«Guantánamo deve rever profundamente o sistema de atendimento à população em todas as estruturas políticas e administrativas», disse o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba (PCC) e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, nas conclusões da visita abrangente do secretariado do Comitê Central e seu aparato auxiliar, realizada de 13 a 16 de junho passado nessa província.
 
Díaz-Canel insistiu na importância do diálogo direto com a população e os profissionais por setores, para ouvir suas preocupações e propostas a fim de transformar a sociedade e, ao mesmo tempo, o trabalho do Partido; isto foi ensinado pelo líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz, um modelo de educador popular e defensor da participação como um direito e dever das massas.
 
Sugeriu fazer um uso mais eficaz da mídia e outras formas mais expeditas de informar as pessoas sobre as dificuldades que surgem em cada território.
 
Referindo-se aos resultados da visita da semana passada, quando se reuniu com mais de 10.600 pessoas em 246 centros e 49 comunidades, Roberto Morales Ojeda, secretário de Organização do Partido, destacou que os militantes do Partido em Guantanamo devem ser mais rigorosos na implementação das prioridades estabelecidas no 8º Congresso: a batalha econômica, a batalha ideológica e a luta pela paz.
 
«Guantánamo ainda tem 19 empresas com prejuízos em seus resultados econômicos, 16 não estão tendo lucro e, em geral, há um déficit orçamentário elevado, uma vez que a receita monetária não está sendo arrecadada, muitas vezes devido à falta de gestão. Este fenômeno deve ser revertido porque afeta os salários e a qualidade de vida dos cidadãos», disse.
 
Além desses contratempos, há atrasos na política habitacional (em Baracoa, por exemplo, há 1.472 casas afetadas por deslizamentos de terra pendentes de terminar e mais de 900 delaos com piso de terra batida a serem tansformadas), não pagamentos a usufrutuários e camponeses em Yateras, o descumprimento da colheita de açúcar, violações de preços..., tudo isso requer uma resposta imediata.
 
Segundo o chefe do Departamento de Organização do Comitê Central, Roberto Pérez Jiménez, para superar os pontos levantados pelas massas, é necessário continuar fortalecendo o trabalho do Partido e de seus líderes.
 
«Devemos ser mais exigentes com a responsabilidade dos líderes, diretores de empresas e líderes de massa, especialmente quando as pessoas indicam que há deficiências nos serviços e na produção de alimentos. Também devem ser criadas estruturas políticas nos centros que hoje na província carecem de células de base da União dos Jovens Comunistas e até mesmo estruturas sindicais para defender os trabalhadores», disse.
 
Na reunião, que reuniu os principais líderes do Partido do território para avaliar de forma crítica e autocrítica o estado de cumprimento das ideias, conceitos e diretrizes aprovadas pelo 8º Congresso, Graciela Torres, funcionária do Comitê Provincial do PCC, convocou os líderes de cada município a articularem um sistema de trabalho adequado, a fim de cumprir as indicações da mais alta liderança do país e as demandas populares.
 
«Não podemos continuar trabalhando para visitas, devemos ser mais responsáveis, ter sensibilidade, respeito e amor por nossas tarefas como funcionários públicos», disse.
 
O primeiro-secretário do Comitê Provincial, Rafael Pérez Fernández, assegurou que existem condições para transformar as dificuldades apontadas para o território. «Todos os diretivos foram incutidos de que devemos continuar trabalhando em estilos novos e criativos, em contato direto com a comunidade e as entidades dentro do raio de ação onde as células de base têm um impacto».
 
A PRIMEIRA COISA É A BASE
 
«O Partido é como o coração, tem que bater o tempo todo, tem que saber chegar a todos os lugares da vida econômica e do povo», disse o primeiro-secretário, resumindo as conclusões da visita do secretariado e sua estrutura auxiliar a Santiago de Cuba na parte da tarde desse mesmo dia.
 
Como explicou Humberto Camilo Hernández Suárez, chefe do Departamento de Política de Pessoal do Comitê Central, 36 diretivos participaram para avaliar o seguimento das ideias, conceitos e diretrizes do 8º Congresso através do contato em nível de base. Eles visitaram 389 instituições econômicas, políticas e sociais nos nove municípios, e muito especificamente em 26 comunidades, onde trocaram experiências com 14.200 pessoas.
 
Em seu relatório destacou, entre outros aspectos, a ligação entre o Bureau do Partido Provincial e seu aparato auxiliar com os municípios, as comunidades e a população, incluindo o setor não estatal; ao mesmo tempo, no que diz respeito aos municípios, exortou a uma maior influência dos líderes nas empresas e entidades para promover, junto com os trabalhadores, as possíveis soluções para os problemas.
 
Em resposta às intervenções que valorizaram o trabalho político-ideológico, Morales Ojeda afirmou que a exemplaridade dos que lideram e dos militantes é necessária para gerar sentimentos e a convicção para enfrentar o principal obstáculo que temos (que é o bloqueio) com resistência criativa, assim como para alcançar a confiança do povo com seu protagonismo na transformação dos bairros.
 
Quanto ao impacto da visita, o primeiro-secretário do Partido na província, José Ramón Monteagudo Ruiz, disse que as deficiências apontadas se transformaram no compromisso dos diretivos para resolvê-las, e em uma motivação especial dos moradores de Santiago, que perceberam a preocupação com situações que, em alguns casos, coincidem com suas propostas.
 
Segundo ele, serviu para enriquecer um amplo plano de atividades dedicado aos 70 anos da heróica epopeia do ataque ao quartel Moncada, no próximo ano, que inclui a produção de alimentos que o território necessita, o aumento da produção de cana de açúcar, a maior aplicação da ciência e da inovação tecnológica e o fortalecimento das estruturas de liderança.
 
Indo mais fundo no escopo da organização na sociedade, Díaz-Canel argumentou que o Partido está preocupado com tudo, mas deve agir com seus próprios métodos e estilo de trabalho, uma vez que o que é responsável não pode ser feito por mais ninguém, orientando tarefas, trocando com a população e delineando políticas e estratégias longe da improvisação.
 
«Neste sentido, o primeiro lugar é a base, porque é o estágio essencial de cada local de trabalho, da comunidade e das ações do Partido, onde aprendemos mais e onde precisamos agir juntos». Deste ponto de vista e tendo em vista a complexa situação atual, o chefe de Estado reafirmou como princípio o conceito de resistência criativa: «devemos estar cada vez mais convencidos de que o bloqueio intensificado continuará e que temos que avançar com nossos próprios esforços e com nosso próprio talento».
 
«Portanto, temos que trabalhar duro e com intencionalidade, temos que garantir todos os processos e cabe ao Partido garantir a segurança política nas áreas ideológica, econômica e social», este último aspecto no qual ele deu a maior prioridade às necessidades e insatisfações da população.
 
Em particular, indicou trabalhar com o povo, explicar e discutir sobre os apagões, informar concretamente sobre suas causas, o trabalho que ocorre para evitá-los em julho, e deixar claro para o povo que eles nunca ocorrem para irritar; e como, embora possa haver deficiências, quase tudo tem a ver com o bloqueio muito duro dos últimos anos.