DISCURSO PROFERIDO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO RUZ RESUMINDO OS ATOS PARA FESTEJAR O TERCEIRO ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA DE CUBA, NA PRAÇA DA REVOLUÇÃO, A 2 DE JANEIRO DE 1962
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Distintos visitantes de todas partes do mundo que nos acompanham no dia de hoje;
Trabalhadores;
Cidadãos todos:
Hoje nos reunimos para comemorar o terceiro aniversário da Revolução (APLAUSOS), e o começo do quarto (APLAUSOS), e a marcha da Revolução, todos os anos que forem necessários (APLAUSOS), até que a grande obra estiver concluída. E será assim, porque o povo a apóia (APLAUSOS), porque não é tarefa de um grupo de homens, mas da nação inteira (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: “Venceremos!”).
Vencemos, e continuaremos vencendo, porque não é empresa de vermes, mas a obra de lutadores, de trabalhadores, a obra de todo o que vale em nossa pátria, o melhor e o mais nobre de nossa pátria; de nossa pátria cada dia mais limpa da ralé (APLAUSOS), cada dia mais limpa de vermes, cada dia mais limpa de exploradores, cada dia mais limpa de traidores (APLAUSOS).
Já completamos três anos, e se quiséssemos um veredicto da obra nesses três anos, se quiséssemos uma prova irrefutável do que foram três anos de luta vitoriosa, do que foram três anos de criação, do que foram três anos de trabalho frutuoso, basta olhar esta praça, basta olhar esta multidão, basta olhar este povo, para que sejam derrubadas todas as calúnias dos inimigos da Revolução, para que sejam derrubadas todas suas mentiras (APLAUSOS). Basta olhar esta praça, para saber e para compreender que a obra da Revolução tem sido justa, tem sido útil, proveitosa e redentora para nosso povo.
Estamos aqui na presença de centenas de visitantes de todas as partes do mundo (APLAUSOS), de todos os governos amigos, de todos os povos revolucionários; dos que já conquistaram sua liberdade, dos que já fizeram sua revolução; representantes de povos que estão lutando por fazê-la, como a delegação do heróico povo argelino que nos acompanha no dia de hoje (APLAUSOS PROLONGADOS E EXCLAMAÇÕES DE: “Argélia, Argélia!”); representantes de povos que ainda têm disputas e contendas com o imperialismo e o colonialismo; representantes de todos os povos da América Latina (APLAUSOS); dos governos que souberam manter uma atitude digna perante o imperialismo; representantes dos povos cujos governos mantêm relações conosco, e representantes também dos povos cujos governos —ou cujos desgovernos — cortaram relações conosco (VAIAS), porque nenhum povo da América cortou relações conosco! (APLAUSOS.)
Perante todos esses povos a Revolução Cubana é um acontecimento interessante, um acontecimento importante da luta dos povos nesta época contemporânea por sua liberação e pela justiça; concita nossa Revolução a admiração e a simpatia de todos os povos do mundo. Diversas circunstâncias contribuem a isso. Primeiro, a circunstância —não sei se mais ingrata para nós ou mais grata para eles— de ser vizinhos dos imperialistas ianques, a apenas
90 milhas de distância.
Mas como nós não estamos dispostos a mudar-nos, nem o podemos fazer, e eles também não; porém não estamos dispostos a mudar, porque marchamos com o curso da história, e como os imperialistas não podem mudar-se das nossas redondezas, não terão outro remédio do que mudar de atitude. E como eles não mudarão, o próprio povo dos Estados Unidos o fará um dia, esse povo que exploram miseravelmente, esse povo pilhado incessantemente para enriquecer cada vez mais o grupo insignificante de monopolistas que desacreditaram a história dos Estados Unidos da América nas últimas décadas, o punhado de imperialistas que ensangüentaram a história dos Estados Unidos nas últimas décadas com o sangue dos povos de todos os continentes, o punhado de monopolistas que mantêm esse país sob uma ferrenha economia de guerra, que consiste em extrair o fruto do trabalho dos operários, com infinidade de impostos, para gastar esses recursos na manutenção de um colossal aparelho de guerra para sustentar o império dos interesses de um punhado de monopolistas em todos os continentes.
Ou seja, apesar de todo o desenvolvimento econômico e industrial alcançado pelo povo dos Estados Unidos, o melhor de seu esforço se investe em manter enormes esquadras e enormes exércitos, em manter camarilhas de vende-pátrias em todo o mundo, camarilhas de governantes traidores, exércitos de espiões, de assassinos e de criminosos; investe-se o melhor do fruto do esforço do povo dos Estados Unidos em promover a contra-revolução em todo o mundo, em encobrir a reação em todo o mundo, em apoiar o colonialismo em todo o mundo, em apoiar as camarilhas militaristas, em apoiar o neofascismo naqueles países onde o fascismo foi derrotado à custa do sangue de dezenas de milhões de seres humanos; em apoiar o mais retrógrado e o mais reacionário que há no mundo.
Há dias, um senhor proeminente do Departamento de Estado disse, com essa falta de escrúpulos —ou falta de vergonha, ou falta de sentido da realidade—, como se estivesse falando com um mundo ignorante, como se não lhe estivesse falando a um mundo que com tanto sacrifício tem adquirido uma grande experiência de todos os problemas do mundo, que os Estados Unidos da América era um país revolucionário (RISOS); reconhecia que o mundo estava em revolução e dizia que, ao fim e ao cabo, eles eram revolucionários. Referiam-se à época em que, sem dúvidas, foram revolucionários; faziam referência à época em que lutavam contra o colonialismo britânico; referiam-se à época em que aquele povo fazia o que faz hoje o povo da Argélia, o povo de Angola, o povo do Vietnã, o povo de Laos, o povo da Coréia do Sul (APLAUSOS); referiam-se à época em que derramavam seu sangue por sua liberdade; referiam-se à época em que queriam cortar as cadeias do colonialismo para iniciar uma etapa nova de progresso em sua vida; referiam-se à época em que aquela burguesia era uma burguesia revolucionária, à época em que lutavam por acabar com a dependência do colonialismo e do feudalismo que impedia seu desenvolvimento.
Desde então, decorreram quase dois séculos; desde então, o papel que representaram naquela época ao papel que representam hoje mudou extraordinariamente. Hoje não lutam por nada que signifique liberdade; hoje não defendem um só átomo de liberdade em nenhum canto do mundo; hoje, os monopolistas que governam os Estados Unidos e que identificaram a política e a ação desse país exclusivamente com seus interesses, lutam precisamente por tudo o contrário: por manter o colonialismo no mundo, por manter os interesses exploradores em todo o mundo, por manter à reação em todo o mundo.
De jeito nenhum, senhores teóricos do imperialismo, não fiquem com ilusões; não se enganem com o papel que representam no mundo, nem fiquem com ilusões de que podem enganar alguém. Além disso, nem todos estão envenenados pela propaganda mentirosa; aliás, nem todos estão vendo exclusivamente filmes do faroeste ou filmes de gângsteres; nem todos lêem; além de todas as mentiras e todas as infâmias com que vocês envenenam à opinião pública e enganam o próprio povo dos Estados Unidos.
Hoje, o papel dos Estados Unidos, o papel da nação americana, o papel dos governantes americanos, o papel que fazem representar a essa nação, é um papel repugnantemente vergonhoso, é um papel criminoso, é um papel odioso. E os povos o compreendem cada vez mais, cada dia; e os povos o aprendem por experiência própria.
É triste, sim, é triste esse papel. Mas esse papel só o poderá mudar o próprio povo dos Estados Unidos. Jamais os monopólios exploradores, que devem sua origem e devem seu poder ao suor dos que trabalham e ao sangue que têm feito derramar no mundo para defender seus interesses, esses monopólios jamais poderão esgrimir consignas de liberdade; esses monopólios não só dilapidarão o fruto do trabalho do povo norte-americano, mas obrigarão a gastar a muitos outros povos do mundo, a muitos outros povos do mundo os obrigarão a gastar centenas de milhares de milhões de dólares todos os anos em armas, em exércitos; todos os povos do mundo, sem exceção: os povos dos seus próprios aliados imperialistas e os povos dos países liberados.
Uns, porque são levados de comparsa política de guerra pelos parceiros imperialistas de outras nações; e outros, porque têm que estar de guarda permanente, em permanente estado de alerta perante o perigo da agressão traiçoeira, perante o perigo da política belicista.
E não apenas assim os imperialistas mantêm no mundo o apoio aberto aos regimes imperialistas e colonialistas; não apenas mantêm no mundo o perigo de guerra, mas além disso obrigam todos os povos do mundo a gastarem tão fabulosas cifras de recursos em armamentos, obrigam gastar enormes verbas, que sem essa política de guerra, sem essa necessidade que eles lhe impuseram a uma parte do mundo e que também lhes impuseram a seus próprios povos, no período de 15 ou 20 anos seria extraordinário o avanço de toda a humanidade, incalculável seu progresso.
No decorrer de 15 ou 20 anos, e talvez antes, teria desaparecido de todo o mundo a fome, teria desaparecido a miséria, teria desaparecido a ignorância. Regiões inteiras do mundo, sobretudo dos continentes subdesenvolvidos
—subdesenvolvidos por causa dos imperialistas, que adquiriram suas riquezas e desenvolveram sua indústria explorando as colônias, desenvolvendo-se eles ao passo que mantinham atrasados a milhares, porque podemos afirmar que milhares de milhões de seres no mundo desses países, com seu suor e com seu trabalho contribuíram ao desenvolvimento da indústria dos países capitalistas avançados, ficando eles estagnados na pobreza e no subdesenvolvimento—, esses países poderiam alcançar todos níveis insuspeitos de progresso, se todas essas verbas fabulosas, que todos os anos são gastas em material de guerra, fossem empregues em benefício da humanidade.
Esse é, pois, o imenso prejuízo que o imperialismo, fundamentalmente o imperialismo ianque, está ocasionando no mundo. Nós somos uma prova; nós vimos desfilar hoje por aqui nossas unidades de combate; nós temos visto desfilar por aqui nossas brigadas de artilharia antiaérea, antitanques, nossas brigadas de lança-foguetes múltiplos (APLAUSOS), nossas brigadas de tanques. E o povo os aplaudiu, o povo olhou para eles com carinho, porque o povo sabe que a sorte da Revolução, o povo sabe que seu destino, o povo sabe que sua liberdade e sua independência, o povo sabe que seu porvir está defendido por essas armas.
O povo, perante essa presença, sente-se seguro e sente-se otimista, porque sabe que tem com que se defender, porque sabe que tem com que derrotar os seus inimigos; sabe que tem com que fazer morder a poeira da derrota aos mercenários e a qualquer tipo de agressores! (APLAUSOS.)
E o povo, o povo marchava para esta praça detrás dos tanques, detrás dos últimos tanques, confundido com os tanques e inclusive diante dos tanques! (APLAUSOS.) Porque não são tanques contra o povo, mas povo com tanques! (APLAUSOS.) O povo só marcha com tanques quando lhes pertencem e quando são para defender uma causa justa; sobretudo, quando são para defender a mais sagrada e a mais justa das causas: a causa da independência nacional, a causa da liberdade e a causa de sua Revolução (APLAUSOS).
Mas, quem nos obriga? Essas armas não são armas ofensivas. Muitas vezes os fantoches do imperialismo afirmam que Cuba tem-se tornado um perigo, de que a força militar da Revolução cubana tem-se tornado um perigo para o resto dos governos da América. Mas, perigo de que? Nossas armas não são armas ofensivas, nossas armas não são armas idôneas para desenvolver uma guerra de ofensiva, nem jamais necessitaremos esse tipo de armas. Nossas armas são armas defensivas, armas para defender à nação, e para tomar a ofensiva, dentro da nação, contra qualquer inimigo que nos atacar (APLAUSOS).
Não temos esquadras navais capazes de desenvolverem nenhum tipo de agressão contra ninguém; não temos meios, nem necessitaremos nem teremos jamais, porque não os queremos e jamais os quereremos, meios para transportar tanques para o território de outros países. Mas também é absurdo de qualquer ponto de vista.
Contudo, eles dizem que se tem tornado um perigo; mas se tem tornado um perigo para os agressores, um perigo para os que têm intenções agressivas contra nossa pátria (APLAUSOS). Se esse é o perigo ao que fazem referência, têm razão; se fazem referência ao perigo de que a Revolução não poderá ser destruída, de que a Revolução não poderá ser esmagada, então têm razão; se fazem referência ao perigo para eles em seus próprios países, dizemos-lhes: “De jeito nenhum, jamais nessas armas haverá perigo para vocês; jamais essas armas significarão nenhum perigo, nem para o território nem para as fronteiras de nenhum país da América; jamais essas armas iriam afetar a segurança de nenhum povo”.
E no relativo aos governos que traem seus povos na América, no relativo aos governos que entregam miseravelmente a soberania do seu país aos desígnios do imperialismo ianque, no relativo a esses governos vendidos cobarde e traiçoeiramente, que se prestam a unir-se e a fazer-lhes o jogo a esses imperialistas contra um povo latino-americano, contra um povo irmão, contra um povo cuja voz pode ser escutada com o mesmo sotaque e no mesmo idioma por quase 200 milhões de homens e mulheres neste continente, no que se refere a esses governos traidores e vende-pátrias, o perigo não está nestas armas, o perigo está nos seus próprios povos. Aí é onde está o único perigo! (APLAUSOS.)
O perigo não está em agressões de Cuba, não está nas armas de Cuba, o perigo está na opressão e na fome em que mantêm seus povos, eles e os imperialistas, seus amos; o perigo está na grande exploração, na secular injustiça em que têm vivido esses povos. E os povos, quando adquirem consciência de seu destino, quando adquirem consciência da injustiça que padecem, quando adquirem consciência de sua força, então não precisam de tanques, não precisam de canhões, não precisam de aviões, porque nós quando começamos esta luta não tínhamos nem tanques, nem canhões, nem aviões, nem exército (APLAUSOS); talvez tínhamos uns poucos fuzis com os quais começar a luta, e toda a razão que tínhamos, todo o direito que tínhamos e todas as circunstâncias que se derivavam da exploração imperialista e capitalista em que viviam nossos trabalhadores, nossos camponeses e a maioria esmagadora do nosso povo.
Isso sim causa espanto, isso sim amedronta, saber que os povos oprimidos, saber que os povos explorados, não precisam nem de canhões, nem de aviões, nem de tanques para começar, para lutar e para alcançar a vitória (APLAUSOS). E que os tanques, e que os tanques, os aviões e os canhões que têm eles, não lhes servirão de nada, como não lhes serviu de nada ao governo tirânico, explorador e pró-imperialista que existia em nosso país. De nada lhes serviram os tanques que lhe enviaram os ianques, de nada lhes serviram as bombas, as armas todas: canhões, aviões, morteiros, fuzis automáticos que lhes enviou o imperialismo, porque as armas, ao fim e ao cabo, de nada servem contra o povo, de nada servem sem razão, de nada servem quando se colocam ao serviço do crime e ao serviço da exploração (APLAUSOS).
Quais eram as armas que nós tínhamos? Nenhuma. Quantas armas tinham eles? Muitas. Quais eram as armas que tinham os argelinos quando começaram sua heróica luta de sete anos? Nenhuma. E quantas armas tinham os colonialistas? Todas as armas de uma das potências mais poderosas da Europa.
A grande verdade histórica é que os povos, nem nesta época contemporânea nem em nenhuma época, quando lhes chegou sua hora, quando lhes chegou a hora da consciência revolucionária, quando chegou a hora da luta por sua liberdade, sem armas, porque todas as guerras de libertação sempre começaram sem armas e contra as armas dos exploradores…; sem armas e contra as armas dos exploradores nós começamos nossa luta, e sem armas e contra as armas dos exploradores continuarão sua luta os povos oprimidos, mais cedo ou mais tarde. (APLAUSOS).
Os governos traidores devem ter medo disso; os governos da América Latina devem ter medo disso, de juntar-se e manobrar junto do imperialismo contra nossa pátria; devem ter medo disso, porque a história os condena. E talvez, se seu imenso desespero contra a Revolução Cubana é por causa disso, de que estão condenados pela história, e que os povos que hoje oprimem, mais cedo ou mais tarde lhes exigirão responsabilidades.
Hoje nós temos estas armas que não tínhamos quando lutávamos nas montanhas; hoje temos essas armas modernas. Mas por que as temos? Porque quando acabou nossa luta contra a camarilha exploradora que aqui em nosso país se servia das forças armadas, organizadas e equipadas pelo imperialismo ianque, quando findou aquela luta, começou uma outra, mais dura, mais difícil e mais longa: a luta do nosso povo contra o imperialismo ianque, a luta do nosso povo contra as manobras, os exércitos mercenários e os planos agressivos do imperialismo ianque.
Sem imperialismo ianque não precisaríamos de nenhum desses tanques, nós não necessitaríamos nenhum desses canhões nem desses aviões, nem de soldados; sem o apoio do imperialismo ianque não se atreveriam sequer a movimentar apenas um dedo os antigos exploradores, esses antigos exploradores que se atrevem a conspirarem, que organizam atos contra-revolucionários, sabotagens, queimas de cana e outros vandalismos, se se atrevem a desafiar a formidável e absolutamente majoritária parte revolucionária do povo, se se atrevem a desafiar a opinião nacional, se se atrevem a desafiar o povo, é única e exclusivamente pelo apoio e o alento que recebem do imperialismo ianque.
Contudo, nós somos um exemplo de como o imperialismo ianque não apenas esbanja mais de meia centena de milhares de milhões que sai do suor e do esforço do povo norte-americano, mas que obriga gastar ao resto dos povos. Nós somos um exemplo disso. Aquilo que nos obrigam a gastar em exércitos, o que nos obrigam a gastar em armas, o que nos obrigam a tirar de outros serviços; isto é, que se a Revolução não tivesse que realizar essas despesas, então seriam ainda muito maiores os serviços destinados a satisfazer as necessidades do povo e os recursos destinados ao desenvolvimento de nossa economia.
Se a Revolução, apesar de tudo isso, tem podido ampliar extraordinariamente os benefícios desses serviços, se a Revolução, apesar de tudo isso, tem podido avançar tanto, tem podido desenvolver tão rapidamente os recursos da nação, tem podido atender infinitas necessidades do povo, o quê teria acontecido se os imperialistas não nos obrigassem a gastar os recursos que temos que gastar na defesa da nação?
Por isso, nós se bem que saudamos nossas armas, se bem que as enxergamos com júbilo, estamos cientes de que os que nos obrigam a ter esses exércitos em pé e esses equipamentos de guerra prejudicam nosso país, da mesma maneira que o fazem praticamente com o mundo inteiro.
Não gostamos das guerras, não desejamos sequer ter que treinar com essas armas, ter que usá-las. Oxalá não tenhamos que usá-las, oxalá não tenhamos que usá-las de novo, como em Praia Girón, mas será com muita mais eficácia, com muito maior volume de fogo (APLAUSOS), com muito maior treino!
Porque o povo tem podido observar hoje como tem avançado em disciplina, como tem avançado em instrução nossa Força Armada Revolucionária; nosso povo tem podido reparar que é uma força incomparavelmente superior à que tínhamos quando Praia Girón, e que essa força que passou por aí, é apenas uma parte pequena da força com que contamos para combater! (APLAUSOS), da força com que contamos para lutar contra qualquer agressor! Força que está conduzida, aliás, por homens revolucionários, que está conduzida, por homens que sabem o valor e a importância da causa que defendem; forças que estão prontas para combater o inimigo em qualquer momento.
Vamos combater o inimigo com ferocidade, vamo-lo combater com decisão talvez não imaginada por eles (APLAUSOS); e além disso vamos exterminar o inimigo, qualquer inimigo, qualquer inimigo que desembarque em nossas costas!
E depois não digam, depois não peçam clemência; devem ir refletindo desde agora, porque já o truque de estar organizando invasões e salvar a pele acabou. (APLAUSOS). Depois que não digam que somos duros, depois não digam que somos cruéis, depois que não façam campanhas contra as medidas que o povo adote, porque cruéis são os poderosos imperialistas que, valendo-se de seu poder e de seus recursos, querem esmagar nossa pequena nação, querem destruir o trabalho que um povo de 6 milhões, de 7 milhões de habitantes, está realizando nesta ilha; cruéis são eles, criminosos são eles, e tiveram tempo para refletir, tiveram tempo para pensar, e se não o tiveram, devem pensá-lo muito bem! Se ainda não refletiram, que estas palavras sirvam de reflexão e de advertência para nossos inimigos, sirvam de explicação para nossos amigos, sirvam de explicação para os povos da América.
Porque se Bolívar… (APLAUSOS) decretou uma lei, em virtude da qual todos os soldados colonialistas que empunharam as armas contra a independência da Venezuela estavam condenados a ser passados pelas armas, o que se chamou de “Decreto de Guerra a Morte”, saibam que a história se vai repetir se nosso país for invadido mais uma vez! (APLAUSOS.) E saiba-se, saiba-se!, que esse “Decreto de Guerra a Morte” contra invasores, é a lei em nossa pátria.
Porque se os libertadores da América do Sul, se o grande libertador Simón Bolívar foi obrigado a adotar tão severas medidas contra uma potência como a Espanha, localizada do outro lado do Atlântico, se foi obrigado a tomar tão drásticas medidas contra os inimigos de sua pátria, mas inimigos que eram muito mais fracos que o imperialismo ianque, inimigos que estavam a muitos milhares de quilômetros das costas da Venezuela, nós, que temos um inimigo muito mais poderoso do que a Espanha daquela altura, com armas muito mais mortíferas que as que tinha a Espanha daquela época, com infinitos recursos econômicos e materiais mais do que a Espanha daquele momento; um inimigo que inclusive tem indústrias de morte; indústrias que fabricam produtos para realizar sabotagens —e o povo tem assistido na televisão, esses engenhos que trouxeram aqui elementos infiltrados pela Agência Central de Inteligência—, aparelhagens para descarrilar comboios, para afundar navios, para matar pessoas sem distinção de homens, mulheres e crianças… Nosso povo, que viu esses engenhos, pode compreender a maneira em que os monopolistas fazem negócio inclusive, e converteram em uma indústria a produção dos mais refinados equipamentos para destruir e para matar…
E nós —que temos um inimigo tão próximo, tão poderoso, tão agressivo, tão insolente, tão irreflexo, organizando agressões com mercenários, organizando agressões com governos fantoches, organizando todo o tipo de ações injustificadas contra nosso país—, consideramo-nos com tanto ou mais direito do que tiveram os libertadores da América, do que considerou ter o grande Simón Bolívar, para tomar também medidas devastadoras contra os inimigos de nossa pátria (APLAUSOS).
O quê importa que dom o dona Rómulo fale… (RISOS) e seja hoje um dos cúmplices principais do imperialismo? Se Bolívar estivesse vivo, com certeza, o senhor Rómulo teria sido justiçado por trair o povo da Venezuela (APLAUSOS).
E juntaram-se os dois fantoches, os dois farsantes: o farsante de Rómulo Betancourt e o farsante —esse tipo bilioso— de Lleras Camargo. Dois povos libertados por Bolívar! Se Bolívar estivesse vivo, teria justiçado esses assassinos de operários, esses assassinos de camponeses, esses assassinos de estudantes, esses servidores miseráveis do imperialismo, porém servidores cada vez mais desprestigiados. Ou então, vejam a situação do Governo da Venezuela: já não estão com eles nem os mesmos que os levaram ao poder; já não estão com esse Governo mais do que os piores reacionários da Venezuela, porque a política traiçoeira, anti-latino-americana, anti-venezuelana, e anti-cubana desses governos, os levou ao abandono total das massas, e não só das massas mas dos seus próprios seguidores. Porque primeiro, do partido oficial, separou-se toda a juventude, separou-se o mais limpo e o mais revolucionário das duras lutas contra a tirania de Pérez Jiménez; e agora, outra parte importantíssima, praticamente majoritária, de seu próprio partido, tem-se afastado do Governo.
E assim, vão ficando cada vez mais isolados, assim vão ficando cada vez mais sozinhos, os monopólios ianques e os servidores dos monopólios ianques.
Esses são os que promovem reuniões contra Cuba, esses são os que secundam os planes do imperialismo. Ora bom: saibam estas advertências. Se acreditam que podem organizar exércitos mercenários ou regulares contra nós, saibam que nem um só, nem um só dos que desembarque em nossa ilha, vai sair vivo dessa aventura! (APLAUSOS.)
Nossa política não é uma política de agressão contra ninguém, nossa política não é uma política de intervenção nos assuntos de outros povos. É claro que uma outra coisa é o que significa o exemplo de Cuba; outra coisa é a lição que Cuba lhe deu aos povos. Temos fé nos povos, sabemos que só os próprios povos podem fazer as revoluções. Qual povo teria podido vir cá fazer a Revolução por nós? Sabemos que a Revolução é obra do povo, e nós temos uma fé ilimitada nos povos.
Sabemos que são os povos os que irão ajustar contas, ao fim e ao cabo; nós sabemos que esta é uma hora, na América, de grandes definições; sabemos que há governos sem sequer uma pitada de dignidade, sem uma pitada de honra nacional, que se prestaram às manobras e às agressões do imperialismo.
Mas também sabemos que há governos, e governos certamente, de países absolutamente majoritários no relativo a sua população, e infinitamente majoritários no relativo ao prestígio; países que, em seu conjunto, perante a meia dúzia ou a dúzia e tal de governichos fantoches, de governichos desmoralizados e desprestigiados, de governichos ridículos que não merecem sequer chamar-se governos, porque não contam com ninguém como não seja o punhado de mercenários, a ralé e os exploradores monopolistas e a minoria que usufrui os recursos desses países; perante esses governichos sem dignidade e sem vergonha, estão outros governos da América, representantes da população mais numerosa, governos que sabem honrar a dignidade nacional, governos que não têm que pensar necessariamente igual do que nós, governos que representam formas sociais diferentes à nossa, mas que têm um conceito claro do que é a soberania e a independência nacional, têm um conceito definido do que é a honra nacional; são governos que se respeitam a si próprios, e aliás, governos que aspiram a fazer respeitar a bandeira da dignidade das nações que representam.
Esses governos que tiveram um claro sentido do momento histórico que vive o mundo, que tiveram um claro conceito da honra, a soberania e a independência nacional, não se deixaram arrastar pelas manobras do imperialismo, não se deixaram conduzir como rebanhos, não se submeteram às chantagens, não se dobraram perante o suborno ianque; alguns desses países, como o Brasil (APLAUSOS), têm uma situação econômica difícil, têm uma situação econômica difícil, tem um grande desnível em sua balança de câmbios, como conseqüência das manobras monopolistas dos ianques contra a economia desse país, contra seu café e contra os meios de vida do povo brasileiro. O imperialismo sabe dessa situação difícil, o imperialismo que manobrou ali para anular a política independente do Governo do Brasil, o imperialismo, que sabe disso, que sabe dessa situação difícil, que dos créditos de que falou não se viu nada; que os créditos que ofereceu ao Brasil não aparecem por parte alguma; o imperialismo, que sabe dessa situação, e que retarda os créditos oferecidos ao Brasil, com uma política de chantagem, com uma política de estrangulamento não conseguiu, não obstante, obter que o Governo do Brasil abandone sua firme posição independente de respeito a sua dignidade, a sua soberania e a sua livre determinação (APLAUSOS), apesar da difícil situação econômica em que se encontra esse país.
Uma posição especialmente admirável, extraordinariamente firme —portanto, merece o reconhecimento e o agradecimento d nosso povo— é a política mantida pelo irmão país mexicano, pelo Governo mexicano (APLAUSOS); política condigna com a tradição mexicana, a tradição desse grande povo, que tanto sofreu por causa das intervenções estrangeiras; esse povo cujos antecessores indígenas lutaram heroicamente contra os conquistadores europeus; esse povo, que viu arrebatada uma porção considerável de seu território pelos agressores ianques; esse povo, que no século passado também sofreu a intervenção de outros países europeus, as vaidades de monarcas europeus de estabelecer impérios e de estabelecer reinos neste continente; esse povo, que neste próprio século viu, mais de uma vez, esmagado seu território pela infantaria da marinha ianque. O Governo desse povo irmão soube manter, e mantém firmemente uma atitude condigna; mas no caso do México também eles se encontram com a questão também de que sua situação econômica é uma das melhores atualmente na América Latina.
Não empregaram a chantagem, não obstante, fizeram uso de ameaças veladas, têm estado ameaçando, e de fato levaram a cabo medidas de agressão econômica contra o turismo, e estiveram realizando campanhas difamatórias contra o México e contra seu governo. É indiscutível que não conhecem o sentido da honra e da dignidade dos mexicanos; é indiscutível que os imperialistas, torpes, e estúpidos como são, desconhecem a grande sensibilidade nacional do povo mexicano.
México é um exemplo de como devem ser as relações entre os povos; México é um vizinho de Cuba, igual do que os ianques, todavia, o povo de Cuba não teve problemas com o Governo mexicano; o povo de Cuba aplaude aqui o povo, à nação e ao governo mexicanos (APLAUSOS PROLONGADOS), porque do México não vieram intervenções, do México não vieram agressões, no México não são organizados grupos de destruidores, do México não procedem armas nem explosivos para matar e para destruir, do México não procedem manobras contra nosso país; e o México é um país grande, um país de quase 35 milhões de habitantes, várias vezes maior do que o nosso em superfície e em população; não obstante, não tivemos problemas com o México nem o México teve problemas conosco. O México é para nós um exemplo de como podem ser as relações de Cuba com o resto dos povos da América Latina (APLAUSOS), com uma só condição: que se respeite nossa soberania, que não se interfira em nossos assuntos internos, que não se organizem expedições de mercenários, que não se organizem campanhas de sabotagem.
Mas, se Cuba teve problemas, não foi por culpa de Cuba, foi por culpa dos que incessantemente, desde o triunfo do povo, começaram a organizar expedições, dedicaram-se a preparar agressões econômicas, políticas, militares, e de todo o tipo! E agora, o que é dizem?, que nos atacam porque dissemos que somos socialistas, porque dissemos que somos marxista-leninistas? (APLAUSOS PROLONGADOS.) Não obstante, o governo declarou que a Revolução era socialista, precisamente no dia seguinte do bombardeamento sobre nossas bases aéreas, nas vésperas da invasão dos mercenários; e quando preparavam esses aviões. E quando os enviaram com a ordem de nos atacar, existia alguma declaração oficial de que a Revolução era socialista? E quando um ano antes começaram a recrutar os mercenários, já no primeiro ano da Revolução, quando a Revolução não era ainda uma revolução socialista, mas uma revolução nacional libertadora, quando a Revolução cumpria as primeiras etapas deste processo; isto é, a luta pela independência nacional, a luta pela recuperação das riquezas nacionais, a luta por um regime de liberdades para nosso povo, quando ainda não tinha avançado para novas etapas, qual era o pretexto?
Se a invasão de Girón foi organizada um ano antes, praticamente da primeira declaração oficial sobre a natureza socialista da Revolução. O que pretexto tinham então?
Isso demonstra que os imperialistas não atacam à Revolução por ser socialista ou por ser marxista-leninista; mas que a atacaram inclusive (APLAUSOS)… organizaram as agressões e os ataques, quando a Revolução ainda não tinha avançado para novas metas, mas que estava dedicada às tarefas de libertação nacional, à Reforma Agrária, à recuperação das nossas riquezas e à reafirmação da soberania nacional.
Quando os imperialistas começaram a organizar a expedição de Girón, ainda nem sequer tínhamos relações com a União Soviética, nem com outros países socialistas (APLAUSOS); contudo, já eles estavam organizando as agressões contra nós; e a Revolução naquela época não era ainda socialista, porque os processos não se podem saltar, os processos são um fenômeno de desenvolvimento social, político e econômico.
O processo revolucionário de Cuba começou com as etapas de libertação nacional, começou desenvolvendo uma série de medidas correspondentes a aquela etapa; a Revolução continuou para novas etapas, depois de ter cumprido as primeiras. A Revolução entra na etapa da construção do socialismo, depois de cumprir as tarefas de libertação nacional.
A Revolução entra na etapa do socialismo, quando já tinha condições de dar novos passos; a Revolução Cubana não se deteve, não tínhamos por quê deter-nos, nem queríamos. Não nos íamos conformar com uma revolução a médias (APLAUSOS). Os dirigentes revolucionários não íamos deter a história, nós não somos travões da história, mas, em qualquer caso, somos motores da história (APLAUSOS).
E os dirigentes da Revolução não estivemos nunca em disposição de ser travão, mas de ser impulsionadores da Revolução, impulsionadores do processo revolucionário; nem nós nem nosso povo queria deter-se, porque nosso povo não queria deter-se em um regime ou sistema de exploração; nosso povo não apenas quis conquistar sua soberania, sua independência, seus direitos sociais e democráticos, mas que quis conquistar, aliás, um sistema social mais justo, um sistema social de conformidade com a história; um sistema social capaz de satisfazer todas as necessidades de nosso povo e abrir vias de inusitado progresso a nossa nação. E por isso, depois de ter cumpridas as primeiras etapas, a Revolução chegou à segunda etapa.
Agora os imperialistas querem tomar isso como pretexto. Independentemente de que não nos importa, independentemente de que não nos arrependemos, mas que reafirmamos que esta Revolução é socialista e que somos marxista-leninistas! (APLAUSOS), independentemente disso, independentemente de que nós temos direito a adotar o regime econômico e social que achemos pertinente, porque se os imperialistas acham que têm o direito a seu imperialismo, com mil vezes mais razão nós achamos que temos o direito a nosso socialismo (APLAUSOS); e se os monopolistas acham que têm o direito a que um punhado de pessoas sejam donas de milhares de milhões de dólares em investimento, e que um punhado de monopolistas, ou seja Rockefeller, Morgan, ou como se chamar qualquer sujeito dessa fauna (EXCLAMAÇÕES); chame-se como se chamar qualquer um deles, nós consideramos que é muito mais justo, que esses bens pertençam a toda a sociedade. Consideramos que antes de que um senhor tenha uma refinaria ou uma usina de açúcar que tenha um valor de 10 milhões, é mil vezes mais justo que essa usina de açúcar seja não de uma pessoa, porque essa pessoa não é quem a administra nem a faz produzir, mas que seja de todo o povo (APLAUSOS).
Independentemente de que ser socialista é um direito nosso, eles começaram a organizar suas invasões contra a Revolução, quando ainda a Revolução não tinha chegado à etapa da construção do socialismo. Então, eles ficavam desmascarados por suas próprias ações. Isso demonstra toda a mentira, isso demonstra que o imperialismo não se resigna nem sequer à luta dos povos pela recuperação de suas riquezas; e por isso o imperialismo não nos deixou de fustigar.
Mas isso não foi o que fez o México. O México não é um país imperialista, o México não era dono das nossas terras, nem das nossas usinas de açúcar.
Com quem tivemos problemas? Com os imperialistas ianques! Nós não tivemos problemas com nenhum outro povo; não com os povos, porque não tivemos problemas com o povo norte-americano. Mas tivemos problemas com alguns governos da América, não tem sido com esses governos, tem sido com os monopólios, que são os que administram como fantoches e como bonecos esses governos. Isto é, tivemos problemas com os governos que estão entregados incondicionalmente aos monopólios ianques; essa é a história de todo este processo; é a história que sabe nosso povo e é a história que sabe a América.
Mas nós temos demonstrado que com aqueles governos que mantiveram uma atitude de respeito para com nossa soberania e nossa independência, independentemente do regime econômico e social existente nesses países, mantivemos relações de amizade com eles; porque eles respeitaram nosso país. E isso demonstra que essas poderiam ser as relações com qualquer povo da América Latina.
Não obstante, os imperialistas não querem isso, querem que sejam cortadas essas relações, fizeram todo o tipo de pressões e fazem e tentam fazer fortes pressões sobre aqueles governos que não estão dispostos a deixar-se arrastar como rebanho. E a conseqüência tem sido que um grupo de governos mantêm sua postura perante as agressões do imperialismo. Esses governos estão muito conscientes da importância de defender a soberania de qualquer país. Por que? Porque hoje o imperialismo move seus fantoches contra nós, move os Stroessner, move os Somoza, move os Balaguer, move os Idígoras, move os Lleras Camargo, os Prado (EXCLAMAÇÕES DE: “Fora!”), os Betancourt; ou seja, move o mais desprestigiado, o mais reacionário da América.
Hoje o move contra a Revolução e amanhã o quererá mover contra o México, o quererá mover contra o Brasil, o quererá mover contra o Equador, o quererá mover contra o Chile, o quererá mover contra o Uruguai, o quererá mover contra a Bolívia; isto é, quererá mover depois contra qualquer povo. O imperialismo o que quer é semear o precedente, o que quer é que outros povos sejam cúmplices de suas agressões contra Cuba, o que querem é obter acordos contra nós, e depois de organizar as agressões para que outros governos da América sejam cúmplices de sua sangria, sejam cúmplices dos seus cobardes ataques a nosso povo.
Mas há governos que se mantiveram firmes e isso demonstra que os povos da América deixaram de ser rebanho; demonstra que nem todos os governos da América se deixam levar como rebanho, não se lhes pode pôr argola a todos os governos da América.
Essa é a lição que estão recebendo os imperialistas, e se não lhes bastasse para dar-se conta de que o colonialismo e o imperialismo estão desaparecendo rápida e progressivamente da face da Terra; se os imperialistas não se acabam de convencer das lições objetivas da história; da luta de libertação na Ásia, na África e na Oceania, faltava-lhes a América, visto que na América há também luta de libertação, que para honra de nossa pátria começou precisamente por Cuba (APLAUSOS PROLONGADOS).
Os imperialistas o que estão conseguindo é precisamente acelerar esse processo de libertação, porque a agressão contra nossa pátria não é um problema fácil nem muito menos. Tem muitos obstáculos que vencer. Em primeiro lugar nós aqui, que somos importantes, e muito importantes quando se trata de defender nossa pátria e nossa Revolução (APLAUSOS); mas além disso, os povos da América não vão ficar com os braços cruzados. Quando o primeiro infante de marinha ianque colocar suas “patas” aqui (EXCLAMAÇÕES), com certeza os povos da América não vão ficar tranqüilos. Porque os povos da América sabem que vamos resistir, que vamos combater resolutamente, que todos esses canhões que passaram por aí, e muitos mais, vão disparar contra qualquer inimigo que desembarcar. (APLAUSOS).
Além disso, os imperialistas não podem desafiar impunemente a solidariedade de todo o mundo; porque na realidade os tempos em que os imperialistas atuavam como piratas, impunes, já passaram, e os piratas internacionais têm cada dia mais amarradas as mãos, os povos têm cada dia mais força e mais possibilidades de amarrar os piratas internacionais. Os piratas rugem, os piratas gritam, os piratas se irritam e, logicamente, quantas manobras se lhes dá a realizar, realizam-nas, quantas perturbações se lhes dá a provocar, provocam-nas, e se os deixarem, se não se lhes resiste firmemente, se não resistimos nós firmemente, se não resistem os povos da América Latina firmemente, continuariam fazendo malfeitorias. Daí a importância de resistir, daí a importância de mobilizar-se, de nos mobilizar e de que os povos da América Latina se mobilizem, porque sem resistência, sem mobilização de parte dos latino-americanos, então a solidariedade mundial não teria uma base sobre a qual facilitar-nos a ajuda e lutar por nós.
Por isso, os primeiros em lutar devemos ser nós, e o que deve fazer nosso povo é mobilizar-se, primeiro do que ninguém, e o que devem fazer nossos irmãos da América Latina é mobilizar-se contra qualquer eventualidade.
Os imperialistas não conhecem, ou fazem com que não conhecem a história. Problema deles! Se forem teimosos, e forem testas-de-ferro, problema deles! Os povos devem mobilizar-se, porque enquanto mais estupidamente agirem, mais se acelerará a hora da libertação na América Latina (APLAUSOS PROLONGADOS).
E agora que eles preparam sua manobra, que estão preparando o cenário para levar a cabo a farsa dos fantoches, devemos mobilizar-nos! Em primeiro lugar nós. Bom, nesse dia… quê dia será a reunião de chanceleres? No dia 22? Muito bem, no dia 22 vamo-nos reunir também aqui, na praça da Revolução (APLAUSOS PROLONGADOS). No dia 22 vamos convocar à Segunda Assembléia Geral Nacional do Povo de Cuba! (APLAUSOS), e vamos proclamar a Segunda Declaração de Havana! (APLAUSOS). Todo o povo, não será apenas o povo de Havana, virão de outras províncias, todos os que possam vir, e vai ser mais gigantesco ato da Revolução, do povo (APLAUSOS), para lançar ao mundo a Segunda Declaração de Havana, e para mostrar aos imperialistas nossa disposição de lutar, e para demonstrar aos títeres o que é um povo revolucionário, o que é um povo livre, o que é um povo heróico! (APLAUSOS).
O povo de Cuba, a Revolução Cubana, é capaz de reunir, ela sozinha, num dia, mais população do que reúnem os 13 satélites que têm os imperialistas aqui (RISOS). Se Rómulo, Lleras Camargo, Prado, Idígoras, Somoza, Stroessner, Balaguer, se todos eles, juntassem a quantidade de pessoas que cada um de eles é capaz de reunir ao redor de sua política, se todos eles juntassem a todas as pessoas que podem reunir, não chegaria à metade do que a Revolução Cubana é capaz de reunir em apenas um dia (APLAUSOS).
E isso, isso é um argumento, um argumento irrebatível, um argumento irrebatível em todo o mundo, porque quem pode dar melhor o veredicto e quem pode ser melhor juiz que o próprio povo? Isto é: cada um deles é capaz de reunir uma multidão deste tamanho quando se trata de burlar-se e quando se trata de protestar (RISOS). Não por acaso na Venezuela estão suspendidas as garantias constitucionais e estão suspendidos todos os direitos de reunião! Porque o dia em que o povo da Venezuela se possa reunir para condenar a política traiçoeira de Betancourt, reunir-se-á mais população do que a reunida aqui ou, pelo menos, tanto quanto esta.
O que quero dizer, é como são as coisas, são exatamente assim: não tem povo.
Por isso, quando eles se reúnem em Ponta do Leste, os fantoches, para condenar o povo de Cuba, o povo de Cuba reúne-se aqui, para dizer-lhes: “não fiquem com ilusões, não se enganem, pensem; não acreditem que vão vir a realizar aqui uma matança impune, não pensem que a época da pirataria existe ainda no mundo, não pensem que o povo de Cuba se acobarda, não pensem que o povo de Cuba vai-se deter” (APLAUSOS).
E por isso, o mesmo dia que os títeres se reúnam lá em seus conciliábulos, os
13 ou os 14… eles estão loucos por conseguir o voto 14, e estão envidando todos os esforços, mas não nos importamos com a questão de mais votos ou menos votos. Nós sabemos que os governos de mais prestígio e os governos que representam à maioria da população da América Latina estão firmes; votos mais ou votos menos, não nos importam, porque, o quê ganham os imperialistas, conseguindo o voto? Pior para eles, porque talvez continuem por esse caminho errado, que os levará a novos fracassos! Pior para os fantoches, problema deles, eles serão cúmplices perante a história!, porque, não acreditem os fantoches que vão ficar impunes os que organizem invasões, porque algum dia os povos pedir-lhes-ão contas, quando o mundo tenha cumprido sua etapa! Porque o mundo marcha para sua libertação, cada vez são mais povos os que se libertam, algum dia serão inclusive os Estados Unidos. E quando todo o mundo se tenha libertado, aonde irão parar os fantoches? Aonde fugirão os fantoches? Em que lugar ir-se-ão esconder da ira popular? (APLAUSOS.) Porque, chegará a hora em que os fantoches, os vende-pátrias, não terão para onde ir.
Hoje um Singman Rhee qualquer corre e refugia-se nos Estados Unidos, um Batista, um Pérez Jiménez (VAIAS), qualquer desses, têm aonde refugiar-se. Chegará a hora em que os traidores não terão onde refugiar-se, chegará a hora em que os traidores terão que prestar contas aos povos!
Se acreditam que temos motivo para nos intimidar, estão muito enganados, porque nós pensamos que os que têm motivo, com certeza, para intimidar-se perante a marcha da história são eles. Eles têm que agrupar-se todos, reunir-se, para fazer manobras contra Cuba, e Cuba não perde nem a calma, nem treme, nosso povo não perde nem sequer o sorriso, porque nós, nosso povo, está tão consciente de sua razão, está tão consciente de seu direito, que com um sorriso nos lábios espera os invasores, e com um sorriso nos lábios também os extermina! (APLAUSOS.)
Eles são os que devem ter motivo para estar intimidados, porque a roda esmagadora da história marcha sobre eles, e nós marchamos encima do carro da história! Como um desses tanques que avançava por aí, como um desses tanques é a história! E sobre o carro da história marcha a Revolução Cubana, e sob o carro da história ficará esmagado o imperialismo, o colonialismo, e a reação em todo o mundo (APLAUSOS PROLONGADOS).
Enquanto isso, continuaremos nossa tarefa. Razões mais do que suficientes para nos sentirmos otimistas. São muitos os sucessos alcançados nestes três anos, são muitos os frutos da Revolução. Temos presente neste mesmo ano, de tantas agressões, neste mesmo ano da vitória contra o imperialismo em Girón, também foi o ano da vitória contra esse irmão gêmeo do imperialismo que é o analfabetismo (APLAUSOS). Realizamos essa grande tarefa com o esforço de todo o povo, sobretudo com o esforço da nossa juventude, que com tanto entusiasmo se dedicou a essa batalha.
Já foi liquidado o analfabetismo, em apenas um ano. Agora continuaremos pelos caminhos da cultura, do desenvolvimento máximo da cultura. Dentro de alguns dias estarão estudando aqui, 50 000 desses brigadistas, bolseiros do Governo Revolucionário (APLAUSOS). Dentro de alguns anos, começarão a aparecer dezenas de milhares de técnicos, e algum dia contar-se-ão com centenas de milhares de técnicos universitários e de todos os níveis, e isso augura um futuro muito bom, um futuro incalculável para nosso país, porque nós estamos muito conscientes de que o triunfo da Revolução significou o direito ao futuro, significou, fundamentalmente, mais do que esse direito e essa oportunidade que os povos tanto anseiam.
Não podíamos receber muito, porque o passado não nos deixou mais do que miséria, subdesenvolvimento, ignorância; o passado nos deixou todo o tipo de males, mas nós temos conquistado o direito a começar a fazer, e o futuro nos pertence por inteiro. Para esse futuro estamos trabalhando, para esse futuro nos estamos organizando, por esse futuro estamos planejando, por esse futuro estamos preparando legiões e legiões de técnicos, que serão a garantia do futuro do nosso país.
A Revolução tem significado esse direito; oportunidade que saberemos defender e oportunidade que saberemos aproveitar, com um povo cada vez mais preparado, com um povo cada vez mais consciente, com um povo cada vez mais organizado, com um povo que cada vez compreende melhor.
O nome deste ano é Ano da Planificação. Por que? Porque já começamos o desenvolvimento planejado de nossa economia (APLAUSOS). Isso significará que o avanço será mais rápido, que o avanço será mais seguro, que aproveitaremos ao máximo nossos recursos, que os erros que cometeremos serão mínimos; isso significa que a Revolução ganhou extraordinariamente, que já é capaz de desenvolver sua economia com planificação.
O povo sabe o que isso significa, sabe que nossa economia será desenvolvida sem problemas, que será desenvolvida sem crise; que cada vez haverá mais emprego, que cada vez teremos mais meios de produção, que cada vez teremos mais riquezas, que cada vez teremos mais produção. E a maior produção, maior nível de vida, porque o que vamos produzir no futuro não será para os vermes, não será para a ralé, não será para os imperialistas, será para nós (APLAUSOS); porque os técnicos, os técnicos que estamos preparando, não se estão preparando para os monopólios, não se estarão preparando para servir os interesses privados, mas para servir a todo o povo; as fábricas que estamos edificando, o monte de fábricas que serão edificadas em nossa pátria, serão fábricas de todo o povo, fruto da poupança do povo, fruto do trabalho do povo, para elevar a capacidade produtiva do povo, para elevar o total de bens que nosso povo desfrutará no futuro.
Sabemos que hoje ainda não temos resolvidos todos nossos problemas; sabemos que nos faltam muitas coisas; sabemos que nos faltam ainda produtos, que nos faltam bens, que nos faltam casas; faltam-nos hospitais, faltam-nos estradas, faltam-nos muitas coisas. Contudo, temos a grande satisfação, a grande tranqüilidade de saber que tudo isso o estamos fazendo, que já não depende de intervencionistas ianques, que já não depende de monopólios, que já não depende de ricaços, mas que depende de nós, do nosso trabalho, do nosso esforço (APLAUSOS); e se compreendemos isso, se compreendemos isso, a conclusão é que temos que esforçar-nos, temos que dedicar-nos a trabalhar febrilmente para o futuro.
Nesses três anos aprendemos muito. Aprendemos que um povo pode tudo; aprendemos que um povo é capaz de vencer todos os obstáculos; que um povo é capaz de enfrentar poderosos inimigos; que um povo é capaz de enfrentar todos os sacrifícios que forem necessários; que um povo, quando chega sua hora, quando chega sua oportunidade, a sabe aproveitar.
Saibamos aproveitar esta grande oportunidade, esta grande oportunidade que almejaram nossos antepassados em suas lutas pela independência, esta grande oportunidade que almejaram tantos lutadores do povo, esta grande oportunidade que custou tanto sacrifício, tanto mártir, tanto combatente morto lutando contra a opressão e a tirania, lutando nas montanhas, lutando na defesa das nossas costas! Saibamos aproveitar esta oportunidade!
E por isso, com este ano que se inicia, este quarto ano da Revolução, depois de três anos de sucessos, depois de três anos de experiência, o que nós próprios devemos dizer-nos, o que devemos propor-nos cada um de nós é: aproveitar esta oportunidade, envidar esforços, estar cada dia mais cientes de que o futuro deve ser construído pelo próprio povo, que o porvir tem que ser obra do povo; obra de todos vocês, homens e mulheres, obra de todos vocês, jovens (APLAUSOS).
Quem nos dará o futuro? Nós próprios! Quem garantirá um futuro feliz para nossa pátria? Nós próprios e só nós! ninguém o virá fazer, não terá que depender de alguém, mas de nós; temos a oportunidade e temos tudo o necessário.
Por isso, são importantes três questões neste ano: a primeira, a defesa da pátria perante os planos dos inimigos (APLAUSOS); a segunda, a organização, a formação de consciência revolucionária (APLAUSOS). E sobre isso, sobre isso, não se pode dizer que lugar ocuparão se primeiro ou segundo lugar: Todas essas questões ocupam o primeiro lugar aqui, porque a consciência é imprescindível se quisermos cumprir todas nossas tarefas! Sem consciência revolucionária sempre presente, não seria invencível a defesa da pátria; e sem consciência revolucionaria, não poderíamos cumprir a outra tarefa, a tarefa de planejar, a tarefa de desenvolver nossa economia (APLAUSOS).
Aí estão as três questões: fortalecer a consciência, a defesa e a economia.
A consciência, para inspirar a conduta do nosso pessoal; a defesa, para conservar a oportunidade e o direito a construir o porvir; e a economia, porque a economia será a base do nosso futuro (APLAUSOS).
Por isso, ao começarmos este quarto aniversário, sublinhamos esses deveres. A grande massa que se tem reunido hoje aqui demonstra que avançamos; demonstra que a força da Revolução tem crescido, porque cada ano são mais os que se reúnem, porque cada ano há mais consciência, mais convicção; cada ano são mais e mais os que empunham em suas mãos a bandeira da Revolução e a bandeira da pátria (APLAUSOS); cada ano são mais e mais os que se levantam, os que se juntam ao trabalho, os que honram a memória dos mortos, os que fazem possível o fruto do sacrifício de todos nossos mártires; cada ano são mais e mais os que se juntam ao exército do dever, os que se juntam à honra e à glória da nação; cada ano são mais e mais os que marcham com a história, os que marcham junto do resto da humanidade por um futuro melhor para todos.
E os cubanos saberemos cumprir nossa parte; os cubanos saberemos cumprir nosso dever; os cubanos saberemos reciprocar a simpatia e a solidariedade do resto dos povos do mundo. E poderemos afirmar hoje a nossos visitantes: Os cubanos não lhe iremos falhar!; a Revolução Cubana será cada vez mais firme!; a Revolução Cubana continuará avançando vitoriosamente! (APLAUSOS.)
Viva a solidariedade de todos os povos do mundo! (APLAUSOS.)
Viva a luta dos povos contra o colonialismo, contra o imperialismo! (APLAUSOS.)
Viva a marcha dos povos rumo à liberdade, rumo a um futuro melhor! (APLAUSOS.)
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)