DISCURSO PRONUNCIADO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO RUZ NO ATO DE GRADUAÇÃO DE 250 MÉDICOS, CELEBRADO NO TEATRO DA CTC REVOLUCIONÁRIA, EM 10 DE SETEMBRO DE 1964
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Companheiros graduados;
Companheiros estudantes:
Com este simples e empolgante ato celebramos a graduação de 250 novos médicos, e o significado desta nova promoção de médicos é grande para a Revolução, porque mostra um caminho, indica uma marcha — embora não isenta de dificuldades — vitoriosa, para frente. Duzentos e cinquenta médicos novos significam muito para o povo, porque são 250 médicos para o povo.
Antigamente, uma graduação significava muito para o estudante, para o graduado, para seus familiares, e podia significar muito ou podia significar nada para o povo. Nas condições em que se formava a juventude noutros tempos, não por culpa deles, mas sim, em virtude das condições que rodeavam sua vida, outros eram talvez os sentimentos, as aspirações, os pensamentos, em um dia como hoje; se vinculava todo seu esforço, tendo em vista um futuro estritamente pessoal. E hoje todo esse esforço se vincula tendo em vista o futuro da nação, do povo.
E eu penso que — sem dúvida de nenhuma classe — o entusiasmo, o sentido humano que anima estes companheiros, tem que ser indiscutivelmente muito diferente.
Para o país todo é uma bela notícia mas, sobretudo, para aquela parte do país para a qual o médico constituía muitas vezes algo impossível de atingir e em algumas ocasiões um personagem nunca visto, esta graduação é ainda uma importante notícia. E por isso pensamos que era muito justa e muito natural essa carta que, em nome dos camponeses, enviaram aos graduados de hoje, porque precisamente os camponeses são os primeiros que vão receber os benefícios dos conhecimentos que vocês têm adquirido.
É uma bela notícia para o Ministério da Saúde Pública, porque as necessidades sempre crescentes, as necessidades ainda não satisfeitas, poderão ser cobertas com a presença de vocês. E o fato de que a medicina rural se tenha estendido para dois anos alivia extraordinariamente essas necessidades, pois o número de graduados — que foi relativamente reduzido nestes primeiros anos, de acordo com o número de estudantes universitários que havia e de acordo com o número de ingressos na universidade — faz com que seja necessário distribuí-los de uma maneira não muito racional, e ao mesmo tempo poder cumprir certos propósitos em relação com a formação de determinadas especialidades.
Muitas vezes o médico novo que substitui outro médico em um hospital no campo, permite que esse médico possa vir a realizar determinados estudos. E com maior número de médicos, poderemos ir tendo cada vez um serviço mais completo em todas as ordens da medicina.
Como bem expressaram os companheiros em representação dos estudantes graduados e da Associação de Estudantes de Medicina, esta promoção tem uma série de características especiais. Foram os estudantes que ingressaram no ano 1956, cujos estudos foram interrompidos pelas atividades revolucionárias, nas quais tiveram tão extraordinária participação os estudantes, e o primeiro curso que, respondendo já a uma nova consciência, respondendo a novas mudanças, respondendo a novas realidades e em consonância com essas realidades, aparecem já como médicos para exercer a medicina social, a medicina pública. E isto tem um alto significado moral, pois é bem conhecido que nas novas condições econômicas do país, com os recursos maiores com que hoje contam as famílias, qualquer médico no exercício da medicina privada pode chegar a atingir uma remuneração maior da que há de receber nos serviços que preste na medicina pública, pois a remuneração deles responde às possibilidades econômicas atuais de nosso país.
A Revolução tem criado condições realmente muito favoráveis para o exercício desta humanitária profissão. Em realidade há notáveis mudanças nas circunstâncias que esperam ao graduado de medicina nos tempos atuais, tal como a todos os graduados universitários e tal como a todos os graduados dos institutos e escolas tecnológicas, não já com relação à medicina, ao graduado de medicina — que é um graduado de alto nível técnico —, mas também com relação aos graduados das escolas tecnológicas médias, dos institutos tecnológicos e ainda das escolas tecnológicas; a demanda de técnicos é muito superior ao número dos que se graduam.
Isso acontece praticamente com todas as esferas do conhecimento nestes tempos revolucionários, diferentemente das circunstâncias anteriores em que o problema mais sério para qualquer graduado universitário ou de um instituto ou escola tecnológica, começava — em geral — precisamente depois que terminava os estudos. A Revolução tem criado condições em virtude das quais qualquer conhecimento é solicitado imediatamente, toda capacidade é utilizada imediatamente. Essas são as condições que a Revolução cria em seu propósito de trabalhar para as massas, são as condições que a Revolução cria desde o momento em que se esforça pelo bem-estar, não de uma minoria, mas sim pelo bem-estar do país todo e de todos os cidadãos do país. Daí que nas condições da Revolução não se possam apresentar esses problemas de homens com capacidade subutilizada ou não utilizada no absoluto.
Isso ocorria em todas as profissões, e é bem conhecido o caso dos professores, que quando do triunfo da Revolução existiam uns 10 mil graduados sem emprego, quer dizer 10 mil professores sem emprego. Também as condições do passado criavam uma concentração dos médicos em determinadas zonas, sobretudo nas zonas urbanas, onde o número de profissionais universitários e de médicos era extraordinariamente alto.
Porque esses números que se dão de tantos médicos por habitante, têm um valor relativo: a divisão entre o número total de habitantes e o número total de médicos, mas na realidade acontece que em muitas regiões do país eram extraordinariamente inferiores. E assim acontece em muitos países da América Latina.
E atualmente se distribui o pessoal médico de acordo com as necessidades e se faz cada vez uma distribuição mais equitativa, e se pretende implementar essa política de oferecer todos os serviços, ainda os mais especializados, em todas as regiões do país.
Há alguns dados que têm mais eloquência que nenhuma argumentação, relativos aos grandes avanços que nosso país foi atingindo no campo do atendimento médico. Os companheiros do ministério confeccionaram alguns desses dados que vale a pena, em uma ocasião como esta, assinalar.
Em primeiro lugar, vocês todos conhecem os esforços que os inimigos de nossa Revolução fizeram, com o objetivo de privar-nos de médicos, de promover a saída de médicos do país; em muitas circunstâncias não era necessário nenhuma promoção, pois, tendo emigrado de maneira absolutamente voluntária do país determinados setores ricos, com eles partiram também — em algumas ocasiões, porque sempre houve honrosas exceções — os médicos que atendiam a essas classes. Mas noutros casos, era uma política deliberada tendente a privar-nos até dos médicos. Porque nossos inimigos não só tentaram privar o povo dos mais elementares meios de progresso e de vida, mas até, inclusive, de algo tão humano e que deveria ser tão sagrado, como é o trabalho de um médico.
Mas na medida em que se esforçavam por privar de médicos o país, a Revolução se esforçava para formar novos médicos. Assim, em 1958, o número de médicos graduados — isto não quer dizer o número de médicos trabalhando para o povo — era de 6.257 médicos. Em 1963, este número se tinha reduzido para 6.239 médicos; mas já em 1964 o número é de 6.500 médicos, quer dizer, que já estamos acima, em mais de 200 médicos, do número total de médicos que havia quando do triunfo da Revolução. Mas, sobretudo, o mais importante de tudo, é o fato de que destes 6.500 médicos temos 4.363 trabalhando no Ministério de Saúde Pública e 1.450 nas sociedades mutuais.
E, sobretudo, mais importante do que o número total de médicos, é a distribuição, pois um número considerável destes médicos presta serviços hoje em dia em regiões onde não existiam nem médicos nem hospitais. Tal é o caso do serviço médico rural, que é um dos mais valiosos, uma das mais valiosas criações de nossa medicina revolucionária, com 45 hospitais novos e mais de 100 dispensários.
Nós tivemos em alguma ocasião oportunidade de visitar alguns destes centros e somente vendo-os, somente visitando-os, se pode ter uma ideia cabal do que isso significa para as regiões onde estão situados, para a população dessas regiões e os extraordinários serviços que prestam e o que agradecem os camponeses esse serviço.
A formação dos médicos mudou radicalmente. De uma formação que era quase exclusivamente teórica a uma formação que inclui uma prática intensa unida aos conhecimentos teóricos.
Por exemplo: antes da Revolução, só 28 médicos por curso tinham direito ao internato; deles, uns 10 ou 12 podiam realizar a residência para uma especialização, os demais, uma parte considerável, emigrava do país, então por outras razões: simplesmente por não ter emprego em nosso país.
Havia no passado dois hospitais docentes, atualmente há 20 hospitais docentes no país todo. O internato é obrigatório durante um ano para todos os graduados; igualmente as oportunidades para realizar estudos especializados têm sido criadas em grau considerável.
Lançando mão dos números, temos neste instante mais de 350 médicos residentes estudando especializações; têm-se graduado já no ano 1963, 70 médicos, e neste ano se graduarão uns 80. Têm-se graduado desde o triunfo da Revolução 2.111 médicos; já passaram pela medicina rural 1.594 médicos.
Como exemplo do trabalho destes médicos, no ano passado, 1963, foram assistidos por eles um total de 1.946,049 pacientes, dos quais 960.548 foram adultos e 985.461 crianças. Entre os adultos havia 95.663 casos de mulheres grávidas e foram realizados 23.643 partos.
No passado, praticamente nem uma só destas pessoas recebia atendimento médico, nem uma só destas mães, nem uma só destas crianças nascidas ou por nascer.
O serviço médico rural serviu, ainda, para criar a vinculação entre o médico e o povo, o médico recém graduado, ao prestar seus serviços naquelas circunstâncias onde eles podiam adquirir uma consciência mais clara do valor e a importância de seu trabalho.
Os dados sobre os hospitais rurais já foram mencionados, 45 hospitais rurais, com um total de 1,2 mil leitos e uns 100 dispensários.
O número de leitos assistenciais era, em 1958, 21.780; em 1963, 39.701; e, como vocês sabem, há ampliações neste instante e, inclusive, alguns grandes hospitais, como o hospital "Lenin", que no primeiro trimestre do próximo ano começará já a funcionar.
E seria bom fazer algumas comparações entre a situação atual dos serviços médicos em Cuba e a situação no resto da América Latina, porque já nestes instantes se pode afirmar que Cuba está em primeiro lugar na América Latina quanto aos serviços médicos; não somente na educação, onde já temos atingido o primeiro lugar por uma amplíssima vantagem, na medicina já o temos conseguido com uma vantagem que se torna cada vez mais longa.
E é lógico que mostremos estas coisas com satisfação, pois esta Revolução não fala do que vamos fazer, mas esta Revolução fala do que tem feito (APLAUSOS).
Isso apesar da feroz hostilidade do imperialismo ianque, apesar da conjura de todas as forças reacionárias deste continente, que em vão esforço por impedir a marcha inevitável da história tentam enganar, ou ao menos afastar a hora da libertação para os povos sofridos e explorados, ao mesmo tempo em que tentam, por todos os meios, obstaculizar nosso caminho, formulam planos e promessas que não cumprirão jamais, porque nós sabemos — e temos direito a saber — qual é o único caminho de fazer, qual é o único caminho de marchar para a frente; difícil e duro caminho perante o cúmulo de forças retrógradas que tentam impedi-lo, mas o único caminho.
Falávamos aqui dos aumentos assistenciais em nossos hospitais, que virtualmente têm-se duplicado em quantidade, e possivelmente se tenham decuplicado em qualidade, porque estes números falam de quantidades, mas não podem falar de qualidades. E a diferença na qualidade dos serviços médicos de ontem a hoje praticamente não se pode recolher em números, porque a diferença que existe entre aqueles serviços miseráveis, humilhantes, muitas vezes concedidos como um favor, como uma esmola, aos serviços que hoje recebe qualquer cidadão em qualquer hospital do país é grande.
Mas já nós temos elevado o número de leitos para 5,5 por milhar de habitantes. Vejamos alguns dados comparativos de alguns países. Na Venezuela, 2,6 por milhar de habitantes; no Peru, 1,8; na Colômbia, 2,4; no Panamá, 2,3. Quer dizer, que temos já mais do dobro que quaisquer desses países.
Os números relativos ao número de médicos em cada 10 mil habitantes em muitos países da América Latina são impressionantes. Na Bolívia há 1,9 médicos por 10 mil habitantes; no Brasil 4; temos o Canadá com 11, logicamente; a Colômbia 4,3; Costa Rica 3,9; Chile 6,2; Equador 3,4; El Salvador 1,8; Estados Unidos 13,4; Guatemala 2,1; Honduras 2,1; Nicarágua 3,5; Panamá 3,8; Paraguai 5,3; Peru 4,7; República Dominicana 1,5; Venezuela 7. Em nosso país já neste momento o número de médicos é de cerca de 10 por 10 mil habitantes, nove e fração.
Naturalmente que quando aqui, na Bolívia, se diz 1,9, ninguém vai pensar que as massas indígenas que constituem a massa majoritária, a massa camponesa, têm essa média de 1,9; é possível que nalgumas destas regiões seja um em cada 50 mil. E assim por diante, porque isto é resultado da divisão do número total da população pelo número total de médicos. E isto pode dar uma ideia de como estão os serviços médicos no continente.
Número de médicos graduados por ano. Na Bolívia se graduam 24 por ano; no Chile se graduam 218; em El Salvador se graduam 26; na Guatemala 59; no Haiti 34; na Nicarágua 23; no Panamá 13; no Paraguai 51; no Peru 67; na República Dominicana 152; na Venezuela 255. Há alguns, como a Argentina, que graduam 281; e o Brasil, com uma população de 80 milhões de habitantes, forma 1.578.
Porém estes dados, tomados de um boletim informativo da Organização Pan-americana da Saúde, explicam o fato de que no total se graduam — porque há alguns países maiores, alguns como Brasil que é o único que ultrapassa os 1.000 médicos —, um total de 7 mil médicos; e aproximadamente um número igual de 7 mil médicos se gradua nos Estados Unidos.
E segundo diz este boletim informativo; em 1957 se graduaram em 88 escolas de medicina da América Latina 6.722 médicos. Para que o número de médicos chegasse nesta parte do hemisfério à proporção de 10 em 10 mil, esta cifra anual deveria aumentar duas vezes e meia. Mas, que acontece? Dos 7 mil que se graduam, uns 2 mil emigram para os Estados Unidos; e portanto os Estados Unidos graduam 7 mil médicos, mais 2 mil que recebe, uns 9 000. E os Estados Unidos, que têm 13,4 por cada 10 mil, logicamente poderão manter esse nível; enquanto que a América Latina, que gradua 7 mil necessitaria uns 18 mil, e realmente recebe os serviços de 5 mil.
Alguns outros dados sobre a formação de médicos na América Latina. Diz este boletim: "Aproximadamente, uma sétima parte das escolas aceita mais de 300 estudantes por ano, e uma terceira parte admite menos de 50, em muitas escolas a matrícula é baixa e por esta mesma razão são relativamente altas as despesas por estudante. Noutras estão matriculados demasiados estudantes em proporção às instalações disponíveis de laboratórios, salas de aulas, bibliotecas e outros meios necessários para a experiência clínica”.
"Há escolas que não contam com nenhum professor no tempo completo, e em muitas outras o número destes professores não chega a cinco. Uma sondagem sobre o ensino da pediatria revelou que só duas de 69 escolas contavam com professores de pediatria o tempo todo; em 68 escolas latino-americanas só 20% de 2.100 professores das ciências médicas fundamentais trabalhavam o tempo todo. Quanto às escolas, 65% delas estavam abaixo do nível ótimo de 300 horas estabelecidas por um grupo de estudo da OMS" — deve ser a Organização Mundial da Saúde. Atualmente em nosso país temos 330 horas, e o internato que dura um ano.
Também explica este boletim que a escassez mais grave em matéria de pessoal de saúde pública na América Latina é o de enfermeiras e auxiliares de enfermagem. E diz que: "A qualidade do ensino é, com frequência, um reflexo da quantidade de tempo dedicada a ele pelos professores".
Nossa atual situação é, nossa Universidade de Havana de 420 alunos no quinto ano, 450 no quarto ano, 500 no terceiro ano; 550 no segundo ano, e mil no primeiro ano (APLAUSOS); estudando pré-médica, em dois níveis há 700.
Como se sabe, ainda estes números, que marcam um considerável aumento no número de estudantes de medicina, estão longe de constituir nossas aspirações ótimas. E aspiramos poder ingressar anualmente uns 2 mil estudantes na escola de medicina. Esses números, ainda que já no presente curso ultrapassassem a quantidade de mil, e esperávamos no próximo ano aumentá-los, ainda não será possível segundo tem demonstrado a realidade, devido às lacunas que existiam em nosso ensino secundário e pré-universitário.
A massa de estudantes que ingressa nas escolas secundárias ou que ingressa nas escolas pré-universitárias cresce, e cresce em um grau muito maior à que ingressa no ensino secundário. É compreensível que devamos ter um pouco de paciência, porque os anos não se podem violar. E são necessários, naturalmente, anos para que aos níveis universitários chegue a gigantesca maré de estudantes, resultado do esforço da Revolução.
Se nós temos em conta o número dos que já se graduam de sexta série e, sobretudo, se temos em conta o número dos matriculados no ensino primário, e que no presente curso se aspira elevar até o número de 1,3 milhão, se temos em conta as condições, cada vez superiores, os recursos cada vez maiores de instalações e de professores, chegará um momento em que possamos ter para todas as faculdades universitárias o número de ingressos que desejemos ter, ainda que esse número seja elevado e ambicioso, chegará o dia em que nossos estudantes superiores se contem às dezenas de milhares. E então, quando esse instante chegar, e esse instante não está longínquo, porque não em vão já transcorreram cinco anos e meio de Revolução, embora desses cinco anos e meio se poderia descontar o tempo que temos necessitado todos em aprender coisas da Revolução e em adquirir experiência — mas como não passaram em vão e como cada ano que passa a experiência e os recursos se vão acumulando — não está longínquo o dia em que a comparação de nossas realidades educativas, de nossas realidades em matéria de atendimento médico e de nossas realidades em matéria de técnicos, não se possam praticamente pôr ao lado de nenhuma outra estatística em nenhum outro país deste continente. Pode chegar o dia em que nossos níveis em matéria de médico por habitante superem o número de médicos por habitante dos próprios Estados Unidos (APLAUSOS); e chegará o dia em que cheguemos a ter um médico para cada 500 habitantes, muito acima da cifra dos Estados Unidos; embora os Estados Unidos atraem quase 30% dos médicos que se graduam na América Latina. Essa é a Aliança para o Progresso.
Em todos estes aspectos em que se tem dependido do esforço humano, da vontade humana, a Revolução atingiu extraordinários progressos. Há realidades materiais que estão acima da vontade humana, e nestes países nossos explorados e colonizados, que cada vez ficavam mais e mais atrasados, relativamente aos países industrializados, era uma realidade terrivelmente dura, e uma realidade que impõe condições difíceis. Essa era nossa situação, e por mudar essa situação existe a Revolução, para mudar essa situação trabalha a Revolução. Não se podem atingir os mesmos progressos ali onde os resultados não dependam exclusivamente da vontade humana, mas sim dos recursos reais e concretos com que um país conta, e com o que este país contava era com infinitas necessidades e ridículos recursos. A fé dos revolucionários, a vontade e a persistência dos revolucionários se impõe a essas difíceis realidades e prevalece sobre elas; se impõe às dificuldades que os inimigos da libertação dos povos põem no seu caminho, e prevalece sobre elas.
E assim se escreve a história de nossa Revolução, tanto mais bela e tanto mais gloriosa e tanto mais honrosa quanto maior cúmulo de ressentimento e de ódio e de temor tem despertado nos círculos exploradores deste continente. Esta história das realidades de nosso país é a que tentam por todos os meios de silenciar nossos inimigos, é a razão de por que proíbem as visitas a Cuba, é a razão — entre outras coisas — da "cortina de chicletes" (RISOS) que o imperialismo montou em torno da nossa pátria, chegando à ridicularia de proibir que visitem Cuba. Pessoal, que pouca fé têm nesses visitantes, que grande desconfiança têm!
Há realidades que não aparecem nas informações da UPI nem da AP, há realidades que não aparecem na fofoca continental, há realidades que não aparecem na imprensa amarela e nas canetas mercenárias ao serviço dos grandes interesses exploradores. E esses que são os donos da imensa maioria dos jornais, das estações de rádio e das estações de televisão não publicam essas realidades, no teimoso empenho de manter os povos no engano, de impedir que os povos abram os olhos, todas essas forças que se concitam para manter a venda em torno dos olhos dos povos, como mantinham a venda em torno de nossos olhos, essa venda que a Revolução tirou dos olhos do povo, e essa venda que só as revoluções em muitas ocasiões e em muitas circunstâncias podem tirar dos olhos dos povos, porque enquanto os inimigos sejam os donos das escolas, os inimigos dos trabalhadores e dos camponeses, enquanto os exploradores sejam os donos das escolas, das universidades, dos jornais, dos cinemas, das estações de rádio, da televisão e de todos os meios de divulgação, não é fácil tirar essa venda dos olhos dos povos.
E, por isso, o caminho inevitável das revoluções, e por isso em muitas circunstâncias o caminho inevitável da luta armada revolucionária (APLAUSOS), porque aos inimigos dos povos não só é preciso tirar as armas com que mantêm pela força a exploração dos povos, é preciso tirar as riquezas que constituem a base dessa exploração, e é preciso tirar os meios com os quais mantêm os povos na ignorância. Eis por isso a necessidade das revoluções, como nós temos feito em nosso país, em que os temos privado, em primeiro lugar, do Estado que manipulavam segundo sua conveniência, das armas com que mantinham seu império, das riquezas em que sustentavam seu meio iníquo de produção, e de todos os demais instrumentos, para pô-los ao serviço do povo (APLAUSOS).
Já esses meios não estão a serviço dos interesses econômicos, já não estão ao serviço da propaganda mercantilista e deformadora, estão ao serviço da educação e da formação do povo. E não negamos: os exploradores não têm acesso a esses meios, porque esses meios já não são propriedades privadas de nenhuma corporação, de nenhum magnata, nem de nenhuma gangue de magnatas. Essa é a famosa liberdade de imprensa burguesa; a propriedade privada dos jornais onde se escreve o que convém a eles e o que querem pôr os ricos proprietários desses órgãos de divulgação que pertencem à classe dos exploradores.
Vamos ver, por exemplo, alguns dados desses que não se publicam, que aparecem em algum boletim científico, os dados comparativos entre as mortes, por exemplo, por um tipo de doença; a gastrenterite, como foram diminuindo paulatinamente. Relativamente aos anos anteriores à Revolução, nem falar, não havia dados, não se registravam não já os casos de doenças, nem os mortos se registravam, e tampouco os nascimentos. Não se sabia em muitos casos quem nascia nem quem morria, e muito menos de que coisa morria, mas desde que pudemos, em virtude do serviço médico rural, obter alguns dados estatísticos temos que de janeiro a agosto de 1962 faleceram de gastrenterite 2.943 crianças em Cuba; de janeiro a agosto de 1963, 2.296; de janeiro a agosto de 1964, 1.489, quer dizer, ano por ano, aqui já em só dois anos a redução praticamente de 50%. Quer dizer, entre 1964 e 1962, 1.454 vidas salvas que, irremediavelmente, teriam morrido sem os progressos do atendimento médico em nosso país. E isto, comparando-o com anos de Revolução, não com anos anteriores.
Portanto, a taxa de falecimentos em cada 100 mil habitantes, em 1962 era de 59,2; em 1963, 42,4 por 100 mil habitantes, e em 1964, 30 em cada 100 mil habitantes, por causa desta doença. Comparando-a com os próprios anos da Revolução, a redução da taxa praticamente é de 50% em dois anos. Se existissem dados de épocas anteriores à Revolução as diferenças, o contraste seria muito mais notório.
Portanto, estamos em 30 de cada 100 mil, vejamos quantos falecem no Brasil, estatísticas tomadas da Publicação Científica Nº 64, resumem dois relatórios quadrienais sobre as condições de saúde das Américas, de 1957 a 1960, e dados tomados não nas montanhas onde vivem as populações camponesas, não nos campos, porque ali não há estatísticas de nenhuma classe, dos dados estatísticos tomados nas zonas onde têm ainda melhores condições. Quer dizer que nós temos 30 em cada 100 mil, tomando o país no seu conjunto, e tomando não já todo o conjunto do país, mas sim as zonas onde existem estatísticas e que não são precisamente as de piores condições, temos os seguintes dados, e estes dados se referem, fundamentalmente, às capitais desses países, às capitais: No Brasil, em 1959, era de 192,2 por 100 mil; no Chile 88,5; na Guatemala 233,2; na Venezuela 66,2; na Nicarágua 102,4; na Colômbia 132,9; na Costa Rica 120,2; em El Salvador 65,6; Panamá 65,2; República Dominicana 206,6; Peru 103,5, tomando em conta as capitais.
Vejamos: o Canadá 5,5; os Estados Unidos 4,4. Eis o império, eis as colônias, as “Aliadas para o Progresso", as colônias aliadas!
Outras doenças. Difteria: número de casos em cada 100 mil habitantes, em 1962, 20; em 1963, 10,5. América do Sul, alguns países: Chile, 1960, 38,9; Brasil 19,3; Venezuela 16,5; República Dominicana 15,5; Estados Unidos 0,5; Canadá 0,3.
Tétanos, número de casos. Em Cuba, 1962, 8,5 em cada 100 mil habitantes; 1963, 4,7. El Salvador 14,1; Haiti 12,8; Paraguai 20,3; Venezuela 12,9; Estados Unidos 0,2; Canadá 0,1.
Em alguns casos os sistemas médicos e as médias são superiores no Canadá aos dos Estados Unidos.
Febre tifóide. Cuba, 1962, em cada 100 mil habitantes, 14,9 casos — não óbitos, casos—; 1963, 6,4; Brasil 51,6; Colômbia 80,3; Chile 59; El Salvador 61,7; Peru 97,3; Estados Unidos 0,4; Canadá 1,5.
Malária. Cuba, 1962, 50,1; 1963, 11,6. Colômbia 167,9; Costa Rica 136,6; Equador 188,6; El Salvador 502,3; Haiti 1.033,8; Paraguai 139,2; Estados Unidos, 1961, 0,0; Canadá 0,0.
Raiva humana: 1959, número total de casos em Cuba, 5; 1960, 3; 1961, um caso; 1962, zero casos; 1963, um caso; até este mês do presente ano nenhum caso registrado. Cachorros vacinados no primeiro semestre de 1964, 125.099.
E agora reparem nisto, uma doença em que estamos acima dos Estados Unidos: poliomielite: só dois casos nos últimos três anos (APLAUSOS), e estes dois casos foram de crianças não vacinadas, dois casos de crianças não vacinadas por irresponsabilidade de seus pais. Nos Estados Unidos foram centenas de casos. Já por fim em uma nós superamos os Estados Unidos, e no futuro veremos.
Faltava-me um papel aqui. É um setor da medicina no qual também temos feito notáveis progressos, no setor das enfermeiras e auxiliares de enfermagem (APLAUSOS), que ao que parece têm sua representação aqui. Graduadas antes da Revolução, 2.991; graduadas a partir do ano 1960, 1.367. No total 4.358. Alunas de enfermagem cursando estudos, 1.408; se graduarão em outubro 323 (APLAUSOS). Auxiliares de enfermagem, auxiliares gerais 3.888; pediátricas graduadas 214. Total 4.102. Cursando estudos, estudos gerais, 942; cursando estudos pediátricos 305. Portanto, o número de auxiliares, entre enfermeiras e auxiliares de enfermagem, com relação às 2.991, à quantidade atual, praticamente triplicou o número, e continuará aumentando e com ele a qualidade de nossos serviços médicos.
Isto não quer dizer que seja um caminho sem dificuldades. Tudo isto precisou de muito esforço, e ainda requer de muito esforço; requereu vencer muitas dificuldades e ainda requer. O mérito deste esforço radica nas circunstâncias em que tem sido realizado e nas condições prévias que existiam em nosso país, com relação, sobretudo, ao desenvolvimento de nosso ensino médio e com relação às grandes falhas que existiam em nossos programas educativos. O ajuste daquelas condições com estes esforços e estas necessidades naturalmente que não é uma coisa fácil.
Em toda esta etapa de trânsito, têm-se podido apreciar essas dificuldades. Para desenvolver programas muito mais eficientes e muito mais completos dentro dos níveis de preparação que existiam no ensino médio, com o número reduzido de especialistas e professores, para isso foram precisos estudos de programas, ajustes e esforços de todo o tipo. Todo estudante de medicina sabe ao que nós nos referimos; porque sabemos as dificuldades que ainda requerem ser vencidas para conseguir uma conciliação entre os programas de estudo necessariamente rigorosos, com as realidades de nossos recursos de especialistas professorais, com as realidades de nossos níveis, dos níveis de nosso antigo ensino pré-universitário e secundário.
E nesses ajustes e na superação dessas dificuldades atuais se trabalha. E os organismos, tanto o Ministério da Educação, como a Universidade, como a Faculdade de Medicina, como as representações estudantis, eu tenho certeza de que encontrarão soluções justas e corretas às dificuldades que necessariamente, ainda existem nesta etapa. E penso que essas dificuldades se resolvam sem sacrifício da qualidade — porque isso deve estar em primeiro lugar —, sem sacrifício da qualidade, e sem sacrifício da saúde dos estudantes (APLAUSOS). E penso que da análise correta de toda a experiência, até agora, se consigam esses objetivos, embora tenhamos que sacrificar tempo (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: "¡Fidel, Fidel!")
Estamos impacientes por dispor de maior número de médicos no serviço, como estamos impacientes por muitas coisas. Mas não importa conter essa impaciência, o importante é chegarmos à meta sem sacrifício de outras coisas mais essenciais que o tempo. E em muitas coisas teremos, muitas vezes, que fazer a mesma consideração, a mesma análise. Ser impacientes é próprio de revolucionários, naturalmente — os que não são revolucionários não se impacientam nunca, porque pensam que o tempo resolve tudo e que os séculos podem arrumar alguns mais presentes — e eu penso que a impaciência é uma das características do revolucionário. Mas o revolucionário deve saber refrear sua impaciência e não permitir que a impaciência o domine a ele. Em muitos aspectos do trabalho criador da Revolução, nunca sacrifiquemos a impaciência, mas nunca sacrifiquemos a meta, e se for preciso, sacrifiquemos primeiro a impaciência do que a meta (APLAUSOS E EXCLAMAÇÕES DE: "¡Bravo...!")
Nós os revolucionários devemos ter uma consciência muito clara de nossos caminhos, e uma confiança muito sólida na vitória.
Nós temos vivido cinco anos e meio de Revolução, cinco anos aprendendo, cinco anos fazendo ou tentando fazer, cinco anos tentando criar e criando. Temos atravessado diferentes etapas, diferentes momentos, alguns mais fáceis, outros mais difíceis. Ainda não sabemos o que o futuro nos depara quanto a provas.
Penso que neste instante a batalha ideológica entre a Revolução Cubana e o imperialismo está chegando a seu ponto mais álgido. Eles travaram contra nós uma luta em todas as ordens: econômica, política, de política variada. Empregaram meios de todos os tipos, inclusive a ação armada, lançaram mão de todas as armas da publicidade e todas as armas da mentira, empregaram as armas ideológicas. Todos os meios possíveis de imaginar. Mas esta batalha entre as ideias revolucionárias e as ideias reacionárias, se encontra neste instante em seu ponto mais álgido e se trava ao longo de um continente todo. Eles, com todos os meios ao seu alcance; com a aliança de todos os interesses reacionários. Inclusive, tentam apresentar as coisas de maneira “cor de rosa” para eles. E o que nós sabemos é que o único que tem “cor de rosa”, cada vez maior, são as ideias dos povos.
Trabalham com bastante habilidade, às vezes nos superam em habilidade e no seu trabalho, às vezes, manipulam melhor determinados meios, às vezes manipulam as ilusões e, às vezes, inclusive, fabricam falsas ilusões.
É muito interessante ver tudo o que ocorreu em torno do episódio das eleições chilenas. O avanço das forças populares, o crescimento do movimento revolucionário no Chile tem sido tão grande, nos últimos anos, que teve a virtualidade de provocar um verdadeiro estado de pânico nos círculos reacionários desse país e nos círculos imperialistas; de maneira que se nas passadas eleições, as diferentes forças políticas se apresentaram divididas em inúmeras candidaturas, nesta ocasião o tamanho auge das forças revolucionárias no Chile levou todos os setores reacionários — que ainda são poderosos nesse país — a se unirem, não já por trás de um programa da extrema direita, como fizeram no começo, quando havia três candidatos: um candidato das forças revolucionárias da esquerda, um candidato das forças reformistas e um candidato dos direitistas; divisão que inevitavelmente teria conduzido à vitória dos revolucionários.
E ocorreu então que os elementos da extrema direita se agruparam em torno dos reformistas nesse país, e todos os meios de publicidade e todos os recursos do imperialismo se agruparam em torno dos reformistas, com o fim de impedir o triunfo dos revolucionários. Objetivamente os reacionários perderam a vantagem, os reacionários se depararam com a necessidade de abrir mão das suas posições de extrema direita para apoiar um candidato reformista e impedir o triunfo dos revolucionários. Impedir o triunfo dos revolucionários converteu-se no objetivo fundamental do imperialismo e da reação e promoveram o triunfo dos reformistas.
O presidente eleito nesse país na linguagem revolucionária é um reformista, é a favor de determinadas reformas de ordem econômica e de ordem social; enquanto os revolucionários são a favor de mudanças radicais. Assim, por exemplo, os reformistas proclamam que a indústria de cobre não deve ser nacionalizada, e os revolucionários proclamavam a necessidade de nacionalizar as empresas norte-americanas que exploram secularmente os recursos naturais desse país.
E assim, enquanto unos promovem reformas os outros promoviam mudanças radicais.
Mas, o fato real é que, a partir do triunfo da Revolução Cubana, toda a política continental demonstra e expressa a influência que nossa Revolução teve no continente, nas posições de todos os políticos. E assim, essa luta no Chile não se travou entre a extrema direita e extrema esquerda, entre revolucionários e reacionários — no mais cabal sentido da palavra—, mas sim entre reformistas e revolucionários.
O candidato da extrema direita obtém o mínimo de votos, todas as forças da direita votaram a favor do candidato reformista. Os imperialistas conheciam indubitavelmente o resultado das eleições. Hoje em dia não é difícil conhecer previamente qual pode ser o resultado de umas eleições. E nós os cubanos sabemos disso, e os cubanos sabemos muito bem, inclusive, quantos votos se mexem no conjunto do aparelho administrativo do Estado; e nós os cubanos sabemos bem que aqui o aparelho estatal mobilizava ao menos um milhão de votos em qualquer eleição, por diferentes meios de pressão, por diferentes meios de controle.
Contudo, eles tentavam criar uma expectação falsa, uma incerteza, para se lançarem depois, com muita fanfarra, proclamando como uma grande vitória sua o que realmente, no fundo, não tinha sido mais do que um recuo das ideias reacionárias, um recuo das posições dos extremistas da direita, e a necessidade de lançar mão das bandeiras de um programa reformista para impedir o triunfo dos revolucionários.
E o que tentam dissimular é o fato de que, ainda nessas circunstâncias, com todos os recursos nas mãos, os recursos do Estado, os recursos do imperialismo, os recursos da reação em sua contra, as forças revolucionárias obtiveram quase três vezes mais votos do que nas eleições passadas. E assim, de uns 350 mil votos, passaram a quase um milhão de votos; um milhão de votos que se registraram, que foram emitidos a favor do programa revolucionário; um milhão de votos conscientes emitidos a seu favor, e que marca uma indiscutível ascensão na consciência revolucionária do continente; ascensão que se manifesta nos atos de rua e nas manifestações dos estudantes e dos trabalhadores uruguaios contra a ruptura das relações com Cuba (APLAUSOS).
E a prova difícil, a verdadeira prova que vai cair agora em cima dos reformistas no Chile, é a prova da realidade e a prova dos fatos. Porque as reformas podem ser mais ou menos radicais, mas qualquer reforma verdadeiramente séria, qualquer reforma verdadeiramente profunda, só pode ser feita em benefício das classes exploradas e em detrimento das classes exploradoras.
E veremos que acontece quando nesse país seja lançada alguma reforma séria — se é que for lançada — e que afete os interesses da oligarquia, que afete os interesses dos latifundiários, que afete os interesses dos monopólios ianques, que afete os interesses dos exploradores e que afete os meios pelos quais os exploradores mantêm seu estado de classes: de classes exploradoras contra classes exploradas.
Porque, ou tentam fazer algumas reformas sérias que justifiquem as esperanças postas naquelas camadas moderadas ou reformistas da população, e colidem então com os interesses dos oligarcas e dos monopólios, ou defraudam o povo miseravelmente. E essa será a prova decisiva. Se nesse país se tentam fazer reformas verdadeiramente sérias, veremos o que acontece; veremos se os oligarcas ficam de braços cruzados, veremos se os gorilas não saem à baila, veremos se o golpe de Estado militar não se põe à ordem do dia, como ocorreu em outros países, por medidas que não tinham nem sequer o caráter de reformas sérias. E nós os revolucionários nos sentaremos a observar que acontecerá.
Os imperialistas entoam cantos de vitória, e dizem que se vai fazer uma revolução com liberdade. Que se entende por revolução com liberdade? Revolução com liberdade para os monopólios, revolução com liberdade para os exploradores, revolução com liberdade para os patifes e malandros dos povos.
Porque nós sabemos bem que muito antes que aqui se mencionasse a palavra socialismo, e muito antes que se empregasse a palavra marxismo, uma reforma agrária, que deixou aos proprietários quase uns 400 hectares, promoveu imediatamente a contrarrevolução, incitou imediatamente a organização da invasão pela Baía dos Porcos, e pôs em ação todas as forças reacionárias. Queremos saber se é certo que no Chile se pode fazer uma reforma agrária que limite a 30 hectares, como têm prometido, a extensão de terra e se os oligarcas, os latifundiários vão ficar de braços cruzados; se se fazem leis, como as leis que promoveu o governo de Goulart contra os monopólios ianques, contra as remessas de lucro, contra a exploração iníqua do Brasil; medidas promovidas para conter a inflação, para tirar da espiral da inflação a nação brasileira, e que deu lugar à quartelada dos gorilas, veremos se no Senado os latifundiários votam a favor dessa lei; veremos se no Parlamento os exploradores votam a favor de leis que seriamente afetem seus interesses. Porque se não lesam seriamente seus interesses, podem votar 20 leis optando por um mal menor antes do que um mal pior. Mas queremos ver esse ‘haraquiri’ da oligarquia (RISOS); queremos ver essa autoimolação oligárquica em nome do cristianismo, das doutrinas sacratíssimas da Igreja Apostólica e Romana. Queremos ver o que fazem os oligarcas, o que fazem os gorilas, e o que fazem os monopólios.
Porque, é claro, nunca falta algum bom conselheiro que escreva um editorial nos Estados Unidos, dizendo: Bem, ele vai fazer reformas, mas é pró-ocidental, vão fazer tais e tais e mais coisas; como surgem algumas vozes.
Mas, o que é que acontece quando verdadeiramente se lesam interesses... E vamos ver como se faz essa revolução, vamos ver como liquidam o analfabetismo, vamos ver como fazem um programa de atendimento médico — tal como o programa da Revolução — vamos ver como se podem conciliar os interesses dos exploradores e dos explorados; vamos ver isso porque é muito interessante.
E vamos ver se a estrutura oligárquica e feudal de um país pode ser mudada com bons desejos, com belas intenções, e vamos ver o que acontece nesse país. Porque nós estamos muito interessados e muito curiosos de saber o que acontece nesse país, e devemos tentar receber informação desse país, para ver se com a ajuda da Aliança para o Progresso, e sem bloqueios econômicos, e sem fustigação, e sem manobras na OEA, e sem ameaças militares, sem nada disso, eles podem fazer uma mínima coisa do que a Revolução Cubana tem feito (APLAUSOS).
E caso o puderem fazer, nós ficaremos muito contentes, muito contentes, porque estaremos assistindo ao primeiro caso de autoimolação dos exploradores e dos reacionários. Caso o fizerem ficaremos contentes pelos chilenos; se o fizerem com toda a ajuda do imperialismo, ficaríamos espantados ao ver o imperialismo ajudando revoluções de verdade, ficaríamos espantados e diríamos: Que virtude tão grande teve esta Revolução Cubana, que pôs os imperialistas a fazer em outros lados a mesma coisa que temos feito em Cuba e pelo qual nós ganhamos sua inimizade! (APLAUSOS) Caso o fizerem, estaríamos assistindo a uma espécie de milagre que não foi visto nunca, porque há algo tão elementar e tão essencial, tão certo e tão real, como o fato de que existem as classes sociais e que os interesses das classes exploradoras e os interesses dos explorados são interesses antagônicos e irreconciliáveis, e hão de prevalecer os interesses dos exploradores, ou os interesses dos explorados. E aí se porá à prova: caso prevalecerem os interesses dos explorados, ah! Então se converteria em uma revolução de verdade; ah! Mas então os imperialistas não a apoiariam; ah! Mas então os oligarcas e os gorilas lhes cravariam a espada pelas costas. E o tempo dirá acerca disso.
Aparentemente, os imperialistas querem apresentar o exemplo do Chile como um exemplo frente a nosso exemplo; aparentemente querem pôr a experiência chilena a concorrer com a experiência cubana. Pois bem: Estamos fascinados com essa concorrência! E ainda que tenhamos os imperialistas contra nós, com todos seus meios, e todos seus recursos e todo seu bloqueio, e ainda que os imperialistas apoiem essa experiência com todos seus recursos, e ainda que nenhum bloqueio e nenhum obstáculo se interponham na gestão desse governo, aceitamos essa concorrência, aceitamos com todo o gosto essa concorrência, para ver qual é o país que avança mais, qual é a experiência que chega mais longe, qual delas resolve os problemas essenciais e verdadeiros dos povos, e em quanto tempo os resolve.
Ainda melhor, nós, os revolucionários cubanos, nos sentiremos estimulados a lutar mais, a trabalhar mais, e a demonstrar a justeza de nossa causa e as virtudes de nosso caminho revolucionário. Perante a hostilidade de todos os reacionários, perante a hostilidade dos imperialistas, os gorilas, as canetas vendidas, perante a hostilidade dos exploradores deste continente, que povo teve nunca tarefa mais honrosa, que povo teve nunca causa mais grande que defender, que povo teve jamais história mais bela que escrever neste continente, que a história que nos coube fazer, que a história que nos coube escrever a nós?
E não há dúvida de que este povo estará à altura dessa história, dessa tarefa que lhe coube fazer, que lhe coube realizar.
E por isso lhes dizia que a batalha ideológica entrou em seu ponto mais álgido; mas essa batalha não pode ser vencida somente em teoria, não pode ser vencida somente com convicção filosófica; é preciso vencê-la com realidades, é preciso vencê-la com fatos, é preciso vencê-la na prática, é preciso vencê-la dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, em cada front de nosso trabalho, em cada tarefa de cada dia, superando nossas deficiências, superando nossos métodos, fazendo cada vez mais eficaz e mais criador o esforço revolucionário. E fazê-la sem desalento, e fazê-la sem medir as dificuldades e os obstáculos, que se ser impacientes é uma virtude dos revolucionários, ter confiança no sucesso é outra virtude dos revolucionários, e saber dizer que nada é impossível é outra virtude dos revolucionários; porque para o revolucionário o "não posso" não existe, para o revolucionário não há obstáculo impossível de vencer, para o revolucionário não há tarefa social impossível; e múltiplos exemplos nos ensinam este fato, esta verdade, em múltiplos aspectos.
E assim podemos lembrar quando nós resolvemos empreender a luta contra o analfabetismo e liquidar o analfabetismo em um ano, quando se empreendeu a luta por levar os alfabetizados a níveis superiores, quando se empreendeu a luta pela continuação dos estudos, quando se têm empreendido todas e cada uma das tarefas da Revolução. E aqueles que não têm fé, aqueles que a flor da pele têm a palavra ou a frase "não posso" ou "não se pode", estes serão boas pessoas, podem ser muito decentes, mas não serão jamais revolucionários (APLAUSOS).
E esse deve ser nosso espírito. O revolucionário não concebe coisas impossíveis, o revolucionário concebe coisas possíveis. Mas a vontade do revolucionário não se detém jamais perante o que concebe possível, e é um problema de vontade, é um problema de firmeza, é um problema de convicção, é um problema de confiança. E os homens que concebem coisas possíveis com a inteligência, e não as concebem com a vontade, não podem ser revolucionários, não são revolucionários. Revolucionários são aqueles que as concebem com a inteligência e as realizam com a vontade. E essa força, a insistência, a vontade do revolucionário é o que o caracteriza, porque não é revolucionário aquele que se proclame a si mesmo como revolucionário, ou quem compreende teoricamente um problema e somente de uma maneira teórica, mas sim quem seja capaz de levá-lo a cabo de uma maneira prática, de uma maneira real.
E, por isso, em dois sentidos se desenvolve o revolucionário: se desenvolve sua inteligência, sua consciência; se desenvolve sua experiência e se desenvolve sua capacidade de execução. E em cada etapa, em cada etapa nova, novas tarefas, em cada etapa novas consignas. Daí a importância que tem a formação dos homens, a formação do povo todo, a formação dos jovens, a preparação técnica, a capacitação técnica, sem a qual um povo está impossibilitado de fazer nada, porque há um problema de meios de produção, mas um problema ainda mais essencial: a capacidade de empregar esses meios, a capacidade de aplicar a ciência, a capacidade de aplicar a técnica, a capacidade de aplicar os métodos corretos.
Daí a importância que tem para nós a formação dos jovens, a educação dos jovens, a preparação dos jovens; daí a importância que têm as universidades, a importância que têm os institutos tecnológicos, os centros de ensino; daí a identidade que existe entre estudante e Revolução; daí essa união estreita e cada vez mais sólida entre povo e Revolução, entre operários, camponeses, estudantes e técnicos; porque, além do mais, cada dia mais e mais os estudantes universitários e os estudantes de todos os centros, cada vez mais e mais, serão provenientes das camadas mais humildes do povo.
Mas a Revolução, nossa Revolução, se forjou nessa união estreita, nasceu dessa união estreita. E assim participaram os estudantes, tal como participaram os camponeses, tal como participaram os trabalhadores, e pagaram sua tremenda cota de sacrifício e de sangue. E tem sido uma característica da Revolução essa identificação, essa união que torna possível as grandes tarefas realizadas. Como se teria podido fazer a alfabetização sem os estudantes?
Essa união que torna possível o futuro do país, o futuro promissório em todos os campos, que torna possível a emoção destas graduações, que torna possível a concorrência nesta sala dos trabalhadores, dos estudantes universitários, dos professores, dos graduados, dos estudantes dos diversos cursos, dos estudantes das escolas de enfermeiras, é o que torna possível esta invencível força, o que torna possível o formidável porvir que espera a nosso país, e que temos de conseguir esforçando-nos, trabalhando, estudando, pesquisando, porque no campo das pesquisas temos que trabalhar e no campo das pesquisas, brevemente, nós disporemos de recursos, de meios, de elementos para as pesquisas científicas e para as pesquisas médicas. E assim brevemente, nos começos do próximo ano, nós disporemos de um dos centros de pesquisas melhor equipados da América Latina toda, para realizar pesquisas científicas, pesquisas médicas.
A ignorância secular, a falta de conhecimentos técnicos, a falta de conhecimentos sobre os recursos de nosso próprio país e as possibilidades de nosso próprio país, é preciso superá-las estudando, pesquisando. E vocês verão, na medida em que avance a vida, os companheiros que se graduam e os que se vão graduando, como os distintos campos se vão unindo.
Como o campo da medicina se une com o campo da economia, com o campo da agricultura e com o campo da indústria; como a medicina preventiva se vincula com a técnica agrícola de produção, como a medicina preventiva se vincula com o nível de vida do povo, como o índice das doenças se reduz paralelamente, não só devido ao número de médicos, mas sim à quantidade de proteínas, de minérios e de vitaminas que cada cidadão ingira diariamente e das condições em que se produzam; e como a redução das doenças vai paralela à elevação das condições de higiene das cidades, do número de aquedutos, do número de moradias decorosas, do número de meios com que se conte para cercar cada ser humano das melhores condições materiais de vida; como avança paralela a medicina preventiva com a educação geral, com a cultura geral, com o ensino em todos os níveis; como, inclusive, essa medicina preventiva é tarefa não só dos médicos, não só do Ministério da Saúde Pública, que também é tarefa do Ministério da Educação, que é tarefa das organizações de massa, que é preciso preparar as crianças, como devem ser ensinadas, como devem ser educadas, quais hábitos é preciso criar nelas, qual é o desenvolvimento que é preciso promover, que conhecimentos de higiene é preciso incutir nelas, como é preciso ensiná-las, inclusive, a se alimentarem, porque ali na educação é preciso ensinar a cada criança desde que aprende a ler toda uma série de coisas elementares; como o campo da educação se vincula ao da economia em muitos aspectos, não só na preparação dos técnicos, mas sim na educação, nos hábitos de consumo, porque nos restam muitas coisas por aprender, muitos hábitos de consumo de nosso povo são inadequados totalmente, muitos hábitos devemos mudá-los para ir procurando dietas alimentícias mais sadias, de maior qualidade, na medida em que vamos deixando de ser um país subdesenvolvido e na medida em que nossa capacidade de produção crescer, sobretudo nossa capacidade de produção de alimentos.
Em algumas ocasiões, nós entregamos a vários médicos um livro que nos chamou muito a atenção, sobre a agricultura. E alguns perguntarão que relação tem a agricultura com a medicina. Pois bem, esse livro se chama: "Solo, erva câncer." Um título sugestivo que tende, sobretudo, a estabelecer a relação entre alimentação e saúde, entre deficiências de determinados nutrientes essenciais e determinadas doenças, pelo qual nós, conversando com alguns companheiros lhes temos dito que a medicina e a agricultura se unirão algum dia na bioquímica e no solo, embora eu saiba que a palavra bioquímica produz determinados reflexos condicionados em nossos estudantes (APLAUSOS). E quando eu os vejo traumatizados pela bioquímica, horrorizados pela bioquímica, lhes dizemos: "Como é possível, sendo tão interessante e tão maravilhosa e tão útil, a bioquímica?" E nos custa trabalho compreender isso, talvez porque não tivemos que submeter-nos a um desses exames de bioquímica (RISOS). Mas, bem: por isso não lhes vou dar a razão, e creio que no futuro, embora não se examinem e, sobretudo quando não a tenham que examinar, devem interessar-se pela bioquímica.
E verão como tudo se aproxima, como tudo se faz interdependente, e como a realização de um destino revolucionário de um país exige o avanço em todas as ordens, em todos os fronts, e como as tarefas de formação de técnicos hão de ser acompanhadas pelas grandes tarefas do desenvolvimento econômico, como a educação influi na produção e como a produção influi na educação; essa interdependência que cada vez verão vocês melhor.
Não queria terminar sem dizer algo que o companheiro Ministro da Saúde Pública me pediu e que se me esqueço possivelmente me vai criticar, e ele queria que falássemos aos graduados de certos aspectos sobre os quais é preciso fazer campanhas, e isto é um bom exemplo do que dizia, de como, por exemplo, alguns médicos são renitentes ao trabalho nas policlínicas, nas consultas externas; uns se interessam pelos casos especiais, pelo trabalho nos hospitais. E como — dizia ele com muita razão — muitos dos casos que trazem os pacientes não são problemas graves, e as pequenas coisas constituem a maior parte das doenças. E ele me pedia que fizesse uma exortação aos companheiros que se graduam e aos estudantes de medicina a favor da preocupação e da formação de uma consciência da necessidade e da importância para o povo desse trabalho; e da consulta externa.
Isso demonstra que os problemas da vida são multifacetados, que não basta só com ter muitos estudantes de medicina e muitos graduados de medicina e muitos médicos revolucionários, mas, inclusive, depois vem o problema de como são distribuídos, que trabalho faz cada um, e que, constantemente, é preciso estar esforçando-se para ir superando todas as deficiências, para ir satisfazendo todas as necessidades.
Eu cumpro essa solicitação do companheiro, mas penso que o Ministério da Saúde Pública é o que tem que fazer a tarefa mais importante e discutir mais com os médicos e convencer mais os médicos que o que eu os possa convencer aqui nesta noite.
Pois bem, aos companheiros que se graduam, realmente compreendemos a emoção deste momento, a importância que tem para eles esta noite, esta etapa de sua vida. Temos visto companheiros da luta revolucionária estudando, companheiros que conhecemos na Serra, nas atividades revolucionárias, que depois de muitos anos sem vê-los, nos deparamos com que se graduam agora; outros companheiros que estão estudando; companheiros que tiveram tarefas muito importantes na Revolução e depois optaram gostosamente por terminar seus estudos, compreendendo as necessidades de médicos que tinha a Revolução, e que são coisas realmente muito empolgantes. E a importância que estas coisas têm na vida, e como esse trabalho muitas vezes calado e abnegado ocasiona mais satisfações que nenhuma outra coisa e tem mais mérito que qualquer outra coisa. E a mim sempre me provoca uma grande impressão esses companheiros que voltaram pelos caminhos do estudo, porque me parece que estão dando uma prova da importância que tem o estudo, o estão demonstrando com sua conduta, como compreendem isso e como esses companheiros, depois dos anos de estudante, começam uma nova etapa, começam uma nova tarefa. E os imagino lá pelos campos, lá pelas montanhas: a satisfação que há de proporcionar-lhes, o alívio que levarão à dor, a alegria que levarão a muitos lares e a muitas pessoas angustiadas, a satisfação que lhes produzirá o valor de seu trabalho, a generosidade de seu trabalho, o caráter humanitário de seu trabalho; lá onde irão servir e onde irão compreender ainda mais o povo, lá onde irão ensinar e aprender, lá onde vão levar e receber.
Compreendo o que significa para qualquer jovem esta mudança, esta nova etapa, esse fato de se integrar a uma tarefa, esse começar uma nova fase da vida, de trabalho generoso e fecundo, onde continuarão aprendendo, onde irão acrescentando seus conhecimentos e onde um dia compreenderão que o trabalho combinado com o estudo constante lhes ensinará mais que tudo o que aprenderam na universidade, porque dentro de dez anos haverão duplicado ou haverão triplicado os conhecimentos de hoje; dentro de 20, dentro de 30 anos saberão incalculavelmente mais do que hoje, porque há muito por saber, há muito por pesquisar, há muito que descobrir. E ainda que se tenha avançado extraordinariamente na medicina, qualquer pessoa compreende que imensos campos se desconhecem ainda, quantas coisas da vida, quantas coisas da natureza, quantas coisas por desentranhar, quantas coisas por compreender melhor! E nunca, em nenhuma época anterior, a ciência tinha avançado a passos tão gigantescos como avança nestes tempos modernos.
E vocês têm por diante um mundo todo que conhecer, um mundo todo de experiências, um mundo todo de ensinamentos. E cada átomo de ensinamentos que adquirirem haverá de ser útil para os demais.
Milhares e milhares de pessoas durante as vidas de vocês, esperarão de vocês que lhes levem alívio, esperarão de vocês que lhes levem saúde, esperarão em muitas ocasiões milagres de vocês. E, mais de uma vez, sofrerão outro trauma pior do que a bioquímica, mais aterrador do que a bioquímica, mais doloroso; serão aquelas vezes em que se sintam impotentes perante uma doença, impotentes perante uma doença, impotentes perante a possibilidade de dar a alguém o que espera de vocês; e que bem compreendido, não os desalentará, mas os levará a superar-se cada vez mais, a estudar cada vez mais.
É esta uma nobilíssima profissão, um trabalho muito humanitário que a Revolução cerca das condições mais nobres, das condições mais sãs; que a Revolução redime de todo egoísmo, de todo mercantilismo; que a Revolução cerca de respeito, que a Revolução cerca de estímulo, que a Revolução cerca de estimação. E nestas condições estão vocês, a primeira geração de médicos, formados inteiramente sob a Revolução, a primeira geração de médicos que surge a trabalhar levando com ela o selo de uma nova época. Isto não será em detrimento das outras gerações. Isso não vai em detrimento de nenhum médico. Todos somos necessários, todos somos úteis, todos temos que ajudar-nos. Com a ajuda de seus professores vocês adquiriram os conhecimentos que hoje possuem e eles se sentirão orgulhosos do trabalho de vocês, do sucesso de vocês.
E cada vez será maior o contingente de médicos, cada vez será mais numeroso, e cada vez nós teremos mais recursos humanos e materiais para formá-los.
Por isso, companheiros médicos graduados, lhes damos as boas-vindas. A Revolução, o povo, o dever, os recebem com os braços abertos.
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)