever, e cresce por isso e se desenvolve como uma juventude sadia, uma juventude firme, uma juventude disciplinada, uma juventude forte.

Nossas Forças Armadas Revolucionárias participaram desse programa; nossas Forças Armadas Revolucionárias são, também, instituições altamente educativas para nossos jovens. E agora que foi estabelecido o Serviço Militar para nossos jovens, se pode apreciar, inclusive, quanto mudam muitos jovens quando ingressam em uma unidade militar e adquirem hábitos de disciplina, adquirem um espírito realmente novo, que não é o espírito do mulherengo na esquina, que não é o espírito do mulherengo com a calça apertadinha (APLAUSOS); espírito no qual se forma qualquer coisa, menos, realmente, homens. E assim nossos institutos armados fazem parte do programa de educação do país.  

A Revolução fez umas quantas coisas novas, em uns quantos setores, no que se refere à educação, mas algumas coisas novas vão ser realizadas. Uma das coisas que nos preocupa é o fato de que os jovens que estudam vão perder três anos de sua formação técnica quando cumprirem o serviço militar; mas outra coisa que nos preocuparia é que nossos futuros técnicos fossem jovens isentos do serviço e fôssemos ter dois tipos de jovens: uns que tenham passado pelo serviço militar e tenham recebido a disciplina, e outros técnicos sem disciplina e sem essa educação que recebem em nosso exército revolucionário.

E isso era uma contradição. Se nós excluíamos os estudantes, pois, íamos produzir um tipo de técnico um pouco privilegiado; se não os excluíamos íamos perder tempo na formação de nossos técnicos. E por isso surgiu uma ideia. Qual ideia? Pois, simplesmente, incluir os jovens estudantes no serviço militar, mas, como, como? É claro que não poderemos fazê-lo de um dia para outro, mas, quais caminhos vamos seguir? Pois vamos ir convertendo ou ir criando centros militares de ensino tecnológico, ou centros militares de ensino pré-universitário (APLAUSOS). De maneira que quando os jovens terminam o ensino tecnológico, ou terminam o ensino secundário e entram na idade do serviço militar, em vez de irem para uma unidade militar — onde, naturalmente, se podem aprender muitas coisas úteis, muitas coisas tecnicamente úteis — então ingressarão nesse centro militar de ensino tecnológico, se vai estudar o ensino tecnológico, ou nesse centro militar de ensino pré-universitário, se vai realizar os estudos universitários. E então ali dedicarão o primeiro ano, principalmente, à parte de instrução militar, e depois continuarão realizando os estudos ali, de maneira que quando terminem seus estudos pré-universitários ou terminem seus estudos tecnológicos, poderão ir à produção, ou poderão ir à universidade, tendo já cumprido seu Serviço Militar Obrigatório (APLAUSOS).  

Surgia então o problema dos professores — o companheiro Armando me lembrou disso — dos professores que se graduavam. Como? Irão prestar seus serviços quando se graduem como professores nas unidades militares (APLAUSOS). E esta é também uma solução nova, ajustada às nossas necessidades, tanto à necessidade de formar técnicos como à necessidade de educar nossa juventude com disciplina e com caráter, como à necessidade de defender a pátria; e esta solução obviará algumas das preocupações de nossos jovens, e algumas das preocupações das famílias perante as dificuldades que possam implicar três anos no serviço militar. E, além do mais, é uma coisa justa; e, além do mais, todo jovem poderá ter a satisfação de dizer: “Eu não fui excluído de tais e tais serviços; eu não fui excluído de tais e tais obrigações.”

Desta forma, todo o processo da educação e da formação do jovem desde o ensino primário, com professores que têm cada dia uma preparação maior, com professores que deem educação geral, a instrução primária e a educação física, e depois quando terminam os centros secundários ingressam nesses centros tecnológicos, quando esses jovens tenham acabado seus estudos, quando esses jovens ingressem na universidade, realmente serão jovens que terão recebido uma educação integral em todas as ordens. E não há dúvida de que as condições de nosso país, o futuro de nosso país, desta forma estará plenamente garantido e que, realmente, nosso país no futuro receberá os benefícios deste esforço que estamos fazendo hoje.  

Paralelamente a este esforço na educação, o esforço no trabalho produtivo, o esforço em nossa economia, de maneira que tenhamos uma juventude não só bem educada em todas as ordens, mas também uma juventude bem alimentada. E muito apesar do que dizem nossos inimigos, muito apesar das calúnias dos imperialistas, nossa economia avança, nossa produção cresce; baste dizer como exemplo que a produção de carne e de leite deste ano é 14% acima da produção do ano anterior (APLAUSOS).  

E ano após ano esses aumentos se farão sentir; ano após ano a dieta de nossas famílias, a dieta de nossos jovens e nossas crianças será cada vez melhor, apesar de certas situações de conjunturas, como o caso do açúcar: nossa economia dependeu fundamentalmente do açúcar, o açúcar tem preços mais altos, preços mais baixos em outras ocasiões; quer dizer — esta história a conhece nosso povo — quando tem preços mais altos nossos ingressos em divisas são maiores, quando tem preços mais baixos, nossos ingressos são menores na parte do açúcar que vendemos a determinados mercados. Mas, apesar dessas dificuldades, os ramos da nossa economia avançam e, não obstante essas dificuldades, certos artigos básicos fundamentais vão aumentando em seu volume de produção ano após ano.

Nós, em geral, frente às campanhas que se fazem contra a Revolução esperamos confiados que decorram os anos, esperamos confiados que decorra o tempo, porque nós estamos certos do que estamos fazendo, nós sabemos o que estamos fazendo; e não estão longe os anos em que nós, perante todo o continente, possamos apresentar o exemplo de nossa pátria, e perante todo o continente possamos apresentar a nosso país, e sem dúvida de nenhuma classe que estará no primeiro lugar entre todos os povos do continente em desenvolvimento econômico, em desenvolvimento cultural e em todas as ordens. Esse é o futuro inquestionável de nosso país (APLAUSOS).  

Isto que temos feito nesta ocasião, este curso que hoje termina é mais uma prova do que a Revolução pode fazer, é mais uma prova do que um povo revolucionário pode fazer. E nós poderíamos perguntar a nossos detratores qual é o país da América que tenha colocado a educação no patamar e no lugar que o colocou nossa pátria revolucionária (APLAUSOS), que país da América pode exibir uma porcentagem tão alta de crianças matriculadas nas escolas de ensino primário (EXCLAMAÇÕES DE: “Nenhum!”), qual é o país da América que pode apresentar um nível inferior ao nosso no analfabetismo (EXCLAMAÇÕES DE: “Nenhum!”), qual é o país da América que prepara os professores como os está preparando a Revolução Cubana (EXCLAMAÇÕES DE: “Nenhum!”), qual é o país da América que está formando uma geração nova de professores como os que ingressam nas montanhas (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: “Nenhum!”).

E essas são as realidades palpáveis, essas são as realidades incontestáveis que não são simples promessas, que já se veem, que já se percebem. E trabalhamos com os novos professores que se formam, e trabalhamos com os professores já formados que encontrou a Revolução.  

Ainda há muito que fazer, muito que superar-se. Como vocês sabem se temos agora 1.300.000 matriculados no ensino primário, isto quer dizer que, no futuro, precisaremos no ensino secundário e no pré-universitário de muitos mais centros desse tipo, e de muitos mais professores desse tipo. Os professores de instrução primária devem continuar superando-se, para que um dia quando esses centros se iniciem, para que um dia quando esse contingente enorme de jovens esteja no ensino secundário e pré-universitário, vocês sejam seus professores e vocês estejam em condições de satisfazer essa necessidade (APLAUSOS).

Por isso, aproveito a oportunidade para explicar as ideias que temos a este respeito. Necessitaremos milhares e milhares de professores de ensino de segundo grau e de pré-universitário, mas ao mesmo tempo, milhares e milhares de jovens estão ingressando nas escolas de professores. O que fazer e como fazê-lo? Pois sobre isso temos estado discutindo com os companheiros do Ministério da Educação, a ideia que temos é ir organizando cursos com os professores primários, para que estejam em condições de dar aulas no ensino secundário, e na medida em que se vão formando esses professores para o ensino secundário, as vagas suas irão sendo ocupadas pelos alunos das escolas do Instituto Pedagógico. Sobre isto quero esclarecer — para que não haja dúvidas — que não desejamos de maneira nenhuma afetar nenhum direito de nenhum professor; preferimos ir mais devagar, antes de lesar o direito de nenhum professor com sua sala de aulas, pois já os primeiros alunos do Instituto Pedagógico deram aulas, em muitos lugares resolveram problemas, porque nos arredores de Havana alguns professores que tinham que ir até lá, pois já obtiveram aulas mais próximas ao lugar de residência, e então essas salas de aulas foram ocupadas por alunos das escolas. Como erradamente houve algum caso de algum professor afetado em seu direito, isso criou alguma preocupação que é a que eu quero esclarecer.

O que pretendemos é que se vão realizando, ano após ano, cursos de estudo com aqueles professores que desejem fazê-lo, para capacitar-se e ir ensinar no ensino secundário. Agora, por exemplo, no próximo ano letivo ingressam no instituto pedagógico mil alunos, mas no ano que vem ingressarão mil e se graduarão outros 1 000, portanto não teremos professores disponíveis, mas dentro de dois anos, aproximadamente, ingressarão uns 4 mil dos que hoje estão em Minas de Frío. Quando isso vai ocorrer, não quer dizer que aos 4 mil possamos conseguir salas de aulas, não pode ser, mas se queremos incorporar mil ao ensino primário, o Ministério da Educação pode organizar um curso, porque o Ministério da Educação tem duas necessidades: as novas salas de aula que surgem e, ainda, os novos centros de ensino secundário que se formam.  

Se, por exemplo, se contempla para outro ano, digamos de 1966 a 1967, se contempla um ingresso determinado de alunos no instituto pedagógico e, ao mesmo tempo, um ingresso determinado de alunos em escolas de ensino secundário, durante um ano poderia ser organizado um curso, fala-se com os professores, os que desejem fazer o curso para serem promovidos para o ensino secundário, e os que desejem fazer o curso, fazem o curso. Quer dizer, durante oito ou dez meses vão realizando os cursos e, ao mesmo tempo, vão ocupando as vagas, segundo as necessidades de professores de ensino secundário, e as aulas deles as podem ocupar alunos do instituto pedagógico. Queremos fazer isso de maneira que convenha aos professores, não queremos fazer absolutamente nada que prejudique nenhum professor. E se nós vamos prejudicar algum professor, preferimos ir mais devagar com estes planos. Portanto, se há alguma dúvida ou alguma preocupação nesse sentido, eu a queria esclarecer.  

Futuramente, faremos o mesmo com os professores do interior, quando já os graduados do instituto pedagógico tenham cumprido sua etapa de ensino rural. Então, se pode fazer o mesmo do que com os professores que já estão ensinando nas cidades, quer dizer, cursos no interior também para que a este programa se possam acolher os professores no país todo. Porque nós pensamos que daqui a cinco, seis, sete anos, haverá uns quantos milhares de professores novos; mas por um lado haverá alguns milhares de salas de aulas novas e, por outro lado, alguns milhares de professores primários estarão ensinando no ensino secundário, e então assim irá pouco a pouco avançando todo este enorme movimento educacional, e entendo que esta explicação é suficientemente clara, tranquilizadora, para os que se preocupem, e esclarecedora, no sentido de que sempre será em benefício das crianças, em benefício do país, e em benefício dos próprios professores, porque esses fatores nunca estão em contradição (APLAUSOS).  

Por último, temos visto alguns professores que nos têm perguntado se há curso no ano que vem (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”...). Isso não é uma coisa determinada. Tradicionalmente se vêm fazendo uma série de cursos de superação com os professores, nunca se tinha feito nesta escala tão em massa, nunca, mas em geral, todos os anos muitos professores foram sendo promovidos, em virtude dos cursos de superação que se estão realizando. Há professores, por exemplo, que não puderam vir a este curso, como os professores da brigada de vanguarda “Frank País” que estão ensinando nas montanhas até o mês de setembro; eles têm todos os anos cursos também nos fins do ano e neste ano se incluirá em seu programa o curso de educação física.

Por sinal, eles estão fazendo um trabalho extraordinário. Nestes dias nós temos recebido infinidade de telegramas, mas o que tem de interessante é que são telegramas de lugares da Serra Maestra, muito afastados, que nós conhecemos. É interessantíssimo saber que mais de 90% das crianças dessas zonas estão assistindo às aulas. São números verdadeiramente recordes.  

E aqui nós temos recebido uma série de telegramas: “Continuamos lutando por manter 97% de assistência, Andrés Lara, Regional Sur-Oeste, Mota, Oriente” (APLAUSOS). “Com 100% de assistência na escola de Guanábana, Venceremos, os alunos de 4ª série.” “Comprometemo-nos a manter o maior número na escola 'José Britán', de Cinco Palmas, Ramón Labrada, de Cinco Palmas.” “Faremos promoção primeiro, recolhendo café depois. Emilio Sánchez, Unidade Zonal LNR 7, Serra Maestra, Sur.” “Eu, Arnaldo Pérez, professor de vanguarda Unidade Zonal No. 5, situado no estábulo Las Cajas, Pilón, Oriente, comprometo-me a promover e manter 95% da assistência das crianças.” “As crianças da escola ‘Jorge Fleitas’, Aguacate: Prometemos assistir todos os dias à escola para uma melhor promoção.” “Alunos Escola Nacional 'Jorge Fleitas', Campechuela: Faremos promoção primeiro, recolheremos café depois. “A escola 'Alberto Guevara' saúda com 84% de promoção e 100% de assistência na 1ª série“. “Unidade Zonal No. 5 'Otto Barroso': Comprometemo-nos a manter 95% de assistência de professores da Unidade Zonal No. 7, regional de Montanha, Serra Maestra, Sur-Oeste.” “Mães e alunos do estábulo Casa de Piedra: Saudamos fim do ano letivo com ativismo técnico, com 95% de assistência. Conselho da escola “Hermes Cabrera”, regional Sierra Maestra, Sul, Oriente” (APLAUSOS).  

E assim, sucessivamente têm-se recebido muitos telegramas deste tipo que demonstram o interesse dos professores, o interesse dos pais e o interesse das crianças nas questões de educação. Antes, as notícias que se recebiam desses lugares eram: “Morreram tantas crianças de gastrenterite, afetadas tantas crianças de poliomielite”, e assim em diante. Hoje, algumas dessas doenças estão completamente erradicadas, porque nas montanhas há 50 hospitais e há uns 2 mil professores ensinando nas montanhas (APLAUSOS). As diferenças entre o passado e o presente são realmente impressionantes.  

Ora bem, falávamos sobre o problema do curso do ano que vem. Sobre isso não há nada determinado, mas seria bom contar com a opinião de vocês... (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) Caso surgir uma necessidade o se achar conveniente, os professores concordariam em participar de outro curso deste tipo, no próximo ano letivo (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”). Vamos ver o que pensam os professores (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES).

Bem, isto quer dizer que os companheiros do Inder, do Ministério da Educação e do Governo Revolucionário contam com um voto de confiança de vocês? (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) Bem, consultem também os demais na casa, talvez os companheiros tenham que fazer uma assembleia também com os companheiros que ficaram nas casas para pedir-lhes o voto também. De todas as maneiras vocês têm um ano para fazer campanha.  

E já sabem: daqui em diante, quando uma professora vai casar, vamos ter que pôr na ata: “Sob a condição de que lhe permitam frequentar os cursos” (RISOS). Disso terá que tomar conta o companheiro Yabur que é o que anda nesses afazeres do Registro Civil e dos casamentos.  

Bem, vocês sabem que o curso este não era obrigatório, nunca se expôs como uma questão obrigatória; houve exceções com determinados professores, por causa de sua idade — coisa muito lógica — e houve muitos casos de professores que se empenharam de todas as maneiras em vir, acima de qualquer requisito de idade; houve casos por razões físicas, por razões de saúde que todos foram analisados e aceitaram-se as desculpas. Há alguns casos que não tinham escusas válidas e não vieram.

Muitos professores perguntaram: bem, e vão estar exatamente nas mesmas condições do que nós? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Isso nos colocava um problema: como achar uma coisa justa de que a uma coisa voluntária responder com outra coisa voluntária, mas que esse gesto voluntário da Revolução pois também beneficiará àqueles que tiveram um gesto voluntário dos professores, e não atinja os que não foram voluntariamente ao curso, se não lhes vamos tirar nada, não os vamos privar de nada, mas de alguma maneira é preciso premiar aquele que se esforça, aquele que se interessa pelas crianças (APLAUSOS).  

Então agora vou tocar um tema que interessa aos professores, mas não se entusiasmem muito, tomem as coisas com calma porque temos adotado alguns acordos que beneficiam os professores, mas não muito, em pequena medida, mas algo é algo, começo dizendo-lhes.  

Como vocês sabem há muito tempo que se estava planejando o problema da escala salarial dos professores (APLAUSOS). Aí, ainda, havia uma situação (EXCLAMAÇÕES.)... Se algumas coisas não se escutam bem, amanhã o poderão ler no jornal. Bem, tinha também uma situação que vocês lembrarão, no começo havia um crédito para 5 mil professores, então a necessidade era de 10 mil, e se adotou um acordo naquela reunião com os professores que iam ingressar no trabalho que eles aceitaram. Começar ganhando um salário muito modesto. E assim houve professores que no primeiro ano ganharam 67 pesos. Há uns quantos aqui — certo? — dos que começaram, iam aumentando ano após ano e tinha uma promessa com respeito a esses professores. Foi-se aumentando até que chegaram a um nível em que representava para o ministério um problema muito sério, então ia haver duas escalas diferentes. Então nós pedimos ao companheiro ministro que discutisse com os professores, discutisse com o sindicato, uma solução para achar, no sentido de que houvesse uma só escala para todos os professores.

Também muitos professores diziam que quando o do Moncada em “A história me absolverá” se tinha exposto a situação dos professores, todas essas coisas, e lembravam isso muito discretamente e diziam: “Bem, que promessa nos fez a Revolução?”, dizem: “A promessa dos professores.” É claro que há certa distância entre os melhores desejos e as realidades, não podem pensar os professores que seja um esquecimento dos professores. Deparamo-nos, realmente, com uma primeira necessidade: milhares de professores sem trabalho e milhares de crianças sem escolas, tinha que dedicar os recursos primeiro a isso; outra infinidade de necessidades escolares surgiu. Mas tinha que chegar um momento em que começássemos a colocar-nos o problema da escala de salários dos professores e a remuneração aos professores.

Um país pode remunerar não segundo seus desejos; segundo seu grau de desenvolvimento econômico. O desenvolvimento econômico de um país, o nível de sua produção, é o que determina o que esse país pode distribuir entre seus cidadãos. Quando trata de distribuir mais do que produz se comete um grande erro, realmente não se distribuiria nada, se distribuiriam papéis. É por isso que sempre temos insistido em que o caminho para melhorar o nível de vida é o trabalho e é a produção, de maneira que uma maior distribuição possa corresponder, ano por ano, a maior produção do país, em termos gerais. Às vezes, há maior produção e podem baixar os preços, às vezes podem subir os preços, mas em geral o que um país pode distribuir é o que um país produzir. O povo não trabalha hoje para as companhias exploradoras, o povo não trabalha hoje para os exploradores, o povo trabalha para o povo e o povo terá o fruto de seu trabalho, nem mais nem menos! (APLAUSOS.)

Com a questão da escala de salários diferentes setores operários têm sido beneficiados, porque havia diferenças enormes nos salários, e pelo mesmo trabalho havia até dez escalas diferentes. A Revolução não adotou nenhuma medida que afetasse nenhum operário para abaixo, mas adotou as medidas que beneficiassem o operário para acima. Tinha escalas que estavam acima do normal, não foram afetadas; as que estavam abaixo do normal foram elevadas. E é assim como foi sendo resolvido este problema, porque dar é fácil, mas tirar é muito difícil. E por isso é preciso resolver estes problemas com calma, pouco a pouco, é preciso ir resolvendo injustiças que perduram, mas que perduram acima de nossa vontade, ir equilibrando aos poucos, ir dando a cada pessoa o justo, ir dando a cada pessoa o que merece. A cada qual segundo seu trabalho: Essa é que é a fórmula socialista e, depois, a cada qual segundo as necessidades: essa será a fórmula comunista. Mas para essa forma de vida vocês têm que educar essas crianças que têm em suas mãos (APLAUSOS).  
Como os professores não são dois ou três, como o pessoal que trabalha em educação é enorme, uma pequena quantidade em seu salário significa quantidades consideráveis no orçamento nacional, mas queríamos resolver de alguma maneira esse problema e resolvemos uma forma de ir estabelecendo a escala por etapas, ano após ano, em cinco etapas, cinco anos, até chegar aos níveis a que queremos que cheguem alguns professores. Quem sabe quanto conseguirá avançar nossa produção neste tempo, mas isso está adaptado a nossas possibilidades.

Então se fez um plano para que comece a reger no próximo ano letivo. Eu já lhes disse que as quantias são modestas, afinal não são tão modestas, mas algo é algo. Então se começa na primeira etapa de como vai ser aplicada a escala: primeira, segunda, terceira, quarta, quinta etapa, quer dizer, ano após ano. O professor do ensino primário começa, na primeira etapa com 140 pesos (APLAUSOS); na segunda, 150; terceira, 160; quarta, 170; quinta, 185 (APLAUSOS).
O professor popular tem um mesmo nível, porque o professor popular irá passando a outro tipo de professor mediante os cursos. O professor popular tem 98... E já não haverá professores populares, porque terão passado a outra categoria de professores. Graduados de segundo ano de superação pedagógica também é o mesmo caso, é 114. Professores de ensino especial, 150, 170, até 195. Instrutor de ensino especial, de 119 sobe até 140. Instrutor de internato do primário, de 119 até 140. Professor de superação operária e camponesa, de 129 até 140 (APLAUSOS). Professores de centros de superação, centros de ensino secundário de superação operária, de 139 até 170. Professores do ensino secundário básico, de 155 até 218 (APLAUSOS). Professores de institutos de administração, de 238 até 263. Professores da escola de auxiliares de administração, de 155 até 218. Professores de institutos pré-universitários, de 238 até 263. Ajudantes de cátedra, uma categoria, 129. Professores de formação de professores primários, de 238 até 263. Professores de superação pedagógica, de 238 até 263. Professores de escolas de idiomas, de 238 até 263. Professores de escolas técnicas, de 238 até 263. Professores de institutos tecnológicos, disciplinas relacionadas, 238 até 263. Disciplinas relacionadas, disciplinas técnicas, de 250 até 322. Professores da escola de pesca têm também sua escala de 140 até 185. De ensino geral primário, 155 até 218. Ensino geral secundário, de 250 até 320. Instrutores de ensino técnico, 171.  

Isto significa no orçamento as seguintes quantias. Na primeira fase, quer dizer, no próximo ano letivo, 5.400.000 pesos. Na segunda fase 100.000 pesos. Na terceira fase, 15 milhões de pesos. Na quarta fase, 20 milhões de pesos. E na quinta fase, 28 milhões de pesos. As receitas que se pagam a esse pessoal atualmente aumentarão no total em 28 milhões, que é uma quantia considerável. Isto, sem contar as novas aulas; isto, sem contar as novas vagas e as novas necessidades. Quer dizer, que não seria estranho que os aumentos fossem — de despesas do país em educação em cinco anos — uns 50 milhões de pesos mais, calculando conservadoramente com estes níveis de salários.  

Alguns companheiros tinham a preocupação de se ao estabelecermos esta escala isso poderia incitar em outros locais de trabalho a preocupação por maiores salários. Mas isto não significa nada diferente com relação aos professores; tiveram uma escala baixa, e, em geral, as escalas se estão aplicando a todos os setores trabalhadores. E entendo que o povo todo, o povo todo, estará perfeitamente ciente de que é necessário que os professores, os que educam seus filhos, tenham uma remuneração justa (APLAUSOS).  

E esperamos que, em um futuro não muito longínquo, na medida em que a economia do país se desenvolva, na medida em que a produção se eleve, também se vão elevando as receitas do povo todo.

Essa é a decisão. Agora, há uma questão: Requisitos que se requerem para receber os benefícios desta escala? Bem, pois, os títulos que possuem, os cursos, e, portanto — e é o que eu dizia — esta escala será aplicada, começará a ser aplicada a todos os professores que fizeram o curso e a todos os professores que, por razões de idade, por razões de impedimento justificado, não o têm feito (APLAUSOS).

Não podíamos, no momento em que se vai dar esta notícia aos professores, dar exatamente o mesmo tratamento aos que se esforçaram do que aos que não se esforçaram. É uma coisa elementar e justa. E os que não o fizeram com causa justificada também receberão os benefícios. Os outros farão o curso no ano que vem e começarão a entrar na escala um ano mais tarde (APLAUSOS). Ainda, deverá constar no dossiê de cada professor, porque cada um vai fazendo um dossiê na sua vida, e o dossiê do professor deve começar a ser preenchido a partir do momento em que entre em Minas de Frío, e contenha todo seu histórico de sua conduta.

Porque chega um momento em que é preciso escolher entre um e outro para diretor de um centro, para um trabalho determinado.  

Então, é preciso consultar o dossiê para ver quem tem melhor dossiê e quem em sua vida cumpriu melhor suas obrigações, desde que era um estudante. Isso é o que deve fazer a Revolução.  

Antes a pergunta era: “Bom, quem tem mais influência?” Mas agora a influência que tem cada um é a que cada um tenha ido acumulando com seu trabalho e ao longo de sua vida (APLAUSOS). Não é uma coisa justa? (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) Não é algo muito melhor? (EXCLAMAÇÕES DE: “Sim!”) Bem esses são os métodos que queremos estabelecer e eu estou certo de que vocês todos concordarão.

Isso era, em geral, companheiras e companheiros, o que queríamos dizer-lhes. Se as notícias não são melhores, isso não foi, de maneira nenhuma, falta de vontade, falta de desejo de ajudá-los e falta de interesse em estimular os professores. Não! Estamos muito conscientes do papel que desempenha o professor na sociedade! Estamos muito conscientes do papel que desempenha o professor na Revolução! (APLAUSOS.) Estamos muito conscientes do papel que desempenha o professor na criação da sociedade socialista! Estamos muito conscientes do papel que desempenha o professor pelos caminhos do comunismo! (APLAUSOS.)

Pátria ou Morte!
Venceremos!  
(OVAÇÃO)

Versões Estenográficas – Conselho de Estado