DISCURSO PRONUNCIADO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO RUZ NO ATO DE BOAS-VINDAS AO DOUTOR OSVALDO DORTICÓS TORRADO, PRESIDENTE DA REPÚBLICA, EM 9 DE OUTUBRO DE 1962
Data:
Companheiras e companheiros
Mais uma vez, nos reunimos neste lugar para recebermos como merece quem acaba de travar uma honrosa batalha em defesa de nossa Pátria (APLAUSOS): nosso presidente Osvaldo Dorticós (APLAUSOS).
Não é uma tarefa fácil a que ele acaba de cumprir. O próprio fato de que a Organização das Nações Unidas (ASSOBIOS E EXCLAMAÇÕES)... Não é a Organização das Nações Unidas o que nós devemos criticar, o que nós devemos criticar é a política dos Estados Unidos e dos imperialistas dentro das Nações Unidas. E o que nosso povo condena não é a Organização, (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) mas sim os métodos que introduziu nela o imperialismo ianque (ASSOBIOS E EXCLAMAÇÕES), a política de chantagem demonstrada ontem, acompanhada por todo o povo de Cuba através da televisão, ou nas próprias circunstâncias de ver o que fazia o delegado dos Estados Unidos quando a assembleia aplaudia (EXCLAMAÇÕES). Porque naquele instante o senhor Stevenson (EXCLAMAÇÕES), mais do que um representante diplomático, parecia um cão de presa (EXCLAMAÇÕES), vigiando, vigiando de uma maneira não dissimulada, observando e anotando quais eram as delegações que aplaudiam o representante de Cuba. Porque, naturalmente, não só aplaudiram nosso presidente delegações amigas, delegações de países que nos têm ajudado e nos têm defendido, mas que as verdades proferidas pelo nosso presidente, receberam também os aplausos de numerosos países que inclusive figuram como aliados dos Estados Unidos (APLAUSOS). E isso era precisamente o que preocupava Stevenson: quem eram os que aplaudiam e aparentemente estava checando as delegações.
Isso é consubstancial à política de pressões e chantagens que o governo dos Estados Unidos emprega no seio das Nações Unidas, como foram as provocações às que esteve submetido incessantemente nosso presidente durante os dias que permaneceu nos Estados Unidos, como foi a provocação que o governo dos Estados Unidos tentou montar ali, na própria assembleia, lançando mão desses elementos que não podem ser chamados de cubanos (EXCLAMAÇÕES), esses miseráveis traidores, indignos de levar um nome tão glorioso como é hoje o nome de cubano (APLAUSOS).
Porque ali se podiam observar as lágrimas de crocodilo, os gritos histéricos dos privilegiados, dos exploradores de ontem, dos esbirros, dos assassinos (EXCLAMAÇÕES), que com toda a sua corte de viciosos, com todo o elemento prostituído, foram para lá, para a sociedade onde possam achar melhor alojamento, na sociedade corrompida onde possam viver. Porque esses são os excrementos da sociedade capitalista (EXCLAMAÇÕES).
E nossa terra jamais produzirá no futuro essa classe de elementos (EXCLAMAÇÕES DE: “Não”!) porque aqueles elementos são um produto da sociedade capitalista, da sociedade egoísta, da sociedade corrompida, da sociedade cheia de vícios, abolida na nossa terra. E por isso, ao mudar o regime social no nosso país, produzir-se-á outro tipo de homem e outro tipo de mulher, os que com legítimo orgulho sim poderão chamar-se de cubanos (APLAUSOS). Porque se o nome de cubano é hoje uma honra, é por causa da Revolução que os cubanos estão fazendo (APLAUSOS). E aqueles que renegam dessa Revolução, não poderão aspirar a receber a honra, o reconhecimento e o orgulho de chamar-se cubanos (APLAUSOS).
Mas esse ambiente infetado, essa atmosfera de provocações e de insultos, é a que rodeia todo representante da Revolução Cubana quando vai às Nações Unidas, porque há muito tempo que essa organização funciona num país que não é capaz, nem quer, nem é digno de que possa funcionar ali como deve essa assembleia dos povos (APLAUSOS).
Porém, isso não amedrontou a representação da nossa pátria. Nosso presidente podia ir ali, como foi, como a testa bem alta (APLAUSOS), desafiando, desafiando a hostilidade e a provocação dos imperialistas, desafiando os insultos, desafiando suas grosserias, porque tinha força moral e tinha verdades mais do que suficientes para pronunciar ali (APLAUSOS), e sentar, como fez, no banco dos réus, ao imperialismo ianque (APLAUSOS).
Porque, que é que parecia o delegado ianque quando falava nosso presidente? Parecia um réu. E esse foi o papel que realmente representou na histórica sessão de ontem.
Escusado será dizer que o nome do delegado dos Estados Unidos está altamente desacreditado na ONU, porque foi precisamente aquele senhor quem horas antes da agressão imperialista a nossa pátria declarou que seu país não tinha propósitos agressivos contra Cuba. E foi esse mesmo senhor quem no dia do bombardeio dos aviões de guerra a nossas bases, em 15 de abril, declarou que os aviões tinham as insígnias cubanas e que se dizia que tinha havido um levante da força aérea cubana.
Como aparentemente considerou que quando os fatos fossem consumados, diante dos fatos consumados, diante do sucesso que pretendia atingir, seriam esquecidas suas mentiras, não duvidou ao adotar uma posição tão cínica. Só que os fatos não resultaram tal e qual eles imaginavam, e suas mentiras ficaram em evidência, pois até o próprio presidente dos Estados Unidos anunciou sua responsabilidade alguns dias depois naqueles fatos, desmentindo, quer dizer, em absoluta contradição com todas as declarações anteriores e com as declarações que havia feito na ONU seu delegado.
Se esse senhor tivesse um ápice de vergonha e de decoro, teria renunciado naquela ocasião a continuar sendo delegado dos Estados Unidos nas Nações Unidas (APLAUSOS).
Para aqueles que pensavam alguma vez que este senhor Stevenson fazia parte do grupo de liberais — não digamos progressistas, porque já dizer liberal é quase dizer revolucionário nos Estados Unidos — para aqueles que pensavam que este senhor pertencia ao grupo dos políticos liberais, resultou ser uma completa frustração, uma total decepção, porque demonstrou ser mais um politiqueiro, tão cínico e com tão pouca vergonha como os demais membros da camarilha dirigente ianque.
Era lógico que ao aparecer ali nosso presidente e denunciar estas coisas, ele tivesse que ficar calado; era lógico que diante da verdade esmagadora, a força demolidora dos argumentos da representação cubana fossem incontestáveis.
O que ficou demonstrado no dia de ontem? Ficou demonstrado o descrédito crescente do imperialismo, sua falta de prestígio, sua política sem princípios, sua situação desesperada, sua desmoralização diante da opinião pública mundial, sua posição fraca diante do nosso país. Porque diante dos apelos do nosso presidente a favor da paz, a favor das soluções diplomáticas dos problemas, a favor da discussão, não podiam responder nada.
E não podiam responder nada, porque para contestar as afirmações de Cuba teria sido necessário que abrissem mão da ideia, que tem sido a ideia essencial da política ianque, desde o próprio dia em que nosso povo se liberou, a ideia de destruir a Revolução; para poder contestar as afirmações de Cuba deveriam abrir mão dessa ideia que têm na mente desde há quatro anos.
Não pôde ser mais clara, mais diáfana, mais convincente a palavra de Cuba, a sinceridade de Cuba, a política de Cuba. E ali ficaram contrastadas as duas políticas: primeiro, o fato indiscutível de quem foram os agressores, quem tentou intervir nos assuntos internos doutros países, quem tentou derrubar governos, quem perpetrou agressões; e por outro lado, quem quer a solução pacífica dos problemas e quem não quer; quem tem uma política de paz e quem tem uma política de agressão.
O governo dos Estados Unidos não podia nem contestar essas afirmações, e realmente ficava diante do mundo todo sem argumentos, porque se eles dizem que Cuba constitui um perigo para sua segurança e que Cuba tem uma atitude provocadora, e Cuba diz que quer discutir, e os exorta a discutir pela via diplomática os problemas, por que dizem que não? Como então podem dizer que Cuba seja uma preocupação? Porque se essa afirmação contivesse uma verdade, então, por que não fazem o menor esforço a fim de se tirarem essa preocupação, por que não querem falar? Por que não querem discutir?
E então, como poderão continuar tentando confundir e tentando enganar o mundo? Mas, são ridículos mesmo! Por acaso vocês sabem o que afirmam e o que depois afirmou numa declaração a delegação dos Estados Unidos? Que as armas que estávamos trazendo eram para defender-nos do povo (RISOS E EXCLAMAÇÕES).
Este senhor, falando em nome do governo dos Estados Unidos, tem a cara tão dura, tão dura, que se atreve a afirmar coisa semelhante. Quer dizer que nós não nos armamos perante o perigo das agressões ianques; que as armas que nós temos adquirido e as medidas que temos adotado — e que temos adotado umas quantas medidas e muito boas medidas, por sinal (APLAUSOS) e que têm muito preocupados os imperialistas — ... como se a causa fundamental dessas medidas não fosse a agressão incessante e a incessante ameaça, a incessante política de hostilidade e subversão contra nosso país por parte do imperialismo ianque.
É possível que nem bêbedos eles próprios acreditem em semelhante argumento. Por que não conseguiram esmagar a Revolução? Porque tiveram que enfrentar o povo (APLAUSOS) Quem tem as armas? (EXCLAMAÇÕES DE: “O povo!”) Por acaso uma força de mercenários? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Por acaso algo que não seja essencialmente, que não esteja entranhavelmente unido ao povo e se confunda com o próprio povo? Por acaso aquele soldado de ontem? (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Quem leva essas armas? (EXCLAMAÇÕES DE: “O povo!”) Quem custodia estes atos? (EXCLAMAÇÕES DE: “O povo!”) Quem defende a Revolução? (EXCLAMAÇÕES DE: “O povo!”).
E por isso mesmo: porque o povo tinha as armas e não um exército profissional nem mercenário, não esses exércitos ao estilo da Argentina e do Peru que os ianques manipulam segundo seus desejos e que os utilizam para mudar governos; por isso mesmo, porque é o povo armado, e não é o mesmo manipular generais do que manipular o povo (APLAUSOS), os imperialistas se quebraram os dentes contra a Revolução Cubana.
Fracassaram todos os planos subversivos, fracassou a agressão indireta, e então começaram a pensar na agressão direta. Mas então nós também nos pusemos a pensar noutras medidas perante a agressão direta (APLAUSOS). O povo sabia que os dirigentes revolucionários não íamos ficar de braços cruzados, o povo sabia que os homens que dirigem a Revolução não iam recuar (APLAUSOS), o povo sabia que os homens que têm nas suas mãos a direção do país são homens de Pátria ou Morte! (APLAUSOS PROLONGADOS).
A Revolução triunfou e a Revolução chegou ao poder não por causa de uma quartelada dos generais, não por causa de uma traição em meio da madrugada, não em decorrência de umas eleições corruptas e politiqueiras. A Revolução chegou ao poder lutando, a Revolução chegou ao poder vencendo obstáculos infinitos, a Revolução chegou ao poder desafiando infinitas forças; a Revolução foi se desenvolvendo desde os ínfimos recursos com que contava nos seus dias difíceis até o que é hoje, lutando e não vacilando, não parando perante as dificuldades, não detendo-se perante a força do inimigo.
A Revolução tem sido um processo que surgiu e cresceu lutando contra a força de seus inimigos. E a força dos seus inimigos em armas, em poderio militar, era infinitamente superior à força da Revolução. E, contudo, isso não foi obstáculo: a Revolução continuou avançando, e é o que é hoje.
Temos muitas armas, sim! (APLAUSOS), muitas armas, muitas e potentes armas (APLAUSOS); mas um dia tivemos só sete armas! Quando nos reunimos para fazer o reconto do que nos restava,quando nos dispúnhamos a recomeçar a luta na Serra Maestra (APLAUSOS), um dia tivemos sete armas e, contudo, se a Revolução é hoje uma realidade tão horrível para nossos inimigos como bela para nosso povo, para os homens e mulheres humildes da pátria (APLAUSOS), se a Revolução é hoje um pesadelo para os imperialistas, foi porque aqueles sete fuzis não se pregaram, não se renderam (APLAUSOS), foi porque aqueles sete fuzis continuaram adiante, e lutaram.
Como poderiam pensar os imperialistas que hoje, quando não somos sete fuzis, como poderiam pensar os imperialistas que depois que o nosso povo tinha pulverizado sua invasão de mercenários em menos de 72 horas (APLAUSOS), como poderiam pensar os imperialistas que depois de quatro anos de abnegada e heróica Revolução (APLAUSOS), nosso povo ia se desalentar perante os perigos, nosso povo ia parar? Como poderiam pensar que podiam aspirar ou figurar pensar os imperialistas, que diante da ameaça que pairava sobre nossa pátria e sobre nosso povo, nossa atitude seria dobrar o pescoço sob o machado criminoso dos ianques imperialistas? Como poderiam pensar que nossa atitude ia ser essa, e não a atitude consequente com a história desta Revolução e dos homens que estão à frente dela? Que era a única atitude: a atitude de não dizer jamais que o inimigo poderia derrotar-nos, a atitude de não aceitar jamais a possibilidade de que o inimigo pudesse derrotar-nos, a atitude — que é a atitude que temos adotado, repito, em consequência com a história desta Revolução — de adotar as medidas que as circunstâncias aconselhavam, de dar os passos que as circunstâncias aconselhavam (APLAUSOS), para pôr freio à agressão imperialista, para conter a mão assassina do imperialismo. E isso é o que temos feito! (APLAUSOS).
E por isso, por isso os imperialistas estão furiosos. Porque estão furiosos? Porque a questão é mais séria, porque a questão não é mandar já seus aviãozinhos numa manhã e estes deixarem cair bombas tranquilamente sobre nosso povo; a questão já não é tão simples como trazer protegidas por seus navios de guerra invasões de mercenários: a questão não é tão simples como descarregar uma centena de bombas sobre nosso povo e depois dizer que foram aviões da força aérea cubana, como têm feito tão cinicamente, tão impunemente, e que uma agressão à nossa pátria já não seria uma agressão impune, que um crime contra nossa pátria já não seria um crime impune (APLAUSOS).
E a situação é essa: uma agressão não seria impune, um crime contra Cuba não seria impune. Como mudaram as coisas! (APLAUSOS). Que diferente! Que diferente de quando do Giron (Baía dos Porcos), que diferente daqueles dias vésperas de Giron! Que diferente! Que situação tão diferente entre poder cometer impunemente uma agressão, um crime, um ataque pirata e cobarde contra um povo pacífico e pequeno, e agora! Que diferente!
E para isso é que temos dado os passos que temos dado. Para isso é que temos recebido as armas que temos recebido e os técnicos que temos recebido! (APLAUSOS.) Para isso senhor Kennedy! Para isso senhor Stevenson! Não como vocês dizem, para defender-nos do povo, mas sim para o povo se defender (APLAUSOS). E para defender-se dos seus únicos inimigos que são vocês.
E, ademais, que ridículos, que insensatos, que irresponsáveis, que enganados! Está na hora de abrirem os olhos; está na hora de começarem a acordar e verem as realidades do mundo de hoje, a realidade dos povos que acordam e que param a mão dos que faziam e desfaziam ao seu gosto a política, os sistemas e a vida dos povos.
Isto é uma consequência de que o mundo já mudou. Não estamos em 1898; no estamos naqueles anos em que Calixto Garcia foi impedido de entrar em Santiago de Cuba; não estamos naqueles anos em que eles puderam converter em poeira as aspirações do nosso povo, governar como invasores durante dois anos nosso país, e retirar-se deixando-nos uma Emenda Platt. Não estamos naqueles tempos, vivemos tempos muito diferentes, vivemos realidades mais promissoras para os povos. Não vivemos naqueles tempos nos quais os exércitos imperiais desembarcavam nas costas de qualquer país da América ou nas costas do continente da África ou da Ásia, a massacrarem nativos e imporem sua lei. Por fortuna para a humanidade, e muito apesar deles, embora lhe doa e lhes tire o sono aos reacionários e aos exploradores, não vivemos naqueles tempos!
A história seguiu seu curso inexorável e já marcou o fim daquela etapa ignominiosa para a humanidade, isenta de garantias para os povos, para os pequenos povos, para as nações fracas militarmente e que estavam à mercê da força, cujos direitos, cuja independência, cujos destinos estavam à mercê da força dos impérios poderosos. Afortunadamente para a humanidade esses tempos já passaram (APLAUSOS).
E aqui, no nosso país, temos a melhor prova: aqueles tempos já passaram. Naqueles tempos teriam podido tentar invadir-nos; naqueles tempos teriam podido desembarcar seus fuzileiros e nos teriam obrigado, não a render-nos, mas sim a um imenso holocausto. Mas naqueles tempos já passaram. Hoje não poderão fazer isso impunemente! (APLAUSOS). Poderão tentar, poderão tentar, mas não poderiam tentá-lo impunemente (APLAUSOS). Poderão começar, mas o que não poderão será terminar! (APLAUSOS). Poderão começar, mas o começo será seu próprio fim! (APLAUSOS) Amargo fim, naturalmente, do imperialismo, que não deseja ninguém, porque ninguém deseja, ninguém consciente, ninguém responsável deseja esse suicídio do imperialismo, esse holocausto da humanidade, o imenso preço, os imensos sacrifícios que isso representaria para o mundo.
Mas não é o mesmo quando os imperialistas podiam fazer essas coisas impunemente a quando se arriscam a serem destruídos. Destruição que ninguém deseja, solução que ninguém deseja, mas que os povos, todos os povos livres, verdadeiramente livres, todos os povos que almejam viver em um mundo de paz, em um mundo de justiça, em um mundo de respeito aos direitos soberanos das nações e dos estados, têm a necessidade de estar sempre dispostos a defender esses direitos, a defendê-los a qualquer preço, a defender a paz, porque a paz é um interesse da humanidade toda; o direito de viver em paz, desejo da humanidade toda. Porque a humanidade toda sabe que se veria afetada, sem exceção, pelas consequências de uma guerra. A humanidade toda sabe, a humanidade toda seria afetada, e por isso a paz é o grande anseio da humanidade toda.
Mas para defendê-la, para travar os guerreiristas, os chantajistas, os mercadores da guerra, os exploradores, os piratas, os que querem manter os povos subjugados e explorados; aos que não lhes importa travar guerras como a da Coreia, os que não se importam com os milhões de vítimas; os que não se importaram quantas dezenas de centenas de milhares de vidas se teriam perdido em Cuba, se os imperialistas tivessem conseguido apoderar-se de uma cabeça de praia quando nos invadiram — porque aquela estratégia, como vocês lembram, era a estratégia de uma guerra de desgaste, para bombardear-nos a partir dali todos os dias e todas as noites, o qual teria significado infinitas perdas de vidas e de riquezas para nossa nação —, aqueles que não vacilam diante dessas considerações, aqueles que querem destruir povos, hão de ser parados com uma atitude que é a atitude dos povos, firmemente determinados em defender a paz, em defender a soberania dos povos, em defender os direitos dos povos.
E neste mundo em que vivemos, nesta hora em que vivemos, nós somos defensores da paz, estamos ao lado dos que defendem a paz (APLAUSOS), defensores da soberania dos povos, defensores dos direitos da humanidade.
E aqueles que defendem esses direitos são nossos irmãos (APLAUSOS); aqueles que defendem esses direitos são nossos companheiros; aqueles que defendem esses direitos são como nós. E nós todos estamos correndo os mesmos riscos, os mesmos perigos, perante os belicistas, perante os inimigos da paz.
E nossa Revolução em desenvolvimento ganhou esse direito, ganhou essa solidariedade; nosso povo com sua firmeza, nosso povo com sua determinação, nosso povo com seu heroísmo ganhou esse apoio das forças que defendem a paz (APLAUSOS).
E esse apoio que recebemos do bloco socialista (APLAUSOS), esse apoio especial que recebemos, esse apoio especial que recebemos da União Soviética (APLAUSOS); jamais renunciaremos a esse apoio!, porque esse apoio solidário é hoje, esse apoio solidário é hoje um obstáculo para os imperialistas (APLAUSOS); esse apoio solidário, esse apoio solidário é um muro frente aos criminosos, é preservação da paz, salvação de vidas humanas (APLAUSOS).
Porque nós sabemos que uma invasão ianque obrigaria nosso povo a imensos sacrifícios, rios de sangue seriam derramados; e embora estejamos dispostos aos sacrifícios que sejam necessários (APLAUSOS), embora estejamos dispostos a pagar o preço que seja necessário pela nossa liberdade, pela nossa soberania, pelos nossos direitos, não abriremos mão de um apoio que pode significar evitar esses rios de sangue! (APLAUSOS), evitar que os imperialistas se lancem nessa aventura!
E que é que disse Stevenson como resposta à afirmação do nosso presidente? Que se nós queríamos negociações devíamos começar rompendo nossos vínculos com a União Soviética (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”). O que vocês acham disso: (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) Jamais! Porque, como vamos romper os vínculos com nossos amigos? (DURANTE VÁRIOS MINUTOS O PÚBLICO APLAUDE E GRITA: “Fidel, Jruschov, estamos com os dois!”).
Como vão vir propor-nos que rompamos com nossos amigos para ficarmos, nada menos, que à mercê dos nossos inimigos (EXCLAMAÇÕES).
E vejam vocês que classe de amizade pode ser a amizade dos imperialistas, que propõem que para ser amigos deles não se pode ser amigo de ninguém mais.
Eles são vaidosos, presunçosos, soberbos mesmo! Que nós devemos romper, nada mais nada menos, que com aqueles que nos tem ajudado tão lealmente (APLAUSOS); com aqueles que, diante de cada ato de agressão ianque, responderam com um ato de amizade para nós (APLAUSOS); com o país que a milhares de milhas de distância nos tem estado mandando o petróleo para que funcionem nossas usinas, nosso transporte (APLAUSOS), cujos navios singraram os oceanos trazendo-nos produtos, com o país que, precisamente, nos tem dado tão calorosa e generosa ajuda nestes aos difíceis (APLAUSOS), apesar da distância; com o país que junto com os demais países do bloco socialista nos enviou as armas com as quais derrotamos os criminosos invasores (APLAUSOS); com o país que de maneira clara e terminante tem advertido os imperialistas que uma agressão a nossa pátria significaria o início de uma contenda mundial (APLAUSOS); com o povo soviético, esse povo generoso, esse povo são, esse povo cheio de carinho para com a nossa pátria e para nosso povo (APLAUSOS), que em defesa da nossa Revolução corre os riscos que sua advertência representa, que sua posição representa; esse povo generoso que dessa forma nos tem ajudado, que tão extraordinária generosidade e solidariedade tornou evidente para nós.
Vamos romper com esse povo (EXCLAMAÇÕES DE: “Não!”) para ser amigos daqueles que nos têm agredido, daqueles que suprimiram nossos mercados, daqueles que nos ameaçaram incessantemente, daqueles que fizeram explodir o navio “La Coubre”, assassinando dezenas de operários e soldados, daqueles que queimaram nossos canaviais, daqueles que tentaram render-nos pela fome, daqueles que tentam impor-nos hoje um bloqueio, daqueles que pressionam muitos países para que seus navios não transportem mercadorias para Cuba? Eles são vaidosos, presunçosos, e soberbos!
Porque nós temos um sentido muito alto e muito profundo da gratidão (APLAUSOS), da solidariedade humana, da irmandade! E o povo soviético é e será, por sempre, um povo amigo e um povo irmão do nosso povo! (APLAUSOS).
Porque os operários e os camponeses daquele país, os operários e os camponeses daquele país que regem o estado soviético, tal como nós um dia, expulsaram príncipes, condes, marqueses e privilegiados de todo o tipo, imperialistas, exploradores; e tal como nós, sofreram a agressão imperialista, tal como nós sofreram o bloqueio, porque os imperialistas tentaram fazer render o povo soviético (EXCLAMAÇÕES), os imperialistas tentaram destruir a Revolução soviética mediante a fome e as armas, e fracassaram!
Quem pode compreender melhor que esse grande povo o que são as garras do imperialismo, o que é o punhal assassino do imperialismo; esse mesmo imperialismo que sob a forma de fascismo assassinou mais de dez milhões de cidadãos soviéticos? Quem pode compreender melhor que esse grande povo o que é nossa Revolução, que lembra seus dias de luta também, seus dias difíceis, quando o imperialismo e os imperialistas se empenhavam em esmagá-lo, tal como hoje o império ianque se empenha em esmagar-nos a nós? Quem pode compreender-nos e ajudar-nos melhor que esse estado de operários e camponeses, sem burgueses, sem exploradores? (APLAUSOS).
Primeiramente os imperialistas abrirão mão dos seus impérios e os exploradores da sua exploração, antes de nós renunciarmos à amizade e à irmandade com o povo soviético! (APLAUSOS).
Essa linguagem soberba, essa linguagem soberba e altaneira foi a resposta às palavras honradas e eloquentes do nosso presidente (APLAUSOS).
Mas a loucura dos imperialistas é de tal grau que veem fantasmas por todos lados. Há coisas, naturalmente, que não são fantasmas; todos sabemos disso. E se ficam assustados, bem assustados. Mas que estejam assustados com o porto pesqueiro, já isso provoca riso! (ALGUÉM DO PÚBLICO DIZ ALGO). Isso que diz essa mulher do povo, de que eles têm raiva do arenque e do bacalhau... Entre os argumentos dos imperialistas, dizem que estão longe das costas de Cuba. Bem, para isso queremos navios grandes: precisamente para ir buscá-los onde estejam. É a raiva que dá aos imperialistas esse tipo de convênio. Por que? Porque o mundo capitalista nunca conheceu um convênio desse tipo.
Aqui, por exemplo, veio o governo dos Estados Unidos e fabricou uma indústria de níquel; essa indústria era propriedade do governo dos Estados Unidos, e a estiveram explorando até que veio a Revolução e nacionalizou a indústria do níquel (APLAUSOS).
Aqui vinham os imperialistas, as companhias imperialistas, construíam usinas, começavam a explorar nossos trabalhadores,e algumas, como a de eletricidade e a dos telefones, estiveram mais de 40 anos, amorteceram o investimento e obtiveram várias vezes o valor do investido. E na Aliança para o Progresso o que oferecem é isso. Aos imperialistas não lhes convém de nenhuma forma o exemplo deste tipo de convênio.
O que aconteceu neste caso? Nós vamos ter inúmeras fábricas, entre outras uma grande indústria siderúrgica. Como é que a vamos ter? Com créditos que nos dá a União Soviética (APLAUSOS); com técnicos, com projetos e com técnica que nos facilita a União Soviética. A indústria é nossa; o produto do trabalho é nosso, e a poderemos pagar com uma parte dos ganhos, dos lucros que essa indústria represente para o povo de Cuba. Que diferente! (APLAUSOS).
Neste caso vai ser construído um porto pesqueiro: os soviéticos facilitam o projeto; os soviéticos facilitam a maquinaria, e o que custar o cimento e a mão-de-obra por fazê-lo, por um equivalente igual, os soviéticos nos dão um crédito (APLAUSOS). Os operários que vão trabalhar nesse porto, em seus equipamentos de refrigeração e na indústria e em suas oficinas de reparação, são cubanos e os treinam os soviéticos na União Soviética (APLAUSOS). E o porto é nosso, é de Cuba e o administra Cuba.
E se ainda fosse pouco, os navios soviéticos que vão receber os serviços desse porto para transportar o peixe para os navios-mãe, ou a reparar seus navios, ou receber combustível, nos vão trazer neste ano 2 mil toneladas de peixe; e para o ano 1963, 15 mil toneladas de peixe (APLAUSOS).
Mas há algo mais: a União Soviética tem desenvolvido uma indústria pesqueira que já superou amplamente a indústria pesqueira ianque. A União Soviética já está produzindo cerca de 5 milhões de toneladas de peixe (APLAUSOS), e continuam desenvolvendo sua indústria e sua frota pesqueira; e a nós nos oferece a oportunidade de que treinemos nossos futuros marinhos da nossa frota mercante na sua Frota Mercante pesqueira; facilitam-nos a técnica de elaboração dos produtos.
É claro que esse tipo de convênio faz ficar furiosos os imperialistas. E ainda, eles pressionando todo mundo para que não nos tragam mercadorias, e os soviéticos nos entregam parte do produto de sua frota pesqueira, para ajudar na alimentação do nosso povo (APLAUSOS). É lógico que essas coisas façam os imperialistas ficarem furiosos.
E o porto pesqueiro se tem convertido noutro argumento de agitação bélica contra nós. Então já não estamos vivendo na época do tubarão e a sardinha. Antigamente diziam que o tubarão engolia a sardinha, e agora resulta que o tubarão fica assustado dos arenques! (RISOS E APLAUSOS) É um tubarão assustado e, ainda, um tubarão que tem medo que o pesquem a ele também (APLAUSOS). Que diferente! Certo? Agora o tubarão diz que as sardinhas querem engoli-lo a ele. Eis a história. É claro que nós não somos o tubarão, mas também não somos pequenas sardinhas (APLAUSOS). E a esse grau de ridicularia tem chegado o imperialismo com essas coisas, e de descrédito, de descrédito — do pouco crédito que tinham.
E ontem isso foi o que ocorreu nas Nações Unidas: a voz de Cuba, a verdade de Cuba se fez sentir, e se fez sentir muito funda (APLAUSOS); e todos os cubanos, todos os cubanos nos sentimos orgulhosos dessa verdade (APLAUSOS).
Ah!, Ah!, os imperialistas nunca tinham escutado que um governo livre da América Latina lhes dissesse essas coisas, nunca, disseram-lhes assim a verdade perante os representantes de mais de 100 países. E por isso estão espumando, e por isso abocanham, ou pelo menos latem. Como está o povo? Calmo, tranquilo, firme, trabalhando, trabalhando a sério para produzir, e para vencer sua batalha pela felicidade (APLAUSOS). Como está o povo? Mais firme do que nunca, mais forte do que nunca, mais certo do que nunca! (APLAUSOS).
E a que veio este povo hoje aqui, esta gigantesca multidão que no cabe nesta avenida? A que veio? A respaldar essa verdade, a testemunhar seu calor a quem foi porta-voz dessa verdade! (APLAUSOS) A respaldar a Revolução! (APLAUSOS) A respaldar os pronunciamentos do Governo Revolucionário! (APLAUSOS) A respaldar as medidas que o Governo Revolucionário tomou para fortalecer a Revolução, para fortalecer a defesa da pátria! (APLAUSOS) Veio apoiar as medidas adotadas pelo Governo Revolucionário! Veio apoiar o apoio da União Soviética! (APLAUSOS) Veio dizer que sim, que aceita as armas que nos tem enviado a União Soviética! (APLAUSOS).
Isso é o que o povo veio dizer-nos aqui, expressar sua satisfação pelo fato de que a segurança da pátria tenha aumentado, pelo fato de que a pátria não esteja indefesa (APLAUSOS), pelo fato de que a pátria seja forte, pelo fato de que a pátria, com a ajuda e o apoio dos seus irmãos socialistas, possa contestar o ataque imperialista (APLAUSOS); e dizer aos contrarrevolucionários: “Adeus esperanças de invasão ianque”.
Porque os contrarrevolucionários, os contrarrevolucionários sabiam que por aqui não podiam nem mostrar o nariz, os contrarrevolucionários sabiam que não duravam muito mais do que “um suspiro na porta de um colégio” (EXCLAMAÇÕES).
Porém, o que é que esperavam os contrarrevolucionários? Esse doido, o dono de fazendas, a empresa monopolista, o esbirro, o que é que esperavam? Que viessem os ianques, que viessem os fuzileiros, e embora fosse sobre um charco de sangue, ainda que fosse sobre um charco de sangue!, recuperar suas fazendas, seus palacetes, suas contas bancárias, suas usinas, suas criadas, seus prostíbulos, seus garitos (EXCLAMAÇÕES).
O que é que esperavam os esbirros? Estar de novo aqui em um carro-patrulha, com uma metralhadora na mão, olhando com cara de mauzões os poucos que iam ficar aqui, abusando de todo mundo, cobrando barato a todo mundo, negociando com os jogos ilícitos e todas aquelas atividades escusas que havia aqui, explorando o jogo; os politiqueiros com seus chapéus, seus charutões, seus paletós, seus bons trajes, passeando nos Cadillacs; e o povo humilhado, discriminado, sem trabalho, sem cultura; o povo miseravelmente explorado, o ser humano reduzido a pouco mais que zero, perante os privilegiados e os poderosos.
Qual era a razão que podiam ter? Qual é a razão que podem ter perante a obra da Revolução? Que razão perante uma revolução que fez tamanha justiça, perante uma revolução que tanto trabalhou e que tanto lutou por seu povo? Que razão podiam ter perante nosso milhão, perante nosso milhão de cubanos alfabetizados (APLAUSOS), perante as centenas de milhares de crianças que hoje têm escolas? Que razão podiam ter perante cada homem ou mulher que hoje tem trabalho, que hoje tem um lugar de honra no seio da pátria? (APLAUSOS). Que razão podem alegar, qual a razão que podem ter os criminosos, os exploradores, os discriminadores, os privilegiados; que razão podem ter para impedir a este povo que trabalhe por sua felicidade, para impedir a este povo que trabalhe por um destino melhor, para impedir a este povo que trabalhe pelo amanhã, pelo futuro, pelo futuro dos seus filhos?
Ontem nós percorríamos o interior da Ilha e observávamos um fato impressionante: o povo dedicado ao trabalho, homens e mulheres por igual desenvolvendo as riquezas dos nossos campos, enormes plantações de frutas, um milhão de pinheiros plantados pela Revolução que invadiam planícies outrora estéreis, e ali, onde não crescia nem uma palmeira, cresciam robustas as árvores frutais, como lição eloquente de que o trabalho humano pode.
E nós enxergávamos aqueles lugares onde apenas há três anos predominava a miséria mais espantosa: campos estéreis convertidos hoje em caudal de riquezas, promessa do amanhã, e pensava nos milhões e milhões, centenas de milhões de árvores de madeira de lei que temos plantado; os milhões de árvores frutais que temos plantado e que já se vêem crescer por todos lados, e nós pensávamos: quanta riqueza, que riquezas gigantescas está criando o povo! Que porvir tão extraordinário será o do nosso povo! Com quantos recursos contarão as gerações vindouras por este trabalho, por este esforço! Riqueza que se vê crescer (APLAUSOS), promessa que começa a ser realidade!
E ao vermos tantos braços trabalhando — braços que ontem não trabalhavam — nós pensávamos: quanto vai crescer nossa produção ao incorporar-se as massas todas à produção, centenas de milhar extraindo da natureza seus recursos!
Que direito tem ninguém para impedir isso? Que direito podem ter os que durante 50 anos destruíram as riquezas do nosso país, desmataram as florestas e converteram em zonas estéreis longas regiões da pátria? Que direito podem ter para tentar impedir que daqui a uns poucos anos, reconstruamos o que eles destruíram, criemos de novo o que eles fizeram desaparecer do solo da pátria? Porque, o que nos deixaram? Não nos deixaram nem suficientes árvores de citricos para dar laranjas aos doentes.
O que terá nosso povo no dia de amanhã? Milhões e milhões dessas árvores, e de outros muitos tipos? E assim, em todas as ordens. O que nos deixaram nas indústrias? Nada! Éramos importadores de matérias-primas. Aqui praticamente não se produzia nada. Claro, por isso depositaram tamanhas esperanças no bloqueio.
Como conservaram nossos recursos hidráulicos? Nada fizeram. Nossos canais hidráulicos diminuíram, as nascentes dos rios foram eliminadas, nenhum sistema hidráulico foi criado.
O que é que tínhamos para exportar nossos produtos? Não tínhamos uma frota mercante; para pescar apenas tínhamos barquinhos que mal podiam afastar-se a costa. O que é que nos deixaram na educação, a não ser analfabetos?
O que nos deixaram na ordem moral, a não ser o vício, o jogo espalhado por todos lados, o crime, o desrespeito à lei, o abuso, a desigualdade, a discriminação? O que nos deixaram, a não ser misérias: misérias materiais e misérias morais?
Dessas correntes com que nos atavam nos temos libertado, e as mazelas que nos deixaram as estamos varrendo com sacrifícios, sim, sabemos disso, mas nenhuma obra histórica se faz sem sacrifícios. A liberdade e a felicidade não se adquirem sem sacrifícios! Aqueles que não têm caráter nem espírito para sacrificar-se, não terão direito à felicidade, não terão direito à liberdade.
E estas são as coisas que nos movimentam, e estas são as verdades que nos impulsionam, as que nos fizeram vencer, as que nos fizeram unir-nos, as que nos tornaram mais fortes, as que nos enchem de esperança no amanhã, as que nos dão a segurança de um porvir luminoso, em nome do qual temos feito nossa consigna de:
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)