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DISCURSO PRONUNCIADO PELO COMANDANTE-EM-CHEFE FIDEL CASTRO RUZ NA CONCENTRAÇÃO PARA COMEMORAR O 4º ANIVERSÁRIO DA INTEGRAÇÃO DO MOVIMENTO JUVENIL CUBANO, EM 21 DE OUTUBRO DE 1964

Data: 

21/10/1964

Companheiros convidados;
Companheiros jovens comunistas;
Moradores de Villa Clara:

Muitos são os atos que ocorrem constantemente e que têm importância. Muitos mais atos dos que, em geral, participamos, são motivo de convites para que participemos deles.

Contudo, nesta ocasião, convidado pelos companheiros dirigentes da União dos Jovens Comunistas, eu senti que tinha o dever de participar. Por duas razões: pela importância que tem para qualquer país, para qualquer revolução, e particularmente para nossa Revolução, a juventude; e em segundo lugar, ou no mesmo lugar, porque se trata de um ato do povo na província de Las Villas (APLAUSOS).

O tempo decorre rapidamente, muito mais rapidamente do que parece, às vezes. E assim, daqui a três meses — segundo me lembrava um companheiro — se completarão quatro anos daquele ato anterior, que teve lugar neste mesmo lugar. E realmente a nós não nos parece que tenha transcorrido esse tempo, e foi precisamente na ocasião de ser inaugurada esta cidade escolar “Abel Santamaría”.

Hoje o motivo do ato é a comemoração do 4º aniversário da união de todos os jovens revolucionários em uma só organização que na época era conhecida como a União dos Jovens Rebeldes ou a Associação de Jovens Rebeldes, até aquele dia — se bem me lembro — no ato do estádio em Havana, no qual nós propusemos, devido a que se estava discutindo como deveria chamar-se a organização dos nossos jovens — o nome de União dos Jovens Comunistas.

Porque precisamente serão nossos jovens os que terão oportunidade de chegar a viver dentro de um tipo de sociedade superior, dentro de um tipo de sociedade que é pela qual luta a Revolução, e para a qual vai avançando como meta final nossa Revolução que, como etapa de trânsito de uma forma social abolida, se denomina Revolução Socialista (APLAUSOS).

Eu penso que são muitos os que já leram acerca destas questões. Penso que também são muitos os que já frequentaram as escolas de instrução revolucionária, e compreendem perfeitamente estes conceitos. Estamos na etapa da construção do socialismo; a construção do socialismo é uma etapa caracterizada por este princípio: cada qual produz segundo a sua capacidade e recebe segundo a sua capacidade. E em uma sociedade para a qual havemos de avançar, futuramente, cada qual produzirá segundo a sua capacidade e cada qual receberá segundo as suas necessidades (APLAUSOS).

Naturalmente que para chegar a essa etapa superior serão precisas duas coisas: base material e consciência revolucionária. Por que a base material? Porque para poder dar a cada pessoa segundo as suas necessidades é necessários que haja bens abundantes, capazes de satisfazer as necessidades de todos (APLAUSOS).

Há coisas que nosso povo recebe segundo as suas necessidades; e não são poucas. Se nós pensássemos, por exemplo, na educação, é um fato que ninguém absolutamente poderia negar de que cada cidadão do nosso país recebe esse serviço segundo suas necessidades. E se não se pudesse dizer exatamente segundo as suas necessidades, se poderia dizer mais cabalmente: segundo os seus desejos. Também é um fato indiscutivelmente certo que, por exemplo, em nosso país os serviços médicos são oferecidos segundo as necessidades de cada cidadão. E aqui, se fossemos falar um pouco mais exatamente da palavra necessidade, porque se bem é certo que tudo aquele que precisa estudar estuda, é o bastante certo que todo aquele que precisa ser atendido em um hospital vai ao hospital para que o atendam (APLAUSOS).

Quer dizer, que cada indivíduo sente a necessidade da saúde ainda mais fortemente, porque a sente fisicamente, do que a necessidade de estudar; embora haja que dizer que é algo admirável o fato de que há inúmeros locais de trabalho onde hoje em dia a necessidade de estudar é sentida em cem por cento dos trabalhadores (APLAUSOS).

Qualquer um que pense que sua saúde está protegida por um serviço médico, qualquer pessoa que saiba que tanto ela como um familiar achegado, ou qualquer cidadão — porque é preciso pensar em termos mais amplos do que nos termos de familiares achegados, até chegarmos ao dia em que sintamos para qualquer compatriota, para qualquer cidadão, o mesmo carinho que sejamos capazes de sentir por um familiar achegado — é indiscutível que se sente uma grande necessidade quando sabem que perante qualquer adversidade, perante qualquer acidente, perante qualquer doença, doenças que podem ser decisivas para a vida de uma pessoa, se recebe ou não recebe atendimento médico, saber que não importa o que custe o serviço, que não importa o que custe uma operação, que não importa o que custe o tratamento médico, as portas de qualquer hospital — sem recomendação, sem influência de ninguém — estão abertas, e sabe que esse serviço está ao alcance de qualquer cidadão (APLAUSOS). Isso é que é comunismo.

Quando qualquer família camponesa, ou qualquer trabalhador da nossa indústria, de uma usina açucareira, por exemplo, sabe que seu filho ou sua filha, se tiver vocação ou tiver capacidade, não importa o que custar, da mesma forma pode entrar em uma escola tecnológica, ou pode entrar em um instituto tecnológico, ou pré-universitário, ou na universidade, ou uma bolsa para ir estudar para o estrangeiro — privilégio que antes só tinham os filhos dos milionários — (APLAUSOS); quando qualquer família, qualquer pessoa aprecia e compreende isso, e sente uma grande satisfação ao compreender isso, ao saber que nenhuma inteligência se poderá perder, que nenhuma vocação deixará de achar sua oportunidade, não importa o que custar, isso é comunismo (APLAUSOS).

Quando pensamos que qualquer trabalhador, não como antes, mas sim todos os trabalhadores em geral, ao chegarem a uma idade em que praticamente já suas condições vitais lhe exigem o descanso, qualquer trabalhador tem garantida sua aposentadoria; quer dizer, quando este trabalhador sente a necessidade, ainda não poderemos dizer que isso seja comunismo. Poderemos dizer que é comunismo quando independentemente do que tenha recebido durante sua vida, quando independentemente de sua qualificação técnica receba realmente o que ele está precisando, esse dia poderá dizer-se que a previdência social é uma previdência social comunista (APLAUSOS).

Ainda não é assim, ainda infelizmente para muitos idosos, sobretudo os operários agrícolas, os trabalhadores da cana, têm pensões mínimas. Lembramos que quando triunfou a Revolução havia muitos desses operários agrícolas recebendo 10 pesos, 12 pesos, 15 pesos. A Revolução elevou sua receita para 40 pesos e estabeleceu a pensão mínima de 40 pesos que ainda não é suficiente. Quando a cada idoso se possa dar tudo aquilo que precisar para que viva tranquilo, feliz e satisfeitas todas suas necessidades, então estaremos no comunismo (APLAUSOS).

A diferença entre uma sociedade e outra é que nesta etapa os bens que produzimos não bastam para satisfazer todas as necessidades que temos e sentimos. Porque, quantos são os que estão precisando de moradias? Quantas centenas e centenas de famílias precisam de uma moradia decorosa? Então centenas e centenas de famílias não têm a moradia de que precisam. E assim por diante, quantas e quantas necessidades. Não temos todos os campos esportivos necessários, não temos na ordem dos bens materiais todas as coisas que precisamos, e não poderemos ter todas as coisas de que precisamos na ordem material e na ordem cultural enquanto não tenhamos desenvolvido nossa capacidade de produzir todas as coisas de que precisamos.

Acreditar na possibilidade de que um dia a sociedade humana seja capaz de possuir todos os bens que precisa, é acreditarmos no trabalho do homem, é acreditarmos na inteligência do homem. Ser comunista é acreditar no trabalho do homem e na inteligência do homem! (APLAUSOS).

E acreditamos firmemente, muito firmemente, que a inteligência do homem e o trabalho do homem são capazes de produzir, são capazes de produzir todos os bens que uma sociedade precisa.

Se, por exemplo, examinamos ou nos lembramos do passado, nós todos sabemos que a cana era cortada com facões, a cana toda era cortada com facões. Um operário agrícola podia cortar 250, 300 arrobas de cana; isto é, um operário podia cortar a cana suficiente como para produzir de 30 a 40 arrobas de açúcar; 30 ou 40 arrobas de açúcar, quer dizer, de 8 a 10 quintais de açúcar, segundo os preços, quando os preços eram de três centavos; pois seriam entre 24 e 30 pesos de açúcar. Se os preços eram de quatro centavos, pois entre 30 e 40 pesos de açúcar. Essa era toda a cana que um homem podia cortar em um dia, mas não era só aquele trabalho, é preciso acrescentar o plantio da cana, cultivar a cana, transportar a cana, converter a cana em açúcar nas usinas, armazenar o açúcar, transportar o açúcar para os portos de embarque; e ao qual seria preciso adicionar o que se gastou em combustível, em equipamentos, em usinas, em empreendimentos, em materiais de diversos tipos, acabamos compreendendo que para produzir 30 pesos de açúcar, um grande número de operários tinha que trabalhar muitas horas, durante o ano todo. E quando o trabalho de tantos homens valia só 30 pesos, pouca coisa restava para partilhar, poucos bens podiam ficar para satisfazer necessidades.

E desde os começos da República a cana era cortada com facões; desde os começos da República a capacidade de cortar cana de um homem era limitada à cana suficiente para produzir uns quantos quintais de açúcar.

Com uma máquina, um trabalhador com uma colheitadeira autopropulsada, pode chegar a cortar não 250, não 200, pode cortar vinte vezes mais, vinte e cinco vezes mais açúcar; isto é, que já poderá cortar cana suficiente no mesmo número de horas de trabalho e com um trabalho menos incômodo poderá cortar cana suficiente para produzir, pois, 500, 600, 700 quintais de açúcar; e 700 quintais de açúcar valem vinte vezes, ou mais, do que 10 quintais de açúcar.

Isso é o resultado da inteligência do homem, isso é o resultado da técnica, esse é o resultado da capacidade do homem de desenvolver máquinas que sejam capazes de multiplicar por 20, por 30 sua produtividade.

E o mesmo que acontece com este exemplo, ocorre também em muitos outros ramos da produção. Um homem trabalhando com bois consegue produzir dez vezes, vinte vezes, trinta vezes menos do que um homem trabalhando com um trator. Um homem trabalhando com uma máquina automática, um homem trabalhando com um equipamento eletrônico, consegue chegar a produzir infinitas vezes, praticamente mais do que poderia produzir um homem sem a ajuda da ciência e da técnica.

Nós, por exemplo, nos lembrávamos quando visitamos a União Soviética, grandes obras hidrelétricas que eram manipuladas por 10 homens, por 12 homens. Há usinas atualmente, absolutamente mecanizadas nas quais o trabalho do homem é incomparavelmente superior ao que era com uma usina moderna, mas sem automatizar. Agora o trabalho do homem com uma usina é infinitamente superior ao trabalho do homem com métodos artesanais.

Dessa forma, a inteligência e o trabalho podem chegar a multiplicar tantas vezes a capacidade de produção de um homem, que pode chegar a aspirar-se hoje a que um país seja capaz de produzir tudo aquilo que precisa, seja capaz de produzir, de satisfazer todas as necessidades do homem.

Mas faltava ao nosso país a capacidade técnica, e faltavam no nosso país os instrumentos de trabalho. Esses países altamente industrializados que foram acumulando riquezas em consequência da exploração das colônias, em consequência da exploração do trabalho, esses países têm adquirido uma grande capacidade de desenvolvimento técnico e esses países têm acumulado instrumentos de trabalho, puderam construir muitas usinas, esses países têm uma capacidade de trabalho incomparavelmente superior à imensa maioria dos países do mundo que eram colônias, que eram povos subdesenvolvidos e explorados pelo colonialismo e pelo imperialismo.

Os imperialistas não tinham que se preocupar em dar capacidade técnica aos nossos trabalhadores, os imperialistas e os capitalistas não tinham por que preocupar-se em fazer escolas, eles tinham uma enorme massa de desempregados, eles não tinham problemas quando chegavam as safras, porque quando chegavam as safras havia centenas de milhares de homens do campo desesperados porque chegasse o dia em que começava a moagem para poderem ganhar um miserável salário, para poderem trabalhar tão sequer três ou quatro meses ao ano; havia força de trabalho demais, havia demasiada força de trabalho meramente animal.

Porque para eles, o quê era um trabalhador? Para eles, em que se diferenciava um trabalhador e um par de bois? Eram trabalhos físicos, eram seres igualmente explorados; uns puxando um carro, outros com um salário miserável, com um salário que possivelmente não bastava nem para se alimentar ao mesmo nível do que se alimentavam, talvez, aqueles animais de tiro.

Esse era o homem. Assim transcorreu a história de nosso país durante 60 anos. E passados 59 anos, para sermos mais exatos, começou a Revolução; passados 59 anos começou a oportunidade — entre outras coisas — de compreender, a oportunidade de começar a compreender, a oportunidade de compreender onde estavam as raízes verdadeiras das nossas mazelas.

Porque antigamente, o que é que nos ensinavam? Antigamente, de que falavam os políticos nas tribunas? Antigamente, o que nos diziam os partidos políticos? O que é que nos diziam naquelas campanhas eleitorais em que as estradas ficavam cheias de cartazes, as ruas ficavam cheias de anúncios, enchiam-se os jornais de retratos? Surgia uma atividade inusitada, jantares por todos os lados, manobras políticas por onde quer. O que é que nos diziam? O que é que nos ensinavam aqueles senhores?

Vinham comprando votos, vinham vendendo favores. Para dizer ao povo: Não! Os problemas não se resolvem porque aquele é um ladrão; e os problemas não se resolvem porque aquele está ali e não estou eu; porque aquele é senador e eu não sou senador; porque aquele é representante e eu não sou representante; porque aquele é prefeito e eu não sou prefeito; porque aquele é vereador e eu não sou vereador. E se era representante fazia lembrar todo mundo daquela ocasião em que aprovaram um pequeno crédito para fazer um caminho entre um povoado tal e o outro povoado. Ou o prefeito que fez uma praça, ou aquele que não fez nada e roubou todo o dinheiro, mas tinha muitos amigos, tinha assessores e ajudantes eleitorais.

Assim transcorreram 60 anos da nossa república. O que nos ensinaram aqueles políticos para aprender a compreender as verdadeiras raízes de nossas mazelas, tais como as compreendemos hoje? Hoje compreendemos as raízes de nossas mazelas, as causas da nossa pobreza, a exploração imperialista, a exploração capitalista, o subdesenvolvimento, a ignorância, a politiquice, a roubalheira, o vício, a corrupção.

Que caminho restava ao homem do povo naquelas circunstâncias? Que caminho que não fosse um aventureiro? Que caminho que não fosse o caminho de um pilantra, o caminho de um alpinista social? Qual era o caminho que restava se não tinha relações sociais, se não tinha riqueza? Qual era o porvir para a sua família, qual era o porvir para seus filhos? Quais eram as esperanças de poder melhorar algum dia e quais as possibilidades que tinha nosso povo naquelas condições para poder melhorar?
Veio a Revolução para mudar tudo isso, mas mudar tudo aquilo não era fácil, mudar tudo aquilo não era tão simples. Eles possuíam todas as riquezas, eles possuíam todos os conhecimentos, eles possuíam a maior parte da cultura, eles estavam acostumados a organizar, a ordenar, a mandar. Não era simples, tinham amigos muito poderosos, eles eram os aliados do imperialismo ianque, eles eram os parceiros dos imperialistas, eles eram os instrumentos do imperialismo, e mudar aquilo não podia ser fácil. A Revolução significou a chance de começar a compreender e de começar a mudar.  

E no começo não era possível que isso fosse bem compreendido, no começo era muita a falta de experiência, no começo era muita a ignorância. Contudo, ainda naqueles primeiros tempos, ainda naqueles primeiros tempos em que faltava a experiência que hoje tem o povo, os conhecimentos que hoje tem adquirido o povo, naqueles tempos houve algo que não faltou e foi o entusiasmo revolucionário, a fé na Revolução, aquilo não faltou nunca. E a fé na Revolução, o entusiasmo pela Revolução, o instinto das massas as norteava, o instinto das massas lhe ensinava que qualquer mudança que se fizesse contra os poderosos e contra os ricos tinha que ser a favor dos pobres, a favor dos humildes; que qualquer lei que se aprovasse contra os exploradores tinha que ser uma lei a favor dos explorados (APLAUSOS).

Mas, naturalmente, que o porvir não pode ser conquistado em um dia. Creio que foi Karl Marx quem dizia que o céu não se podia tomar de assalto, a abundância não se podia tomar de assalto. Não podíamos tomar de assalto o céu, a Revolução significava a chance de começar, a Revolução significava a chance de começar a fazer o que em 60 anos não se tinha feito.

É possível — e não há dúvidas — que levados pelo subjetivismo, levados pelas ilusões, havia pessoas que acreditavam que o céu podia ser conquistado em um dia; houve pessoas, sobretudo muitos revolucionários, muitos administradores revolucionários, que pensavam que a Revolução, após ter triunfado, isso significava a possibilidade de resolver todos os problemas. E em muitos lugares, indiscutivelmente, ocorreu que houve uma diminuição da produtividade do trabalho, grandes aumentos de salários, quer dizer, grandes aumentos das receitas e, por outro lado, diminuição do esforço que se fazia.

É lógico que quando desaparecesse uma série de pressões, quando sumiu o fantasma do desemprego, quando muitas pessoas acharam trabalho fácil, pois diminuiu em muitos casos o esforço, diminuiu em muitos casos a produtividade. E eu pergunto a vocês: esse era o caminho da solução das nossas necessidades, esse era o caminho de criar a abundância? Não, esse não era o caminho!

Mas, na realidade, podia ter ocorrido de outra maneira? Não podia ter ocorrido de outra maneira, para que tivesse ocorrido de outra maneira era necessário muitos homens de muita experiência, era necessário desde os primeiros instantes, no povo todo, um nível de cultura muito mais alto, um nível de educação política e de educação econômica muito mais elevado.

Mas não é só um problema de educação política, não é só um problema de educação econômica, também é um problema de educação moral. Todos os homens nem sempre se comportam igual. Em um grupo de dez homens, em qualquer grupo de dez homens, sempre acharão um homem que é o primeiro e sempre acharão um homem que é o último; em qualquer grupo de dez homens sempre acharão um deles que é o mais generoso de todos, um deles que é o melhor companheiro de todos, um deles que é o mais sacrificado de todos, e sempre acharão outro que é o menos generoso de todos, que é o menos sacrificado de todos, que é o mais egoísta de todos. E isso é lógico, a natureza humana não produz todos os homens exatamente iguais. Só há uma coisa que pode fazer todos os homens mais ou menos iguais, só há um meio de fazer com que todos os homens se assemelhem, e esse meio é a educação.

A educação é o único meio de ir criando no homem, desde que começa a ter raciocínio, uma conduta social, uma conduta moral; a educação é a única capaz de fazer com que os homens sejam melhores, é a única capaz de fazer com que os homens possam variar uma inclinação do mal para o bem. 

Na sociedade capitalista aquela sociedade pressionava os homens a serem egoístas, aquela sociedade pressionava os homens a salvarem-se cada um como pudesse, aquela sociedade levava os homens, ensinava os homens a viver, se fosse o caso, dando cabo dos demais ou esmagando os demais; aquilo era o que ensinava o capitalismo.

O socialismo ensina os homens e educa os homens de uma maneira diferente, o socialismo mostra a força da sociedade, a importância e a força da sociedade humana; o socialismo desperta o sentimento de amor e de solidariedade para com os semelhantes, o socialismo combate todos os sentimentos egoístas. Mas quando se começa a fazer uma revolução socialista, os homens que começam a fazer essa sociedade socialista, não são homens educados no socialismo, não são homens educados pelo socialismo, são homens educados no capitalismo, são homens educados pelo capitalismo. E ainda existem infinidade de inclinações, de inclinações negativas, ainda existem infinidade de condutas individualistas, ainda existem infinidade de egoístas. Então é preciso partir dessas realidades.

E é por isso que por duas razões se estabelece esse princípio de que cada pesoa dê segundo sua capacidade, e receba segundo sua capacidade. Porque se uns dão tudo o que podem e recebem igual que aqueles que dão o menos que podem, então, não estaremos contribuindo ao avanço do país. E por isso é preciso avançar em dois rumos: é preciso avançar no rumo da base material, e é preciso avançar, ao mesmo tempo, rumo à formação de consciência.

E nesta etapa é preciso estimular o homem para que estude, é preciso estimular o cidadão para que estude, é preciso estimulá-lo para que se supere. E é lógico que recebam mais aqueles que estudam, os que se superam, os que trabalham mais. E não poderia ser de outra maneira, porque de outra maneira não poderíamos criar as condições para que chegue o dia em que sejamos capazes de produzir tudo aquilo que necessitamos.

Eu falo destes problemas, precisamente, por ser hoje um dia de aniversário para nossos jovens comunistas, por ser um dia dedicado aos nossos jovens. E quem, a não ser nossos jovens, são chamados a compreender estas coisas; quem a não ser nossos jovens são chamados a viver em uma sociedade diferente, a viver em uma sociedade melhor.

Isto não quer dizer que ainda hoje nossos jovens, educados no socialismo, vão sair uns perfeitos socialistas; isto não quer dizer que nossos jovens vão sair uns revolucionários perfeitos e vão sair uns cidadãos perfeitos. Não. Caso acreditarmos nisso seríamos uns iludidos. Porque ainda há muitos fatores que influem em nossos jovens, ainda há muitos fatores que influem em uma parte dos nossos jovens. Temos, por exemplo, que ainda existem classes sociais com níveis de receitas muito mais altos, ainda existem classes sociais que têm muito mais do que precisam, têm dinheiro, ainda existem classes sociais às que poderíamos chamar de parasitárias, ainda existem exploradores; e por sinal, ainda há muitos jovens que se educam neste ambiente de sua família, que ainda se educam na mentalidade de sua classe; ainda temos fatores culturais que influem em nossos jovens. Ainda existem nesta sociedade e nesta etapa de trânsito muitas coisas que desviam a atenção, que desviam a mente dos jovens.

Estes fatores são múltiplos, estes fatores precisam de uma análise profunda. Ainda existem — repito — fatores que fazem com que alguns jovens sejam vadios, fazem com que alguns jovens sejam mulherengos, fazem com que alguns jovens sejam jovenzinhos ridículos, e esses fatores são múltiplos: desde a influência da classe social à que pertence sua família, até vícios que ainda existem e não puderam ser banidos e, inclusive, deficiências que ainda há nos nossos meios de educação. Ainda nossas escolas de ensino de segundo grau não são perfeitas, ainda nossas organizações de ensino não são perfeitas, ainda não temos todos os funcionários na educação de que precisamos, ainda — embora se avance ano após ano — não temos a qualidade dos dirigentes da educação que precisamos.

A influência do professor, por exemplo, é extraordinária na criança, o professor pode fazer muito bem à criança. Por isso nós temos estimulado a formação de professores, por isso temos dedicado tamanha atenção às escolas para professores, por isso temos dado tamanha atenção aos cursos de superação para professores. E temos avançado muito, temos ganhado muito terreno. Já no próximo ano começarão a sair os primeiros alunos formados que começaram na escola de Topes de Collantes; professores que têm recebido uma educação muito sistemática; que têm vivido em internatos durante quatro anos; professores que já vão sendo formados totalmente pela Revolução. Ao mesmo tempo, trabalha-se com os professores anteriores, e é preciso dizer que nosso magistério progrediu muito. Exemplo disso foi o último curso de educação física, graças ao qual Cuba se converteu praticamente no primeiro país que pode ensinar a educação física a partir da primeira série. São passos de avanço. Incutir o hábito da educação física, ensinar-lhe esportes, ajuda fisicamente a criança e ajuda mentalmente a criança, prepara-a para a vida, as torna mais invulneráveis a essas correntes que ainda arrastam aos jovens, quer dizer, arrastam a alguns jovens.

Chegará o dia em que tenhamos um número muito maior de pedagogos e de professores e chegará o dia em que o nível dos nossos pedagogos e professores — como consequência do esforço e como consequência do estudo — seja muito superior ao que é hoje.

Cada vez mais nossa sociedade contará com aqueles fatores e com aqueles elementos que contribuirão a tornar cada vez melhor cada cidadão que nascer e cada cidadão que crescer neste país.

Mas indiscutivelmente que os fatores que hoje promovem o espírito de fortaleza, de disciplina e de consciência em nossos jovens são muitos. A própria revolução com a extraordinária participação dos nossos jovens; a própria Revolução com o papel que nela desempenha nossa juventude; a própria Revolução que converteu em professores 100 mil estudantes; a própria Revolução que deu aos jovens responsabilidades importantes; a própria Revolução que pôs os jovens na primeira fileira da defesa da pátria; a própria Revolução que àqueles jovens, alguns dos quais nunca tiveram o brinquedo que almejaram, muitos dos quais sempre tinham sido subestimados e menosprezados como jovens humildes, viram na Revolução a oportunidade de desempenhar um papel, viram na Revolução a oportunidade de se educarem.

E assim, por exemplo, temos nossas Forças Armadas Revolucionárias (APLAUSOS) Como influiu em nossa juventude a disciplina militar! E aí vocês têm um bom exemplo do que é a educação, um bom exemplo do que é a disciplina. Porque nós sabemos de muitos casos de jovens que eram uma dor de cabeça para os pais, eram incorrigíveis, eram irrequietos, fugiam das salas de aulas; jovens que constituíam uma dor de cabeça, e então veio o Serviço Militar, e em alguns casos muitos destes jovens quiseram ir para o Serviço Militar, em outros casos os pais estiveram muito satisfeitos de que fossem para o Serviço Militar. E a gente os escuta falar, dizem: “Eles mudaram, caso os verem não os conhecem; uma seriedade, uma formalidade, uma disciplina”. Pois bem, o que não puderam ensinar-lhes na casa, o que não puderam ensinar-lhes na escola, o que não puderam ensinar-lhes no instituto, o aprenderam em uma unidade militar. Ali adquiriram disciplina, seriedade, responsabilidade; pois no exército temos uma instituição educativa, uma instituição formadora dos nossos jovens, uma instituição que contribui a criar uma juventude diferente.

E com certeza que esse soldado, com certeza que esse jovem, habituado aos rigores de uma disciplina militar, às responsabilidades da disciplina militar, não se converte em um mulherengo, não se converte em um Elvis Presley — como é que se chama? — um “Elvispreslito”. Para começar, esse jovem corta o cabelo bem baixinho, quando entra na unidade militar adquire outra figura, adquire outra postura, adquire outra estampa, adquire outro caráter, adquire hábitos, adquire hábitos que são muito diferentes desses hábitos que se podem ver em algumas esquinas, que se podem ver em alguns parques, tolices, coisas peregrinas, fantasias, somem da mente desse jovem, e se prepara essa mente e se fortalece contra a influência de todas essas coisas extravagantes e estrambóticas.

Temos nossos institutos e escolas tecnológicas, nossos programas de bolsas, onde uns 100 mil jovens aprendem e adquirem também disciplina, adquirem hábitos diferentes. E, sobretudo, temos nossa organização juvenil, temos nossa União dos Jovens Comunistas, trabalhando ativamente entre os bolsistas, entre os combatentes revolucionários, entre os trabalhadores das usinas, entre os estudantes todos, entre os jovens camponeses, organizando o entusiasmo dos jovens, educando revolucionariamente os jovens; levando os jovens para o trabalho; levando os jovens ao dever; educando-os politicamente e preparando-os. São forças educadoras, são forças formadoras da nossa juventude.

E explico isto porque quero dizer que, embora tenhamos uma formidável juventude, embora tenhamos uma juventude que é promessa da pátria; contudo, ainda nos falta muito por fazer; ainda temos que trabalhar muito; temos que vencer muitas correntes. Para que? Para que nem um só jovem se perca, para que nem um só jovem se extravie. E é lógico que em nosso país, se o porvir pertence a alguém, acima de tudo é aos nossos jovens. Se de alguns é preciso esperar mais do que de todos, é dos nossos jovens; esses jovens que se educam em nossas organizações juvenis; esses jovens que se educam no trabalho, esses jovens que se educam no estudo, esses jovens que se educam na disciplina militar. Essa juventude indiscutivelmente que se desenvolve com uma qualidade extraordinária, sua força cresce. Essa juventude já penetra por todos os lados, essa juventude começa a penetrar em nossas usinas, através dos 4 mil graduados de escolas tecnológicas que no ano próximo começam a trabalhar na indústria, através das centenas de professores que já começam a ensinar, através dos milhares e milhares de jovens com uma formação nova que já se incorporam à vida do país.

Mas é preciso dizer que não devemos esquecer que a tarefa não é fácil; é preciso dizer que também não devemos esquecer outros fatores de outro tipo que podem influir no jovem, e agora vou explicar isso.

Eu falei da influência muitas vezes da classe, do ambiente, da influência derivada da imperfeição de nossas organizações. Mas há algo relativamente aos jovens que de vez em quando me preocupa, algo que de vez em quando me preocupa, e o vou dizer, e é o seguinte. Que, apesar da influência da educação, a Revolução tem oferecido tantas e tantas oportunidades aos jovens, que em alguns casos se pode dizer que a vida para eles tem sido fácil demais. Não vou falar do jovem que vai estudar para o estrangeiro e está dois ou três anos afastado da família estudando; são submetidos a uma prova difícil. Não vou falar dos jovens que se incorporam aos Batalhões de Luta contra os Bandidos (APLAUSOS) para os quais a vida foi uma vida de mobilização, de ação, de luta e não se pode dizer em nenhum sentido fácil. Não vou dizer que foi fácil para os jovens que vão recolher café todos os anos, não vou dizer que foi fácil para os jovens que se incorporam com entusiasmo ao trabalho, não vou dizer que foi fácil para os jovens que se dedicam com afinco ao estudo, não! Mas há muitas vezes muitos casos em que pelas necessidades da Revolução a vida se tornou fácil para um jovem. Achar um emprego? O mais simples do mundo!

E para que vocês vejam as contradições que há em cada coisa: no capitalismo, o modo social capitalista e a filosofia capitalista convertiam os indivíduos em egoístas, convertiam os indivíduos em inimigos uns dos outros. Contudo, a filosofia do socialismo não é essa.

Mas, em troca, na sociedade capitalista, cuja filosofia era aquela, a vida era muito difícil para o homem. Muitas vezes um homem — e isto será lembrado por todos aqueles que trabalharam em uma usina açucareira, isso será lembrado por todos aqueles que adquiriram um trabalho em uma usina, isso será lembrado por todos aqueles que adquiriram um emprego em uma empresa de transporte, e em infinidade de coisas, lembrarão quanto trabalho lhes custou adquirir esse emprego — para começar a trabalhar em uma usina açucareira, quantos anos esperando, para começar a trabalhar em uma empresa de transporte ou conduzir um ônibus, quantos anos esperando, para trabalhar como tripulantes de um navio, quantos anos esperando, para começar a trabalhar em uma indústria, quantos anos esperando; para começar a trabalhar em um repartição, em um cargo diplomático, em um cargo administrativo, para chegar a ser administrador de um quiosque, para chegar a ser administrador de um pequena quinta, para chegar a ser administrador de uma fazenda grande, já vocês imaginarão!

Contudo, esse pessoal que lutou muito por seu trabalho naquelas condições difíceis, aprecia esse trabalho, compreende a importância desse trabalho. 
Mas, o que é que ocorre com a Revolução? Que em muitos casos trabalhos importantes, trabalhos de todos os tipos, da noite para a manhã, de uma maneira fácil se tornam acessíveis para o pessoal jovem, sem nenhum sacrifício, sem nenhum esforço, sem nenhuma espera. Assim, para conduzir um caminhão nos deparávamos, às vezes, que antes tinha que estar cinco anos de ajudante em um caminhão, e depois por fim lhe davam uma chance uns dias, depois uns meses, até que finalmente conduzia o caminhão. E, às vezes, ocorre que é organizada uma escola de motoristas: Tudo grátis, tudo pago: a refeição, a roupa, ele é ensinado a conduzir! Após três ou quatro meses: motorista! Foi uma vida fácil demais, um triunfo acessível demais. Isso ocorre no socialismo: oportunidade para tudo.

Contudo, sendo nossa filosofia uma filosofia diferente, quando o caminho se torna demasiado fácil para o homem, isso não é bom; quando a vida se torna fácil demais, quando as coisas se podem atingir fácil demais, isso não é bom. E isso poderia ser considerada como uma das contradições que nos ocorrem relativamente aos jovens, não a todos os jovens, a uma parte dos jovens, no processo revolucionário.

E muitos, muitos jovens, de uma maneira simples, de uma maneira fácil, adquiriram cargos de responsabilidade, trabalhos de responsabilidade; administrar isto, o outro, aquilo, o de lá, sem experiência, sem espera, sem sacrifício. E não quer dizer isto que de todas as formas influa necessariamente em cada jovem; mas é preciso dizer que em muitos casos o triunfo fácil, o sucesso fácil e simples influi em alguns jovens; não dão importância ao que têm, não dão importância ao seu trabalho, não compreendem a seriedade e a responsabilidade do trabalho que têm.

E eu diria que, às vezes, temos observado isso, que, às vezes, temos observado esse fator, e esse fator influi paradoxalmente em alguns dos nossos jovens nas condições da Revolução. Às vezes, eu perguntei: “Dos alunos que saíram daquela escola tecnológica, como é que são eles como trabalhadores?”, e me disseram: “Alguns são muito bons, alguns são tão bons como alguns velhos trabalhadores.” Sempre se fala do velho trabalhador! Fala-se do velho trabalhador que com muito sacrifício e muita espera obteve o trabalho.

E há jovens que, repentinamente, de maneira fácil, acharam também aquele trabalho. Alguns reagem, têm muita qualidade; mas outros têm uma qualidade inferior à dos antigos trabalhadores. E acaso é lógico que um jovem educado na Revolução e formado na Revolução, que recebeu tudo de uma maneira fácil, não seja tão bom como o melhor trabalhador? Não, não é lógico! E esse é o resultado de ter obtido o sucesso de uma maneira fácil.

Por isso, e com alguns é preciso ser rigorosos no trabalho; se com alguns deve ser rigorosa nossa juventude, há de ser com esses jovens; se relativamente a alguém é preciso ser constante no trabalho, estar em contato com eles e influir sobre eles, e lutar com eles, e ser firmes com eles, é com esses jovens que já saem das escolas tecnológicas para as indústrias. E deve ser uma questão muito importante para nossa juventude, entre outras coisas para que não deixem de estudar quando já estejam recebendo um salário, para que não durmam à sombra da bananeira, para que sejam dos primeiros nos locais de trabalho. E nós temos direito de exigir a esse jovem; porque se lhe temos tornado fácil o caminho, e às vezes é fácil demais, se recebeu tudo do povo, se recebeu tudo dos trabalhadores, se recebeu tudo do país; o povo e os trabalhadores têm direito de exigir-lhe que eles todos sejam como os melhores trabalhadores e que todos respondam de uma maneira agradecida e de uma maneira justa aos sacrifícios que o povo fez por eles.

Sim, já nossas fábricas começam a nutrir-se dessa juventude. Mas é preciso acompanhar de perto essa juventude, é preciso continuar formando essa juventude, é preciso continuar educando essa juventude. Ninguém tem direito de fechar o livrinho assim que apanha o trabalho, e não voltar a abrir o livro nunca mais, porque então não terá mais capacitação, não será capaz de dar mais, não será capaz de avançar ao compasso do progresso. E não se concebe que, quando hoje é tão enorme a porcentagem de trabalhadores que estão estudando, haja um jovem formado recentemente em uma escola tecnológica que, como já conseguiu seu trabalho, tem um salário mais ou menos remunerado, se considere um sabido, feche os livros e não estude nem se supere mais. E isso é muito importante.

Naturalmente, nós estamos certos de qual há de ser o comportamento da maior parte dos jovens; nós estamos certos de qual vai ser sua reação. Mas como pensamos que nenhum sucesso fácil é bom, é por isso que nós sempre insistimos em que toda escola seja uma prova, que toda escola seja forjadora de cidadãos.

Por exemplo, me lembro que nos primeiros tempos da Revolução muitos jovens queriam entrar no Exército Rebelde e nós nos lembrávamos dos tempos da guerra, nós recordávamos que eram muitos os que atraídos pela lenda e a história da luta na montanha queriam ser co-participantes daquilo, queriam incorporar-se às fileiras do Exército Rebelde. Mas lá a coisa não era fácil, lá havia uma escola de recrutas para os que entravam. Naquela escola os aviões inimigos apareciam frequentemente, naquela escola muitas vezes faltava o sal, o açúcar, porque se havia um pouco de sal ou de açúcar era destinado aos homens que estavam nas trincheiras. Mas, contudo, a vida daquela escola não era uma vida tão dura como a vida dos guerrilheiros durante os primeiros tempos da luta, durante o primeiro ano da luta; com todos os inconvenientes, não era uma vida tão difícil. E me lembro que em cada 100 que entravam 80 saíam, 80 deles desciam.

E para nós aquilo era uma grande lição, porque muitos queriam participar daquela glória, muitos queriam participar daquela história, mas nem todos eram capazes de merecer aquela oportunidade, nem todos eram capazes de suportar aqueles sacrifícios.

E por isso, quando do triunfo da Revolução muitos jovens quiseram entrar no Exército Rebelde, organizamos outra escola nas montanhas; claro que já não faltava o sal, já não faltava o açúcar, não havia aviões bombardeando, havia comunicação com a família, muita facilidade; mas tampouco faltavam as caminhadas, e então faltando uma coisa havia outra. Organizaram-se programas de ascensão ao Pico Turquino, e até vinte viagens ao Turquino. Pois bem: muitos dos que queriam pertencer ao exército tinham que subir as vinte vezes ao Turquino, e muitos queriam pedir baixa, abriam mão daquela aspiração; mas muitos também cumpriram os requisitos e subiram vinte vezes o Turquino, e hoje são muitos dos nossos melhores soldados dos tanques, muitos são dos nossos melhores soldados artilheiros (APLAUSOS); quer dizer, passaram o teste.

Da mesma maneira, antes se estudava para professor na cidade, e a Revolução estabeleceu que para estudar para professores havia uma bolsa em Minas del Frío, ali onde tinha estado a escola de recrutas, ali onde tinha estado a escola de recrutas na guerra, a escola de soldados depois da guerra — e lhes advirto, que me esqueci de dizer-lhes que tínhamos, inclusive, pessoal com patente de oficial que não superava o teste. Ora bem: hoje ali mesmo está nossa escola de formação de professores, ampliada, melhorada; mas os aspirantes a professores começam a estudar em Minas del Frío, continuam dois anos em Topes de Collantes e acabam no instituto pedagógico da capital, e depois retornam ao campo.

Como poderemos saber se quando sejam professores vão trabalhar no campo? Como poderemos saber isso? Precisamos saber se são capazes de superar o teste. E um princípio pedagógico muito recomendado é que sempre que se queira selecionar homens sejam submetidos a provas difíceis (APLAUSOS).
Assim, no começo, quando foram organizados os Jovens Rebeldes, nós estabelecemos determinados requisitos, recomendamos o estabelecimento de determinados requisitos; ir a Pino del Agua, outro local nas montanhas, e escalar várias vezes o Turquino, e depois recebiam em determinadas oportunidades algumas bolsas de estudo. E assim, por essa escola passaram muitos de nossos jovens que foram escolhidos para a aviação militar, não somente foram escolhidos mas também foram submetidos a provas difíceis.

E a esses jovens é preciso testá-los, é preciso submetê-los a provas difíceis; provas que não matam ninguém, naturalmente, mas que servem para demonstrar a vontade, que servem para formar o caráter, que servem para pôr à prova a honra, o sentido do dever, a capacidade de resistir, que servem para pôr à prova a decisão.

E a propósito disso, não quero deixar passar a oportunidade de assinalar o que ocorre às vezes. Vocês sabem que nós temos funcionários que conspiram contra a educação; nós temos funcionários, nós temos administradores que conspiram contra a formação da juventude, e vou pôr alguns exemplos, alguns exemplos. Por exemplo, às vezes, desses mesmos alunos que começam a estudar lá em Minas del Frío, ou em Topes de Collantes, e depois estão no instituto pedagógico, prestes a terminar, se deparam com um organismo qualquer que precisa de professores, que precisa disso e que precisa do outro, e oferecem um emprego ao estudante, antes de terminar a carreira ou lhe oferecem um trabalho em uma repartição. Às vezes, o empregam como professor — muito mal feito! — oferecem-lhe como professor, outras vezes — pior ainda! — oferecem-lhe um emprego em uma repartição. E acontece que depois que o país faz um esforço com alguns desses jovens e estão estudando durante quatro anos para depois enviá-los aos lugares onde mais se precisa deles e onde as crianças estão precisando deles, então têm a sorte de que ganham um emprego, um trabalhinho de professor fácil na cidade, ou lhes dão um trabalhinho fácil em uma repartição.

Quando isso ocorre, naturalmente, se faz dano ao jovem e se faz dano ao país. Às vezes, o curioso é que alguns alunos dos que ainda não acabaram têm se convertido em magníficos professores no lugar onde estão. E assim nós temos exposto uma coisa ao Ministério da Educação: uma circular de que se eles querem trabalhar, voltem todos para a escola (APLAUSOS), e que quando lhes forem dar o emprego... Porque eu acho que quando forem dar emprego a alguém, entre algum do que outro requisito se deveria perguntar quais são os antecedentes que tem. “Eu estava estudando.” E por que é que deixou os estudos? Porque não quis estudar mais ou foi porque expulsaram você do internato?

Porque eu pergunto se devemos estimular a indisciplina, se devemos estimular a falta de vontade, e se é correto que um jovem que não é estudioso, facilmente, porque tem um amiguinho, porque tem a sua influência — porque ainda resta essa influência por aí, não pensem que é fácil de erradicar (APLAUSOS) — então lhe dão um trabalhinho e fica feliz da vida. E temos coisas piores: que, às vezes, ganha um emprego com maior salário do que o que ia receber assim que terminasse. Torna-se necessário que o Ministério da Educação, torna-se necessário que o Ministério do Trabalho, estes organismos adotem as medidas pertinentes para que estes caso não ocorram.

Há casos em que se apresenta uma necessidade familiar séria, apresenta-se um incidente na família, uma situação que é preciso resolver. Bem: com a permissão do centro de educação, solicita trabalho devido a uma necessidade. É um bom estudante? É preferível dar uma ajuda econômica à família e que ele continue estudando. É preferível (APLAUSOS) que é um estudante mais ou menos médio, um estudante bom, mas não um estudante que poderíamos chamar de magnífico? O centro de educação deve determinar se lhe dá uma ajuda econômica ou lhe dá uma oportunidade para trabalhar, e lhe facilita a oportunidade para que trabalhe.

Eis uma das coisas que é preciso perguntar: O que é que estava fazendo? De onde veio? Por aí há quem faz um mau trabalho em um lugar e, de repente, o descobrem fazendo um péssimo trabalho em um melhor lugar, também é preciso perguntar às pessoas de onde vêm, senhores, o que fez, para alguma coisa têm que servir os antecedentes, para alguma coisa tem que servir o comportamento de cada um. Tem que chegar o dia em que estejamos organizados de maneira tal que se saiba a história de cada um, que cada cidadão tenha um dossiê desde criança, assim que entrou na primeira série, o que fez, quais eram suas características, seu comportamento como jovem, como técnico, como trabalhador em qualquer centro. Tem que chegar o dia em que tenhamos o dossiê de cada cidadão.
Porque se nós todos somos tratados igual, independentemente de como nos comportemos, ao haverá estímulo ao bom comportamento. E eu diria que isso conspira contra a formação do bom cidadão e conspira contra a formação da juventude (APLAUSOS).

Infelizmente, temos funcionários, temos administradores, que não se importam nada com a pedagogia, que não lhes interessa nada a educação, e roubam um estudante de uma escola tecnológica, levam um estudante de um instituto tecnológico e, às vezes, da universidade; o qual levou a adotar a decisão de que para contratar um estudante fosse necessária a prévia autorização do centro onde estuda.

É claro que muitas vezes se adotam disposições e nem todos as cumprem. E, realmente, creio que nessa matéria, na pirataria do trabalhador, mas ainda mais na pirataria do estudante, eu penso que os organismos administrativos devem punir rigorosamente aqueles funcionários que não tomem conta dessas coisas, aqueles funcionários que violem esses princípios.

Nós diremos que nosso Ministério do Trabalho e nossos ministérios, em geral, estão bem organizados, quando sejam capazes de impedir que essas coisas ocorram.

E a nós nos preocupam esses problemas, nos parece um crime, nos parece um dano muito grande que se faz à juventude, que se faz ao país. E não é justo que, por um lado, estejamos fazendo um grande esforço e por outro lado venham destruir esse esforço. Porque muitas vezes um administrador está no seu e quer resolver um problema, e não lhe importa o resto, não se importa com tudo o demais! E creio que quando agem assim devem ser punidos rigorosamente.
Vejam, acho que vamos melhorando em muita coisa, acho que em geral em todas as coisas vamos melhorando, mas ainda nos restam muitas coisas para superar, ainda nos restam muitos defeitos, muitos vícios, muitos erros que superar. Para dizermos a verdade, pode-se apreciar, em geral — em geral — um grande progresso quanto à organização, um grande progresso em tudo; mas ainda restam muitas destas coisas — eu coloquei alguns exemplos — contra as quais nós todos temos que lutar, a respeito das quais se deve criar uma consciência no povo todo.

Hoje para a nossa juventude há uma tarefa essencial. Essa tarefa é o estudo. Mas é que o estudo não é só uma tarefa dos jovens, é uma tarefa do nosso povo todo, e muito especialmente de nossas organizações de jovens e de nosso Partido.

Vejam: o nível de educação eleva-se constantemente. Dezenas e dezenas de milhares de jovens estão estudando, milhares e milhares de operários estão recebendo ensino tecnológico porque, neste momento, em institutos tecnológicos agrícolas há mais de 2 mil operários agrícolas estudando, jovens operários agrícolas; e nos começos do próximo ano haverá aproximadamente uns 5 mil operários agrícolas estudando nos institutos tecnológicos.
Pensamos que o país deve preparar, no termo de dez anos, entre 40 mil e 50 mil técnicos agrícolas.

O que quer dizer isto? Que uma enorme massa de operários está estudando, uma enorme massa de jovens está recebendo educação técnica, e a educação técnica se converte em uma coisa fundamental para o país, pois a educação técnica é requisito indispensável para atingir a abundância dos bens que precisamos para satisfazer todas as nossas necessidades.

Se vocês querem compreender a importância da educação técnica, basta quando vão pela estrada repararem em nossos campos. A agricultura de nosso país era uma agricultura muito atrasada. Quatro plantinhas de milho aqui, quatro bananeiras lá, um campo de erva daninha aqui, outra coisa por lá, que constantemente vão revelando a falta de conhecimentos técnicos, que constantemente vão revelando a falta de técnica; viajando pelas estradas se pode apreciar isso. Se ao lado de cada uma dessas culturas sem técnica alguma se pusesse um modelo de cultura com técnica, vocês poderiam apreciar a diferença extraordinária que há entre um tipo de cultura e outro tipo de cultura. 

Se algum setor do nosso país está precisando de tamanha injeção tecnológica, é nossa agricultura. E é claro, essa injeção se está produzindo até onde seja possível, até onde o permitirem nossos especialistas. Atualmente estão estudando em um curso de um mês mais de 500 administradores de fazendas canavieiras — no ano passado receberam um curso, neste ano estão recebendo outro curso. Mas, não decorrerá muito tempo antes que em nossos campos tenhamos dezenas e dezenas de milhares de técnicos com conhecimentos bem profundos sobre as técnicas mais modernas da produção agrícola.

A agricultura é o que mais vai crescer em nosso país nos próximos anos. Depois, é necessário que nossos dirigentes políticos juvenis adquiram conhecimentos técnicos, estudem, e é necessário que os líderes e dirigentes de nosso Partido estudem. E nós estamos discutindo com os companheiros dirigentes do Partido em todas as províncias, a organização de círculos de estudo sobre problemas de técnica agrícola. Inclusive nesta viagem aproveitei a oportunidade para trazer um caminhão com uns quantos livros; 100 jogos de livros para o Partido de Las Villas, e 100 para Camaguey (APLAUSOS), 70 que deixamos em Matanzas e nada mais nos falta a província do Oriente. Para que em nível de direção provincial o Partido organize círculos de estudo semanais e, ao mesmo tempo, em nível regional e de agrupações agrícolas de produção sejam organizados estudos técnicos sobre agricultura. Círculos de estudos técnicos. É preciso introduzir a técnica. Este é um requisito indispensável, porque é preciso dar cabo da caderneta de racionamento, é preciso dar cabo da caderneta (APLAUSOS).

É claro que o que havia antes, na forma em que se distribuía, dava para os poucos que o podiam atingir. E quando é preciso dar a todos temos que produzir muito mais. Não vou dizer que o comunismo esteja ao alcance de todos daqui a dois ou três anos, aquilo que dizia de satisfazer todas as necessidades. Mas posso dizer que com os recursos naturais de nosso país, com os recursos de nossa terra — embora seja uma terra o bastante explorada, e o bastante mal explorada — nós podemos resolver os problemas do leite, e os problemas dos legumes e outros problemas de fornecimento, porque estou plenamente convicto de que podemos.

Mas, naturalmente, nós não só estamos pensando em resolver esses problemas agora, porque esses problemas vão ser resolvidos em breve. Eu não tenho a menor dúvida porque vejo a forma em que estão trabalhando, e sobretudo, vejo a forma em que estão trabalhando os companheiros do Partido ao longo da Ilha para cumprir os propósitos imediatos que temos a respeito de uns quantos produtos. E vejo também como estão trabalhando os companheiros, ou pelo menos muitos companheiros, nas agrupações de produção. Temos o caso do Escambray, onde a produção de leite triplicou, ou praticamente algo mais que duplicou em um ano, um pouco mais que duplicou em um ano, e a forma em que esse esforço começou a aliviar as necessidades de leite em todas as redondezas da zona do Escambray; acho que já estão produzindo 70 mil litros de leite diários na zona do Escambray. E não me lembro... Ah! Aumentou de 26 mil para 62 mil. De todas as formas, é muito mais que o dobro (APLAUSOS).

É preciso termos em conta que, por exemplo, o leite que estão produzindo as agrupações do Cauto, é três vezes mais do que se produzia quando do furacão “Flora”.

Então fica demonstrado que quando se faz o esforço — se se faz o esforço da forma em que devemos fazê-lo — os problemas imediatos de fornecimento se resolvem.

Não lhes vou dizer que vamos ter uma grande produção de queijo, porque antes da produção de queijo é preciso ter a produção de leite fresco; mas chegará o dia em que tenhamos que exportar algumas dessas coisas, chegará o dia.

Não queremos falar do que pensamos que achamos que podemos fazer, mas sim dizemos que pensamos que poderemos fazer muito e que faremos muito. Porque os caminhos que se estão adotando para isso são os caminhos corretos.

Sabemos que, por exemplo, aqui em Las Villas, há três zonas com deficiência de leite: Cienfuegos, Santa Clara, Sagua; além das necessidades de leite da indústria de Sancti Spíritus, e que se combinou fazer 400 leiterias novas. Que vacas é que vamos ordenhar? Não vão ser vacas de leite, mas vão ser vacas da raça zebu que também produzem leite, não produzem tanto como uma Holstein, mas duas vacas dessas podem dar-nos a quantidade de leite que dá uma vaca leiteira. Então, para Cienfuegos, para Santa Clara, para Sagua, vão ser feitas aproximadamente 100, 100, 100 novas leiterias. E os companheiros do Partido comprometeram-se em fazê-lo (APLAUSOS). Ainda, vão ser organizadas com uma técnica melhor, com pastagens em um sistema de rotação, com maior produtividade nas pastagens, tudo isso. E 100 para a área industrial de Sancti Spíritus. Isso mesmo estamos fazendo em Pinar del Río, isso mesmo estamos fazendo em Matanzas, isso mesmo estamos fazendo em Camaguey, e o mesmo estamos fazendo em Oriente. E da mesma maneira estão trabalhando nos planos de legumes e vegetais; e da mesma maneira estão trabalhando nos planos de suínos.   

Já em Las Villas têm contabilizadas todas as palmeiras reais que há, os companheiros do Partido organizaram a contagem das palmeiras. Daquela ocasião em que estivemos por aqui por Las Villas, de 26 de julho até hoje, já sabem quantas palmeiras há exatamente nesta província. Infelizmente, há um pouquinho menos das que havíamos pensado no começo, há 3,4 milhões de palmeiras. Acho que Milián me pode dar o número exato. Ah!, são 3,36 milhões, das quais há 600 mil delas que não produzem alimento para os porcos, serão 2,8 milhões, mas estamos fazendo testes, fertilizando as palmeiras. Nós achamos que pode dobrar e até triplicar a produção de jerivá, para alimento animal.

E agora se está organizando a escola de recolhedores de jerivá. Nisso estiveram trabalhando nossos jovens comunistas, embora em Las Villas fizessem uma contagem dos camponeses dedicados a esse trabalho e contaram 1,4 mil, praticamente, bem organizados, dá para essa província. Noutras províncias estão organizando escolas para os recolhedores jerivá, para alimento para os porcos.

Mas há outro problema: nós falamos de que vamos ordenhar tantos milhares de vacas, sabem que se precisa de milhares de vaqueiros e estão organizando escolas para vaqueiros.

E para os jovens comunistas também, essa é outra de suas tarefas, recrutar jovens e ensiná-los a ordenhar e tratar com o gado.

E eu creio que como há um programa de estudos, que como milhares e milhares de operários agrícolas vão ser escolhidos e todos os anos será escolhido um número de operários, de jovens operários agrícolas para que estudem em institutos tecnológicos, devemos dar preferência a esses jovens que agora quando se faz um apelo respondem presente. E assim, que quando sejam escolhidos, nos anos futuros, para dar bolsas a jovens, para que estudem em institutos tecnológicos, vão ser levados em conta todos esses jovens que agora responderam, quando foram chamados para recolher alimento para os porcos, que foram chamados para ordenhar vacas; porque não pensem que é tarefa fácil, é preciso lidar com essas vacas que são um pouco rebeldes, e é um trabalho difícil.

Mas para esses jovens se apresenta a perspectiva de serem escolhidos depois e estudar e superar-se. E é um trabalho que têm que fazer nossos jovens e precisamos da cooperação, sobretudo, de nossos jovens operários agrícolas e de nossos jovens camponeses para poder cumprir estas metas, para poder cumprir estas tarefas.

Não há nada fácil, agora mesmo nos deparamos com que o projeto, estes planos, precisam de milhares de vaqueiros, pois é preciso escolhê-los, é preciso conquistar jovens para que façam estes trabalhos, para que aprendam a fazer estes trabalhos e, ao mesmo tempo, que a atitude que eles tiverem seja levada em conta, na hora de lhes ser outorgada uma bolsa.

Claro que até agora têm sido outorgadas muitas bolsas e muitas oportunidades, mas, futuramente, devemos ter em conta àqueles que respondem neste momento, quando precisamos deles. Senhores, aqui é preciso estabelecer uma lista com os méritos, aqui é preciso pôr o mérito por diante, aqui é preciso estimular o mérito por todos os meios (APLAUSOS).

Este esforço todo nós temos que fazê-lo hoje quando, inclusive, os conhecimentos técnicos são muito deficientes, agora quando os conhecimentos técnicos são muito pobres.

Por isso penso que nosso Partido e nossa organização juvenil podem realizar um grande trabalho estudando eles e organizando círculos de estudo em nível de agrupação e de região. Por aí há muitas pessoas que pensam que sabem e nunca na sua vida leram um livrinho. É verdade que há uma experiência prática, mas se essa experiência prática for complementada com uma formação técnica, com a experiência recolhida em todos os recantos do mundo, é incrível, simplesmente incrível o que se pode fazer.

Nem sei quantas vezes, em dias recentes, dizia que nós podíamos multiplicar em cinco vezes nossa produção agrícola e esteve mal empregada a palavra: cinco vezes não a produção, mas sim a produtividade por hectare como termo médio. Em alguns artigos, em alguns produtos está mais desenvolvida a técnica, em outros está menos desenvolvida, mas a produção total pode ser multiplicada muito mais que cinco vezes. Uma coisa é multiplicar a capacidade de produção de um hectare de cana, de cana não é tão fácil. Nas pastagens se pode multiplicar seis vezes a atual produtividade de um hectare, isto é, que se pode produzir seis vezes mais carne e leite por hectare do que se produz hoje em dia. Noutras coisas mais, noutras coisas menos.
Mas, ainda, quando todas as terras de nosso país estejam como um jardim, quando todas as terras do nosso país estejam como um jardim, possivelmente não haverá povo o mundo com um padrão de alimentação mais alto do que o nosso. E isso simplesmente está ao alcance das nossas mãos. Isso precisa ser compreendido, é preciso estudar, é preciso introduzir a técnica em nossas fazendas estatais e introduzir a técnica entre nossos pequenos agricultores, porque também é preciso ensinar a eles.

E, por exemplo, os companheiros do Partido em Matanzas dedicaram o sábado aos círculos de estudo, todos os sábados, manhã e tarde, estudo dos companheiros da direção do Partido da província. E na seção regional estabeleceram uma hora todas as manhãs, a primeira hora, para estudar, círculos de estudo. Perfeito! E eu lhes digo que, se em geral, nós fazemos menos reuniões e mais círculos de estudo sairíamos ganhando muito, podem ter essa certeza (APLAUSOS).

Mas seguindo essa iniciativa dos companheiros de Matanzas, esse exemplo, isso poderia ser organizado praticamente em todas as províncias e organizar os círculos em todas as regiões e, ainda, em todas as agrupações, dirigidos pelos companheiros do Partido.

E temos os livros e os estamos entregando aos poucos, porque preferimos que sentissem primeiro a necessidade do livro e desejem o livro antes de que lhes chegue o livro aí, muito fácil.

Agora vamos impulsionar os estudos de técnicas agrícolas e um pouco mais em diante estes companheiros vão sentir a necessidade de estudar um pouco de matemática, um pouco de química e um pouco de bioquímica, porque estudando solos, fertilizantes e diferentes questões a cada certo tempo vão se deparar com uma fórmula química, alguma formulinha matemática e vão sentir uma grande necessidade. Quando sintam a grande necessidade, no futuro, lhes vamos mandar livros de matemática, de química e de biologia também, porque essas são disciplinas básicas, ciências básicas. E futuramente continuaremos mandando livros a todos os companheiros do Partido nas províncias e chegará o dia em que tenham uma boa biblioteca com os melhores livros, os mais valiosos, que vão dar ao nosso Partido tamanha capacidade técnica.

E isso vai ter uma influência muito grande na produção, isso nos vai ajudar extraordinariamente na produção. Muitas vezes se diz por aí que ninguém nasce sabendo, e isso é uma grande verdade. Ninguém nasce sabendo, porém ninguém resolve nada sem saber, ninguém resolve nada sendo ignorante, e muitas das necessidades e problemas que temos são por causa da ignorância (APLAUSOS).

Nossos dirigentes políticos devem ter uma forte preparação tecnológica, nossos líderes políticos fortaleceram-se muito politicamente, na teoria política, e têm que continuar fortalecendo-se. Isso não significa abrir mão da leitura das questões políticas, mas, ao mesmo tempo, têm que fazer estudos técnicos para que quando retornem aqueles operários que foram estudar aos institutos tecnológicos...

E ontem, quando nós visitávamos uma sala de aula onde estavam estudando operários do campo, que há dois anos que estão estudando, com um professor de matemática, eles estavam estudando matemática, álgebra, toda uma série de matérias, e eu pensava: com estes conhecimentos, com os que estão adquirindo, quando retornem para o campo era inconcebível que nossos companheiros do Partido fossem estar abaixo do nível de conhecimentos tecnológicos desses operários que foram estudar. Porque se nossos dirigentes do Partido, às suas condições de dirigentes, a sua paixão pela Revolução, a sua consciência revolucionária, acrescentam uma forte preparação técnica, ah! Então poderão fazer muito mais, poderão prestar ao país valiosos serviços, e poderão desempenhar muito mais cabalmente o papel que nosso Partido deve desempenhar.

A importância do papel do Partido vê-se na coisa prática. Quando nós viajamos e paramos nas províncias e queremos tratar de algum plano agrícola, sempre nos reunimos com os companheiros do Partido e do INRA (Instituto Nacional da Reforma Agrária. N. do Trad.) e vamos embora dali com a certeza de que esses planos vão avançar. Os companheiros do Partido conhecem da importância política deste trabalho, a importância política que tem aumentar a quantidade de leite, a quantidade de legumes, a quantidade de ovos, a quantidade de bens; a enorme importância que isso tem. Eles como dirigentes revolucionários compreendem e sentem não só a paixão de resolver esses problemas para as massas, mas compreendem também e ainda, que isso fortalece politicamente a Revolução, fortalece a confiança do povo, fortalece a fé do povo.

Por isso nossos dirigentes políticos devem ter uma forte preparação técnica; e porque o papel do Partido, o papel essencial como vanguarda a Revolução é fazer avançar o desenvolvimento econômico do país, fazer avançar a produção, porque a Revolução se faz para isso e por isso; para satisfazer as necessidades materiais e culturais do povo; por isso e para isso se faz a Revolução e não devemos esquecer-nos nem um só dia disso.

E nossos dirigentes juvenis, e nossos dirigentes do Partido devem ter, além de uma sólida formação política, uma sólida formação técnica. Muitos deles são operários, homens do povo que não tiveram chance de frequentar os institutos nem as universidades, mas têm oportunidade de aprender. A paixão de saber faz com que o homem aprenda mais rapidamente e aprenda em menos tempo; a paixão de saber, a consciência da necessidade de saber, faz com que os conhecimentos se adquiram mais rapidamente e, sobretudo, a via, o trabalho prático, os problemas diários, constantemente nos estão ensinando a necessidade de cada conhecimento.

E agora que nossos companheiros do Partido organizam seus círculos de estudo, os jovens não devem ficar atrás; e em nível provincial e em nível regional organizar seus círculos de estudo, e se organizam seus círculos de estudo, os incluiremos nos planos de distribuição de livros (APLAUSOS).

Com os jovens teremos que reunir-nos muitas vezes, com os jovens será preciso falar muito, e sobre os jovens será preciso falar muito, sobre os jovens será preciso meditar muito. Nós lutamos por algo, nós lutamos para algo: lutamos por um amanhã, por um futuro, lutamos por um mundo melhor, lutamos por uma sociedade melhor, lutamos por uma vida mais perfeita para cada homem, para cada mulher, para cada criança, para cada idoso; e há muito trabalho por diante em todas as ordens e também na ordem política. 

Nós devemos aspirar não a fazer uma obra passageira, não a resolver os problemas de hoje, mas também os problemas do amanhã. De que nos preocupamos nós que hoje temos estas responsabilidades, de que nos preocupamos nós, engajados nas tarefas do presente, na luta por um amanhã mais ou menos imediato? Pois nos preocupamos do outro amanhã, do amanhã um pouco mais longínquo. Quando transcorrerem os anos — e os anos transcorrem rapidamente — e sejamos uma obra revolucionária sólida, desejamos uma obra baseada em princípios, baseada em instituições sólidas. E nós estamos muito conscientes de que ainda nos falta muito por fazer. Temo-nos dedicado, nestes anos, em primeiro lugar, à defesa da pátria perante os bandidos imperialistas, perante os mercenários; e agora estamos dedicados aos problemas da produção, à solução das nossas necessidades materiais. Mas há problemas do futuro a serem resolvidos, esse futuro de como será nossa vida no futuro, de como será nosso Estado socialista, de como funcionará nosso Estado socialista, de quais serão as instituições de nosso Estado socialista.

É claro que hoje temos nosso Partido, temos nossos dirigentes políticos; nosso Partido é o cimento da Revolução, quer dizer, o que une, o que aglutina, o que resolve. Mas avançaremos, iremos à frente, e no futuro — não imediato, porque no imediato temos determinadas tarefas, determinados problemas — teremos nossa Constituição socialista (APLAUSOS). E essa Constituição socialista será a lei fundamental de nosso Estado, estarão assinalados os direitos e os deveres, as funções de cada cidadão, o papel das massas na vida do país. Hoje as massas depositam sua fé na Revolução, depositam sua fé nos dirigentes; mas amanhã já não será uma questão de fé nos homens; será uma questão de fé nos princípios, será uma questão de fé nas instituições, porque os homens podem ser de uma maneira ou podem ser de outra; hoje uns, amanhã outros. Mas há algo em que se deve basear a confiança e a fé, no que não muda: nos princípios, nas instituições. E nós que avançamos por caminhos novos, que avançamos pelos caminhos da Revolução socialista, com muitas coisas nossas, com muitas coisas novas, temos também que fazer nossas contribuições.

Na organização de nosso Partido de vanguarda temos adotado métodos novos; temos adotado o método da assembleia na seleção dos nossos membros do Partido. Quer dizer, não é o Partido que chega e escolhe este, aquele e o outro; não, há normas. As massas trabalhadoras participam, as massas operárias opinam e dão a opinião sobre o comportamento e sobre a atitude de cada membro do nosso Partido.

Da mesma forma fazem nossos jovens. O Partido é a vanguarda, mas na formação do Partido participa o povo todo; o Partido é a vanguarda, mas na formação do Partido e na seleção dos homens do Partido participam as massas trabalhadoras (APLAUSOS).

E assim será também dever da nossa Revolução vincular cada vez mais e mais as massas à Revolução, vincular cada vez mais a opinião, o sentimento da massa, às tarefas da Revolução.

Assim, temos começado a organizar algumas instituições locais pela via do teste. E temos que chegar por esse caminho, e temos que idear os meios e os procedimentos para que cada cidadão opine sobre as coisas que lhe interessam, para que cada cidadão participe de todas aquelas coisas que lhe interessam.
Exemplo disso foi a última reunião dos trabalhadores da indústria açucareira na qual a administração, partido, sindicato, técnicos, trabalhadores, eles todos, participaram da discussão do plano perspectivo do açúcar, e todos discutirão ali, em cada usina açucareira, os problemas, e cada um dirá a sua opinião. Nem todas as opiniões são sempre certeiras, nem todas as opiniões sempre são justas, mas o fato de opinar ajuda. Enquanto maior número de cabeças pensarem, enquanto mais inteligências examinarem uma questão, muito maiores são as possibilidades de achar uma solução melhor, a solução boa. E a solução boa de cada coisa que interessa a todos somente pode ser o fruto do pensamento e da inteligência do povo todo.

E quando a Revolução estiver institucionalizada, quer dizer, quando o Estado socialista estiver organizado em instituições, há de garantir de uma maneira, não formal, não formalista, mas sim de uma maneira funcional, de uma maneira séria, a participação das massas trabalhadoras em todos os problemas da sociedade e em todos os problemas do país.

O socialismo é um sistema social novo, se desenvolve, abre caminhos. E nossa Revolução há de oferecer também sua contribuição, nossa Revolução também há de oferecer luz, nossa Revolução também há de contribuir com seu grãozinho de areia, acerca de como deve ser organizado o Estado socialista, e acerca de como deve funcionar o Estado socialista. 

E sempre, sempre, como uma questão essencial, como uma questão fundamental, perante tudo e acima de tudo, o povo, perante tudo e acima de tudo, os sentimentos e as opiniões do povo trabalhador, as opiniões das massas trabalhadoras. E nós, todos os homens do Partido e todos os dirigentes da Revolução, devemos ter, como uma aspiração revolucionária, sempre devemos ter presente esse princípio.

Assim agiu sempre a Revolução. Esse espírito tem presidido todos e cada um dos atos da Revolução.

Nesta província de Las Villas, um dia como hoje, é preciso expressar o reconhecimento pelos sucessos que conseguiu na produção, pelos sucessos revolucionários que tem conseguido. Esta província avança. Indústrias que já são um orgulho para o país todo vocês as viram surgir com as dificuldades e os poucos recursos dos primeiros tempos; já está funcionando a INPUD, a Planta Mecânica e outros locais de trabalho desta província (APLAUSOS). Quantas coisas não se poderão fazer, futuramente! Milhões de árvores plantadas pela Revolução crescem em torno desta cidade, onde antes se enxergava um panorama estéril e de colinas desoladas.

Nesta província os inimigos quiseram travar a batalha contra a Revolução; nessa província a contrarrevolução quis tomar posições, quis mostrar seu poder; nesta província o imperialismo concentrou, a CIA concentrou seu maior esforço; nesta província a CIA concentrou seus maiores recursos; nesta província a CIA concentrou todo seu espírito de conjura, de conspiração e de crime.

Nesta província, que ficou no primeiro lugar em uma série de aspectos, também se pode dizer que tem sido uma província que ocupou o primeiro lugar durante a Revolução, devido aos esforços realizados pela juventude, aos sacrifícios realizados pela juventude.

Aqui nesta província foi assassinado pelos mercenários do imperialismo aquele jovem professor voluntário Conrado Benítez (APLAUSOS). Nesta província foi assassinado vilmente outro jovem, o alfabetizador popular Delfin Sen (APLAUSOS). Nesta província um dia a nação soube, horrorizada, da notícia de que um dos membros da brigada de alfabetizadores tinha sido assassinado, após ter sido torturado de forma selvagem, refiro-me ao jovem Manuel Ascunce Domenech (APLAUSOS). Camponeses, milicianos, operários das fazendas, administradores, companheiros militantes revolucionários, foram assassinados por bandos mercenários; tentaram impor aqui sua lei criminosa; impor sua lei do horror; tentaram fazer aqui o mesmo que faziam os esbirros quando lutávamos contra a tirania: matar camponeses, matar operários, matar professores, matar estudantes.

Mas sobre eles caiu a mão severa e forte da Revolução (APLAUSOS). Lembro-me, naquela ocasião, lembro-me daquele ato ao qual me referia no começo, há quase quatro anos, quando organizaram — na véspera do ataque mercenário pela Baía dos Porcos — os bandos contrarrevolucionários no Escambray; e dissemos: “Vão ver o que é a força da Revolução”, e dissemos: “Vão ver se se pode travar uma guerra contra o povo revolucionário”. E mobilizaram-se as forças revolucionárias, e cercaram tudo aquilo, e capturaram centenas de mercenários. Na véspera da Baía dos Porcos. De maneira que, quando chegou a Baía dos Porcos, já não tinham um front aqui, na retaguarda, e foram esmagados na Baía dos Porcos.

Mas nem por isso esmoreceram. E nesta província, tal como na província de Matanzas, com armas que vinham dos Estados Unidos, com criminosos treinados — muitos deles — nos Estados Unidos, continuaram tentando obstaculizar o trabalho do povo, continuaram tentando espalhar o terror, continuaram tentando efetuar sabotagens. E qual foi o resultado? Qual é a situação hoje? Nossos valentes combatentes das unidades militares, dos batalhões especializados na luta contra os bandidos (APLAUSOS), lutando de forma constante, incansável e inteligentemente, com a ajuda dos camponeses, porque a imensa maioria dos integrantes desses batalhões era precisamente de camponeses do Escambray, que com a ajuda dos companheiros da Segurança, com a ajuda das organizações camponesas e com a ajuda de todas as organizações de massa, lideradas pelo Partido, varreram os bandos de mercenários, os quais aprenderam uma lição soberana: que se pode fazer uma revolução contra os exploradores, se pode fazer uma revolução, uma guerra e triunfar quando é a revolução dos explorados contra os exploradores; mas o que não se pode fazer é uma contrarrevolução em nome dos interesses dos exploradores contra o poder dos explorados (APLAUSOS).

E todos os criminosos foram exemplarmente castigados. Os que assassinaram Delfin Sen, os que assassinaram Conrado Benítez, os que assassinaram Manuel Ascunce, os que assassinaram camponeses e operários, receberam o castigo exemplar da Revolução, foram aniquilados pelas forças que representam o poder dos trabalhadores, o poder dos operários e camponeses.

E esta província, tal como a de Matanzas, avança hoje nos primeiros lugares; aqui onde o imperialismo quis criar surtos de contrarrevolução, aqui, nestas duas províncias de Las Villas e de Matanzas, a Revolução vai avançando, e são as províncias que venceram na concorrência e são as províncias que vão na frente na produção agrícola. São as províncias que estão demonstrando, mais uma vez, que onde há contradição à Revolução cresce a força da Revolução, e que cada coisa precisa do seu contrário. E estas duas províncias precisaram do seu contrário: a CIA, o imperialismo, a contrarrevolução, e derrotaram seus contrários, e cresceu o espírito de organização, cresceu o espírito revolucionário destas províncias (APLAUSOS).

Por isso nossos parabéns aos jovens comunistas por seu trabalho, aos jovens comunistas desta província; nossos parabéns aos companheiros do Partido desta província e nossos parabéns ao povo, nossos parabéns a este povo entusiástico, a este povo que se reúne hoje aqui, em uma multidão, onde antes houve uma caserna da tirania e hoje há uma escola tecnológica que leva o nome de um dos companheiros mais queridos da Revolução, um dos jovens mais valentes que conhecemos neste processo revolucionário, o companheiro Abel Santamaría (APLAUSOS).

É para nós uma satisfação que aqui nesta escola que ontem foi quartel, nesta escola que leva o nome do companheiro Abel Santamaría, essa enorme multidão se reúna para festejar o 4º aniversário de nossos jovens, a proclamar o porvir da pátria e que vem nessa juventude comemorar seus sucessos já... (DIZEM-LHE: “Pátria ou Morte!”).

Pátria ou Morte ainda não, falta-me uma palavra. A palavra que falta é que essa multidão veio hoje aqui, sobretudo, a dizer “não só temos feito, mas que vamos continuar fazendo, mas que vamos fazer mais, mas que vamos tentar continuar na vanguarda”.

Pátria ou Morte!
Venceremos!
(OVAÇÃO)

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