DISCURSO PRONUNCIADO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO RUZ NO ATO DE ENCERRAMENTO DO ANO LETIVO DO INSTITUTO TECNOLÓGICO DA CANA “ÁLVARO REYNOSO”, ATENEU DE MATANZAS, EM 13 DE NOVEMBRO DE 1964
Data:
Companheiros graduados;
Companheiros estudantes;
Companheiros alunos das escolas de instrução revolucionária;
Companheiros professores:
Que importância tem para a Revolução este ato? Tem a importância de ser a primeira graduação de um instituto tecnológico para a agricultura; e, mais especificamente, de um instituto tecnológico para a cultura da cana de açúcar. É o primeiro contingente que se gradua em um instituto tecnológico deste tipo criado pela Revolução.
Mas não é só isso. É o primeiro contingente que se gradua de um gigantesco plano para a formação de técnicos da agricultura. E penso que com números se pode compreender melhor isto: são os 91 primeiros graduados, de 40 mil técnicos que nos propomos graduar em dez anos (APLAUSOS). E não é só isso, é o primeiro centro militar de ensino tecnológico que já está funcionando.
O que serão os centros militares de ensino pré-universitário e tecnológico? Simplesmente a conciliação de dois grandes interesses da pátria e da Revolução: o interesse que para o país tem a educação e a importância que para o país e para a Revolução tem de estar organizados e preparados para defender-nos.
Quando foi estabelecido o Serviço Militar Obrigatório, se nos apresentava a necessidade de solucionar o problema do que devíamos fazer com os estudantes. Por um lado, íamos ter uma juventude que ia passar pelas escolas do Serviço Militar, onde ia adquirir disciplina, uma formação reta, um caráter reto e disciplinado, enquanto pelo outro lado os estudantes simplesmente — em consideração à necessidade e à importância que tem o estudo — iam constituir um núcleo importante de nossa juventude, sem disciplina, sem preparação, sem organização, e sem essa fortaleza que dá o ensino militar.
E surgiu a ideia de fazer ambas as coisas: ir organizando centros militares de ensino tecnológico e pré-universitário, a fim de que os jovens estudantes, ao mesmo tempo em que levavam adiante seus programas de estudos, cumprissem o Serviço Militar Obrigatório, o qual constituía para muitos uma preocupação, um problema, como se ia resolver, e desta forma se vai resolver. E sem dúvida que ambos vão sair ganhando: o estudo vai sair ganhando, e as unidades militares vão sair ganhando também. O estudo vai sair ganhando porque, como nos explicava o companheiro diretor da escola, eu pude observar, desde que começou a funcionar este centro ou este instituto tecnológico como um centro militar, maior disciplina, maior constância no estudo, um nível de estudo mais alto, uma presença mais rigorosa, e ademais um comportamento extraordinário, que fez com que os professores se sentissem verdadeiramente satisfeitos por toda essa modalidade, por toda essa educação, por toda essa formalidade e correção que a instrução militar dá aos jovens.
E o serviço militar sairá ganhando porque, logicamente, jovens que estão em institutos tecnológicos de níveis pré-universitários, têm os conhecimentos necessários para poder compreender os ensinos militares e poder manipular as armas que, por serem cada vez mais técnicas, requerem de um nível de escolaridade alto.
E assim já foi realizado este processo. Graduam-se hoje aqui 91 alunos que estavam neste instituto tecnológico, e estão à vez presentes 704 alunos dos que constituem os contingentes de primeiro ano e segundo ano deste centro militar de ensino tecnológico (APLAUSOS).
E entre os 704, temos em segundo ano cento e tantos, mas já temos no primeiro ano quinhentos e tantos. Quer dizer, o assunto se vai complicando mais... (RISOS). Dá uma ideia de como avança a massa de técnicos.
Isso quer dizer que dentro de três anos... Ou creio que lhes corresponde um pouquinho mais, são quatro, porque logicamente a instrução militar implica a prolongação de um ano no programa geral de estudos. Por isso, dentro de quatro anos já o número de graduados não será 90, o número de graduados será umas quantas centenas; e um pouco mais adiante o número de graduados por ano será de uns quantos milhares.
No programa de formação de técnicos, vários dos institutos tecnológicos serão dedicados à cultura da cana de açúcar, tal como este. Aspiramos a ter cinco institutos tecnológicos deste tipo: um na província de Matanzas, outro em Las Villas, outro em Camaguey, e dois em Oriente. Institutos tecnológicos para o fumo, teremos um em Pinar del Río. Institutos tecnológicos para a pecuária, teremos sete em Havana. Isto pode parecer um pouco paradoxal; mas ocorre que existiam instalações em Havana, vêm alunos de todo o país e voltarão para todo o país.
Isto não quer dizer que vamos graduar alunos nestes institutos tecnológicos, que vão ficar em Havana; em Havana ficará um mínimo, e não em Havana: em Havana interior.
Os institutos tecnológicos deste tipo, como o de Matanzas, se nutrirão principalmente com graduados de escolas rurais do ensino secundário, mas também uma parte desses institutos será integrada por operários agrícolas que estão recebendo cursos de aperfeiçoamento. Principalmente nos institutos tecnológicos de solo, fertilizantes e alimentação do gado, dos sete... Não, serão... No total eram sete mil alunos. São seis institutos, quantos disse da...? Eu disse sete? São sete mil alunos; seis institutos. Calculados mais ou menos, porque alguns têm 1,5 mil alunos; dois desses institutos tecnológicos têm 1.5 mil alunos.
Desses 7 mil alunos, 5 mil serão operários e 2 mil serão de procedência dos centros estudantis. Mas ainda com isso não chegaríamos ao número de técnicos que desejamos preparar neste programa de dez anos.
De onde vai chegar o grande reforço para atingir o número que nos propomos? Da cidade escolar "Camilo Cienfuegos" (APLAUSOS). Já para o próximo ano, em um grupo desses institutos, teremos uns 7 mil alunos. Depois, os alunos dos outros institutos tecnológicos e os da cana. É de esperar que daqui a três anos, aproximadamente, seu número atinja uns 10 mil a 12 mil alunos. Mas com 10 mil a 12 mil alunos não poderíamos atingir essas metas. Mas a cidade escolar significará, quando estiver terminada — e já atualmente a cidade escolar tem 3 mil alunos, quer dizer, já tem as instalações para 3 mil alunos, não sei o número exato, mas deve estar perto desse número — a cidade escolar significará uma contribuição de 20 mil estudantes a este plano.
Procedência dos estudantes: procederão de alunos das escolas da segunda série rurais e outros estudantes procederão das fazendas agrícolas e também das zonas camponesas, até um número de uns 5 mil. Quer dizer, que milhares de operários agrícolas, através deste programa de formação de técnicos, chegarão a adquirir a 8ª série em primeiro lugar, o ensino tecnológico depois, e muitos deles terão oportunidade de fazer-se também engenheiros agrônomos.
Isto requer do auge máximo das escolas rurais de ensino secundário. O que são as escolas rurais de ensino secundário? São os centros de ensino médio onde irão estudar os alunos do campo, filhos de operários e camponeses, que acabam a 6ª série. Mas como o número de alunos nas escolas atualmente é enorme, embora se bem nestes instantes o número de graduados da 6ª série não seja muito, dentro de poucos anos serão dezenas de milhares também os que se graduem — e muitos deles jovens do campo — os que se graduem da 6ª série. Da 6ª série passarão às escolas de ensino secundário rurais; e dessas escolas de ensino secundário rurais poderão passar a estes institutos tecnológicos.
Isto requer, naturalmente, de construção de escolas, adaptação de instalações para o ensino, e requer de um número muito grande de professores e um número muito grande de professores para estes institutos tecnológicos.
De maneira que os primeiros 500 alunos do instituto "Libertad", de solos e fertilizantes, que se graduarão aproximadamente dentro de ano e meio, a imensa maioria deles passará aos novos institutos tecnológicos que se vão organizando. Muitos deles passarão à cidade escolar como professores; outros passarão a outros centros tecnológicos.
Já com todos esses companheiros as coisas se vão esclarecendo muito bem desde o começo. De maneira que não lhes dizem primeiramente uma coisa e depois outra, nem se dão os problemas que ocorreram com esta primeira escola. Mas não por culpa de ninguém; um pouco porque ainda as ideias não se tinham precisado, não se tinham podido elaborar bem, nem sequer se tinha podido ver com toda clareza quais eram nossas necessidades essenciais de técnicos.
Praticamente os primeiros contingentes desses institutos tecnológicos passarão a outros institutos tecnológicos a ensinar. Pensamos, ademais, que no futuro ingressarão nas faculdades agronômicas... Ou para ingressar nessas faculdades agronômicas será necessário graduar-se desses centros de ensino tecnológico agrícola.
Antigamente, iam à escola de agronomia; primeiro havia que ser bacharel e, às vezes, se graduavam alguns jovens de bacharéis nas cidades, que não tinham visto, praticamente, outras árvores do que as do parque. Estudavam por diferentes razões: uns, por vocação; outros, porque o pai tinha terras. E afinal, essas eram as circunstâncias.
Futuramente, o caminho de ingressar nas faculdades agropecuárias será o dos institutos tecnológicos. Mas não será um ingresso em massa. Por quê? Porque, praticamente, todos os graduados dos institutos tecnológicos, se graduarão — se graduarão não — matricularão nas universidades. E continuarão estudando já na produção.
Mas para isso precisamos criar corpos de professores universitários numerosos, porque será um volume cada vez maior de alunos que não estarão na universidade — estarão na produção — e, portanto, será necessário criar todas as facilidades, a fim de que os alunos graduados dessas escolas, já na produção, continuem estudando. Todos os meios de divulgação mais modernos e as facilidades para poder continuar os cursos e para poder examinar-se.
Mas, ao mesmo tempo, um pequeno grupo — digamos um em cada dez ou um em cada vinte — segundo seu dossiê e vocação, será selecionado; não será enviado à produção assim que acabar no instituto tecnológico, mas será enviado à universidade, onde poderão adquirir conhecimentos de altíssimos níveis, especialidades nas distintas matérias desta ciência, e nos centros de pesquisas.
De maneira que todos terão a oportunidade de tornarem-se engenheiros; uns por um caminho e outros por outro. Mas nossas faculdades agropecuárias serão faculdades que tenham números reduzidos de alunos, com o sistema de residir ali nas universidades; e um número muito grande de alunos que não estarão na universidade, mas que estarão na produção.
E sempre se terá que fazer a seleção. E dessa fonte terão que sair muitos dos futuros professores universitários, muitos dos futuros técnicos para trabalhar nos centros de pesquisas e muitos dos futuros especialistas nas questões de agricultura, daquelas matérias que requeiram de uma grande especialização. A esses objetivos está encaminhado este plano.
Pensamos que isto criará as bases para que nosso país se converta em um dos países de mais avançada agricultura do mundo. E como talvez seja possível que semelhante movimento de formação de técnicos para a agricultura não exista em outros países, não seria uma utopia, nem seria uma ambição irreal aspirar a que nosso país se converta no primeiro país do mundo na agricultura.
Logicamente que nossa posição hoje nesse campo é muito distante desse lugar, nossa agricultura hoje, tal como a da maior parte dos países subdesenvolvidos, é uma agricultura extraordinariamente atrasada, falta de base técnica e falta de especialistas e técnicos. Basta dizer que 60% — eu não me lembro exatamente, mas entre 60% e 80% — dos nossos administradores de fazendas canavieiras tinham entre terceira, quarta e quinta séries de escolaridade. E naturalmente que esses companheiros se estão superando, estão estudando, estão recebendo todos os anos um curso técnico mas, logicamente, é um nível muito baixo de preparação cultural e técnica.
Com estes procedimentos e por este caminho — não sei se eu serei um pouco mais otimista, às vezes, mas é verdade, costumo ser otimista — me atreveria a dizer que nosso país vai se converter em um dos primeiros do mundo quanto ao desenvolvimento técnico de sua agricultura. E lhes confesso que no fundo da minha alma tenho a aspiração de que chegue a ser um dia o primeiro de todos (APLAUSOS).
E isto não é produto da fantasia, porque as pessoas cheias de fantasias são aquelas que começam a elaborar com a mente coisas irrealizáveis, ou que não fazem as coisas que é preciso fazer, quando se quer levar a termo uma ideia. Mas quando tudo aquilo que é necessário levar a cabo para tornar realidade uma ideia se faz, então não é fantasia.
É possível que se nos primeiros tempos da Revolução se tivesse falado assim teria parecido um pouco menos realizável, mas quando vemos avançar já os planos, quando vemos crescer as cidades universitárias, a cidade escolar; quando vemos já milhares de operários em cursos de aperfeiçoamento, quando vemos o extraordinário interesse que desperta no país a técnica e o estudo, quando vemos já em andamento essa formidável força técnica, quando sabemos que daqui a dez anos atingiremos essa meta, que atingiremos infalivelmente a meta de incorporar 40 mil técnicos à agricultura, quando sabemos, ademais, que esses técnicos se prepararão nas melhores condições, quando sabemos que não cessaremos no esforço até que em cada centro de ensino tecnológico haja um centro de pesquisa também e tenha todos os laboratórios e todos os equipamentos e tenha todos os livros, e não somente todos os livros, mas os melhores e mais modernos livros que existam sobre essa matéria; quando sabemos além do mais, que são jovens de qualidade, quando sabemos que são jovens incutidos de um conceito da disciplina e da responsabilidade muito grandes, quando sabemos que é uma juventude cheia de consciência e cheia de esperança no porvir, quando sabemos que essa juventude está inspirada no futuro que sonhamos para a pátria, não temos a menor dúvida, não é possível que haja a menor dúvida de que essa ambição nossa não é uma fantasia.
E possivelmente só estamos começando, possivelmente dentro de um ano, dois anos a mais tardar, o que hoje é afeição pelo estudo e pela técnica se converta em um verdadeiro fanatismo. Porque estamos apenas começando, e as quantidades de pedidos de livros que se veem por todos os lados!; estamos apenas começando, e o interesse que se observa! Estamos apenas começando e já todos os comitês provinciais de nosso Partido acordaram dedicar um dia à semana completamente aos círculos de estudos e este movimento já se estende a todos os comitês regionais do Partido; e aos círculos de estudo organizados pelos companheiros do Partido estão assistindo os companheiros administradores das agrupações da agricultura, estão assistindo os companheiros que trabalham na agricultura em distintos escalões, e estão assistindo os companheiros dos sindicatos, os companheiros da ANAP (Associação Nacional de Agricultores: N. do Trad.), as companheiras da Federação das Mulheres e há alguns lugares onde, inclusive, os companheiros da JUCEI (Juntas municipais de Governo. N. do Trad.) pediram para serem incluídos nos círculos de estudo.
Aliás, se está formando um partido chamado a adquirir um nível técnico alto, se está formando um partido que com o decurso dos anos terá líderes com conhecimentos realmente profundos dos problemas da economia, dos problemas da agricultura e dos problemas da técnica.
E não é que nosso país aspire solo a desenvolver-se no campo da agricultura. Não, simplesmente o que deve fazer nosso país é ir ao aproveitamento das possibilidades potenciais fantásticas que tem a agricultura.
Às vezes, nossos inimigos têm falado de que nós abrimos mão da industrialização. Não, porque em primeiro lugar esse desenvolvimento agrícola requer do desenvolvimento da indústria e, ainda, porque nas condições nossas a agricultura é a base de nosso desenvolvimento e a agricultura é a que entregará ao país os recursos necessários para o desenvolvimento da indústria em geral, porque se não fosse pela cana, se não fosse pelas divisas que obtemos com a cana não entraria um navio em Cuba, não se mexeria praticamente um só trem, um só avião, um só transporte, sem o açúcar nem sequer teríamos luz, não disporíamos dos recursos que temos que importar. E o açúcar sufraga a imensa maioria das importações do país.
Claro que, lamentavelmente, só temos açúcar. E dentro de algum tempo teremos muito mais que isso, nós teremos muitos mais produtos também da agricultura, que entrarão a constituir fontes de divisas importantes para o país.
Mas não ficaremos somente com o açúcar, nem com o açúcar que tínhamos; vamos ter o dobro do açúcar, e ademais vamos ter outros muitos produtos que não tínhamos. E com esses recursos não só iremos satisfazendo nossas necessidades imediatas de consumo, as necessidades imediatas de nossa população, mas também iremos satisfazendo nossas necessidades econômicas para o desenvolvimento. Se fazemos este grande esforço na agricultura é simplesmente porque da agricultura sairão os recursos fundamentais para o desenvolvimento do país.
E nosso país tem na terra condições ideais, na terra e no clima. Uma máquina em nosso país pode trabalhar praticamente em muitos tipos de agricultura o ano todo; em muitos países um trator tem que parar completamente durante longos meses de inverno, as maquinarias têm que ser paralisadas; em muitos países do mundo, durante longos meses, o ciclo vegetativo se paralisa completamente, não cresce a erva um centímetro, não cresce nenhuma planta. Em nosso país o ciclo vegetativo se mantém praticamente o ano todo, a quantidade de luz que recebe nossa terra, com um clima mais ou menos ideal para a agricultura, com um clima que não conhece dessas enormes variações entre o calor e o frio, com um regime de chuva relativamente alto, dão-se as condições ideais para a agricultura.
É claro que nosso país não só tem recursos meramente agrícolas; nosso país tem também recursos minerais que devemos aspirar a desenvolvê-los plenamente... E, sobretudo, há um recurso de nosso país superior a todos os demais, que é o povo; entre os inúmeros recursos naturais que tem esta terra, conta também com um povo magnífico. E outro recurso natural — é natural também, porque dizem que as revoluções são naturais — é a Revolução (APLAUSOS). E outro grande recurso que é resultado da Revolução, é o socialismo (APLAUSOS). Acontece é que essa palavra se pronuncia muito e se entende pouco; há muitas pessoas que pensam que são socialistas, e bem as poderíamos emprestar aos capitalistas para que os arruínem (RISOS E APLAUSOS).
As possibilidades que o socialismo oferece para desenvolver a economia são incríveis. Se a técnica, por exemplo, é a base da produção, se a técnica é a base insubstituível da alta produtividade, pensem então se podia haver nas condições capitalistas a possibilidade de realizar um plano de desenvolvimento técnico como este, pensem se aqui se tivesse podido aspirar a fazer em dez anos 40 mil técnicos para a agricultura, porque é possível que em 50 anos não se tenham formado nem 400 — e digo 400 exagerando de maneira extraordinária a quantidade. Porque técnicos de verdade... Havia muitos graduados que nunca tinham visto uma vaca (RISOS); em 50 anos nem 400.
Tão só com as condições que cria a Revolução, tão só com as condições que oferece o socialismo para planejar em longo prazo, tão só com as condições que oferece para utilizar os recursos racionalmente, se pode realizar um plano semelhante. Quando nós possamos dispor dos recursos com que conta o país com o regime socialista, as enormes quantidades de terra onde se pode fazer funcionar a grande empresa, a técnica e a maquinaria nas condições ótimas, se pode aspirar a produzir dez milhões de toneladas de açúcar como mínimo, com a mesma quantidade de terra praticamente que se emprega hoje. Só substituindo o corte de cana à mão por máquinas se pode aspirar a essas quantidades; só se elevamos para o dobro e ainda mais do dobro os rendimentos, se pode aspirar a essas quantidades.
E é incrível as vantagens que oferece uma economia organizada e planejada; é incrível as vantagens que oferece para realizar, para avançar no campo econômico; quando se pode fazer avançar esse desenvolvimento com ordem, empregando racionalmente todos os recursos, praticamente não há nada impossível, não há nada impossível.
E a gente pergunta: Bom, e por que há dificuldades nalgumas coisas?, por que existem alguns problemas? Descontando, naturalmente, que os problemas vão sendo superados a um ritmo acelerado, vão ir ficando atrás, e já vão ficando atrás; mas de todas as formas, há muitas pessoas que se chamam socialistas e de socialistas não têm nem um cabelo. Administrador socialista, e não lhe importa esbanjar 100 pesos? Administrador socialista, e não lhe importa elevar o fundo salarial muito mais do que a produção? Administrador socialista, e enche de burocratas uma repartição? (APLAUSOS.) Revolucionário e socialista, e não lhe dói um peso que se perca ou um peso que se gaste? Não! Infelizmente ainda existe muito desse esse espécime de pseudo-revolucionário; infelizmente ainda existe muito esse tipo de irresponsável, infelizmente ainda existem pessoas às que não dói gastar o peso. Mas não é preciso ter pressa nem preocupar-se: Vamos varrê-los com a geração nova que estamos forjando! (APLAUSOS.)
Quando nós começamos na Serra, e éramos quatro gatos pingados, e às vezes víamos passar uma pequena tropa de 24 soldados inimigos, não lhes podíamos fazer nada; pensávamos: "Já virá o tempo em que essa tropa não mais passa por aí" (RISOS). Quando nós fomos crescendo e fomos sendo mais e mais o número de combatentes, e mais e mais a experiência adquirida, e mais e mais o conhecimento do terreno, já não entravam nem 24, não entravam 200, e não entravam 300, e caso entrarem 400, não saíam!
E é claro que sempre, em todos estes primeiros tempos, o número dos que sabem é muito pouco e o número dos que pensam que sabem é muito, e o número dos que pensam que sabem e não sabem nada é imenso; e o número dos que pensam que os problemas são simplicíssimos, facílimos, e que de rotina, irreflexivamente, sem parar um minuto a pensar se resolvem, abunda; o número dos que não lhes importa romper um equipamento, abunda; o número dos que extraem peças dos equipamentos, porque não se resolvem a ter um pouco de paciência ou fazer as gestões pertinentes, abunda; o número dos que esbanjam, abunda. Mas não é preciso preocupar-se.
Há duas coisas que vão avançando: a consciência por um lado, a organização por outra, e a força nova por outra; são três. A consciência se está criando em todo o povo, a organização se está criando essencialmente através de nosso Partido; o espírito de responsabilidade, de seriedade, vai se criando. Avança também, rapidamente, a experiência, o conhecimento, o número de líderes mais capacitados e a preparação de muitos de nossos dirigentes, através do estudo e da superação.
E essas coisas se irão impondo. Mas é bom que algumas ideias, alguns conceitos os tenhamos muito claros, muito claros, muito claros! E quando alguém administre um peso, saiba que esse peso que está administrando não é seu, que é do povo. E se aquele que administra um peso quando é seu, digamos o capitalista quando administrava um peso que era seu tentava não esbanjá-lo, muito mais obrigado está aquele que administra um peso do povo. E que não se chame revolucionário, nem se chame socialista, nem se chame sequer homem honrado, aquele que quando manipula o dinheiro do povo não lhe importa esbanjá-lo.
E esse é um dos piores delitos que se pode cometer: o de esbanjar, malbaratar, jogar fora o dinheiro do povo. E cada centavo que administra um revolucionário na frente de uma empresa, na frente de um organismo, em qualquer lugar, é um centavo do povo, e um centavo quer dizer suor de povo, quer dizer trabalho de povo.
Quando alguém irreflexivamente não lhe importa meter 30 onde 10 podem fazer as coisas, está esbanjando o dinheiro do povo. Quando alguém se põe a dar salários altíssimos no departamento onde trabalha, está esbanjando o dinheiro do povo. Há por aí alguns tipos de funcionários que quando os transferem de um lugar para o outro não podem ir se não levam todos seus amigos; e por aí há casos de salários assombrosamente altos. E quando nalguns organismos vemos uns salários bem altos, vemos que há tipos de funcionários de relativa importância que têm um salário mais alto que o que ganha um chefe de exército; companheiros das forças armadas, com responsabilidades altíssimas, têm salários em ocasiões mais baixos que os que têm alguma pessoal mexendo em papéis sem maior importância em uma repartição.
E quando a gente vê nalguns lugares em que foram atribuídos esses salários altos, diz: "O que é isto e por que é isto?” E simplesmente são os pequeno-burgueses fazendo coisas para os pequeno-burgueses. Essa é a mentalidade pequeno-burguesa entronizada no Estado socialista. E naturalmente, esse pessoal esquece de que esta é uma revolução de operários e de camponeses, esquece que esta é uma revolução dos trabalhadores, para os trabalhadores e não uma revolução dos trabalhadores para os pequeno-burgueses (APLAUSOS), e que esta Revolução tem que se mexer em torno dos interesses dos trabalhadores e não em torno dos interesses dos pequeno-burgueses.
E há quem pense que é justíssimo que alguém na sombra e com ar condicionado, fazendo um trabalho sem transcendência, ganhe um salário altíssimo: 400 e mais pesos, enquanto alguém que está ordenhando umas 30 vacas zebus todos os dias e quase arriscando a vida esteja ganhando 80 e 85 pesos? (APLAUSOS.)
É claro que então não é preciso entender que temos que sair correndo e pagar 200 pesos àquele que está ordenhando as vacas zebu, não! Porque isso precisamente fazem os pequeno-burgueses: que esquecem as leis econômicas, esquecem as realidades econômicas e esquecem que quando estão pondo mais dinheiro na circulação do que leite, carne ou legumes, o resultado é a fila e a caderneta de racionamento; e que antes de pôr mais pesos no bolso das pessoas é preciso pôr mais produtos nos mercados (APLAUSOS).
E o trabalho que custa produzir um peso de um produto, bem seja leite, bem seja carne, bem sejam legumes, bem seja cana, bem seja algodão, bem seja qualquer bem material; o trabalho que custa e a facilidade com que algumas pessoas soltam os pesos, a facilidade com que algumas pessoas deitam a rolar os pesos.
E, simplesmente, esses que põem a rolar um peso tão facilmente não sabem o trabalho que custa produzir um peso em bens materiais. Possivelmente aquele que ordenha as vacas zebu sabe bem demais, sabe bem quanto tem que trabalhar para produzir um peso de leite; mas o burocrata da repartição não sabe: ele nunca viu produzir leite, ele só a consome, mas nunca viu como se produz nem a produz. E, logicamente, ele não guarda na sua mente uma ideia clara entre produção de bens materiais e o que custa, porque na realidade o burocrata produz pesos como o mágico que os tira da cartola (RISOS). Vocês terão visto em alguns circos que há quem tira uma pombinha de uma cartola (RISOS), tira ovos e coisas dessas (RISOS); então esse pessoal de mentalidade burocrática tira os pesos também: papéis. Mas uma coisa é tirar pesos e outra coisa é tirar carne, leite, comida, e roupa, e sapatos, e casa, e tudo o que o povo necessita; isso não sai da cartola, isso não sai da imaginação: isso sai do trabalho. E é preciso trabalhar e é preciso suar para tirá-lo.
Quando vocês veem os defraud... ía dizer defraudadores; antes eram os defraudadores, agora é preciso falar dos esbanjadores, que eu não sei qual será a diferença entre eles, em que um deles o faz de propósito e o outro o faz por idiotice (RISOS). O resultado pode ser igual; pior, porque o defraudador desse pode ser levado à prisão, mas um idiota destes não se sabe onde é preciso metê-lo (RISOS). Muitas vezes um idiota desses é transferido de um lugar e mandado para outro, para que o infeliz não se sinta deprimido nem esmagado, e então faz outra idiotice maior (RISOS). Sinceramente, nós temos dito que há algum pessoal desse que vale mais pagar-lhe um salário maior e levá-lo à aposentadoria (RISOS), isso seria mais barato para o país, mil vezes mais barato do que custaria ao país depois fazendo coisas tortas e fazendo disparates onde quer que esteja.
(O COMANDANTE TIRA O BONÉ E O MOSTRA) Como puderam ver, daqui não saiu nenhuma pomba (RISOS). E isso é o que acontece aos que muitas vezes pensam..., esquecem as leis econômicas, esquecem o sentido que tem o dinheiro. E por isso uma das primeiras condições que deveria exigir-se àquele que colocam em um cargo para manipular dinheiro, é perguntar-lhe se sabe o que é o dinheiro, se sabe o que é o dinheiro; e se pelo menos sabe o que é o dinheiro e o que significa o dinheiro, e que o dinheiro não vale nada se não representa, não tem a contraparte de um bem, de um produto; se acaso ele sabe que quando se gasta dinheiro em algo e não se produz nada, simplesmente está fazendo um dano à economia, está roubando ao povo, então estaria mais qualificado para desempenhar algum cargo.
Muitas pessoas escutaram os sinos dobrando, mas não sabem onde. Escutaram falar de socialismo, e socialismo... Pensam que isso é uma festa, pensam que isso é um passeio, pensam que isso é uma bobagem. E sabem o que acontece, senhores, vou dizer-lhes que algumas pessoas pensam que tudo é muito fácil: porque há muitas pessoas que não fizeram “nada de nada" (RISOS), há muitas pessoas que nem mataram uma mosca e de repente veio uma revolução e parecia que tinha caído do céu a revolução. Muitas pessoas que nem sequer têm uma ideia do que custa fazer uma revolução, dos sacrifícios que implica uma revolução e, portanto, não podem amar muito a Revolução. Porque se ama aquilo pelo qual se tem lutado muito, se ama aquilo que custou. E muitas pessoas pensavam que as revoluções eram muito fáceis porque um dia acordaram no dia 1º de janeiro e deram por eles que havia uma revolução triunfante no país; que Batista havia saído correndo e que a Revolução tinha triunfado. Disseram: "Que fácil, nos deitamos fresquinhos e acordamos com uma revolução triunfante" (RISOS). E pensaram que tudo era fácil. E por aí há idiotas aos montes, desses que têm essa mentalidade, que nem sabem o que é o dinheiro e ademais pensam que tudo é fácil.
Simplesmente é preciso combater essas correntes pequeno-burguesas, idiotas, todo esse tipo de correntes ignorantes é preciso combatê-las duramente, duramente e em todas as partes. Essa deve ser a tarefa de nosso Partido e deve ser tarefa de nosso povo; essa é a importância que tem ir criando uma consciência. Nós sabemos que essa consciência se está criando no povo, nós sabemos que no Partido e no povo estão as forças que superarão todos essas mazelas, que superarão todas essas correntes, que superarão esse miserável espírito pequeno-burguês que ainda perdura na Revolução, a força que superará todos esses fatores de ordem negativa.
E, naturalmente, não confundir esse pessoal com o contrarrevolucionário. Mas há pessoas que fazem muito mais dano que 500 contrarrevolucionários juntos, por aí há, há dessas. Claro, o contrarrevolucionário é impotente. Um idiota em um cargo importante faz tanto dano como 10 mil contrarrevolucionários.
Eu penso que todo mundo compreende essas coisas, que o povo as compreende. E essas são coisas que é necessário recalcar aqui, em uma escola onde se gradua este primeiro contingente.
Porque é necessário que as forças novas — é preciso advertir bem vocês, para que não caiam também nas consequências dessas coisas fáceis — é preciso advertir-lhes bem, sobretudo a vocês os jovens, para que não ganhem nesses defeitos e não cometam nesses erros.
Vocês lembrarão o que nós falávamos na província de Las Villas, que uma das coisas que nos preocupava com o pessoal jovem, é que muitas pessoas obtiveram muitas coisas demasiado facilmente neste país. É claro, não há nenhuma justificação para incluir vocês entre esse pessoal jovem; vocês têm estudado durante seis anos, já obtiveram uma capacitação, ganharam um trabalho, ganharam uma consideração. É claro que agora isso pode ser conseguido muito mais facilmente do que antes se podia conseguir. Quer dizer, vocês tiveram a chance e fizeram um bom emprego dessa chance. Foram criadas magníficas condições para a juventude; oportunidades magníficas para a juventude.
A Revolução significa, precisamente, isso: garantir a cada jovem que nasça neste país sua oportunidade; garantir a cada jovem que nasça neste país sua educação; garantir a cada jovem que nasça e cresça neste país o direito a ocupar um lugar decoroso dentro da sociedade, o direito a viver decentemente, dignamente, honrosamente de seu trabalho, o direito de cada jovem a ocupar o lugar que lhe cabe por suas condições, por seu caráter, por suas virtudes. Isso é que é a Revolução. A Revolução significa criar esse direito para todos, sem aquela odiosa distinção entre ricos e pobres. O direito a todo jovem que nasça neste país, o direito de vocês, o direito dos filhos de vocês todos; aspiração que tiveram os pais de vocês, oportunidades que anelaram durante séculos, os homens humildes deste país para seus filhos, vendo sempre a discriminação, a injustiça, a exploração, o privilégio. E a Revolução significa essa coisa bela, essa coisa grandiosa de poder dar a cada homem, a cada ser humano, esses direitos.
E vocês devem ter presente isso, porque em vocês deverá desenvolver-se a consciência mais do que em ninguém. Vocês podem dizer que estiveram crescendo com a Revolução, tornaram-se adultos com a Revolução. E é necessário que vocês, mais do que ninguém, compreendam estas coisas.
E nós somos a favor de que a juventude seja bem educada, seja bem ensinada, seja bem organizada, seja bem capacitada, seja bem forjada. E talvez a Revolução não tenha nenhuma outra coisa mais importante do que essa: que preparar as novas gerações para uma vida superior, para uma vida melhor, para uma vida diferente. Eis a tarefa mais sagrada da Revolução, a tarefa mais essencial, mais importante, mais decisiva da Revolução: que o pessoal jovem se capacite para viver muito melhor, para que atinja um padrão de vida cultural e de vida material e de vida social muito mais alto.
E a juventude deve compreender estas coisas mais do que ninguém, para que no futuro estas coisas que se criticam não existam mais; mas para que não existam será necessária a vigilância, será necessária sempre a consciência, a convicção, será necessário que o pessoal jovem esteja formado nesse espírito.
E essa será tarefa, obrigação, trabalho diário, da Revolução, de nosso Partido. Como organizamos o Partido? Escolhendo os melhores, selecionando os operários exemplares em cada local, os que a massa dos trabalhadores todos reconhece como homens dignos de fazer parte de sua vanguarda. E por isso adquire cada dia mais prestígio nosso Partido, por isso adquire cada dia mais autoridade moral perante as massas, porque é a seleção dos melhores.
E ser membro do Partido não implica privilégio de nenhuma índole, mas implica essencialmente obrigações, implica sacrifício, implica trabalho. E vocês todos, jovens que se graduam, devem aspirar hoje a ser membros, a pertencer, a formar parte das fileiras dos jovens comunistas; e devem aspirar, como trabalhadores, à honra de serem um dia militantes de nosso Partido, onde vocês vão desempenhar suas tarefas, onde vão exercer, a praticar os conhecimentos que já adquiriram.
Mas, sobretudo, quero recalcar-lhes que vocês não se considerem graduados esta noite. Vocês completaram essa fase, terminou uma etapa de seus estudos, vocês não devem considerar que deixam de ser estudantes esta noite; vocês terminaram o instituto tecnológico e agora vão à produção, mas, nós vamos continuar considerando vocês estudantes.
Naturalmente que só com um bom conselho não se resolveria tudo. Nós, naturalmente, premiaremos aqueles que continuem estudando, aqueles que se esforcem, aqueles que mostrem interesse pelo estudo serão premiados. Vocês vão trabalhar agora; naturalmente têm que começar por compreender que os conhecimentos que têm adquirido devem complementá-los na prática, os conhecimentos que têm adquirido sobre agricultura em geral e sobre a cana no particular; agora devem receber a prova da prática. Vocês vão continuar recebendo livros, vocês vão matricular na universidade, vão continuar recebendo material de estudo, inclusive, vocês não vão ser dispersos; vocês vão ir... Os que vão à produção agora — independentemente dos que vão para a investigação e os que vão para a universidade para se prepararem como professores — os 60 aproximadamente que vão para a produção, vão ir por equipes — como vocês sabem — de seis estudantes.
Os companheiros nos diziam: "Há alguns muito bons, outros regulares mas, em geral, temos tentado equilibrar as equipes.” Muito correto. Vocês vão trabalhar por equipes, inclusive, pensamos enviá-los a uma só província: a esta mesma província de Matanzas (APLAUSOS), a esta província, que é uma província dedicada à cana. Vão estar mais perto da escola, vão ter mais facilidades para receber os materiais; futuramente, iremos mandando a outras províncias. Como quer que seja vocês são os primeiros e isto entra em uma etapa em que ainda é preciso adquirir experiência sobre o andamento deste programa; estarão mais perto, com maiores facilidades, com mais contatos na escola, serão enviadas as equipes a determinadas agrupações. E por que em equipes? Para que mantenham, sobretudo, a equipe de estudos. Vocês têm que tratar de organizar sua vida de maneira que, todos os dias, dediquem algum tempo ao estudo, e se possível, todas as semanas um dia inteiro ao estudo, para ir cumprindo os programas, para ir estudando, ao mesmo tempo em que trabalham como técnicos na produção.
O que é um técnico? Um intelectual da produção? Não. Um senhor que vê os demais trabalhar e não faz nada? Não. Ninguém imagine que o título de técnico lhe dá direito a converter-se em uma espécie de aristocrata da produção. Vocês terão que trabalhar, no seu, na coisa técnica.
Naturalmente que a maneira mais efetiva de trabalhar, de empregar um conhecimento, é atendendo — digamos — um canavial; mas ainda vocês não podem ir a um canavial, ou talvez vocês saibam um pouco mais da cana que o camponês que está ali, mas o camponês que está ali seja um pouco mais rude que vocês, tenha um pouco de mais caráter e tenha ainda um pouco de mais experiência; não vou dizer em todos os casos, mas vocês têm que ir adquirindo um pouco de mais maturidade para poder administrar um canavial.
Agora vocês têm que tentar que se apliquem e se espalhem as técnicas na cultura da cana; vocês devem ir às fazendas, às agrupações, devem ver mais ou menos os tipos de solos, devem tentar ir e que se faça um mapa de solos, por exemplo, de toda a agrupação, que se estudem os diferentes tipos de solos — nisso ainda necessitarão assessoria — as diferentes variedades de cana, as diferentes características físicas desses solos, a produtividade por hectare, quanto está produzindo este, quanto este e quanto este, e por quê. Porque a missão de vocês é tentar que se aplique a técnica na cultura da cana, e sobre isso já vocês adquiriram alguns conhecimentos especializados e estou certo de que, em breve, uma equipe de vocês estará em condições de poder resolver problemas técnicos, de saber quais são as causas, por que ali é tão baixa a produtividade, por que ali é mais alta, que elementos faltam à terra, que trabalhos faltam à terra, que tipo de variedade seria a mais adequada. Porque nós temos que aplicar a técnica para elevar a produtividade por unidade de terra.
Nós temos que chegar ao dia em que cada extensão de 200 ou 270 hectares seja conhecida, o solo de cada extensão dessas que esteja no mapa, as características físicas, as características químicas de cada extensão. Tem que chegar o dia em que exista a análise do solo de cada extensão; e tem que chegar o dia não só em que exista uma análise uma vez ao ano, tem que chegar o dia em que, inclusive, seja examinada a terra, ou a cana, várias vezes durante cada colheita. Quer dizer, que nós temos que chegar a um nível da técnica em que estejamos em disposição de controlar ou de influir em todos os fatores que determinam uma colheita alta, com o emprego dos fertilizantes, com o emprego dos métodos adequados de cultura, com o emprego das variedades adequadas. Mas temos que estar em condições de saber o que está ocorrendo cada mês em cada extensão de terra.
Nós temos que chegar a esses níveis de técnica; naturalmente, agora não podemos, porque precisamos de muitos mais homens capacitados para isso. Necessitamos muitos laboratórios, muitos laboratoristas, porque vocês necessitam o auxílio dos laboratórios, ao efeito de que possam mandar um exame, fazer uma análise, e a realizem no tempo adequado; necessitam contar, além do mais, com todos os meios mecânicos e com todos os meios químicos. Não estou falando da rega, porque é preciso supor que nunca chegaremos a ter toda a terra irrigada. É claro que quando temos a rega se fazem colheitas maiores, a produção é mais segura, mas nós temos que aprender, sobretudo, a obter o máximo de produção utilizando as águas naturais.
A meta é chegarmos ao dia em que um dado número de canaviais tenha um técnico na frente, e que acompanhe todo o processo da colheita da cana, desde a sementeira até o corte, acompanhe o processo todo, mês por mês, com um controle absoluto de todos os fatores que podem influir na produção.
Agora, naturalmente, não se pode aspirar a isso. Agora vocês chegarão a determinadas agrupações e se depararão com uma cana muito boa, uma cana péssima, e chegarão a um lugar onde se estão aplicando boas técnicas, outro lugar onde não se estão aplicando boas técnicas.
No livro de cana que vocês receberam, traduzido, de Las Villas, que, por sinal, a tradução está o bastante deficiente; mas se vai fazer já uma tradução muito melhor, e vai sair o livro... Será que vocês não receberam o livro?... Não o receberam? E então para que querem os que imprimiram lá na Universidade de Las Villas? Vão fazer doce de livros de cana de açúcar? (RISOS). Vocês receberam o das doenças, e ainda, o livro sobre o crescimento da cana de açúcar?... A mim?... A mim me mandaram um. Se o mandaram em um pacote postal, ou pelo caminho de ferro, e o levaram a algum lugar... Eu até agora sei que tenho um livro nada mais.
Ora bem: não têm que preocupar-se muito por isso. Pensamos que nos fins de janeiro, a mais tardar esse livro já esteja impresso, perfeitamente traduzido, com todos os gráficos, com todas as fotografias, completinho o livro. E esse é um livro muito bom, muito bom livro. Mas esse não vai ser o único livro; também me estiveram falando alguns companheiros de outro livro que trouxeram recentemente, que se refere ao último congresso acerca da cana, com todas as técnicas que têm sido aplicadas em diferentes lados do mundo. Eu creio que esse livro pode ser muito interessante, porque muitas dessas experiências nos podem ser úteis, nem todas, porque vocês poderão ver, através dos estudos mais especializados da cana, como uma técnica que dá resultados em umas condições, não dá exatamente o mesmo resultado em outras. Mas há muitas coisas que são de aplicação universal. E vocês na cana verão muitas coisas de aplicação universal, e vocês poderão ver — cada vez que se familiarizem mais e mais com a terra, as características físicas e químicas da terra, o clima, há muitos países que têm terras mais parecidas, climas mais parecidos — que muitas delas são de aplicação universal, e outras naturalmente é preciso adaptá-las às condições de um país determinado.
Mas nós vamos tomar todo o interesse em que vocês vão recebendo todos os livros; não somente os livros, vão recebendo, ainda, conferências, folhetos, de tudo o que vai saindo sobre a cana. E nós podemos utilizar as experiências que foram obtidas em todos lados do mundo, além da experiência que nós vamos adquirindo aqui em nosso país, e podemos estar armados com esses conhecimentos; sem dúvida que tal como um exército de técnicos canavieiros, armados com os conhecimentos do que se tem feito sobre a cana em todos lados do mundo, mais as pesquisas que nós façamos, podem produzir cana para algo mais que 10 milhões de toneladas. Porque o curioso é que, praticamente, a safra de 10 milhões de toneladas já está vendida; reparem que temos vendido o açúcar que ainda não temos produzido, quer dizer, a que temos que ir produzindo por ano. Temos ido vendendo ano por ano até cerca de 10 milhões de toneladas de açúcar. Mas estou certo de que no ano 1970... Qual vai ser o problema do ano 1970? Em 1970 vamos produzir os 10 milhões e vamos ter que propor-nos produzir outros dois ou três milhões mais de açúcar.
Porém, aqui, a questão não é produzir açúcar em mais terras. Não. Aqui o problema é irmos elevando a produção na mesma extensão de terra. Porque depois que cheguemos a 10 milhões, vamos continuar subindo, mas sem ampliar uma polegada mais de terra, porque precisamos das terras para outras coisas, não vamos produzir só cana. E eis onde tem que entrar esse fator, quando já cheguemos a esses níveis dos que estamos falando, de que se leve o controle absoluto de cada canavial, podemos estar em condições, com a mesma quantidade de terra que aos níveis de técnica, níveis que logicamente vão subindo ano após ano, com esta mesma terra que empregaremos em 10 milhões, depois poderemos produzir muito mais açúcar. Eu não tenho a mínima dúvida sobre isso, e vocês tampouco vão ter a mínima dúvida sobre isso, porque vocês puderam ver os rendimentos de cana que se obtiveram em outros países.
E, realmente, nosso país tem a porcentagem mais alta de açúcar do mundo, mas em troca está entre os de mais baixo rendimento de cana por hectare. Mas já vocês sabem: há terras que têm estado 100 anos produzindo cana, sem nunca terem recebido uma gota de adubo, de fertilizante; esteve-se esgotando praticamente a terra. Quando se apliquem fertilizantes e sejam aplicados métodos de cultura adequados, as variedades adequadas, nós não temos que ficar atrasados absolutamente em relação com nenhum país, porque nós podemos produzir tanta cana por hectare como aquele que mais produzir, e mais rendimento de açúcar que qualquer outro país; que se nós, ao lado de um rendimento alto em açúcar, conseguimos o máximo rendimento de cana, poderemos fazer também nosso livrinho e participar nós também dos congressos, falando da nossa cana e o que nós temos feito com nossa cana.
É uma vergonha que em quaisquer desses livros que vocês leram, o nome de Cuba não apareça nunca. Há ilhas que são a décima parte de Cuba e têm feito cem vezes mais pesquisas que em Cuba. O nome de Cuba não aparece em nenhum livro técnico, praticamente, e, é claro, vamos ir desenvolvendo as estações experimentais.
E, naturalmente, nós não vamos trabalhar nisso para destacar o nome de Cuba... Essa não é a questão. Dizemos isto como uma boa prova do que não se tem feito. Vamos pôr o nome de Cuba bem alto, devido à quantidade de toneladas de cana de açúcar que vamos produzir ano após ano. E vamos conseguir isso, não tenham a mínima dúvida. Vocês sabem que há discrição açucareira, mas a cana está crescendo (RISOS). Ninguém o diz, mas para ninguém é um segredo como andam as canas por aí, e particularmente nesta província espantam os canaviais. Tem algumas canas por aí que parecem palmeiras (APLAUSOS). Mas ninguém sabe absolutamente quantas toneladas vamos produzir. Esse é que é o problema.
Talvez um pouco mais adiante, ano após ano, possamos ir dizendo nossos volumes também de cana, quando não tenha objetivo a questão da discrição açucareira. Mas, naturalmente, o problema sério para nós, no ano que vem, é cortar a cana; cana temos. Agora, naturalmente, há facões que vão cortar o dobro da cana que no ano passado, porque não é o mesmo cortar uma cana de 40 mil (toneladas por hectare. N. do Trad.) que uma cana de 80 mil. E o rendimento do trabalho se eleva muito também quando a cana tem maior rendimento.
O problema será na safra. E nós teremos que fazer, realmente, uma mobilização nacional, um esforço muito grande para poder cortar a cana. Vêm as máquinas, mas, naturalmente, o número das máquinas que chegam ainda não resolve o problema. O problema irá sendo resolvido nos anos sucessivos, e durante algum tempo teremos que fazer um esforço muito grande para a safra.
Mas é muito importante, porque vencer a batalha da safra no ano que vem é vencer a batalha da economia. Se vencermos a batalha da safra, venceremos a batalha da economia (APLAUSOS). E não temos dúvida de que nessa batalha vamos sair triunfantes. E, pois, não é só o problema da cana. Há toda uma série de ramos da agricultura. No ano que vem também temos que vencer a batalha dos legumes (APLAUSOS). E cumprir o propósito de banir a caderneta de racionamento; finalizando o ano 1965, dando cabo da caderneta de racionamento para os legumes, para não dar mais legumes mediante a caderneta.
E há planos, ainda, de produção de carne e de produção de leite. Esta província, por exemplo, no ano que vem terá o dobro da produção de leite da que teve neste ano. Quer dizer, que nesta província se deve registrar um incremento muito grande da produção de leite, e também no de cana, e no de legumes.
Esta é a província que os contrarrevolucionários quiseram utilizar como base; a província que a CIA quis encher de bandos e de espiões e de terroristas e de assassinos de operários; a que quiseram converter aqui em um feudo contrarrevolucionário. E vejam o que temos nesta província: que a estamos cobrindo de técnicos (RISOS E APLAUSOS). E a temos invadido de cana, a temos invadido de cana. E, aliás, já não há aqueles fogos, não há aqueles fogos que se produziam quando andavam por aqui os bandos da CIA. A cana está muito melhor cultivada, muito melhor cuidada. Dessa forma, aqui nesta província foi vencida uma batalha ao inimigo contrarrevolucionário; o inimigo contrarrevolucionário foi esmagado nesta província (APLAUSOS).
Realmente, os bandos contrarrevolucionários duraram aqui uns 45 dias; quando chegaram os batalhões de luta contra os bandidos, a limparam em 45 dias (APLAUSOS). Depois se deslocaram para Las Villas e acabaram de limpar lá. E para os contrarrevolucionários, em verdade, a coisa ficou muito difícil.
E é muito curioso que no aspecto agrícola a província de Matanzas se tenha colocado no primeiro lugar do país (APLAUSOS E LEMAS REVOLUCIONÁRIOS). E isso é muito bom, porque geograficamente é a que mais perto está de Miami, e por aqui é por onde mais tentava introduzir contrarrevolucionários e armas a CIA. E se deparou com que a província de Matanzas está no primeiro lugar na agricultura. Pode-se dizer que esta província tem dado um salto impressionante, impressionante; e continua avançando.
E isso se deve reverter também na província. Nós temos estado discutindo com os companheiros da província para que, por exemplo, do incremento de leite que se deve registrar no ano que vem, se continuem cumprindo as cotas que se mandam para a capital, e o resto aqui para esta província, para suas necessidades (APLAUSOS). E como a província de Havana tem elevado tanto sua produção em todos os fronts, por exemplo, já se está mandando algum volume de peixe para cá. Dos aumentos de produção que se registraram por outro lado, já, por exemplo, a província vai receber uma quantidade semanal que vai melhorar os fornecimentos. Na carne foram se elevando as cotas semanais também. Mas se deve perceber na província; esses aumentos de produção que se obtêm na província se devem perceber na província.
Naturalmente, que há núcleos de população grandes aos quais é preciso fornecer alimentos. Mas é nosso propósito que em cada província se vá revertendo a maior parte dos aumentos de produção que se vão conseguindo.
E por isso pensamos que o consumo na província de Matanzas vai aumentar consideravelmente.
Quando resolvemos enviar certas quantidades de peixe para a província, vamos ir começando; não podemos começar em todos os povoados ao mesmo tempo. Vamos ir povoado por povoado. E combinamos mandar para a província de Matanzas, e nós expusemos o seguinte aos companheiros daqui da província — aos companheiros do Partido —: "Bem, o peixe que vai ser mandado para Matanzas vai significar 60 mil pesos mais de consumo mensais. Mas, reparem bem: se mandamos por um lado 60 mil pesos, e por outro lado aumentam os fundos salariais em outros 60 mil não temos ganhado nada.” E fiz com que os companheiros do Partido assumissem um compromisso. Qual foi o compromisso? O seguinte: "Bem, nós mandamos o peixe, mas vocês têm que garantir um congelamento do quadro de pessoal de todas as repartições" (APLAUSOS).
Condições que pusemos aos companheiros: vocês têm que zelar pela seguinte questão: que não se abra nem mais uma vaga em nenhuma repartição. Mas não só isso; se se constrói uma usina nova, não podem trazer pessoal da rua para a nova usina, vamos racionalizar, que há usinas que têm excesso de pessoal. De maneira que vamos ir aumentando a produção com o mesmo pessoal; quer dizer, vamos ir incrementando a produção sem aumentar o fundo salarial. E, sobretudo, o seguinte: cuidem de que nem um só operário agrícola seja transferido para trabalhar em uma loja, em uma usina nova, em um "Mar INIT", em um centro turístico (APLAUSOS). Pois assim ocorreu em muitos lugares: levam os operários agrícolas e os põem a trabalhar em um barraquinho ou os põem a trabalhar em um centro turístico, e os tiram da agricultura, onde temos mais necessidade de mão-de-obra.
Por isso, nós temos exposto isso aos companheiros do Partido em todas as províncias — alguns já avançaram mais nisso, os outros começam — para estabelecer aqui a ordem, senhores; é preciso estabelecer a ordem.
Então, essa transferência, essa imigração de trabalhadores do campo para a cidade é absurda. E do campo não há de sair ninguém como não seja para estudar. Serão os únicos que sairão do campo, e para voltarem para o campo depois que tenham estudado.
Certamente, nós temos necessidade fundamental de evitar que continue a emigração e a transferência de trabalhadores do campo para a cidade. Na cidade há pessoal mais do que suficiente para cada nova indústria, para cada novo serviço que se abra; é absurdo, é um erro trazer operários agrícolas para os empregos na cidade.
E essa será uma das tarefas do Partido, e esse foi um dos compromissos que os companheiros do Partido fizeram. E também, quando forem abertas novas usinas, não abrir novas vagas, mas sim aproveitar para ali onde sobrem 50 operários, 100 operários, irem transferindo-os para outro novo local de produção que seja aberto.
E nos dirão: "Bem, e o pessoal jovem?" Ah, é que para o pessoal jovem temos outra coisa, temos os estudos. Não estamos preocupados sinceramente por dar um trabalho a um homem jovem, realmente nós sabemos qual é a situação do emprego hoje em dia, que os problemas que temos hoje no campo não são os de falta de emprego, mas de falta de braços, e esses problemas existem em muitos lugares do país e agora a situação é diferente.
Antes se dizia: "Quarenta mil jovens que chegam à idade do trabalho e não têm trabalho.” E agora nós dizemos: "Quarenta mil jovens chegam à idade de estudar", porque se todo mundo e todo jovem tem a chance de estudar, todo jovem tem oportunidade de receber uma bolsa e preparar-se, nosso negócio hoje é, precisamente, converter cada jovem em um técnico, não andar criando uma "vaga" para dar um trabalhinho a um jovem e que ali fique para sempre, que ali se estagne, ali permaneça e fique ali ganhando um salário a vida toda.
O que convém ao país não é andar criando vagas para o rapaz jovem. Para o rapaz jovem criamos vagas nos institutos tecnológicos, nas escolas e nas universidades. E quando o mandamos trabalhar o fazemos tal como com vocês, convertidos em um técnico. Portanto, não será preocupação da Revolução andar criando vagas para os rapazes jovens, porque a preocupação da Revolução é ir elevando a produtividade de toda a atual população trabalhadora, e ir elevando a capacidade e preparando e dando capacidade a todas as pessoas jovens.
Outro probleminha que temos que ver é que há uma serie de tarefas às quais se vão incorporando as mulheres. Por exemplo, aqui, às vezes, punham um aviário para criar frangos e traziam um camponês forte, saudável, epa!, para tomar conta das galinhas ali! (RISOS) Um operário agrícola menos, fazendo um trabalho que depois que o põem ali quem consegue tirá-lo. Nós temos colocado isso: esse é um trabalho que pode ser realizado perfeitamente bem pelas mulheres e é um tipo de atividade que pode ser uma fonte de trabalho para as mulheres.
Trabalho na avicultura? Temos muitas mulheres que podem trabalhar na avicultura. Em lojas? Com certeza que aqui não se deve abrir mais uma vaga mais nas lojas, para pôr trabalhar um homem em uma loja (APLAUSOS). Se fazemos um centro turístico, exceto que se trate de um trabalho especializado, o homem da cozinha ou alguma coisa, também podem trabalhar as mulheres, porque hoje são centros decentes, onde pode ir a trabalhar a esposa, a companheira de qualquer um de vocês, ou a filha de qualquer trabalhador (APLAUSOS).
Nós temos que ter muito cuidado com o emprego de nossa força de trabalho, com o emprego dos recursos humanos. Não podemos estar planejando o uso dos pregos e que se planifiquem quantos pregos vão ser usados e como se empregam, e o mais valioso, o mais importante que tem o país que é sua força de trabalho, que seja empregada de maneira racional e se empregue de uma maneira ordenada.
É preciso ordenhar centenas de milhares de vacas, algumas delas são vacas bravas. Quem as ordenha? É preciso elevar a produção, é preciso conduzir tratores, é preciso conduzir caminhões, é preciso manipular colheitadeiras, é preciso fazer trabalhos duros. Quem os faz? Pelo menos, já que são tão presumidos, deveriam também aspirar a deixar para as mulheres os outros trabalhos que não são tão duros (APLAUSOS). É que, na realidade, há muitos que se sentem muito orgulhosos, dizem que são muitos homens. Bem, mas não trabalhe na sombra, dê às mulheres esse trabalho que há ali na sombra (APLAUSOS).
Isso não quer dizer que as mulheres não possam fazer muitos trabalhos, inclusive, que não possam conduzir um trator, ou não possam manipular uma máquina de ordenha mecânica, mas nós não temos essa máquina de ordenha mecânica. Evidentemente, é indiscutível que há alguns desses trabalhos que são demasiado duros, não os podem fazer as mulheres.
Há um problema: algumas companheiras prestam serviços nas forças armadas, mas há muitas unidades das forças armadas e muitas armas que têm que ser manipuladas por homens. Se nós temos que empregar nas forças armadas muitos homens, se temos toda outra série de tipos de trabalhos especiais que por suas características sociais, por sua rudeza, devem trabalhar homens ali, é lógico que tentemos ir fazendo uma seleção de toda uma série de trabalhos, procurar que sejam realizados por mulheres, porque suas características sociais, sua natureza do trabalho, se facilita mais para que seja desempenhado por mulheres, e abrimos espaço ao trabalho para a mulher.
Evidentemente, a Revolução tem significado muitas oportunidades de trabalho para a mulher, que aqui havia uma grande discriminação com a mulher no país. Agora temos que continuar essa luta, continuar criando, selecionando toda uma série de tipos de trabalho, preocupar-nos que vão companheiras trabalhar ali, e ter em conta que os problemas de nosso país, futuramente, são problemas de força de trabalho. Por isso, temos necessidade de tecnificar a produção, de mecanizar a produção.
E enquanto mais homens e mulheres estiverem produzindo bens materiais, maior será o padrão de vida do povo; enquanto mais homens e mulheres estejam consumindo e sem produzir, menos alto será o padrão de vida do povo. Eis o grande segredo da prosperidade de um país, eis o grande segredo: ter cada vez uma proporção maior de homens e mulheres produzindo bens materiais o serviços.
Naturalmente que temos infinidade de trabalhos: médicos, enfermeiras, são trabalhos utilíssimos para o povo. Eles não estão produzindo bens materiais mas estão produzindo um bem inapreciável que é a saúde; temos dezenas de milhares de mestres, professores, não estão produzindo bens materiais mas estão produzindo um grande serviço. E, enfim, há muitos setores que não estão produzindo bens materiais mas estão produzindo serviços.
Também na administração se produzem serviços, o mau é a hipertrofia das funções administrativas, isso é o mau. Então, todos os serviços são necessários, mas é preciso fazer uma distribuição equilibrada da força de trabalho, não deve ser hipertrofiado nenhum serviço, devemos nortear-nos sempre pelo princípio de tentar produzir o máximo, de tentar elevar a produtividade do trabalho, de que seja maior cada ano o número total de bens.
Quantas mais casas fabricarmos, quanto mais calçado, quanta mais roupa, quanto mais caminhos, quanto mais escolas, quanto mais hospitais, quanto mais bens de consumo consigamos produzir, pois maior será o padrão de vida do povo. Quanto mais bens de produção, porque temos que ver que uma parte temos que investi-la, sejam dedicados ao consumo, uma parte do trabalho, do fruto do trabalho seja dedicada a produzir instrumentos de trabalho, seja dedicada, seja investida para garantir o desenvolvimento econômico.
Mas, enfim, quanto mais elevada seja a produção de um povo mais alto é seu padrão de vida, daí o engano de pensar que se eleva o padrão de vida repartindo pesos. Essa é a mentira, esse é o engano em que caem muitas pessoas, ao pensarem que se eleva o padrão de vida repartindo pesos. Repartindo pesos que não se investem na produção realmente se reduz o padrão de vida, essa é que é a verdade. O padrão de vida cresce aumentando a produção.
Sob o capitalismo os capitalistas se esforçavam em aumentar a produção. Para que? Para eles ganharem mais dinheiro. A situação no socialismo é diferente: vai aumentar a produção para que se beneficie o povo, porque, quem vai consumir tudo o que se aumente de produção? O povo! Não há essa contradição que havia entre o capitalismo, a luta por maiores salários. Por quê? Porque quando o operário lutava por maiores salários tentava arrebatar um peso ao capitalista, que o ia gastar em luxos.
Hoje, todos os bens de produção vão para o povo. Produz-se para o povo, embora devamos ter cuidado não produzirmos para a burocracia, naturalmente, e não vamos cair na exploração do homem pelo burocrata. Por isso nós sempre estamos advertindo e advertindo e advertindo, nós não vamos trabalhar para os parasitos também, porque não fazemos nada se antes trabalhávamos para os capitalistas e agora trabalhamos para outro tipo de gente que não é capitalista, mas que consome muito e não produz nada.
Esse é o segredo da elevação do padrão de vida do povo, e isso é o que devemos compreender. A luta do povo tem que ser por aumentar a produtividade, a luta do povo tem que ser para aumentar a produção, que ano após ano, na medida em que aumente a produção haverá mais bens materiais para todos. Esse é o princípio fundamental, o conhecimento essencial que cada cidadão deve conhecer, essa é uma verdade da qual não se pode prescindir de maneira nenhuma.
Portanto, estas são as coisas fundamentais que queria recalcar aqui aos companheiros; caso me faltar algo, é nada mais que um pequeno detalhe e é que vocês vão ganhar já segundo sua capacitação. Vamos estabelecer uma formulinha; existe a fórmula socialista de que cada qual dá segundo seu trabalho e recebe segundo seu trabalho; a fórmula comunista que cada qual dá segundo seu trabalho e recebe segundo suas necessidades; vamos estabelecer uma formulinha que poderíamos chamar de pré-comunista, que cada qual vai receber segundo sua capacitação. Quer dizer, vocês vão sair com o salário que acredita o grau de capacitação que tenham recebido; se algum de vocês é muito brilhante e o nomeiam chefe de uma agrupação, vai continuar ganhando o mesmo salário não como chefe de agrupação, mas segundo o grau de capacidade que tenha. Incorporados à universidade, vocês terão o salário aumentado quando se graduem no segundo ano, quando tenham aprovado o segundo ano de agronomia, de engenheiros agrônomos; e voltarão a receber maior salário quando se graduem como engenheiros agrônomos. Mas vou dizer uma coisa àqueles que não estudem: aqueles que não estudem ficarão com esse salário até que sejam velhinhos e se aposentem (RISOS).
Por quê? Simplesmente, porque o país necessita do estudo, o país necessita da técnica, e nós temos que estimular por todos os meios o estudo. Porque um homem com capacidade, um homem com técnica, pode produzir cinco vezes, dez vezes, cem vezes mais do que um homem sem técnica. Essa é a razão. Não tem que ser um Reinaldo Castro como trabalhador, a técnica pode chegar a fazer o que 20 homens como Reinaldo Castro fazem; Reinaldo Castro é um exemplo extraordinário de um homem com capacidade de trabalho individual, mas sem dúvida que Reinaldo Castro, se é um fora-de-série cortando cana, o que seria Reinaldo Castro se fosse engenheiro agrônomo. E eu pergunto a vocês: Como produziria mais Reinaldo Castro, cortando 25 toneladas de cana diárias, ou Reinaldo Castro como engenheiro agrônomo capacitado, liderando uma agrupação dedicada à cana? Como pensam vocês que produziria mais cana? Liderando essa agrupação dedicada à cana, sem dúvida de nenhuma classe; porque um homem com essas condições, com essa vontade, com esse espírito de trabalho, trabalhando, impulsionando, contagiando todos com esse espírito, produz infinitamente mais cana como um técnico altamente capacitado, do que cortando cana com um facão.
Mas nem só isso: montam Reinaldo Castro em uma colheitadeira e é capaz de cortar dez ou quinze vezes mais cana da que corta com o facão. Quer dizer, introduzem um pouco de técnica, a máquina. Agora, não é o mesmo esse homem cortando cana com rendimento de 30 toneladas por hectare do que cortando 90 toneladas, não produz o mesmo o operário do trator que cultivou aquela terra e cultivou aquela terra, se aquela terra produziu 30 toneladas por hectare do que outra que produziu 100 mil. E essa é a técnica, a que multiplica o trabalho de todos.
Por isso, vamos estimular a capacitação técnica. E vocês irão melhorando na vida, na mesa maneira em que se superem e na mesa maneira que estudem. Que algum de vocês tenha alergia aos livros? Eu penso que, com certeza, nenhum de vocês tem alergia aos livros, caso contrário não teria acabado agora; mas se algum tem alergia aos livros, bem, o que é que vai fazer? Terá que se resignar à remuneração que lhe caiba, segundo o grau de capacitação.
E eu penso sinceramente que devemos aspirar a que vocês todos estudem. Devemos aspirar a que para vocês se torne um compromisso de honra que um dia se formem como engenheiros agrônomos. E lhes prometo desde agora estar no próximo ato com vocês, quando se tenham formado como engenheiros agrônomos na Universidade de Las Villas (APLAUSOS). E nesse dia, nesse dia quando vocês se formarem, vai ser uma graduação muito mais solene do que esta, e vai ser uma graduação muito maior que esta, e vai ser uma graduação muito mais importante que esta, no dia em que vocês se graduarem de engenheiros agrônomos na Universidade de Las Villas.
Vão ser-lhes dadas todas as facilidades para que o possam fazer, vão ter ademais o trabalho, a oportunidade de ir dia por dia vendo como progridem, vendo os resultados da técnica, e vão ter momentos de satisfação muito grandes. Eu estive observando os companheiros aqui, que estavam visivelmente empolgados quando vieram receber seus títulos, quando vieram receber seus prêmios, quando vieram aqui receber seu diploma em nome do grupo; e estava percebendo que estavam visivelmente empolgados. Estou certo de que emoções desse tipo vão receber muitas vezes em sua vida, nos campos quando vejam crescer a cana, quando vejam que têm uma cana de 100 mil, uma cana de 150 mil, e quando tenham uma cana de 200 mil — porque com rega e fertilização não seria difícil obter essa cana — em um ano, não falo de dois.
E vão ter muitos momentos de emoção e muitos momentos de satisfação quando vejam o resultado do trabalho, como a natureza responda à ciência, à técnica, como responda a natureza ao trabalho do homem; vão ter muitos momentos de satisfação quando percorram os campos, cada vez que ganhem uma batalha, cada vez que conquistem uma meta.
Vocês todos são companheiros jovens, todos. Poderia dizer-se que nenhum tem absolutamente nada que lhe impeça conseguir isso. Para nós é muito importante, porque vocês são os pioneiros; se vocês cumprem este programa, se vocês chegam, se vocês se graduam, já atrás de vocês virá uma grande massa: e por isso que vocês façam, o resultado do trabalho de vocês, os sucessos que com vocês se obtenham serão, mais ou menos, um índice dos sucessos que vamos obter com todos os demais, dos sucessos que vamos obter com os companheiros que já estão no primeiro e segundo ano, dos sucessos que vamos obter com os alunos das novas escolas que sejam organizadas, dos sucessos que vamos obter com os institutos tecnológicos operários.
E por isso para nós, para a Revolução, para o país, o mais importante é que vocês continuem estudando, que vocês organizem bem sua vida. Os companheiros da escola, os companheiros da universidade, os companheiros do ministério, os companheiros dos jovens comunistas, todos devem pôr atenção, como avançam vocês, como vivem, o quê fazem, como têm organizada a vida, como avançam nos estudos, que horas dedicam ao dia nos círculos de estudo, que dias dedicam à semana, que meses dedicam ao ano para fazer seus exames, como avançam os programas, se estão ao dia, como recebem os materiais, se estão atualizados os materiais, como funciona a Universidade de Las Villas, como funciona a Escola de Agronomia na Universidade de Las Villas, dando atenção a vocês, enviando-lhe os materiais, organizando com tempo os cursos.
Nós todos devemos fazer o esforço para oferecer-lhes as maiores facilidades, a fim de que este programa se cumpra, porque no cumprimento deste programa estará realmente o futuro do país, estará o porvir do país, estará a abundância do país, que nós não temos nenhuma dúvida de que podemos chegar a ser um dos povos que atinja um padrão de vida altíssimo, e não em anos longínquos. Dentro de alguns anos já podemos colocar-nos entre os povos melhor alimentados do mundo, porque vamos produzir uma agricultura não só de quantidade, vamos produzir uma agricultura de qualidade. Não nos vamos preocupar só para ver quantos litros de leite produzimos, mas qual é a qualidade desses litros de leite; quanta carne, mas qual é a qualidade dessa carne; quanto legume, quantas frutas, mas qual é o valor biológico desse legume, dessa fruta. Que esses são conceitos que nunca se manipularam sob o capitalismo, porque o capitalismo se regia pela lei dos lucros, o capitalismo se preocupava só pela quantidade, não se preocupava pela qualidade.
E quando vocês avancem, quando os companheiros do Partido e os companheiros que estão nos círculos de estudo avancem em seus programas, compreenderão o significado disto, compreenderão o valor que tem para a sociedade e para a saúde humana a qualidade dos produtos. Porque há muitos países, supostamente muito desenvolvidos, que produzem grandes quantidades e, contudo, seus povos padecem de uma série de doenças que são consequência da desconsideração acerca da qualidade dos produtos.
E nós não somente vamos ter uma agricultura de quantidade, mas uma agricultura de qualidade. E apoiaremos esta aspiração nas dezenas de milhares de técnicos que vamos formar, de técnicos agrícolas, de pesquisadores, de laboratoristas, nos meios de que vamos dispor, nos conhecimentos com que vamos contar, no fato de estar à par de todas as pesquisas que no mundo todo sejam realizadas acerca dessas questões. E chegaremos não só a garantir uma quantidade de produtos suficientes para atingir níveis de consumo extraordinários, mas também a qualidade dos produtos. E com tudo isso conseguiremos não só um padrão de vida muito maior, mas também um padrão de saúde muito maior para nosso povo.
Portanto, o compromisso principal que queremos com vocês, companheiros, é que continuem estudando, que se convertam em engenheiros agrônomos. E à parte de que penso que teremos oportunidade de ver-nos muitas vezes, o próximo encontro com vocês é daqui a cinco... Cinco anos?
(ALGUÉM LHE DIZ ALGO). Quatro de agronomia? Creio que são cinco. (VOLTAM A DIZER-LHE ALGO). Mas estes não podem pensar que vão ficar atrás daqueles que estão frequentando a universidade todos os dias, estes não vão ficar atrás! Mas de todas as formas... se o podem fazer antes, mas nos voltaremos a reunir em 1969, mais ou menos um dia como hoje (APLAUSOS), na Universidade de Las Villas, em 13 de novembro, ou antes, caso se graduarem antes, nos reunimos antes de 1969, para celebrar a graduação de vocês como engenheiros agrônomos.
E quando tenhamos atingido essa meta, essa massa toda irá atrás de vocês, e atrás, ainda, dezenas de milhares de jovens, que esse é o caminho certo do sucesso, é o caminho certo do triunfo, porque lutamos para algo.
Quando vocês veem que um povo fica empolgado em um ato, quando veem que o povo se entusiasma, quando vocês veem que as companheiras e os companheiros do coro cantam de uma maneira bela uma canção revolucionária, tudo isso é para algo, tudo isso é por algo, tudo isso é pelo povo, tudo isso é para o povo, tudo isso é pela Revolução, tudo para a Revolução e tudo para o porvir deste país. E esse é o porvir belo, o porvir luminoso pelo qual se enervam as massas, pelo qual lutam as massas, pelo qual trabalha o povo, pelo qual se sacrificam os homens, pelo qual têm dado sua vida nos campos de batalha, nos combates, na Baía dos Porcos e em todos os lados; por isso, por esse porvir, por esse futuro! E esse futuro é o que temos que construir, e esse é o futuro em que vocês têm que participar de uma maneira decisiva, de uma maneira fundamental.
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)