Discurso pronunciado pelo Comandante-em-Chefe Fidel Castro Ruz na sede das Nações Unidas, Estados Unidos da América, no dia 26 de setembro de 1960.
Date:
Senhor Presidente;
Senhores delegados:
Embora tenhamos fama de falar extensamente, não devem se preocupar. Vamos tudo fazer por sermos sucintos e expor ou que entendemos nosso dever expor aqui. Também vamos falar devagar, para colaborar com os intérpretes.
Alguns pensarão que estamos bem chateados pelo tratamento que recebeu a delegação cubana. Não é bem assim. Compreendemos perfeitamente ou porquê das coisas. É por isso que não estamos chateados, e ninguém deve se preocupar de que Cuba possa deixar de colocar também seu grãozinho de areia no esforço para que ou mundo se entenda.
Porém, vamos falar claro. Custa recursos ou envio de uma delegação às Nações Unidas. Nós, países subdesenvolvidos, não temos muitos recursos para dilapidar, se não for para falar claro nesta reunião de representativos de quase todos os países do mundo.
Os oradores que nos precederam no uso da palavra expressaram aqui sua preocupação por problemas que interessam a todo o mundo. A nós, nos interessam esses problemas, porém, também, no caso de Cuba existe uma circunstância especial, e é que Cuba deve ser para o mundo neste momento uma preocupação, porque com razão expuseram aqui diferentes delegados, entre os diferentes problemas que existem atualmente no mundo, o problema de Cuba. Além dos problemas que hoje preocupam a todo o mundo, Cuba tem problemas que lhe preocupam a ela, que lhe preocupam a nosso povo.
Fala-se do desejo universal de paz, que é o desejo de todos os povos e, portanto, também o desejo do nosso povo, mas essa paz, que o mundo deseja preservar, é a paz com que nós os cubanos não contamos há um tempo. Os perigos que outros povos do mundo podem considerar mais ou menos longínquos são problemas e preocupações que para nós estão bem próximos. E não tem sido fácil expor aqui nesta assembleia os problemas de Cuba. Não tem sido fácil para nós chegar aqui.
Não sei se seremos uns privilegiados. Seremos nós, os da delegação cubana, a representação do tipo de governo pior do mundo? Seremos nós, os representantes da delegação cubana, merecedores do maltrato que temos recebido? E porquê precisamente nossa delegação? Cuba enviou muitas delegações às Nações Unidas, Cuba tem estado representada por diversas pessoas e, contudo, coube-nos as medidas de exceção: confinamento à Ilha de Manhattan, consigna em todos os hotéis para que não se nos aluguem quartos, hostilidade e, sob o pretexto da segurança, ou isolamento.
Se calhar nenhum de vocês, senhores delegados, vocês, que trazem, não a representação individual de alguém, mas a representação dos seus respectivos países, e que portanto, as coisas que a cada um de vocês se refiram têm de preocupar-lhes pelo que cada um de vocês represente a sua chegada a esta cidade de Nova Iorque tivera que sofrer tratos pessoalmente vexaminosos, fisicamente vexaminosos, como teve que sofrer o Presidente da delegação cubana.
Não estou fazendo agitação nesta Assembleia. Limito-me a dizer a verdade. Também já era hora de que tivéssemos a oportunidade de falar. Sobre nós estiveram falando há muitos dias, falaram os jornais, e nós em silêncio. Nós não podemos defender-nos dos ataques aqui, neste país. Nossa oportunidade para dizer a verdade é esta, e não deixaremos de dizê-la.
Tratos pessoais vexaminosos, tentativas de extorsão, desalojo do hotel em que residiamos, e quando marchamos para outro hotel, colocamos da nossa parte tudo o possível para evitar dificuldades, abstendo-nos por completo de sair do nosso alojamento, não assistindo a nenhum outro ponto que não fosse a esta sala das Nações Unidas, as contadas vezes que temos assistido, e a aceitação a uma recepção na embaixada do governo soviético. Não obstante, isso não foi suficiente para que nos deixassem em paz.
Aqui neste país tinha uma numerosa imigração cubana. Ultrapassam 100 000 os cubanos que nos últimos 20 anos se deslocaram para este país desde sua própria terra, onde eles teriam desejado estar sempre, e aonde eles desejam voltar, como desejam voltar sempre os que por razões sociais ou econômicas são obrigados a abandonar sua pátria.Essa população cubana se dedicava aqui ao trabalho, respeitava e respeita as leis, e, naturalmente, sentia por sua pátria, sentia pela Revolução.Nunca teve problemas, mas um dia começaram a chegar a este país outro tipo de visitantes: começaram a chegar criminosos de guerra, começaram a chegar indivíduos que tinham assassinado pessoas, nalguns casos, centenas dos nossos compatriotas. Aqui não tardaram em ver-se incentivados pela publicidade, aqui não tardaram em ver-se incentivados pelas autoridades, e, naturalmente, esse incentivo reflete sua conduta, e são motivos de freqüentes incidentes com a população cubana que havia muitos anos trabalhava honestamente neste país.
Um desses incidentes, provocado pelos que aqui se sentem apoiados pelas campanhas sistemáticas contra Cuba, e pela cumplicidade das autoridades, ocasionou a morte de uma menina. Esse fato era de lamentar, e era para que o lamentássemos todos. Os culpados não eram, precisamente, os cubanos residentes aqui. Os culpados não éramos, muito menos, nós, os da delegação cubana e, não obstante, com certeza todos vocês terão visto essas manchetes dos jornais onde se falava de que "Grupos em prol de Castro" tinham dado morte a uma menina de 10 anos. E com essa hipocrisia característica dos que têm a ver com as coisas das relações entre Cuba e este país, um porta-voz da Casa Branca logo fez declarações a todo o mundo, assinalando o fato acusando, quase, quase de culpabilidade à delegação cubana. E, é claro, sua Excelência, o senhor delegado dos Estados Unidos da América nesta assembleia não deixou de se juntar à farsa, enviando ao governo da Venezuela um telegrama de condolência aos famíliares da vítima, tal como se se sentisse na obrigação de dar uma explicação desde as Nações Unidas, de uma coisa que, virtualmente, era culpável a delegação cubana.
Mas isso não era tudo. Quando fomos obrigados a abandonar um dos hotéis desta cidade, e nos encaminhamos para a sede das Nações Unidas, enquanto se faziam outras diligências, tem um hotel, um hotel humilde desta cidade, um hotel dos negros de Harlem, que nos deu alojamento. A resposta chegou enquanto conversávamos com o senhor Secretário-Geral. Contudo, um funcionário do Departamento de Estado fez tudo o possível por impedir que nos alojássemos nesse hotel. Nesse instante, como por arte de magia, começaram a aparecer hotéis em Nova Iorque. E hotéis que tinham negado alojamento à delegação cubana anteriormente, então se ofereceram para alojar-nos até de graça. Mas nós, por elementar reciprocidade, aceitamos o hotel de Harlem. Entendíamos que tínhamos direito a esperar a nos deixassem em paz. Não, não nos deixaram em paz.
Já em Harlem, tendo em conta que não se pôde impedir nossa estadia naquele lugar, começaram as campanhas de difamação. Começaram a espalhar pelo mundo a notícia de que a delegação cubana se alojara num bordel. Para alguns senhores, um hotel humilde do bairro de Harlem, dos negros dos Estados Unidos, tem que ser um bordel. E, além disso, tentaram cobrir de infâmia à delegação cubana, sem respeito sequer para as companheiras que integram ou trabalham com nossa delegação.
Se fôssemos da laia de homens de que se nos acusa, custe o que custar, o imperialismo não teria perdido sua esperança, como a perdeu há muito tempo, e nunca tiveram razão para albergá-la, pelo menos, depois de afirmar que a delegação cubana se alojou em um bordel deviam reconhecer que o capital financeiro imperialista é uma meretriz que não conseguiu seduzir-nos. E não precisamente "A Meretriz Respeitosa" de Jean Paul Sartre.
O problema de Cuba. Talvez alguns de vocês estejam bem informados, talvez alguns não. Tudo depende das fontes de informação, mas, sem dúvida, para o mundo o problema de Cuba, surgido no decurso dos dois últimos anos, é um problema novo. O mundo não tivera muitas razões para saber que Cuba existia. Para muitos era algo assim como um apêndice dos Estados Unidos da América. Inclusive, para muitos cidadãos deste país Cuba era uma colônia dos Estados Unidos. No mapa o não era; no mapa nós aparecíamos com uma cor diferente da cor dos Estados Unidos. Na realidade sim o era.
E como o nosso país chegou a ser uma colônia dos Estados Unidos? Não foi precisamente por suas origens. Não foram os mesmos homens os que colonizaram os Estados Unidos e a Cuba. Cuba tem uma raiz étnica e cultural bem diferente, e essa raiz se afiançou durante séculos. Cuba foi o último país da América em se libertar do colonialismo espanhol, do jugo colonial espanhol, com perdão de sua senhoria, o representante do governo espanhol. E por ser o último, teve que lutar também mais duramente.
A Espanha só lhe restava uma possessão na América, e a defendeu com teimosia e afinco. Nosso pequeno povo, de escassamente algo mais de um milhão de habitantes naquela altura, teve que enfrentar-se sozinho, durante quase trinta anos, a um dos exércitos considerados dos mais fortes de Europa. Contra a pequena população nacional, o governo espanhol chegou a mobilizar um número de forças tão grande como todas as forças que tinham combatido a independência da América do Sul juntas. Até meio milhão de soldados espanhóis chegaram a combater contra o heróico e irredutível propósito do nosso povo de ser livre.
Durante trinta anos lutaram os cubanos sozinhos, por sua independência. Trinta anos que também constituem sedimento do amor à liberdade e à independência de nossa pátria. Mas Cuba era uma fruta —segundo a opinião de um presidente dos Estados Unidos a começos do século passado, John Adams—, era como uma maçã pendente da árvore espanhola, chamada a cair, logo que amadurecesse, nas mãos dos Estados Unidos. E o poder espanhol se tinha desgastado em nossa pátria. Espanha já não tinha nem homens nem recursos econômicos para manter a guerra em Cuba; Espanha estava derrotada. A maçã estava aparentemente madura, e o governo dos Estados Unidos estendeu as mãos.
Não caiu uma maçã, caíram várias maçãs em suas mãos. Caiu Porto Rico, o heróico Porto Rico que iniciara sua luta pela independência junto dos cubanos; caíram as Ilhas Filipinas, e caíram várias possessões mais. Contudo, o expediente para dominar nosso país não podia ser o mesmo. Nosso país mantivera uma tremenda luta e em seu favor existia a opinião do mundo. O expediente devia ser diferente.
Os cubanos que lutaram por nossa independência, os cubanos que naqueles instantes estavam dando seu sangue e sua vida, chegaram a acreditar de boa fé naquela Resolução Conjunta do Congresso dos Estados Unidos, de 20 de abril de 1898, que declarava que Cuba é, e de direito deve ser, livre e independente.
O povo dos Estados Unidos simpatizava com a luta cubana. Aquela Declaração Conjunta era uma lei do Congresso desta nação, em virtude da qual declarava a guerra a Espanha. Mas aquela ilusão concluiu em um cruel engano. Depois de dois anos de ocupação militar de nossa pátria, surge o inesperado: no mesmo instante em que o povo de Cuba, através de uma Assembleia Constituinte estava redigindo a Lei Fundamental da República, de novo surge uma lei no Congresso dos Estados Unidos, uma lei proposta pelo senador Platt, de triste recordação para Cuba. E naquela lei se estabelecia que a Assembleia Constituinte de Cuba devia ter um apêndice, em virtude do qual, lhe concedia ao governo dos Estados Unidos, o direito de intervir nos problemas políticos de Cuba e, além disso, o direito de arrendar determinados espaços de seu território para estações navais ou carvoeiras.
Isto é, mediante uma lei emanada da autoridade legislativa de um país estrangeiro, a Constituição de nossa pátria devia conter essa disposição, e bem claramente se lhes indicava aos nossos constitucionalistas que se não houver Emenda não haveria retirada das forças de ocupação. Ou seja, que o órgão legislativo de um país estrangeiro lhe impôs a nossa pátria, foi-lhe imposto pela força, o direito a intervir e o direito a arrendar bases ou estações navais.
É bom que os povos recém ingressados a esta organização, os povos que iniciam agora sua vida independente, tenham bem presente a história da nossa pátria, pelas similitudes que possam encontrar em seu caminho. E se não foram eles, os que vierem depois deles, ou seus filhos, ou seus netos, ainda que nos parece que não vamos chegar tão longe.
Então, começou a nova colonização de nossa pátria, a aquisição das melhores terras de cultivo pelas companhias norte-americanas; concessões de seus recursos naturais, suas minas; concessões dos serviços públicos, para a exploração dos serviços públicos; concessões comerciais, concessões de todo o tipo, que junto do direito constitucional —constitucional à força— de intervir em nosso país, converteram nossa pátria, de colônia espanhola em colônia norte-americana.
As colônias não falam, as colônias não são conhecidas no mundo até que têm oportunidade de expressar-se. Por isso o mundo não conhecia nossa colônia, e os problemas de nossa colônia não os conhecia o mundo. Nos livros de geografia aparecia mais uma bandeira, mais um escudo; nos mapas geográficos aparecia mais uma cor, mas ali não existia uma república independente. Ninguém se engane, que com enganar-nos não fazemos mais do que o ridículo; ninguém se engane, ali não existia uma república independente, ali tinha uma colônia, onde quem mandava era o embaixador dos Estados Unidos.
Não nos envergonhamos de ter de proclamá-lo, porque diante dessa vergonha está o orgulho de poder dizer, que hoje nenhuma embaixada governa nosso povo, que ao nosso povo o governa o povo! (APLAUSOS).
Mais uma vez a nação cubana tem que recorrer à luta para chegar a essa independência. A conseguiu de pois de sete anos de sangrenta tirania. Tiranizada por quem? Tiranizada por aqueles que em nosso país não eram mais do que os instrumentos dos que dominavam economicamente nossa pátria.
Como pode sustentar-se um regime impopular e inimigo dos interesses do povo como não seja pela força? Teremos que explicar-lhes aqui aos representantes dos nossos povos irmãos da América Latina o que são as tiranias militares? Teremos que explicar-lhes como se sustentaram até hoje? Teremos que explicar-lhes a história de várias dessas tiranias que já são clássicas? Teremos que explicar-lhes em que forças se apoiam, em que interesses nacionais e internacionais se apoiam?
O grupo militar que tiranizou nosso país se apoiava nos setores mais reacionários da nação e se apoiava sobretudo nos interesses econômicos estrangeiros que dominavam a economia da nossa pátria. Todos sabem e entendemos que até o próprio governo dos Estados Unidos assim o reconhece, todos sabem que esse era o tipo de governo preferido pelos monopólios. Por que? Porque mediante a força se reprime toda a demanda do povo, mediante a força eram reprimidas as greves por melhores condições de vida, mediante a força eram reprimidos os movimentos camponeses por possuir as terras, mediante a força eram reprimidas as mais caras aspirações da nação.
Por isso, os governos de força eram os governos preferidos pelos que dirigem a política dos Estados Unidos. Por isso, governos de força se mantiveram durante muito tempo no poder e governos de força se mantêm ainda no poder na América. Claro que tudo depende das circunstâncias para contar ou não contar com o apoio do governo dos Estados Unidos.
Por exemplo, agora dizem que estão contra um desses governos de força: o governo de Trujillo, mas não dizem que estão contra outro desses governos de força, o de Nicarágua, ou o de Paraguai, por exemplo. O de Nicarágua já não é um governo de força, é uma monarquia quase tão constitucional como a da Inglaterra, em que o poder se sucede de pais para filhos e também teria acontecido outro tanto em nossa pátria. Era o tipo de governo de força, o governo de Fulgencio Batista, o governo que convinha aos monopólios norte-americanos em Cuba, mas não era, é claro, o tipo de governo que convinha ao povo cubano, e o povo cubano, com um grande esbanjamento de vidas e de sacrifícios, o tirou do poder.
O quê encontrou a Revolução ao chegar ao poder em Cuba? Que maravilhas encontrou a Revolução ao chegar ao poder em Cuba? Encontrou em primeiro lugar que 600 000 cubanos com atitudes para o trabalho, não tinham emprego; um número igual em proporção ao número de desempregados que existiam nos Estados Unidos aquando da grande crise que abalou esse país; isso que a pouco produz uma catástrofe nos Estados Unidos, era o desemprego permanente em nossa pátria. Três milhões de pessoas de uma população total de algo mais de 6 milhões, não desfrutavam de luz elétrica nem de nenhum dos benefícios e comodidades da eletricidade; 3 500 000 pessoas de um total de algo mais de
6 milhões, moravam em choupanas, barracos e tugúrios, sem as menores condições de habitabilidade. Nas cidades os alugueres absorviam até uma terceira parte das rendas famíliares. Tanto o serviço elétrico quanto os alugueres eram dos mais caros do mundo. Trinta e sete e meio por cento da nossa população era analfabeta, não sabia ler nem escrever; 70% da nossa população infantil rural não tinha professores; 2% da nossa população estava padecendo de tuberculose; ou seja, 100 000 pessoas em um total de algo mais de 6 milhões. 95% da nossa população rural infantil estava afetada de parasitismo, portanto, a mortalidade infantil era muito alta, a média de vida era muito baixa. Por outro lado, 85% dos pequenos agricultores pagavam alugueres pela posse de suas terras, que ascendiam até 30% das suas rendas líquidas, enquanto que um e meio do total de proprietários controlava 46% da área total da nação. É claro que as comparações do número de leitos de hospitais pelo número determinado de habitantes do país era ridículo, quando comparado com os países onde a assistência médica está medianamente atendida.
Os serviços públicos, companhias elétricas, companhias telefônicas, eram propriedades de monopólios norte-americanos.
Uma grande parte da banca, uma grande parte do comércio de importação, as refinarias de petróleo, a maior parte da produção açucareira, as melhores terras de Cuba e as indústrias mais importantes em todas as ordens, eram propriedades de companhias norte-americanas. A balança de pagamentos nos últimos 10 anos, desde 1950 até 1960, tinha sido favorável aos Estados Unidos com relação a Cuba em
1 000 milhões de dólares.
Isto, sem contar com os milhões e centenas de milhões de dólares subtraídos do tesouro público pelos governantes corrompidos da tirania que foram depositados nos bancos dos Estados Unidos ou em bancos europeus.
Um bilhão de dólares em 10 anos. O país pobre e subdesenvolvido do Caribe, que tinha 600 000 desempregados contribuindo ao desenvolvimento econômico do país mais industrializado do mundo.
Essa foi a situação que encontramos e essa situação não deve ser rara para muitos dos países representados nesta Assembleia, porque, afinal, o que dissemos de Cuba não é mais do que uma radiografia de diagnóstico geral aplicável à maior parte dos países aqui representados.
Qual era a alternativa do Governo Revolucionário? Trair o povo? É claro que para o senhor Presidente dos Estados Unidos aquilo que nós fizemos por nosso povo, é traição ao nosso povo; e o não seria com toda certeza se em vez de sermos leais ao nosso povo tivéssemos sido leais aos grandes monopólios norte-americanos que exploravam a economia do nosso país. Pelo menos, que fique constância das "maravilhas" que encontrou a Revolução ao chegar ao poder, que são, nem mais nem menos, que as maravilhas do imperialismo, que são, nem mais nem menos, que as “maravilhas” do "mundo livre" para nós, países colonizados!
Ninguém poderá culpar-nos de que em Cuba houvesse 600 000 desempregados, 37,5% de população analfabeta, 2% de tuberculosos, 95% de parasitados. Não! Até esse minuto nenhum de nós contávamos nos destinos da nossa pátria; até esse minuto nos destinos da nossa pátria contavam os governantes que serviam aos interesses dos monopólios, até esse minuto contavam em nossa pátria os monopólios. Alguém os incomodou? Não! Ninguém os importunou. Alguém os perturbou? Não! Ninguém os perturbou. Eles puderam realizar sua tarefa e ali encontramos os frutos dos monopólios.
Como estavam as reservas da nação? Quando o tirano Batista chegou ao poder tinha 500 milhões de dólares na reserva nacional, boa quantidade para tê-la investido no desenvolvimento industrial do país. Quando a Revolução chega ao poder restavam 70 milhões em nossas reservas.
Preocupação pelo desenvolvimento industrial de nossa pátria? Não! Nunca! Por isso nos surpreendemos tanto e ainda não saímos da nossa surpresa quando ouvimos falar aqui das extraordinárias preocupações do governo dos Estados Unidos pela sorte dos países da América Latina, dos países da África e dos países da Ásia. E não saímos do nosso espanto, porque depois de 50 anos tínhamos aí os frutos.
O quê fez o Governo Revolucionário? Qual é o delito cometido pelo Governo Revolucionário para que recebamos o trato que recebemos aqui, para que tenhamos inimigos tão poderosos como o que se tem demonstrado que temos aqui?
Surgiram desde o primeiro instante os problemas com o governo dos Estados Unidos? Não! Será que ao chegarmos ao poder estávamos possuídos do propósito de buscar-nos problemas internacionais? Não! Nenhum governo revolucionário que chega ao poder deseja ter problemas internacionais. O que deseja é investir seu esforço na resolução de seus problemas próprios; o que deseja é levar adiante um programa, como bem desejam os governos que realmente estão interessados no progresso de seu país.
A primeira circunstância que da nossa parte foi considerada como um ato inamistoso foi o fato de que abrissem de par em par as portas deste país a toda uma quadrilha de criminosos que tinham deixado ensanguentada nossa pátria; homens que tinham chegado a assassinar a centenas de camponeses indefesos, que não se cansaram de torturar prisioneiros durante muitos anos, que mataram a torto e a direito, foram recebidos aqui de braços abertos. E isso nos resultava esquisito. Por quê esse ato inamistoso por parte das autoridades dos Estados Unidos para com Cuba? Por quê esse ato de hostilidade? Naquele momento não o compreendíamos perfeitamente; agora, nos damos conta cabal das razões. Correspondia essa política a um tratamento correto, com relação a Cuba, das relações entre Estados Unidos e Cuba? Não, porque os agraviados éramos nós, e os agraviados éramos nós por quanto o regime de Batista se manteve no poder com a ajuda do governo dos Estados Unidos; o regime de Batista se manteve no poder com a ajuda de tanques, de aviões e de armas fornecidas pelo governo dos Estados Unidos; o regime de Batista se manteve no poder graças ao emprego de um exército cujos oficiais eram instruídos por uma missão militar do governo dos Estados Unidos; e nós esperamos que a nenhum funcionário dos Estados Unidos lhe passe pela cabeça negar essa verdade.
Inclusive, quando o Exército Rebelde chega à cidade de Havana, no acampamento militar mais importante dessa cidade, estava a missão militar norte-americana. Aquele era um exército que tinha colapsado, aquele era um exército vencido e rendido. Nós podíamos considerar perfeitamente como prisioneiros de guerra àqueles militares estrangeiros que estavam ali ajudando e treinando os inimigos do povo. Contudo, essa não foi nossa atitude; nossa atitude se limitou a solicitar-lhes aos membros dessa missão que voltassem para seu país, que, depois de tudo, nós não precisávamos de suas lições, seus discípulos estavam vencidos.
Eis um documento (Mostra-o). Ninguém se surpreenda de seu aspecto, porque é um documento rasgado. Trata-se de um antigo pacto militar em virtude do qual a tirania de Batista tinha recebido generosa ajuda por parte do governo dos Estados Unidos; e resulta importante conhecer o que diz este convênio no Artigo 2:
"O governo da República de Cuba se compromete a fazer uso eficaz da ajuda que receba do governo dos Estados Unidos de América em conformidade com o presente convênio, com o objetivo de concretizar os planos de defesa aceites por ambos os governos, conforme aos quais os dois governos tomarão parte em missões importantes para a defesa do hemisfério ocidental; e, a menos que previamente se obtenha a anuência do governo dos Estados Unidos de América...” —repito—: "...e, a menos que previamente se obtenha a anuência do governo dos Estados Unidos de América, não dedicarão essa ajuda a outros fins que não sejam aqueles para os quais foi prestado."
A ajuda foi dedicada a combater os revolucionários cubanos; depois contou com a anuência do governo dos Estados Unidos. E mesmo quando alguns meses antes de findar a guerra, aconteceu neste país um embargo de armas das enviadas a Batista, ao cabo de seis anos e algo mais de ajuda militar, uma vez declarado solenemente esse embargo de armas, teve o Exército Rebelde provas, provas documentais, de que novamente tinham sido abastecidas as forças da tirania com 300 "rockets" para lançar desde aviões.
Quando os companheiros da emigração apresentaram esses documentos à opinião pública dos Estados Unidos, o governo dos Estados Unidos não encontrou outra explicação que dizer que estávamos enganados, que não lhe tinham dado novos abastecimentos ao exército da tirania, mas que, simplesmente, se tinham limitado a trocar-lhes alguns "rockets" de outro calibre que não serviam para seus aviões, por uns "rockets" que sim serviam para os aviões da tirania e, falando nisso, que nos lançaram enquanto estávamos nas montanhas. Uma maneira sui generis de explicar as contradições quando se tornam inexplicáveis; não se tratava, de acordo com sua explicação, de uma ajuda, seria então uma espécie de "assistência técnica"...
Por quê então, se existiam esses antecedentes, que eram motivos de desgosto por parte de nosso povo, pois todo o mundo sabe, sabe disso aqui até o mais inocente de todos, que nestes tempos modernos, com a revolução que houve nos equipamentos militares, essas armas da guerra passada são absolutamente obsoletas para uma guerra moderna? Com 50 tanques ou carros blindados, e alguns aviões passados de moda, não se defende nenhum continente, não se defende nenhum hemisfério. Em câmbio, servem para oprimir os povos desarmados; em câmbio, servem para intimidar os povos. Servem para o que servem: servem para defender os monopólios. Por isso, esses pactos de defesa hemisférica, melhor poderiam se chamar pactos de defesa dos monopólios norte-americanos.
O Governo Revolucionário começa a dar os primeiros passos. A primeira coisa que fez é rebaixar os aluguéis que pagavam as famílias, em 50%, medida muito justa, visto que como dizíamos anteriormente, tinha famílias que pagavam até a terceira parte de suas rendas. E o povo fora vítima de uma grande especulação com a moradia, e as terras urbanas tinham sido alvo de tremendas especulações às custas da economia do povo. Mas, quando o Governo Revolucionário rebaixa os aluguéis em 50%, houve desgostados, sim, uns poucos que eram os donos daqueles prédios de apartamentos, mas o povo foi para a rua pleno de alegria, como acontecia em qualquer país, aqui mesmo em Nova Iorque, se lhes rebaixam 50% os aluguéis a todas as famílias. Mas não significou nenhum problema com os monopólios. Algumas companhias norte-americanas tinham grandes construções, mas eram relativamente poucas.
Depois veio outra lei. Veio uma lei anulando as concessões que o governo tirânico de Fulgencio Batista lhe tinha feito à Companhia de Telefones que era um monopólio norte-americano. Ao abrigo de indefensão do povo tinham obtido concessões proveitosas. O Governo Revolucionário anula essas concessões e restabelece os preços dos serviços telefônicos ao nível que tinham anteriormente. Começa o primeiro conflito com os monopólios norte-americanos.
A terceira medida foi rebaixar as tarifas elétricas, que eram das mais altas do mundo. Surge o segundo conflito com os monopólios norte-americanos. Já nós começávamos a parecer comunistas; já começavam a borrar-nos de vermelho, porque tínhamos chocado, simplesmente, com os interesses dos monopólios norte-americanos.
Mas aparece a terceira lei, lei imprescindível, lei inevitável, inevitável para nossa pátria, e inevitável, mais tarde ou mais cedo, para todos os povos do mundo... pelo menos para todos os povos do mundo que o não tenham feito ainda: a lei de Reforma Agrária. É claro que em teoria, todo o mundo concorda com a reforma agrária. Ninguém se atreve a nega-lo, ninguém que não seja um ignorante, se atreve a negar que a reforma agrária é, nos países subdesenvolvidos do mundo, uma condição essencial para o desenvolvimento econômico. Em Cuba também até os latifundiários estavam de acordo com a reforma agrária, só que uma reforma agrária à sua maneira, como a reforma agrária que defendem muitos teóricos: uma reforma agrária à sua maneira, e sobretudo, que nem à sua maneira nem de maneira nenhuma se chegue a realizar enquanto possa ser evitada! É algo reconhecido pelos organismos econômicos das Nações Unidas, é algo sobre o qual já ninguém discute. Em nosso país era imprescindível: mais de 200 000 famílias de camponeses moravam nos campos da nossa pátria, sem terra onde plantar os alimentos essenciais.
Sem reforma agrária, nosso país não teria podido dar o primeiro passo rumo ao desenvolvimento. E, efetivamente, demos esse passo: fizemos uma reforma agrária. Era radical? Era uma reforma agrária radical. Era muito radical? Não era uma reforma agrária muito radical. Fizemos uma reforma agrária ajustada às necessidades do nosso desenvolvimento, ajustada às nossas possibilidades de desenvolvimento agrícola. Isto é, uma reforma agrária que resolvesse o problema dos camponeses sem terra, que resolvesse o problema dos abastecimentos daqueles alimentos indispensáveis, que resolvesse o tremendo desemprego no campo, que pusesse fim àquela miséria espantosa que tínhamos encontrado nos campos do nosso país.
Ora bom: aí surgiu a verdadeira primeira dificuldade. Também na vizinha República de Guatemala tinha acontecido a mesma coisa. Quando se fez a reforma agrária em Guatemala, surgiram os problemas em Guatemala. E advirto com toda honestidade aos companheiros delegados da América Latina e da África e da Ásia: quando forem fazer uma reforma agrária justa, se preparam a encarar situações similares às nossas, sobretudo se as melhores e maiores fazendas são propriedades dos monopólios norte-americanos, como acontecia em Cuba (APLAUSOS PROLONGADOS).
É possível que nos acusem depois de estarmos dando maus conselhos nesta Assembleia, e não é, por certo, nosso propósito... não é, com certeza, nosso propósito tirar-lhe o sono a ninguém. Estamos, simplesmente, colocando os fatos, embora os fatos são suficientes como para tirr-lhe o sono a qualquer um.
Logo apareceu a questão do pagamento. Começaram a chover notas do Departamento de Estado norte-americano. Nunca nos perguntavam por nossos problemas; nunca, nem sequer por comiseração ou pela parte grande de responsabilidade que tinham nisso, nos perguntavam quantos morriam de fome em nosso país, quantos tuberculosos tinha, quantas pessoas sem trabalho. Não. Sentimento de solidariedade para com nossas necessidades? Nunca. Todas as conversações dos representantes do governo dos Estados Unidos eram sobre a Companhia de Telefones, sobre a Companhia Elétrica, e sobre o problema das terras das companhias norte-americanas.
Como íamos pagar? É claro, a primeira coisa que tinha para perguntar era com que íamos pagar, não como, mas com quê. Vocês concebem que um país pobre, subdesenvolvido, com 600 000 desempregados, com um índice tão alto de analfabetos, de doentes, cujas reservas foram esgotadas, que tem contribuído à economia de um país poderoso, com 1 000 milhões em 10 anos, possa ter com quê pagar as terras que estariam afetadas pela lei agrária, ou pelo menos pagá-las nas condições que queriam que se pagassem?
O quê nos disse o Departamento de Estado norte-americano, como aspirações dos seus interesses afetados? Três coisas: o pagamento imediato..., "pagamento imediato, eficiente e justo". Vocês entendem esse idioma? "Pagamento imediato, eficiente e justo.” Isso quer dizer: "Pagamento agora mesmo, em dólares e o que nós peçamos por nossas fazendas" (APLAUSOS).
Ainda não éramos comunistas 150 por 100 (RISOS). Estávamos luzindo um pouco mais matizados de vermelho. Não apreendíamos as terras; simplesmente, propunhamos pagá-las em 20 anos, e da única maneira em que podíamos pagá-las: em bônus que haveriam de vencer aos 20 anos; que cobravam quatro e meio por cento de juros e que se iriam amortizando ano após ano.
Como poderíamos poder pagar em dólares as terras, e como as íamos pagar logo, e como íamos pagar o que pedissem por elas? Era absurdo. Qualquer pessoa compreende que, nessas circunstâncias, tínhamos que optar entre fazer a reforma agrária ou não fazê-la. Se a não fazíamos, perduraria indefinidamente a espantosa situação econômica do nosso país. No caso de fazê-la, nos estávamos expondo a ganharmos a inimizade do governo do poderoso vizinho do Norte.
Fizemos a reforma agrária. É claro que, por exemplo, para um representante de Holanda, ou de qualquer país da Europa, os limites nossos estabelecidos às fazendas, quase espantariam. Espantariam pelo estenso. O limite máximo que estabelecia nossa lei agrária era o de aproximadamente 400 hectares. Na Europa 400 hectares constituem um verdadeiro latifúndio; em Cuba, onde tinha companhias monopolistas norte-americanas que possuiam perto de 200 000 hectares —duzentos mil hectares!, por se alguém acredita que não ouviu bem—, ali, em Cuba, uma reforma agrária que reduzisse o limite máximo para 400 hectares era para esses monopólios uma lei inadmissível.
Porém resulta que no nosso país não só as terras eram propriedade dos monopólios norte-americanos. As principais minas também eram propriedade desses monopólios. Cuba produz, por exemplo, muito níquel; todo o níquel era explorado por interesses norte-americanos. E, sob a tirania de Batista, uma companhia norte-americana, a Moa Bay, tinha obtido concessão tão substancial que em cinco anos apenas —oiçam bem—, em cinco anos apenas amortizaria um investimento de 120 milhões de dólares; 120 milhões de dólares de investimento, amortizável em cinco anos.
Quem lhe fizera essa concessão à Moa Bay, por intermédio do embaixador do governo dos Estados Unidos? Simplesmente o governo tirânico de Fulgencio Batista, o governo que estava ali para defender os interesses dos monopólios. E este é um fato absolutamente certo. Livre de todo pagamento de imposto, o quê nos deixariam aos cubanos aquelas empresas? Os buracos das minas, a terra empobrecida, sem uma contribuição mínima ao desenvolvimento econômico do nosso país.
E o Governo Revolucionário estabelece uma lei de minas, obrigndo esses monopólios a pagarem um imposto de 25% às exportações desses minerais. A atitude do Governo Revolucionário já fora ousada demais. Tinha chocado com os interesses do "truste" elétrico internacional, tinha chocado com os interesses do "truste" telefônico internacional, tinha chocado com os interesses dos "trustes" mineiros internacionais, tinha chocado com os interesses da United Fruit Company, e tinha chocado, virtualmente, com os interesses mais poderosos dos Estados Unidos da América, que como vocês sabem estão estreitamente ligados entre si. E aquilo era mais do que podia tolerar o governo dos Estados Unidos, ou seja, os representantes dos monopólios dos Estados Unidos. E começou, então, uma nova etapa de fustigação para com nossa Revolução. Qualquer pessoa que analize objetivamente os fatos, qualquer pessoa que estiver disposta a pensar com honradez, não a pensar conforme lhe diga a UPI ou a AP, mas pensar com sua cabeça, e a extrair as conclusões do seu próprio raciocínio e ver as coisas sem prejuízos, com sinceridade e com honestidade. As coisas que tinha feito o Governo Revolucionário eram como para decretar a destruição da Revolução Cubana? Não. Mas os interesses afetados pela Revolução Cubana não se preocupavam pelo caso de Cuba, não se arruinavam com as medidas do Governo Revolucionário cubano; não consistia nisso o problema. O problema consistia, em que esses mesmos interesses eram detentores da riqueza e dos recursos naturais da maior parte dos povos do mundo. E a atitude da Revolução Cubana tinha de ser castigada. Ações punitivas de toda a ordem, até a destruição daqueles atrevidos, tinham que seguir à audácia do Governo Revolucionário.
Por nossa honra juramos que ainda não tínhamos tido a oportunidade nem de trocarmos uma carta com o distinto Primeiro-ministro da União Soviética, Nikita Jruschov. Ou seja, que quando já para a imprensa norte-americana e para as agências internacionais que informam o mundo, Cuba era um governo vermelho, um perigo vermelho a 90 milhas dos Estados Unidos, um governo dominado pelos comunistas, nem sequer o Governo Revolucionário tinha tido oportunidade de estabelecer relações diplomáticas ou comerciais com a União Soviética.
Mas a histéria é capaz de tudo. A histéria é capaz de fazer as afirmações mais inverossímeis e mais absurdas. É claro que ninguém acredita que vamos entoar aqui um "mea culpa". Nenhum "mea culpa". Nós não lhe temos que pedir perdão a ninguém. O que fizemos, fizemo-lo muito conscientes, e sobretudo muito convencidos dos nossos direitos a fazê-lo (APLAUSOS PROLONGADOS).
Começaram as ameaças contra nossa quota açucareira, começou a filosofia, a filosofia barata do imperialismo, a demonstrar sua nobreza, sua nobreza egoísta e exploradora, a demonstrar sua bondade com Cuba, que nos pagavam um preço privilegiado pelo açúcar, e que era como um subsídio ao açúcar cubano, que não era um açúcar tão doce para os cubanos, porque os cubanos não éramos os donos das melhores terras açucareiras, nem éramos os donos das maiores usinas açucareiras, e que, além disso, nessa afirmação, se ocultava a verdadeira história do açúcar cubano, dos sacrifícios que tinham imposto a Cuba, das vezes que Cuba tinha sido agredida economicamente. Antes não era uma questão de quota, era uma questão de taxas alfandegárias; em virtude de uma dessas leis ou desses pactos que se produzem entre o "tubarão" e a "sardinha", Estados Unidos, mediante um convênio que chamaram de "reciprocidade", obteve uma série de concessões para seus produtos, com o objetivo de que pudessem concorrer folgadamente, e desalojar do mercado cubano os produtos dos seus "amigos" os ingleses ou os franceses, como acontece muitas vezes entre "amigos". E a câmbio disso, certas concessões alfandegárias para o nosso açúcar, que por outro lado podiam ser variadas unilateralmente, à vontade do Congresso ou do governo dos Estados Unidos. E assim aconteceu.
Quando o estimavam mais conveniente aos seus interesses elevavam as tarifas, e nosso açúcar não podia entrar, ou entrava em condições desvantajosas no mercado norte-americano. Quando se aproximava uma etapa de guerra reduziam as tarifas. Claro que como Cuba era a fonte mais próxima de abastecimento de açúcar, tinham que garantir essa fonte de abastecimento. As tarifas eram reduzidas, a produção era estimulada e nos anos de guerra, quando o preço do açúcar era estratosférico em todo o mundo, vendíamos nosso açúcar barato aos Estados Unidos, apesar de que éramos a única fonte de abastecimento.
Finalizava a guerra, e ao findar a guerra vinham os colapsos da nossa economia. Os erros que aqui eram cometidos na distribuição dessa matéria-prima, nós éramos os que os pagávamos. Preços que se elevaram extraordinariamente ao findar a primeira guerra mundial; enorme estímulo à produção, baixa brusca dos preços que produz a ruína das usinas açucareiras cubanas, que certamente passaram tranquilamente às mãos, sabem de quem? Pois às mãos dos bancos norte-americanos, porque quando os nacionais cubanos arruinavam, os bancos norte-americanos em Cuba se enriqueciam.
E essa situação continuou assim, até a década de 30 e o governo dos Estados Unidos, tentando encontrar uma fórmula que conciliasse seus interesses de abastecimento com os interesses de seus produtores internos; estabelece um regime de quotas, essa quota supunha-se que teria por base a participação histórica que tivessem tido no mercado as diferentes fontes de abastecimento e em que nosso país tinha tido uma participação histórica de quase 50% no abastecimento do mercado norte-americano. Não obstante, quando foram estabelecidas as quotas, nossa participação ficou reduzida para 28% e as vantagens que nos tinha concedido aquela lei, as poucas vantagens que nos tinha concedido aquela lei, foram sucessivamente em novas legislações suprimidas, e claro, a colônia dependia da metrópole; a economia da colônia tinha sido organizada pela metrópole. A colônia tinha de estar submetida à metrópole e se a colônia tomava medidas para libertar-se, a metrópole tomaria medidas para esmaga-la. Consciente da dependência da nossa economia a seu mercado, o governo dos Estados Unidos inicia sua série de advertências de que nos seria arrebatada nossa quota açucareira e paralelamente outras atividades tinham lugar nos Estados Unidos, as atividades dos contrarrevolucionários.
Uma tarde um avião procedente dos mares do norte voa sobre uma das nossas usinas açucareiras e deixa cair uma bomba. Aquilo era um fato esquisito, um fato insólito, mas claro, sabíamos donde procediam esses aviões.
Outro avião, noutra tarde, voa sobre nossos canaviais e deixa cair certas bombinhas incendiárias. E aquilo que começava esporadicamente, continuava sistematicamente.
Uma tarde, quando, aliás, estavam de visita em Cuba um grande número de agentes de turismo deste país, em um esforço que realizava o Governo Revolucionário, por promover o turismo como uma das fontes de receita nacional, um avião de fabricação norte-americana, dos que foram usados na guerra passada, voa sobre nossa capital lançando panfletos e algumas granadas de mão. Naturalmente, que algumas peças de defesas antiaéreas entraram em ação. O resultado foi mais de 40 vítimas, entre as granadas lançadas pelo avião e o fogo antiaéreo, visto que alguns dos projéteis —como vocês sabem— estouram ao fazer contacto com algum objeto resistente. Resultado: mais de 40 vítimas. Meninas com as entranhas desgarradas, idosos e idosas. Era para nós a primeira vez? Não. Meninas e meninos, idosos e idosas, homens e mulheres, muitas vezes tinham sido destrozados em nossas aldeias de Cuba por bombas de fabricão norte-americana, fornecidas ao tirano Batista.
Em uma ocasião, 80 operários morreram ao estourar misteriosamente, misteriosamente demais, um navio carregado de armas belgas que tinha chegado a nosso país, depois de grandes esforços por parte do governo dos Estados Unidos, com o propósito de evitar que o governo de Bélgica nos vendesse armas. Dúzias de vítimas na guerra, 80 famílias que ficaram órfãs com a explosão. Quarenta vítimas por um avião que voa tranqüilamente sobre nosso território. Ah!, as autoridades do governo dos Estados Unidos negavam que dos Estados Unidos saíssem esses aviões, mas o avião estava tranqüilamente poussado em um hangar e quando uma revista nossa publica a fotografia do avião, então é quando as autoridades dos Estados Unidos apreendem o avião e, é claro, a versão de que aquilo não tinha importância, de que as vítimas não eram vítimas como conseqüência das bombas, mas do fogo antiaéreo e os autores daquelas vilezas, os autores daquele crime passeando tranqüilamente pelos Estados Unidos, onde, nem sequer, foram perturbados na seqüência daqueles atos de agressão.
Sua senhoria, sua senhoria delegado dos Estados Unidos da América, aproveito a oportunidade para dizer-lhe, que há muitas mães nos campos de Cuba e muitas mães em Cuba, esperando ainda seus telegramas de condolência pelos filhos que assassinaram as bombas dos Estados Unidos (APLAUSOS).
Os aviões iam e vinham. Não tinha provas. Bom, não se sabe o quê se entenda por provas. Ali estava aquele avião fotografado e capturado, porém, diziam que o avião não atirou bombas. Não se sabe por que estariam tão bem informadas as autoridades dos Estados Unidos. Continuavam voando aviões piratas sobre nosso território lançando bombas incendiárias. Milhões e milhões de pesos se perderam nos canaviais incendiados, muitas pessoas do povo, sim!, do povo humilde, que viam destruída uma riqueza que agora sim era sua, sofreram queimaduras e sofreram lesões na luta contra aquele persistente e tenaz bombardeamento por aviões piratas.
Até que um dia, ao lançar uma bomba sobre uma das nossas usinas açucareiras, estoura a bomba, estoura o avião, e o Governo Revolucionário tem oportunidade de recolher os fragmentos do piloto, que, aliás, era um piloto norte-americano, cujos papéis foram ocupados, e um avião norte-americano e todas as provas do sítio donde tinha saído. Aquele avião tinha passado entre duas bases dos Estados Unidos. Já era uma questão de que não se podia negar que os aviões estavam saindo dos Estados Unidos. Ah!, aí sim, diante da prova irrefutável, o governo dos Estados Unidos deu uma explicação ao governo de Cuba! Sua conduta não foi igual à do caso do U-2; quando se demonstrou que os aviões saíam dos Estados Unidos, o governo dos Estados Unidos não proclamou seu direito de queimar nossos campos de cana, dessa vez disse que nos pedia desculpas e que o sentia muito. Sorte para nós depois de tudo!, porque quando ocorreu o incidente do U-2, o governo dos Estados Unidos, naquela altura, não deu excusas. Proclamou seu direito a voar sobre o território soviético! Má sorte que têm os soviéticos! (APLAUSOS).
Mas não temos muitas defesas antiaéreas e os aviões continuaram voando, até que findou a safra. Já não tinha mais cana e cessaram os bombardeamentos. Éramos o único país do mundo que suportava essa fustigação, ainda que me lembro bem que por ocasião da visita do presidente Sukarno a Cuba, nos disse que não, que não acreditássemos que nós éramos os únicos, que eles também tiveram certos problemas com certos aviões norte-americanos que estavam voando também sobre seu território. Não sei se terei cometido alguma indiscrição, mas não espero (RISOS E APLAUSOS).
Verdade é que pelo menos neste pacífico hemisfério éramos um país que sem estar em guerra com ninguém, tínhamos que estar suportando a incessante fustigação dos aviões piratas. E aqueles aviões podiam entrar e sair impunemente do território dos Estados Unidos? Vejamos: convidamos os delegados a que meditem um puoco e também convidamos o povo dos Estados Unidos; se o povo dos Estados Unidos tem, por acaso, a oportunidade de informar-se das coisas que aqui se falam, a que medite sobre o fato de que, segundo as próprias afirmações do governo dos Estados Unidos, o território dos Estados Unidos está perfeitamente vigiado e protegido contra qualquer incursão aérea, que as medidas de defesa do território dos Estados Unidos são infalíveis. Que as medidas de defesa do mundo que eles chamam "livre" —porque pelo menos para nós não o fora até o dia primeiro de janeiro de 1959—, são infalíveis, que esse território está perfeitamente defendido. Se isso for assim, como se explica que, não já aviões supersônicos, mas simples teco-tecos, com uma velocidade de apenas
150 milhas, possam entrar e sair tranqüilamente do território nacional norte-americano, passar de ida junto de duas bases e regressar de volta junto de duas bases, sem que o governo dos Estados Unidos sequer soubesse que esses aviões estão entrando e saindo do território nacional? Isso quer dizer duas coisas: ora que o governo dos Estados Unidos mente ao povo dos Estados Unidos e Estados Unidos está indefeso face a incursões aéreas, ora que o governo dos Estados Unidos era cúmplice dessas incursões aéreas (APLAUSOS).
Acabaram as incursões aéreas e veio então a agressão econômica. Qual era um dos argumentos que esgrimiam os inimigos da reforma agrária? Diziam que a reforma agrária traria o caos na produção agrícola, que a produção diminuiria consideravelmente, que o governo dos Estados Unidos se preocupava de que Cuba não pudesse cumprir seus compromissos de abastecimento do mercado norte-
-americano. Primeiro argumento, e é bom que pelo menos as novas delegações aqui presentes se vão familiarizando com alguns argumentos, porque talvez algum dia tenham que responder a argumentos similares: Que a reforma agrária era a ruína do país. Não resultou assim. Se a reforma agrária tivesse sido a ruína do país, se a produção agrícola tivesse descendido, então o governo norte-americano não teria necessidade de levar adiante sua agressão econômica.
Achavam sinceramente no que diziam, quando afirmavam que a reforma agrária ia produzir um descenso da produção? Talvez acreditavam nisso! É lógico que cada qual acredite segundo como tenha preparado sua mente para acreditar. É possível que se imaginassem que sem as todopoderosas companhias monopolistas, os cubanos éramos incapazes de produzir açúcar. É possível! Talvez até confiaram em que arruinaríamos o país. E, claro, se a Revolução tivesse arruinado o país, os Estados Unidos não haveriam tido necessidade de agredir-nos, nos teriam deixado sozinhos; o governo dos Estados Unidos teria ficado como um governo muito nobre e muito bom, e nós como uns senhores que arruinávamos à nação e como um grande exemplo de que não se podem fazer revoluções, porque as revoluções arruinam os países. Não foi assim! Tem uma prova de que as revoluções não arruinam os países, e a prova a acava de dar o governo dos Estados Unidos. Tem provado muitas coisas, mas entre outras coisas, tem provado que as revoluções não arruinam os países e que os governos imperialistas sim são capazes de tratar de arruinar os países!
Cuba não se tinha arruinado, tinha era que ser arruinada. Cuba precisava de novos mercados para seus produtos, e nós honradamente poderíamos perguntar a qualquer delegação das aqui presentes, qual de elas não quer que seu país venda os artigos que produz, qual delas não quer que suas exportações aumentem? Queríamos que as nossas exportações aumentassem. Isso é o que querem todos os países, essa deve ser uma lei universal.
Apenas o interesse egoísta pode estar em oposição ao interesse universal do intercâmbio comercial, que é uma das mais velhas aspirações e necessidades da humanidade.
E nós quisemos vender nossos produtos, e fomos em busca de novos mercados, e concertamos um convênio comercial com a União Soviética em virtude do qual vendíamos um milhão de toneladas e comprávamos determinadas quantidades de artigos ou produtos soviéticos. Claro!, ninguém dirá que isso é incorreto. Haverá aqueles que o não façam porque desgoste determinados interesses. Nós não tínhamos, realmente, que pedir licença ao Departamento de Estado para fazer um convênio comercial com a União Soviética, porque nós nos considerávamos, e nos consideramos, e nos continuaremos considerando para sempre, um país verdadeiramente livre.
Quando as existências de açúcar comenzavam a disminuir, em benefício de nossa economia, recibimos então o zarpazo: a petição do executivo dos Estados Unidos, o Congresso aprova uma lei em virtude da qual o presidente ou poder executivo ficava faculdadeo para reduzir a os límites que estimase pertinente as importações de açúcar de Cuba. Se esgrimia o arma econômica contra nossa Revolução. a justificação de essa actitud já se tinham encarregado de estarla preparando os publicistas; a campanha hacia mucho rato que se venia haciendo, porque vocês sabem perfectamente bem que aqui monopólio e publicidade são duas coisas absolutamente identificadas. Se esgrime o arma econômica, se reduz de um tajo nossa quota açucareira em quase um milhão de toneladas —açúcar que já estava producida com destino ao mercado norte-americano—, para privar a nosso país dos recursos de su desenvolvimento, para reduzir a nosso país à impotência, para obtener resultados de tipo político. essa medida estava expressamente proscripta pelo Direito Internacional Regional. a agressão econômica, como lo sabem todos os delegados aqui de América Latina, está expressamente condenada pelo Direito Internacional Regional. Não obstante, o governo dos Estados Unidos viola esse direito, esgrime o arma econômica, nos arrebata de nossa quota açucareira quase um milhão de toneladas, e nada mais. eles lo podian fazer.
Que defesa lhe restava a Cuba face a essa realidade? Recorrer à ONU, recorrer à ONU para denunciar as agressões políticas e as agressões econômicas, para denunciar as incursões aéreas de aviões piratas e para denunciar a agressão econômica, além da interferência constante do governo dos Estados Unidos na política do nosso país, das campanhas subversivas que realiza contra o Governo Revolucionário de Cuba.
Recorremos à ONU. A ONU tem faculdades para conhecer essas questões; a ONU é, dentro da hierrquia das organizações internacionais, a máxima autoridade; a ONU tem autoridade, inclusive, por em cima da OEA. E, além disso, nos interessava que o problema estivesse na ONU, porque nós compreendemos a situação em que se encontra a economia dos povos de América Latina, a situação de dependência dos Estados Unidos em que se encontra a economia dos povos de América Latina. A ONU conhece o assunto, solicita uma investigação à OEA; a OEA se reúne. Muito bem. O quê era de esperar? Que a OEA protegesse o país agredido; que a OEA pudesse condenar as agressões políticas a Cuba; e, sobretudo, que a OEA pudesse condenar as agressões econômicas contra o nosso país. Isso era de se esperar. Nós, afinal, éramos nada mais que um povo pequeno da comunidade latino-americana; nós, afinal, éramos mais um povo agredido; nem o primeiro nem o último, porque México tinha sido já agredido mais de uma vez, e agredido militarmente. Em uma guerra leh arrancaram uma grande parte de seu território, e naquela ocasião os filhos heróicos do México souberam lançar-se do Castilho de Chapultepec, envolvidos na bandeira mexicana, antes de se renderem, essas são as crianças heróis do México! (APLAUSOS). ***
Y não foi a única agressão, não foi a única vez em que forças de infanteria norte-americanas hollaron o território mexicano. Nicaragua foi intervenida, e durante siete anos resistió heroicamente Augusto César Sandino. Cuba mais de uma vez foi intervenida, assim como Haití, e Santo Domingo. Guatemala foi intervenida. ¿Quién es o que honestamente aqui seria capaz de negar a intervenção da United Fruit Company e a do Departamento de Estado norte-americano no derrocamento do governo legítimo de Guatemala? Yo comprendo que haya quem entiendan su deber oficial ser discretos sobre esta cuestión, e até sean capaces de venir aqui e negarlo, mas em lo hondo de sus conciências sabem que, sencillamente, estamos diciendo a verdad.
Cuba não era o primeiro país agredido; Cuba não era o primeiro país em perigo de ser agredido. neste hemisfério todo o mundo sabe que o governo dos Estados Unidos sempre impuso su ley: a lei do mais fuerte; ¡esa lei do mais forte em virtude da qual ha estado destruindo a nacionalidad Portorriqueña e ha mantido ali su dominio sobre essa isla hermana!, essa lei em virtude da qual se apoderó do Canal de Panamá e mantiene o Canal de Panamá.
No era nada novo. Nossa pátria debió haber sido defendida, mas, nossa pátria não foi defendida. ¿Por qué? e aqui lo que hay es que ir ao fondo da cuestión e não a as formas. Si nos atenemos à letra muerta, estamos garantizados; si nos atenemos à realidad, não estamos garantizados nabsoluto, porque a realidad se impone por encima do direito establecido nos códigos internacionais, e essa realidad es que um país pequeno, agredido por um governo poderoso, não teve defesa, não pudo ser defendido.
Y em cambio, ¿qué sale de Costa Rica? ¡Oh, milagro de produção ingeniosa lo que ali resultó em Costa Rica! em Costa Rica não se condena a Estados Unidos ou ao governo dos Estados Unidos... Permítaseme evitar que se confunda nosso sentimento em relação com o povo dos Estados Unidos. não foi condenado o governo dos Estados Unidos pelas 60 incursões de aviões piratas, não foi condenado pela agressão econômica e por otras muitas agressões. No. Condenaron à União Soviética. ¡Qué cosa tão extraordinaria! Nós não tinhamos recibido nenhuma agressão da União Soviética; nenhum avião soviético tinha volado sobre nosso território, e, Não obstante, em Costa Rica condenan à União Soviética por intromissão. a União Soviética se tinha limitado a decir que, em caso de uma agressão militar a nosso país, os artilleros soviéticos, hablando em sentido figurado, podian apoyar ao país agredido.
¿Desde cuándo o apoyo a um país pequeno, condicionado ao caso de uma agressão por parte de um país poderoso, es uma intromissão? Porque hay em direito lo que se chamam as condições imposibles: si um país considera que él es incapaz de perpetrar determinado delito, pues então baste decir: "No existe posibilidad nenhuma de que a União Soviética apoye a Cuba, porque não existe a posibilidad de que nós agredamos ao país pequeno.” mas não se estabelece esse princípio. Se estabelece o princípio de que tinha que condenar a intromissão da União Soviética.
¿De os bombardeamentos a Cuba? Nada (APLAUSOS). ¿De as agressões a Cuba? Nada.
É claro, hay algo que debemos recordar, e que de alguna forma debe preocuparnos a todos. Todos nós, sem que nenhum dos aqui presentes se escape, estamos siendo actores e partícipes de um minuto trascendental da história da humanidad. A vezes, aparentemente, a censura não chega, ou seja, a crítica e a condenação de nossos fatos, aparentemente não nos percatamos de ella, e es, sobre todo, quando nos olvidamos de que assim como nós hemos tido o privilegio de ser actores de este minuto trascendental da história, algum dia também a história nos juzgará por nossos actos. e frente à indefensión em que quedó nossa pátria na reUnião de Costa Rica... Por isso nós nos sonreímos, porque a história juzgará esse episodio.
Y lo digo sem amargura: es difícil condenar a os homens. os homens son, muitas vezes, juguetes das circunstâncias, e nós que sabemos lo que foi a história de nosso país, ademais de que somos testigos excepcionales de lo que nosso país, hoy, está viviendo, comprendemos cuán terrible es a supeditação da economia e da vida em general das Nações ao poder econômico do estrangeiro. Baste consignar simplesmente, cómo nosso país quedó indefenso, e algo mais: o interés que hay em que não se traiga à ONU, tal vez porque se considere que sea mais fácil obtener uma maioria mecánica na OEA. e depois de todo, não resulta muito explicable esse temor, quando nós hemos visto que aqui também, na ONU, muitas vezes han funcionado as maiorias mecánicas.
Y com toda lealtad a esta institução, yo debo decir aqui que por isso os povos, o povo nosso, sí, nosso povo, esse povo que está allá em nossa pátria, mas que es um povo que ha aprendido mucho, e que es um povo, lo decimos com orgullo, que está à altura do rol que está jugando neste momento, e da luta heroica que está librando..., nosso povo que ha aprendido nesta escuela dos últimos acontecimentos internacionais, sabe que a última hora, quando su direito ha sido negado, quando sobre él se enciman as forças agresivas, le queda o recurso supremo e o recurso heróico de resistir, quando su direito não sea garantizado ni na OEA ni na ONU (APLAUSOS PROLONGADOS).
Por isso os países pequenos todavia não nos sentimos tão seguros de que nosso direito sea preservado; por eso, os países pequenos quando queremos ser livres, sabemos que lo estamos siendo a nossa cuenta e riesgo, e porque de verdad os povos, os povos quando estão unidos, quando defendem um direito justo, pueden confiar em sus propias energias, porque não se trata, por supuesto, de um grupo de homens, como nos han querido pintar a nós, gobernando um país. Se trata de um povo gobernando um país; se trata de um povo entero firmemente unido e com uma grande conciência revolucionaria, defendiendo sus direitos. e isso lo deben saber os enemigos da Revolução e de Cuba, porque si lo ignoran estão cometiendo um lamentable error.
Estas são as circunstâncias em que se ha desenvuelto o proceso revolucionário cubano; cómo encontramos o país, por qué han surgido as dificultades. e, Não obstante, sem embargo, a Revolução Cubana está cambiando lo que ayer foi um país sem esperanzas, um país de miseria, um país de analfabetos em parte, lo está convirtiendo em lo que pronto será uno dos povos mais avanzados e mais desenvolvidos neste continente.
El Governo Revolucionário, napenas 20 meses, ha creado 10 000 novas escuelas, ou seja, em tão breve período de tiempo se ha duplicado o número de escuelas rurales que se tinham creado em 50 anos. e Cuba es hoje já o primeiro país de América que tem satisfechas todas sus necesidades escolares, que tem um maestro até no último rincón das montañas.
El Governo Revolucionário ha construido, em esse breve período de tiempo, 25 000 viviendas nas zonas rurales e urbanas; 50 novos povos estão surgiendo neste momento em nosso país; as fortalezas militares mais importantes albergan hoje decenas de miles de estudiantes, e, no próximo ano, nosso povo se propone librar su grande batalla contra o analfabetismo, com a meta ambiciosa de enseñar a leer e escribir até o último analfabeto no próximo ano, e, com esse fin, organizações de maestros, de estudiantes, de trabajadores, ou seja, todo o povo, estão preparándose para uma intensa campanha e Cuba será o primeiro país de América que à vuelta de alguns meses pueda decir que não tem um só analfabeto.
Nosso povo está recibiendo hoje a asistência de centenas de médicos, que han sido enviados a os campos para lutar contra as enfermedades, contra o parasitismo, e para melhorar as condições higiénicas da nação.
En otro aspecto, que es no da conservação dos recursos naturais, podemos também afirmar aqui que em um só ano, no mais ambicioso plan de preservação de recursos naturais que se esté efectuando neste continente, incluyendo Estados Unidos e Canadá, ha sembrado cerca de 50 milhões de árboles maderables.
Los jóvenes que estavam sem trabajo, que estavam sem escuela, organizados pelo Governo Revolucionário estão hoje prestãodole trabajos útiles ao país, ao mismo tiempo que estão siendo preparados para o trabajo produtivo.
La produção agrícola em nosso país ha registrado um fato quase único, que es o aumento da produção desde o primeiro instante. Desde o princípio se logró um aumento na produção agrícola. ¿Por qué? Porque o Governo Revolucionário, em primeiro lugar, convirtió em propietarios de sus terras a mais de 100 000 pequenos agricultores, que pagavam rentas, ao mismo tiempo, preservó a produção em grande escala, por medio de cooperativas agrícolas de produção, es decir que a produção de grande empresa se mantuvo a través de cooperativas, gracias a lo qual se han podido aplicar os procedimentos técnicos mais modernos a nossa produção agrícola, e se ha registrado, desde o primeiro instante, um aumento na produção.
Y toda esta obra de benefício social, de maestros, de viviendas e de hospitais, a hemos llevado adelante sem sacrificar os recursos para o desenvolvimento, já que o Governo Revolucionário, neste momento, está llevando adelante um programa de industrialização do país, cuyas primeiras fábricas já se estão montando em Cuba.
Hemos empleado racionalmente os recursos de nosso país. Antes, por exemplo, em Cuba se importavam 35 milhões de dólares nautomóviles, 5 milhões de dólares em tractores. um país eminentemente agrícola, importava siete vezes mais automóviles que tractores. Nós hemos invertido os términos, e estamos importando siete vezes mais tractores que automóviles.
Cerca de 500 milhões de dólares foram recuperados a os políticos que se tinham enriquecido durante a tirania. Cerca de 500 milhões de dólares, em bienes e em efectivo, es o valor total de lo recuperado a os políticos corrompidos que durante siete anos tinham estado saqueando nosso país. a investimento correcta de esses produtos, de essas riquezas e de esses recursos, es lo que permite ao Governo Revolucionário, que ao mismo tiempo que desarrolla um plan de industrialização e de incrementação de nossa agricultura, puede construir viviendas, construir escuelas, llevar os maestros até os últimos rincones de nosso país e brindarles asistência médica, ou seja, llevar adelante um programa de desenvolvimento social.
Y precisamente agora, como vocês sabem, na reUnião de Bogotá, novamente o governo dos Estados Unidos propuso um plan. ¿Pero um plan para desenvolvimento econômico? No. Propuso um plan de desenvolvimento social. ¿Qué se entiende por eso? Pues também um plan de fazer casas, um plan de fazer escuelas, um plan de fazer caminos. ¿Pero es que eso, acaso, resuelve o problema? ¿Cómo puede haber solução a os problemas sociales sem um plan de desenvolvimento econômico? ¿Es que se les quiere tomar o pelo a os povos de América Latina? ¿De qué van a vivir as famílias que van a habitar essas casas, si es que as casas se hacen? ¿Con qué zapatos, com qué ropa e com qué alimentos van a subsistir os crianças que van a ir a essas escuelas? ¿Es que acaso não se sabe que quando as famílias não têm ni ropas, ni zapatos para os crianças, não os mandan à escuela? ¿Con qué recursos se van a pagar os maestros? ¿Con qué recursos se van a pagar os médicos? ¿Con qué recursos se van a pagar as medicinas? ¿Quieren um buen remedio para ahorrar medicinas? Auméntese a nutrição do povo, que lo que melhora o povo em nutrição, se lo ahorrará em hospitais.
Luego, frente à tremenda realidad do subdesenvolvimento, o governo dos Estados Unidos se sale agora com um plan de desenvolvimento social. É claro, já es algo que se preocupe pelos problemas de América Latina. Até agora não se tinha preocupado nada. ¡Qué casualidad que agora le estão preocupando esses problemas! e qualquer parecido com o fato de que essa preocupação haya surgido depois da Revolução Cubana, pues posiblemente dirán que sea pura coincidência.
Até agora os monopólios não se tinham preocupado de otra cosa que de explotar a os países subdesenvolvidos. mas surge a Revolução Cubana, e surgen as preocupações dos monopólios, e mientras a nós se nos agrede econômicamente, e se nos trata de aplastar, pues com a otra mão ofrecen a limosna a os povos de América Latina. não os recursos para o desenvolvimento econômico que es lo que quiere a América Latina, sino que le ofrecen recursos para o desenvolvimento social; para casas donde van a vivir homens que não têm trabajo, para escuelas donde não van a ir crianças e para hospitais que não harian tanta falta si hubiera um poco mais de nutrição na América Latina.
Depois de todo, aunque alguns compañeros de América Latina crean que su deber es ser discretos aqui, ¡bienvenida sea uma revolução como a Revolução Cubana, que ao menos ha fato preocuparse a os monopólios de devolver aunque sea uma parte pequena de lo que han estado sustrayendo dos recursos naturais e do sudor dos povos de América Latina! (APLAUSOS.)
Aunque em essa ajuda não estemos incluidos nós, não nos preocupa. Nós por essas coisas não nos ponemos bravos; nós esses mismos problemas das escuelas, da vivienda, e todo eso, hace mucho rato que lo estamos resolviendo. mas pensamos que a lo melhor alguno tem dudas de que nós estemos haciendo propaganda aqui, porque o senhor Presidente dos Estados Unidos dijo que alguns venian a tomar esta tribuna para propaganda. e, é claro, qualquer compañero das Nações Unidas, está invitado permanentemente a visitar a Cuba. Ali não le cerramos as puertas a ninguém, ni confinamos a ninguém; ali qualquer dos compañeros de esta Assembleia puede visitar a Cuba, e ver por sus próprios ojos... Vocês sabem esse capítulo da Biblia que habla de Santo Tomais, que él tinha que ver para creer. Creo que foi Santo Tomais.
Y, depois de todo, nós podemos invitar, lo mismo a qualquer periodista, que a qualquer miembro da delegação, a que visite a Cuba e vea lo que um povo es capaz de fazer com sus próprios recursos, quando os invierte honestamente e racionalmente.
Pero nós não estamos resolviendo só nossos problemas de vivienda e de escuela, sino nossos problemas de desenvolvimento, porque sem resolver o problema do desenvolvimento, não habrá jamais soluções a os problemas sociales.
Pero, ¿qué ocurre? ¿Por qué o governo dos Estados Unidos não quiere hablar do desenvolvimento? muito sencillo, porque o governo dos Estados Unidos não quiere pelearse com os monopólios, e os monopólios exigen recursos naturais e mercados de investimento para sus capitales. He ahí a grande contradicção, por isso não se va à verdadera solução do problema, por isso não se va à programação com inversiones públicas do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos.
Y es bom que se diga aqui com toda claridad, porque ao fin e ao cabo, nós, os países subdesenvolvidos, somos aqui maioria, por si alguno lo ignora, e ao fin e ao cabo, nós somos testigos de lo que pasa nos países subdesenvolvidos.
Sin embargo, não se va à verdadera solução do problema, e sempre se habla aqui da participação do capital privado. É claro, isso quiere decir mercado para investimento de capital sobrante. Inversiones como essas que em cinco anos se amortizavam.
El governo dos Estados Unidos não puede proponer um plan de investimento pública, porque isso lo divorciaria da razão de ser do governo dos Estados Unidos que são os monopólios norte-americanos.
Esa es, e não hay que darle mais vueltas, a razão pela qual não se promueve um verdadero programa de desenvolvimento econômico para preservar nossas terras de América Latina, de Africa e de Asia, para as inversiones do capital sobrante.
Até aqui nos hemos referido a os problemas de nosso país. ¿Por qué esses problemas não se han resuelto? ¿Acaso porque nós não queremos resolverlos? No. o governo de Cuba sempre ha estado disposto a discutir sus problemas com o governo dos Estados Unidos, mas o governo dos Estados Unidos, não ha querido discutir sus problemas com Cuba, e sus razones tendrá para não querer discutir os problemas com Cuba.
Aqui mismo está a nota enviada pelo Governo Revolucionário de Cuba ao governo dos Estados Unidos, o 27 de enero de 1960. Dice:
"Las diferenças de opinião que pueden existir entre ambos governos como sujetas a negociações diplomáticas, pueden resolverse, efectivamente, mediante tales negociações. o governo de Cuba está na melhor disposição para discutir sem reservas e com absoluta amplitud todas essas diferenças e declara expressamente que entiende que não existen obstáculos de clase alguna que impidan a realização de essas negociações a través de qualquer dos medios e instrumentos tradicionalmente adecuados a esse fin. Sobre a base do respeto mutuo e recíproco benefício com o governo e o povo dos Estados Unidos, desea o governo de Cuba mantener e incrementar as relações diplomáticas e econômicas e entiende que sobre essa base es indestructible a amistad tradicional entre os povos cubano e norte-americano."
El 22 de febrero de esse mismo ano:
"El Governo Revolucionário de Cuba, acorde com su propósito de reanudar pelos canales diplomáticos as negociações já iniciadas sobre os asuntos pendientes entre Cuba e Estados Unidos de Norteamérica, ha decidido nombrar uma comissão com atribuções ao efecto, para comenzar sus gestiones em Washington na fecha que convenga a ambas partes.
"El Governo Revolucionário de Cuba desea aclarar, Não obstante, que a reanudação e desenvolvimento ulterior de dichas negociações, têm necesariamente que estar supeditadas a que pelo governo ou o Congresso de vuestro país, não se adopte medida alguna de carácter unilateral que prejuzgue os resultados das negociações antes mencionadas ou que pueda irrogar perjuicios à economia ou ao povo cubano. Parece obvio añadir que a adhesión do governo de vuestra senhoria a este punto de vista não só contribuiria ao melhoramento das relações entre nossos respectivos países, sino que também reafirmaria o espíritu de fraternal amistad que ha ligado e liga a nossos povos. Permitiria, ademais, que ambos governos pudieran examinar em uma atmósfera serena e com as mais amplias miras, as cuestiones que han afetado as tradicionales relações entre Cuba e os Estados Unidos de Norteamérica."
¿Qual foi a respuesta do governo dos Estados Unidos?
"El governo dos Estados Unidos não puede aceptar as condições para negociar expressadas na nota de su Excelência, ao efecto de que não se tomarán medidas de carácter unilateral por parte do governo dos Estados Unidos que possam afectar a economia cubana e a de su povo, já sea pelas ramas legislativa ou ejecutiva. Como ha expressado o presidente Eisenhower em enero 26, o governo dos Estados Unidos debe mantenerse livre, em ejercicio de su propia soberania, para tomar os pasos que considere necesarios, consciente de sus obligações internacionais para a defesa dos legítimos direitos ou interesses de su povo."
Es decir que o governo dos Estados Unidos não se digna discutir com o pequeno país, que es Cuba, sus diferenças nas relações.
¿Qué esperanza tem o povo de Cuba na solução de estos problemas? Pues, os fatos todos que hemos podido observar aqui, conspiran contra a solução de esses problemas e es bom que as Nações Unidas tomen muito em cuenta esto, porque o governo de Cuba e o povo de Cuba, estão muito fundadamente preocupados do sesgo agresivo que toma a política do governo dos Estados Unidos com relação a Cuba e es bom que estemos bem informados.
En primeiro lugar, o governo dos Estados Unidos se considera com o direito de promover a subversão em nosso país; o governo dos Estados Unidos está promoviendo a organização de movimentos subversivos contra o Governo Revolucionário de Cuba e nós lo denunciamos aqui nesta Assembleia General e queremos denunciar concretamente que, por exemplo, em uma isla do Caribe, território que pertenece a Honduras e que se conoce com o nombre da Isla Cisne, o governo dos Estados Unidos se ha apoderado "manu militari" de essa isla; hay ali infanteria de marina norte-americana, a pesar de ser um território que pertenece a Honduras e ali, violando as leis internacionais, despojando a um povo hermano de um pedazo de su território, violando os convênios internacionais de radio, ha establecido uma potente emisora de radio, que ha puesto em mãos dos criminales de guerra e dos grupos subversivos que mantiene neste país e que ali se estão haciendo, ademais, prácticas de entrenamento para promover a subversão e promover desembarcos armados em nossa isla.
Seria bom que o delegado de Honduras ante a Assembleia General reivindicara aqui o direito de Honduras a esse pedazo de su território, mas essa es cuestión que a él le incumbe. Lo que a nós nos incumbe es que um pedazo do território de um hermano país arrebatado de manera filibustera pelo governo dos Estados Unidos a esse país, sea utilizado para base de subversão e de ataques a nosso território, e pido aqui que quede constância de esta denuncia que hacemos em nombre do governo e do povo de Cuba.
¿Se considera o governo dos Estados Unidos com direito a promover a subversão em nosso país, violando todos os convênios internacionais, violando o espacio radial aéreo? ¿Quiere isso decir acaso que o Governo Revolucionário de Cuba tem também direito a promover a subversão em Estados Unidos? ¿Se considera o governo dos Estados Unidos com direito à violação do espacio radial aéreo, com grande perjuicio para nossas emisoras radiales? ¿Quiere acaso decir que o governo de Cuba tem direito também a violar o espacio radial?
¿Qué direito puede tener sobre nós ou sobre nossa isla o governo dos Estados Unidos, que permita exigir por parte dos demais povos igual respeto? Que se le devuelva a Honduras a Isla Cisne, porque sobre essa isla não ha tido nunca jurisdicção (APLAUSOS).
Pero hay todavia circunstâncias mais alarmantes para nosso povo. Sabido es que em virtude da Emenda Platt, impuesta pela força a nosso povo, o governo dos Estados Unidos se arrogó o direito de estabelecer bases navais em nosso território. Direito imposto pela força e mantido pela força.
Una base naval no território de qualquer país es motivo de justa preocupação. Primeiro, a preocupação de que um país que mantiene uma política internacional agresiva e guerrerista es poseedor de uma base ali no corazão de nossa isla, que hace a nossa isla correr os perigos de qualquer conflicto internacional, de qualquer conflicto atómico, sem que nós tengamos absolutamente nada que ver com o problema, porque nós não tenemos absolutamente nada que ver com os problemas do governo dos Estados Unidos e com as crise que provoca o governo dos Estados Unidos. e, Não obstante, hay uma base ali no corazão de nossa isla que entraña para nós um perigo no caso de qualquer contingência bélica.
Pero, ¿es acaso só esse perigo? ¡No!, todavia hay um perigo que nos preocupa mais, já que nos toca mais de cerca: ¡El Governo Revolucionário de Cuba ha venido reiteradamente expressando su preocupação de que o governo imperialista dos Estados Unidos tome como pretexto essa base, enclavada em nosso território nacional, para promover uma autoagressão que justifique um ataque a nossa nação! Repito: ¡El Governo Revolucionário de Cuba se preocupa grandemente, e lo expone aqui, de que o governo imperialista dos Estados Unidos tome como pretexto uma autoagressão para tratar de justificar um ataque a nosso país! e essa preocupação por parte nossa es cada vez maior, debido a que es maior a agresividad e são mais alarmantes os síntomas.
Aqui, por exemplo, hay um cable da UPI, chegado a nosso país, que dice textualmente:
"El almirante Harley Burke, jefe de operações navais dos Estados Unidos, dice que si Cuba intentara ocupar a Base Naval de Guantánamo, lutaremos. em uma entrevista registrada pela revista 'U.S. News and World Report' —vocês me perdonan qualquer deficiência ao pronunciar estas palavras—, se le preguntó a Burke si a Armada estava preocupada pela situação que prevalece em Cuba sob o regime de Castro. Sí, nossa Armada está preocupada não por nossa base de Guantánamo, sino por toda a situação cubana, respondió Burke. o Almirante agrega que todos os cuerpos militares norte-americanos estão preocupados. ‘¿Se debe à estratégica posição de Cuba no Caribe?, se le interrogó a Burke. No, particularmente, manifestó, se trata de um país cuyo povo era normalmente amigo dos Estados Unidos, que gustava de nosso povo e que a nós também nos agradava. A pesar de esto se ha presentado um individuo com um pequeno grupo de comunistas empedernidos que estão decididos a cambiarlo todo. Castro ha enseñado a odiar a Estados Unidos e ha fato mucho para arruinar a su país.' Burke manifestó que reaccionariamos muito rápido si Castro tomara alguna decisión contra a base de Guantánamo. Si trataran de tomar o lugar pela força, lutaremos, agregó. Ante a pregunta de si a amenaza hecha por Jruschov de que os cohetes soviéticos apoyarian a Cuba le tinha fato pensar tal decisión duas vezes, o Almirante dijo: 'No, porque él não lanzará sus cohetes, él sabe muito bem que será destruido si assim lo hace'."
Quiere decir que Rusia será destruída.
En primeiro lugar, he de fazer resaltar cómo para este senhor o haber aumentado a produção industrial em nosso país em um 35%, o haber dado emprego a mais de 200 000 novos cubanos e as soluções que nós hemos llevado a os grandes problemas sociales de nosso país, equivalen a "arruinar ao país". e em virtude de esses "fundamentos" se toman o direito de preparar as condições da agressão.
Vean vocês cómo hace um cálculo, um cálculo que sí es perigoso, porque este senhor virtualmente calcula que em caso de um ataque a nós, nós vamos a estar solos. Es simplesmente um cálculo do senhor Burke, mas imaginemos que o senhor Burke esté equivocado. Imaginemos que o senhor Burke, com todo lo almirante que es, esté equivocado (Se oyen voces da delegação soviética, do próprio Jruschov e aplausos).
Então o almirante Burke está jugando irresponsablemente com a suerte do mundo. o almirante Burke e todos os de su grupo militarista agresivo estão jugando com a suerte do mundo, e pela suerte de cada uno de nós realmente não valdria a pena preocuparse; mas entendemos que nós, representativos dos diferentes povos do mundo, ¡tenemos o deber de preocuparnos pela suerte do mundo, e tenemos o deber de condenar a todos os que juegan irresponsablemente com a suerte do mundo! ¡Que não estão jugando só com a suerte de nosso povo, que estão jugando com a suerte de su próprio povo e que estão jugando com a suerte de todos os povos do mundo! ¿O es que cree este almirante Burke que estamos viviendo todavia na época do arcabuz, ou es que não se ha acabado de dar cuenta este almirante Burke que estamos viviendo na era atómica, cuya desastrosa força destructiva não pudieron siquiera imaginar o Dante ou Leonardo da Vinci, com toda su imaginação, porque supera todo lo que o homem pudo imaginar jamais? contudo, él calcula, e, claro, já a United Press esparció esto pelo mundo, a revista está ao sair, já se empieza a preparar a campanha, já se empieza a crear a histeria, já se empieza a divulgar o perigo imaginario de uma ação nossa contra a base.
Y esto não está solo. no dia de ayer aparece aqui otra informação da UPI, conteniendo unas declarações de um senador norte-americano, que segundo me parece se pronuncia su nombre Stail Bridge, miembro, tengo entendido, da comissão militar do Senado dos Estados Unidos, quien dijo hoy: "Los Estados Unidos deben preparar a toda costa su Base Naval de Guantánamo em Cuba"; dijo: "Debemos ir tão longe como sea necesario para defender a gigantesca instalação dos Estados Unidos. Tenemos ali forças navais, tenemos infanteria de marina, e si fuéramos atacados, yo a defenderia, ciertamente, porque creo que es a base mais importante na región do Caribe."
Este miembro do Comité Senatorial das Forças Armadas, Bridge, não descartó por completo o uso de armas atómicas em caso de um ataque contra a base.
¿Qué quiere decir esto? Esto quiere decir que não solamente se está creando a histeria, que não solamente se está preparando sistemáticamente o ambiente, sino que incluso se nos amenaza até com o uso de armas atómicas. e, realmente, entre otras muitas coisas que se nos ocurren, uma de elas es preguntarle a este senhor Bridge si não le da vergüenza amenazar com armas atómicas a um país pequeno como o de Cuba (APLAUSOS PROLONGADOS).
Por nossa parte, com todo respeto, debemos decirle que os problemas do mundo não se resuelven amenazando ni sembrando miedo; e que nosso humilde e pequeno povo, ¡qué le vamos a fazer!... Estamos ahí, mal que le pese, e a Revolução seguirá adelante, mal que le pese: e que, ademais, nosso humilde e pequeno povo tem que resignarse a su suerte, e que não siente nenhum miedo por sus amenazas de uso de armas atómicas.
¿Qué quiere decir eso? Que por ahí hay muitos países que têm bases norte-americanas, mas ao menos as têm ali situadas não contra os próprios governos que les hicieron essas concessões, ao menos que nós tengamos informação. o caso de nós es o caso mais trágico; o caso de nós es uma base em nosso território insular, contra Cuba e contra o Governo Revolucionário de Cuba. ou seja, em mãos de quem se declaran enemigos de nossa pátria, enemigos de nossa Revolução e enemigos de nosso povo. De toda a história das bases situadas hoje em todo o mundo, o caso mais trágico es o de Cuba: uma base à força, em nosso território inconfundible, que está a boa distancia das costas dos Estados Unidos, contra Cuba, contra o povo, impuesta pela força, e como uma amenaza e uma preocupação para nosso povo.
Por ello es que debemos declarar aqui, em primeiro lugar, que estas habladurias sobre ataques têm por fundamento crear a histeria e preparar condições de agressões a nosso país que nós nunca hemos hablado, nunca hemos dicho uma sola palavra que implique a ideia de nenhum tipo de ataque à Base Naval de Guantánamo. Porque nós somos os primeiros interesados em não darle pretextos ao imperialismo para agredirnos, e isso nós lo declaramos aqui terminantemente; mas também declaramos que desde o instante em que essa base se ha convertido em uma amenaza para a segurança e a tranquilidad de nosso país, e uma amenaza para nosso povo, o Governo Revolucionário está considerando muito seriamente solicitar, dentro dos cánones do direito internacional, a retirada das forças navais e militares do governo dos Estados Unidos de essa porção do território nacional (APLAUSOS PROLONGADOS). e ao governo imperialista dos Estados Unidos não le quedará mais remedio que retirar essas forças, porque, ¿cómo podrá justificar ante o mundo su direito a instalar uma base atómica ou uma base que entrañe um perigo para nosso povo em um pedazo de nosso território nacional, em uma isla inconfundible, que es o território do mundo donde radica o povo cubano? ¿Cómo podrá justificar ante o mundo nenhum direito a mantener soberania sobre um pedazo de nosso território? ¿Cómo podrá presentarse ante o mundo para justificar essa arbitrariedad? e por cuanto ante o mundo não podrá justificar esse direito, quando nosso governo lo solicite, dentro dos cánones do direito internacional, o governo dos Estados Unidos tendrá que acatar esse direito.
Pero es preciso que esta Assembleia quede muito bem informada sobre os problemas de Cuba porque nós tenemos que estar alertas contra o engano e contra a confusión. Nós tenemos que explicar muito claramente todos estos problemas, porque em ello va a segurança e a suerte de nosso país. e por eso, pedimos que quede constância bem clara de estas palavras, sobre todo, si se tem em cuenta que não tem traza de melhorarse a opinião ou a interpretação errónea que acerca dos problemas de Cuba têm os políticos de este país.
Aqui mismo, por exemplo, hay unas declarações do senhor Kennedy que são como para asombrar a qualquer. Sobre Cuba dice:
"Debemos usar toda a força da OEA para impedir que Castro interfiera com otros governos latinoamericanos, e devolver a liberdade a Cuba."¡Van a devolverle a liberdade a Cuba!
"Debemos dejar sentada nossa intenção de não permitir que a União Soviética convierta a Cuba em su base no Caribe, e aplicar a doctrina de Monroe.” ¡En plena mitad, ou mais da mitad do século XX, este senhor candidato hablando da Doctrina Monroe!
"Debemos fazer que o Primeiro Ministro Castro comprenda que nos proponemos defender nosso direito à Base Naval de Guantánamo.” ¡Es o tercero, o tercero que habla do problema! "Y debemos fazer saber ao povo cubano que simpatizamos com sus aspirações econômicas legítimas...” ¿y cómo não simpatizaron antes? "...que conocemos su amor pela liberdade, e que nunca estaremos contentos até que a democracia vuelva a Cuba...” ¿Qué democracia? ¿La democracia "made" pelos monopólios imperialistas do governo dos Estados Unidos?
"Las forças que lutan pela liberdade no exilio —préstese atenção, para que luego comprendan por qué hay aviões que voam desde território norte-americano hacia Cuba; préstese atenção a lo que dice este senhor— e nas montañas de Cuba, deben ser sostenidas e ajudadas; e notros países de América Latina debe mantenerse confinado o comunismo, sem permitirle que se expanda."
Si Kennedy não fuera um millonario analfabeto e ignorante (APLAUSOS), deberia comprender que não es posible fazer uma revolução contra os camponeses nas montañas, apoyados nos terratenientes, e que cuantas vezes o imperialismo ha tratado de fomentar grupos contrarrevolucionários, no curso de unos pocos dias as milicias campesinas os han puesto fuera de combate. mas él parece que leyó, vio nalguna novela de Hollywood, ou nalguna película, alguna história sobre guerrillas, e cree que es posible, socialmente, fazer hoje uma guerra de guerrillas em Cuba.
De todos modos, es desalentador, e ninguém piense, contudo, que estas opiniões sobre as declarações de Kennedy indiquen que nós sentimos nenhuma simpatia pelo otro, o senhor Nixon (RISAS), que ha fato unas declarações similares. Para nós, os dois carecen de seso político.
Até aqui hemos expuesto o problema de nosso país, deber fundamental nosso ao acudir a as Nações Unidas, mas comprendemos perfectamente que seria um poco egoísta de nossa parte si nossa preocupação se limitara a nosso caso concreto. Também es cierto que nós hemos consumido a maior parte de nosso tiempo em informar a esta Assembleia sobre o caso de Cuba, e não es mucho o espacio que disponemos para as demais cuestiones, sobre as quais só queremos referirnos someramente.
Sin embargo, o caso de Cuba não es um caso aislado. Seria um error pensar no caso de Cuba. o caso de Cuba es o caso de todos os povos subdesenvolvidos. o caso de Cuba es como o caso do Congo, como o caso de Egipto, como o caso de Argelia, como o caso de Irán occidental (APLAUSOS), e, em fin, como o caso de Panamá, que quiere su canal; como o caso de Porto Rico, ao que le destróin su espíritu nacional; como o caso de Honduras, que ve segregado um pedazo de su território; e, em fin, aunque nossa atenção não haya recaído específicamente sobre otros países, o caso de Cuba es o caso de todos os países subdesenvolvidos e colonizados.
Los problemas que describiamos sobre Cuba pueden aplicarse perfectamente a toda a América Latina. o control dos recursos econômicos de América Latina pelos monopólios, que quando não são dueños directamente das minas e se encargan da extração, como no caso do cobre de Chile, de Perú ou de México, o caso do zinc de Perú e de México, o caso do petróleo de Venezuela, es porque são dueños dos serviços públicos, das companhias de serviços públicos, como ocurre nargentina, em Brasil, em Chile, em Perú, em Ecuador, em Colombia, ou dueños dos serviços telefónicos, como ocurre em Chile, em Brasil, em Perú, em Venezuela, em Paraguay, em Bolivia, ou porque si não comercializan nossos produtos, como ocurre com o café de Brasil, de Colombia, de o Salvador, de Costa Rica, de Guatemala, ou com o banano, explotado e comercializado, ademais de transportado pela United Fruit Company, em Guatemala, em Costa Rica, em Honduras, ou como com o algodón de México, ou o algodón de Brasil ejercitan o monopólio nas mais importantes industrias do país.
Economias dependientes por completo dos monopólios. ¡Ay do dia em que quieran fazer também uma reforma agrária! Les pedirán pago pronto, eficiente e justo. e si, a pesar de todo, hacen uma reforma agrária, ao delegado do país hermano que venga à ONU lo confinarán a Manhattan, não le alquilarán hotel, lloverán infamias sobre él, e até es posible que sea maltratado de obra pela policia.
El problema de Cuba não es mais que um exemplo de lo que es a América Latina. e, ¿até cuándo estará esperando a América Latina para su desenvolvimento? Pues, tendrá que esperar, de acordo com o criterio dos monopólios, até as calendas griegas.
¿Quién va a industrializar a América Latina? ¿Los monopólios? No. Hay um informe da secretaria econômica das Nações Unidas que explica cómo, incluso, o capital privado de investimento em vez de ir hacia os países donde mais se le necesita para estabelecer industrias básicas, para contribuir ao desenvolvimento, van preferiblemente a os países mais industrializados, porque encuentran ali, segundo dicen ou segundo creen, mais segurança. e, por supuesto, que até a secretaria de economia das Nações Unidas ha reconocido que não hay posibilidad de desenvolvimento a través do capital privado de investimento, ou seja, a través dos monopólios.
El desenvolvimento de América Latina tem que ser por medio de inversiones públicas, programadas e concebidas sem condições políticas, porque, naturalmente, a todos nos gusta representar a um país livre e a nenhum nos gusta representar a um país que não se sienta livre. A nenhum nos gusta que a independência de nosso país esté supeditada a interesses que não sean do país. Por eso, a ajuda debe ser sem condições políticas.
¿Que a nós não nos brinden ajuda? não importa. Nós não a hemos pedido. mas sí, em interés dos povos de América Latina, nos sentimos no deber de solidaridad de plantear que a ajuda debe ser sem supeditação a condições políticas. Inversiones públicas para o desenvolvimento econômico, não para o "desenvolvimento social", que es lo último que se ha inventado para ocultar a verdadera necesidad do desenvolvimento econômico.
Los problemas de América Latina são como os problemas do mundo, do resto do mundo, Africa e Asia. o mundo está repartido entre os monopólios. esses mismos monopólios que vemos na América Latina também os vemos no Oriente Medio. Ali o petróleo está em mãos de companhias monopolistas que controlan interesses financieros dos Estados Unidos, Inglaterra, Holanda, Francia... em Irán, em Iraq, na Arabia Saudita. em fin, em qualquer rincón da Terra. Es lo mismo que pasa, por exemplo, em Filipinas. Es lo mismo que pasa no Africa. o mundo está dividido entre interesses monopolistas. ¿Quién se atreveria a negar essa verdad histórica? e os interesses monopolistas não quieren o desenvolvimento dos povos. Lo que quieren es explotar os recursos naturais dos povos e explotar a os povos. e mientras mais pronto recuperen ou amorticen o capital invertido, melhor.
Los problemas que ha tido o povo de Cuba com o governo imperialista dos Estados Unidos são os mismos problemas que tendria a Arabia Saudita si nacionalizara su petróleo, ou o Irán, ou o Iraq. os mismos problemas que teve Egipto quando nacionalizó, bem nacionalizado, o canal de Suez, os mismos problemas que teve Oceania quando quiso ser independente, ou seja, Indonesia, quando quiso ser independente. a misma invasión sorpresiva de Egipto, a misma invasión sorpresiva do Congo.
¿Alguna vez les ha faltado pretexto a os colonialistas ou a os imperialistas para invadir? ¡Nunca! Sempre han echado mão de algum pretexto. ¿Y quiénes são os países colonialistas, quiénes são os países imperialistas? Cuatro ou cinco países são os poseedores. não cuatro ou cinco países, sino cuatro ou cinco grupos de monopólios são os poseedores da riqueza do mundo.
Si aqui a esta Assembleia chegara um personaje interplanetario que não hubiera leído ni o Manifiesto Comunista de Carlos Marx, ni os cables da UPI ou da AP, ou das demais publicações monopolistas, e preguntara cómo anda repartido o mundo, cómo está distribuido o mundo, e em um mapa viera que as riquezas estão divididas entre os monopólios de cuatro ou cinco países, sem nenhuma otra consideração, diria: "El mundo está mal repartido, o mundo está explotado."
Y aqui, donde hay uma grande maioria de países subdesenvolvidos, podria decir: "Una grande maioria dos povos que vocês representan estão explotados, han estado explotándolos desde hace mucho tiempo. Han variado a forma de explotação, mas não han dejado de ser explotados.” esse seria o veredicto.
En o discurso do premier Jruschov hay uma afirmação que nos llamó poderosamente a atenção, pelo valor que encierra, e foi quando dijo que "la União Soviética não tinha colônias, ni tinha inversiones em nenhum país".
¡Ah!, qué formidable seria nosso mundo, nosso mundo hoje amenazado de cataclismos, si os delegados de todas as Nações pudieran decir igual: "¡Nosso país não tem nenhuma colônia, ni tem nenhuma investimento em nenhum país estrangeiro!" (APLAUSOS.)
Para qué darle mais vuelta à cuestión. Este es o quid da cosa, incluso, o quid da paz e da guerra, o quid da carrera armamentista ou do desarme. as guerras, desde o princípio da humanidad, han surgido, fundamentalmente, por uma razão: o deseo de unos de despojar a otros de sus riquezas. ¡Desaparezca a filosofia do despojo, e habrá desaparecido a filosofia da guerra! (APLAUSOS.) ¡Desaparezcan as colônias, desaparezca a explotação dos países pelos monopólios, e então a humanidad habrá alcanzado uma verdadera etapa de progreso!
Mientras esse paso não se da, mientras essa etapa não se alcanza, o mundo tem que vivir constantemente sob a pesadelo de verse envuelto em qualquer crise, em uma conflagração atómica. ¿Por qué? Porque hay quem estão interesados em mantener o despojo, hay quem estão interesados em mantener a explotação.
Nós hemos hablado aqui do caso de Cuba. Nosso caso nos ha enseñado, pelos problemas que hemos tido com nosso imperialismo, ou seja, o imperialismo que está contra nós... Pero, em definitiva, os imperialismos são todos iguales, e são todos aliados. um país que explote a os povos de América Latina ou de qualquer otra parte do mundo es aliado na explotação dos demais povos do mundo.
Hay algo que realmente nos alarmó mucho no discurso do senhor Presidente dos Estados Unidos, quando dijo:
"En as zonas em desenvolvimento debemos tratar de promover cambios pacíficos, assim como asistir a que lleven a cabo su progreso econômico e social. Para fazer esto, para conseguir esse cambio, a comunidad internacional debe poder manifestar su presença nos casos de necesidad, mediante o envío de observadores ou de forças das Nações Unidas.
"Desearia que os Estados miembros tomasen medidas positivas acerca das sugestiones que figuran no informe do Secretario General, com miras à creação de um pessoal calificado dentro da Secretaria, para que asista a fazer frente a as necesidades de forças das Nações Unidas."
Es decir que depois de considerar "zonas de desenvolvimento" à América Latina, o Africa, Asia e Oceania, propugna que se promuevan "cambios pacíficos", e propone para ello incluso se empleen "observadores" ou "forças das Nações Unidas". Es decir que Estados Unidos surge ao mundo em virtude de uma revolução contra os que lo colonizavam. o direito dos povos a liberarse revolucionariamente do colonialismo ou de qualquer forma de opresión, foi reconocido pela propia Declaração do 5 de Julio de 1775 em Filadelfia e hoje o governo dos Estados Unidos propugna o uso das forças das Nações Unidas para evitar cambios revolucionários.
El Secretario General ha sugerido agora que os Estados miembros deben mostrarse dispostos a fazer frente a futuras petições das Nações Unidas, para que contribuyan ao mantenimento de dichas forças. Todos os países aqui representados deben responder a esta necesidad, aportando contingentes nacionales que podrian integrar estas forças das Nações Unidas em caso de necesidad. o momento de fazerlo es agora, nesta misma Assembleia. Aseguro a os países que agora reciben asistência dos Estados Unidos de América que nós estamos em favor do uso de essa asistência para ajudarles a mantener os contingentes na forma que sugiere o Secretario General. Es decir que les propone a os países que têm bases e que reciben asistência, que estão dispostos a dar les mais asistência para a formação de essa força de emergência. Para cooperar a os esforços do Secretario General, Estados Unidos de América está disposto a prestar, de igual modo, facilidades importantes de carácter aéreo e marítimo para transportar os contingentes que as Nações Unidas pidan em qualquer futura emergência. Es decir que incluso ofrecen sus barcos e sus aviões para essas forças de emergências e deseamos expressar aqui que a delegação cubana não está de acordo com essa força de emergência em tanto todos os povos do mundo não possam sentirse seguros de que não são para ponerlas ao serviço do colonialismo e do imperialismo (APLAUSOS), e mucho menos quando qualquer de nossos países, puede ser em qualquer instante vítima do uso de essa força contra o direito de nossos povos.
Hay aqui varios problemas, sobre os quais han hablado já as distintas delegações. Simplesmente por razones de tiempo, queremos dejar só constância de nossa opinião sobre o problema do Congo. Es de imaginar que siendo nossa posição anticolonialista e contraria à explotação dos países subdesenvolvidos, nós condenemos a forma em que se llevó a cabo a intervenção das forças das Nações Unidas no Congo.
Primeiro, não foram essas forças ali para actuar contra as forças interventoras, para lo qual tinham sido llamadas. Se dio todo o tiempo necesario para que se promoviese ali a primeira disensión. Quando esto não era todavia suficiente, se dio tiempo e se viabilizó a oportunidad a que se produjese a segunda división, e por último, mientras se ocupavam ali as estações radiales e os aeródromos se dio a oportunidad de que surgiera o tercer homem, como les chamam a esses homens salvadores que surgen em estas circunstâncias. os conocemos já demasiado bien, porque no ano 1934 em nossa pátria surgió também uno de estos salvadores, que se llamó Fulgencio Batista. no Congo se llama Mobutu. em Cuba visitava todos os dias a embaixada norte-americana e parece que no Congo também. ¿Porque lo digamos nós? No. Porque lo dice nada menos que uma revista que es a maior defensora que hay dos monopólios e portanto não puede estar em contra deles. não puede estar a favor de Lumumba, porque está contra Lumumba e está a favor de Mobutu. mas ademais explica quién es, cómo surgió, cómo se dedicó a trabajar, e dice finalmente a revista "Times" em su última edição: "Mobutu começou a ser visita frecuente da embaixada dos Estados Unidos e sostuvo largas conversações com sus funcionarios. uma tarde da semana pasada Mobutu conferenció com oficiales do Campo Leopoldo e logró su apoyo clamoroso. essa noche foi a Radio Congo, a misma Radio Congo que não le tinham permitido usar a Lumumba e abruptamente anunció que o exército asumia o poder."
Es decir, todo isso depois de frecuentes visitas e largas conversações com os funcionarios da embaixada dos Estados Unidos —lo dice "Times", defensor dos monopólios.
Es decir que a mão dos interesses colonialistas ha estado clara e evidente no Congo e portanto nossa opinião es que se ha actuado mal, que se ha favorecido a os interesses colonialistas e que todos os fatos indican que o povo do Congo e a razão no Congo estão do lado do único líder, que se quedó ali defendiendo os interesses de su pátria, e esse líder es Lumumba (APLAUSOS).
Si os países afroasiáticos, em vista de esta situação, e este tercer homem misterioso que ha aparecido allá no Congo, llamado a desplazar junto com os interesses legítimos do povo congolés a os governos legítimos do Congo, logran que esses poderes legítimos se reconcilien em defesa dos interesses do Congo, melhor, mas si essa reconciliação não se logra, a razão e o direito han de estar junto a quien não só tem ali o apoyo do povo e do Parlamento, sino que es o que ha sabido mantenerse frente a os interesses dos monopólios, ha sabido mantenerse junto a su povo.
En o problema de Argelia hay que decir que estamos cento por cento ao lado do direito do povo de Argelia a su independência (APLAUSOS), e, ademais, es ridículo como muitas otras coisas ridículas que têm essa vida artificial que les dan os interesses creados. Es ridículo pretender que Argelia sea parte da nação francesa. Também lo han pretendido otros países para mantener sus colônias notros tiempos. Eso, que se llama "integrismo", históricamente fracasó. Analicemos a cuestión à inversa, que a metrópole fuese Argelia e declarara que um pedazo de Europa forma parte integral de su território. isso es sencillamente uma razão traída pelos pelos e que carece de sentido. Argelia, senhores, pertenece ao Africa, como Francia pertenece a Europa.
Hace varios anos que, contudo, esse povo africano libra uma luta heroica contra a metrópole. Quizás mientras nós estamos discutiendo aqui tranquilamente, sobre aldeas e povos argelinos estén cayendo a metralla e as bombas do governo ou do exército francés. e estão muriendo os homens, em uma luta donde não hay a menor duda respecto ao lado de quien está o direito e que puede resolverse tomando em cuenta incluso os interesses de uma minoria, que es a que se toma também como pretexto para negarles o direito à independência a as nove décimas partes da população de Argelia. contudo, não hacemos nada. ¡Tan pronto como fuimos ao Congo e tão poco entusiasmados como estamos para ir a Argelia! (APLAUSOS.) e si o governo argelino —que também es um governo porque representa a milhões de argelinos que estão lutando— pide que as forças das Nações Unidas vayan também ali, ¿iriamos com o mismo entusiasmo? ¡Ojalá fuésemos com o mismo entusiasmo, mas com propósitos bem diferentes, ou seja, com o propósito de defender os interesses da colônia e não os interesses dos colonizadores!
Estamos, pues, ao lado do povo argelino, como estamos ao lado dos povos sometidos ao colonialismo que quedan todavia nafrica e ao lado dos negros discriminados da União Sudafricana e estamos ao lado dos povos que desean ser livres, não só políticamente, porque es muito fácil poner uma bandeira, um escudo, um himno e um cor no mapa, sino livres econômicamente. Porque hay uma verdad que debiéramos sabérnosla todos como a primeira, e es que não hay independência política si não hay independência econômica, que a independência política es uma mentira, si não hay independência econômica. e que, portanto, a aspiração de ser livres política e econômicamente a respaldamos nós, não só a tener uma bandeira e um escudo e uma representação na ONU. Nós queremos plantear aqui otro direito, um direito que ha sido proclamado por nosso povo em reUnião multitudinaria em dias recientes: o direito dos países subdesenvolvidos a nacionalizar sem indemnização os recursos naturais e as inversiones dos monopólios em sus respectivos países. Es decir que nós propugnamos a nacionalização dos recursos naturais e das inversiones extranjeras nos países subdesenvolvidos.
Y si os altamente industrializados lo desean fazer também não nos oponemos (APLAUSOS).
Para que os países possam ser verdaderamente livres em lo político, deben ser verdaderamente livres em lo econômico, e então ajudarlos. Nos preguntarán pelo valor das inversiones e nós preguntamos pelo valor das ganancias, as ganancias que han estado extrayendo dos povos sometidos ao colonialismo e subdesenvolvidos durante décadas quando no, ¡durante séculos!
Hay também uma proposição do presidente da delegação de Ghana, que nós deseamos apoyar. a proposição de que se libere ao território africano de bases militares e portanto de bases de armas nucleares; ou seja, a proposição de liberar ao Africa dos perigos de uma guerra atómica. já se ha fato algo com a Antártida. ¿Por qué, mientras se avanza no camino do desarme, não vamos avanzando também no camino da liberação de ciertas zonas da terra do perigo da guerra nuclear? Si Africa renace, essa Africa que hoje estamos aprendiendo a conocer, não o Africa que nos enseñavam nos mapas, não o Africa que nos enseñavam nas películas de Hollywood e nas novelas, não aquela Africa donde sempre aparecia a tribu semidesnuda, armada de lanzas, dispuesta a correr ao primeiro choque com o herói blanco, e o herói blanco, tanto mais herói cuanto mais naturais de Africa matava. essa Africa que se yergue aqui com líderes como Nekruma e Sekou Touré, ou essa Africa do mundo arábigo de Nasser, essa verdadera Africa, o continente oprimido, o continente explotado, o continente de donde surgiram milhões de esclavos, essa Africa que tanto dolor lleva em su história, a essa Africa, com essa Africa tenemos um deber: preservarla do perigo da destruição, compensen nalgo os demais povos, compensen nalgo o occidente de lo mucho que ha fato sofrer ao Africa, preservándola do perigo da guerra atómica, declarando a Africa como zona livre de esse perigo, que ali não se establezcan bases atómicas, e que por lo menos quede esse continente, mientras não podamos fazer otra cosa, como o santuario donde se preserve a vida humana (APLAUSOS PROLONGADOS). Apoyamos calurosamente esta proposição.
Y sobre a cuestión do desarme, sobre a cuestión do desarme apoyamos enteramente a proposição soviética —y não nos sonrojamos aqui por apoyar a proposição soviética. Entendemos que es uma proposição correcta, precisa, definida e clara.
Hemos leído detenidamente o discurso que pronunció aqui, por exemplo, o presidente Eisenhower; e não habló, realmente, ni do desarme, ni do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos, ni do problema das colônias. em realidad, vale a pena que os cidadãos de este país, tão influidos pela propaganda falsa, se situasen em um minuto de objetividad a leer os discursos do Presidente dos Estados Unidos e do Primeiro Ministro soviético, para que se vea em dónde hay uma sincera preocupação pelos problemas do mundo, para que se vea dónde se habla com claridad e com sinceridad; e para que, ademais, se vea quiénes são os que quieren o desarme e quiénes são os que não quieren o desarme, e por qué.
La proposição soviética não puede ser mais clara. ao planteamento soviético não se le puede pedir mais. ¿Por qué reservas, quando nunca se ha hablado de um problema tão tremendo como este com tanta claridad?
La história do mundo ha enseñado trágicamente que as carreras armamentistas han conducido sempre à guerra; pero, não obstante, em nenhum minuto como este a guerra significa uma hecatombe tão grande para a humanidad e, portanto, nunca a responsabilidad ha podido ser maior. e ha planteado a delegação soviética sobre este problema que tanto preocupa à humanidad —como que le va virtualmente a existência à humanidad— uma proposição de desarme total e completa, amplia. ¿Se puede pedir mais? ¡Pídanlo, si se puede pedir mais!, mais garantias, si se pueden pedir, ¡pídanlas!, mas não puede ser mais clara e mais definida, e históricamente não se podrá responder com uma negativa sem asumir a responsabilidad que entraña o perigo da guerra e a guerra misma.
¿Por qué se quiere sustraer da Assembleia General o problema? ¿Por qué a delegação dos Estados Unidos não quiere discutir este problema entre todos nós? ¿Es que nós não tenemos criterio? ¿Es que nós não debemos enterarnos do problema? ¿Es que tem que reunirse uma comissão? ¿Por qué não lo mais democrático? Es decir que a Assembleia General, todos os delegados, discutan aqui o problema do desarme, e que todo o mundo ponga as cartas sobre a mesa, para que se sepa quiénes quieren e quiénes não quieren o desarme, quiénes quieren e quiénes não quieren estar jugando à guerra, e quiénes traicionan essa aspiração da humanidad; ¡porque a humanidad não debe ser jamais llevada a uma hecatombe por interesses egoístas e bastardos!, a humanidad, nossos povos, não nós, han de ser preservados de essa hecatombe, para que todo lo que o conocimento e a inteligência humana han creado não sirva para a propia destruição da humanidad.
Ha hablado claro a delegação soviética, e lo digo objetivamente, e invito a que se estudien essas proposições, e que ponga todo o mundo sus cartas sobre a mesa. Sobre todo, esta não es solamente uma cuestión de delegações, ¡esta es uma cuestión de opinião pública! ¡Los guerreristas e os militaristas deben ser descubiertos e condenados pela opinião pública do mundo! Este es um problema que não le incumbe a minorias, le incumbe ao mundo, e hay que desenmascarar a os guerreristas e a os militaristas, e essa es tarefa da opinião pública. não só debe discutirse no pleno. Debe discutirse a os ojos do mundo entero. Debe discutirse ante a grande Assembleia do mundo entero, porque em caso de uma guerra não serán exterminados solamente os responsables. Serán exterminados centenas de milhões de inocentes que não têm a menor culpa, e por lo qual nós, que nos reunimos aqui como representantes do mundo —o de uma parte do mundo, porque o mundo não está completo aqui todavia, ¡no estará o mundo completo até que aqui esté a República popular China!— debemos tomar medidas (APLAUSOS). uma cuarta parte do mundo, por supuesto, está ausente de esta Assembleia; mas a parte que está aqui tem o deber de hablar com claridad e não andar escurriendo o bulto, e de discutirlo todos, que este es um problema demasiado serio, este es um problema mais importante, que ajuda econômicamente mais que todos os demais compromisos, porque este es o compromiso de preservar a vida da humanidad. A discutir todos, e a hablar todos de este problema e a lutar todos porque haya paz ou para que, ao menos, queden desenmascarados os militaristas e os guerreristas. e, sobre todo, si nós os países subdesenvolvidos queremos tener uma esperanza de progreso, queremos tener uma esperanza de ver a nossos povos disfrutando de um estãodar de vida mais alto, luchemos pela paz, e luchemos pelo desarme, que com a quinta parte de lo que o mundo se gasta narmamentos se podia promover um desenvolvimento de todos os países subdesenvolvidos, com uma tasa de crecimento do 10% anual. ¡Con a quinta parte! e podria elevarse, por supuesto, o estãodar de vida dos países que gastan sus recursos narmamentos.
Agora, ¿quales são as dificultades do desarme? ¿Quiénes são os interesados em estar armados? os interesados em estar armados até os dientes são os que quieren mantener as colônias, os que quieren mantener sus monopólios, os que quieren conservar em sus mãos o petróleo do Medio Oriente, os recursos naturais de América Latina, de Asia, de África; e que, para defenderlos, necesitan a força. e vocês sabem perfectamente que em virtude do direito da força se ocuparon esses territórios e foram colonizados; em virtude do direito da força se esclavizó a milhões de homens. e es a força a que mantiene essa explotação no mundo. Luego, os primeiros interesados em que não haya desarme são os interesados em mantener a força, para mantener o control dos recursos naturais e das riquezas dos povos, e da mão de obra barata dos países subdesenvolvidos. Prometimos que íbamos a hablar com claridad, e não se puede llamar de otra manera à verdad.
Luego, os colonialistas são enemigos do desarme. Hay que lutar com a opinião pública do mundo para imponerles o desarme, como hay que imponerles, lutando com a opinião pública do mundo, o direito dos povos a su liberação política e econômica.
Son enemigos do desarme os monopólios, porque ademais de que com as armas defendem a esses interesses, a carrera armamentista sempre ha sido um grande negocio para os monopólios. e, por exemplo, es de todos sabido que os grandes monopólios neste país duplicaron sus capitales a raíz da Segunda Guerra. Como os cuervos, os monopólios se nutren dos cadáveres que nos trazem as guerras.
Y a guerra es um negocio. Hay que desenmascarar a os que negocian com a guerra, a os que se enriquecen com a guerra. Hay que abrirle os ojos ao mundo, e enseñarle quiénes são os que negocian com o destino da humanidad, os que negocian com o perigo da guerra, sobre todo quando a guerra puede ser tão espantosa que não queden esperanzas de liberação, de salvarse, ao mundo.
Y essa es tarefa à que nós, país pequeno e subdesenvolvido, invitamos a os demais povos pequenos e subdesenvolvidos, especialmente, e a toda a Assembleia, a lutar, e que se traiga aqui, que depois não nos perdonaremos as consecuências, si por dejadez nossa ou por falta de firmeza ou por falta de energia neste problema, o mundo se ve envuelto, cada vez mais, nos perigos da guerra.
Nos queda um punto que, segundo hemos leído nalguns periódicos, iba a ser uno dos puntos da delegação cubana, e era lógico, o problema da República Popular China.
Ya lo han expuesto otras delegações. Nós queremos exponer aqui que es realmente uma negação da razão de ser das Nações Unidas e da esência das Nações Unidas o que ni siquiera se haya entrado a discutir esse problema aqui. ¿Por qué? Porque es a vontade do governo dos Estados Unidos. ¿Por qué a Assembleia das Nações Unidas va a renunciar su direito a discutir esse problema?
Aqui han ingresado, nos anos recientes, numerosos países. Es negar a realidad da história, e negar a realidad dos fatos e da vida misma, o oponerse aqui à discusión dos direitos da República Popular China; ou seja, do 99% dos habitantes de um país de mais de 600 milhões de habitantes a estar representados aqui. Es sencillamente um absurdo, um ridículo, que ni siquiera se discuta esse problema e, ¿até cuándo vamos a estar haciendo nós esse triste papel de ni siquiera discutir este problema?, quando aqui estão, os representantes, por exemplo, de Franco, em Espanha...
Queriamos fazer uma consideração sobre o fato de cómo surgen as Nações Unidas.
Surgen depois da luta contra o fascismo, depois que decenas de milhões de homens murieron. e así, de aquela luta que tantas vidas costó, surgió esta organização como uma esperanza. não obstante, hay extraordinarias paradojas: quando os soldados norte-americanos caian em Guam, ou em Guadalcanal, ou nokinawa, ou em uma das muitas islas de Asia, caian também no território continental chino, lutando contra o mismo enemigo, esses mismos homens a quem se les niega o direito a discutir su ingreso nas Nações Unidas. e, mientras ao mismo tiempo soldados da División Azul lutavam na União Soviética em defesa do fascismo, à República popular China se le niega o direito a que se discuta su caso aqui, nas Nações Unidas.
Sin embargo, aquele regime, que foi a consecuência do nazismo alemán e do fascismo italiano, que tomó o poder com o apoyo dos canones e os aviões de Hitler, e dos "camisas negras" de Mussolini, recibió este generoso ingreso nas Nações Unidas.
China representa uma cuarta parte do mundo. ¿Qué governo es a verdadera representação de esse povo, de esse povo que es o maior do mundo? Sencillamente, o governo da República popular China. e ali se mantiene otro regime, em medio de uma guerra civil, que interrumpió a intromissão da Séptima Flota dos Estados Unidos.
Cabe todavia aqui preguntarse em virtude de qué direito, a flota de um país extracontinental —y vale a pena que lo repitamos aqui—, quando tanto se habla de intromissões extracontinentales, que a nós se nos dé uma explicação do porqué a flota de um país extracontinental interfirió ali em um asunto interno de China, com o único propósito de mantener ali um grupo adicto e impedir a total liberação do território. Como essa es uma circunstância absurda e uma circunstância ilegal desde todo punto de vista, esse es o porqué o governo dos Estados Unidos não quiere que se discuta o problema da República popular China. e nós queremos dejar constância aqui de este punto de vista nosso e de nosso apoyo a que se discuta e que a Assembleia das Nações Unidas siente aqui a os legítimos representantes do povo chino, que são os representantes do governo da República popular China.
Comprendo perfectamente bem que es um poco difícil o que se livre ninguém aqui dos conceptos estereotipados com que suelen juzgar a os representantes das Nações. Debo decir que aqui hemos venido livres de prejuicios, a analizar objetivamente os problemas, sem miedo a que crean lo que crean, ou sem miedo a as consecuências de nossa actitud.
Hemos sido honestos, hemos sido francos —sin franquismo—(APLAUSOS), porque não queremos ser cúmplices de essa injustiça que se comete com grande número de espanhóis, que todavia estão hace 20 anos, mais de 20 anos, presos em Espanha, e que lutaram junto com os norte-americanos do batallón "Lincoln", compañeros de esses mismos norte-americanos que foram ali a poner nalto o nombre de esse grande norte-americano que foi Lincoln.
En definitiva, vamos a confiar no razonamento, e vamos a confiar na honestidade de todos. Hay coisas, sobre estos problemas do mundo com lo qual nós queremos resumir nosso pensamento, sobre lo que não cabe duda. Nosso problema lo hemos expuesto aqui. Forma parte dos problemas do mundo. Quem hoje nos agreden a nós são os que ajudan a agredir a otros notras partes do mundo.
El governo dos Estados Unidos não puede estar com o povo argelino, porque es aliado da metrópole, Francia. não puede estar com o povo congolés, porque es aliado de Bélgica. não puede estar com o povo espanhol, porque es aliado de Franco. não puede estar com o povo Portorriqueño, cuya nacionalidad han estado destruindo durante 50 anos. não puede estar com os panameños, que reclaman o Canal. não puede estar com o auge do poder civil ni na América Latina, ni nalemania, ni em Japón. não puede estar com os camponeses que quieren terra, porque são aliados dos latifundistas. não puede estar com os operários que reclaman melhores condições de vida, em qualquer lugar do mundo, porque são aliados dos monopólios. não pueden estar com as colônias que quieren liberarse, porque são aliados dos colonizadores.
Es decir que estão com Franco, com a colonização de Argelia, com a colonização do Congo, estão com o mantenimento de sus privilegios e interesses no Canal, com o colonialismo em todo o mundo. Estão com o militarismo alemán e o resurgimento do militarismo alemán. Estão com o militarismo japonés e o resurgimento do militarismo japonés.
El governo dos Estados Unidos se olvida dos milhões de hebreos que foram asesinados nos campos de concentração de Europa pelos nazis que hoje recuperan su influência no exército alemán. Se olvidan dos franceses que foram asesinados ali em su heroica luta contra a ocupação. Se olvidan dos soldados norte-americanos que murieron na línea de Sigfrido, no Ruhr, ou no Rhin, ou nos frentes de Asia. não pueden estar com a integridad e a soberania dos povos. ¿Por qué? Porque necesitan cercenar a soberania dos povos para mantener sus bases militares, e cada base es um puñal clavado na soberania, cada base es uma soberania cercenada.
Por isso tem que estar contra a soberania dos povos, porque necesita estar cercenando a soberania para mantener su política de bases alrededor da União Soviética, e entendemos que ao povo norte-americano não se le explica bem estos problemas, porque basta que o povo norte-americano se imagine qué seria de su tranquilidad si em Cuba, em México, ou em Canadá, a União Soviética comienza a estabelecer um cordón de bases atómicas. a população não se sentiria segura, não se sentiria tranquila.
Hay que enseñarle à opinião mundial, que incluye, portanto, à opinião norte-americana, a comprender os problemas desde otro ángulo, desde o ángulo dos demais. não presentarnos sempre a os povos subdesenvolvidos como agresores, a os revolucionários como agresores, como enemigos do povo norte-americano. Nós não podemos ser enemigos do povo norte-americano, porque hemos visto norte-americanos como Carleton Beals, ou como Waldo Frank, a ilustres e distinguidos intelectuales como eles, salírseles as lágrimas pensando nos errores que se cometen, na falta de hospitalidad que particularmente se cometió com nós. em muitos norte-americanos, os mais humanos dos escritores, os mais progresistas de sus escritores, os mais valiosos de sus escritores, veo a nobleza dos primeiros dirigentes de este país: dos Washington, dos Jefferson, e dos Lincoln. Lo digo sem demagogia, com a sincera admiração que sentimos por aqueles que um dia supieron liberar a su povo de su colônia e lutar, não para que hoje su país fuese o aliado de todos os reaccionarios do mundo, o aliado de todos os gangsters do mundo, o aliado dos latifundistas, dos monopólios, dos explotadores, dos militaristas, dos fascistas. ou seja, o aliado dos mais retrógrados e dos mais reaccionarios, sino para que su país fuese sempre defensor de nobles e de justos ideiales.
Sabemos, por cierto, lo que le dirán hoje e mañana e sempre de nós ao povo norte-americano para engañarlo. mas não importa. Cumplimos nosso deber com expressar estos sentimentos nesta histórica Assembleia. Proclamamos o direito dos povos a su integridad, o direito dos povos a su nacionalidad, e conspiran contra o nacionalismo, os que sabem que o nacionalismo significa afán de recuperar lo suyo, sus riquezas, sus recursos naturais.
Estamos, em fin, com todas as nobles aspirações de todos os povos. essa es nossa posição. com todo lo justo estamos e estaremos sempre: contra o colonialismo, contra a explotação, contra os monopólios, contra o militarismo, contra a carrera armamentista, contra o juego à guerra. Contra isso estaremos sempre. essa será nossa posição.
Y, para finalizar, cumpliendo lo que entendemos como um deber nosso, traer ao seno de esta Assembleia a parte esencial da Declaração da Habana. Vocês sabem que a Declaração da Habana foi a respuesta do povo de Cuba à Carta de Costa Rica. não se reunieron 10, ni 100, ni 100 000, se reunieron mais de um milhão de cubanos. Quem duden, pueden ir a contarlos na próxima concentração ou Assembleia general que demos em Cuba, na segurança de que van a ver um espectáculo de povo ferviente e de povo consciente, que difícilmente hayan tido oportunidad de ver, e que só se ve quando os povos estão defendiendo ardorosamente sus interesses mais sagrados.
En aquela Assembleia de respuesta à Carta de Costa Rica, em consulta com o povo e por aclamação do povo, se proclamaron estos princípios, como os princípios da Revolução Cubana:
"La Assembleia General Nacional do Povo de Cuba, condena o latifundio, fuente de miseria para o camponês e sistema de produção agrícola retrógrado e inhumano; condena os salarios de hambre e a explotação inicua do trabajo humano por bastardos e privilegiados interesses; condena o analfabetismo, a ausência de maestros, de escuelas, de médicos e de hospitais; a falta de protecção à vejez que impera nos países de América; condena a discriminação do negro e do indio; condena a desigualdad e a explotação da mulher; condena as oligarquias militares e políticas que mantienen a nossos povos na miseria, impiden su desenvolvimento democrático e o pleno ejercicio de su soberania; condena as concessões dos recursos naturais de nossos países a os monopólios estrangeiros como política entreguista e traidora ao interés dos povos; condena a os governos que desoyen o sentimento de sus povos para acatar mandatos estrangeiros; condena o engano sistemático a os povos por órgãos de divulgação que responden ao interés das oligarquias e à política do imperialismo opresor; condena o monopólio das notícias por agências monopolistas, instrumentos dos trusts monopolistas e agentes de esses interesses; condena as leis represivas que impiden a os operários, camponeses, estudiantes e a os intelectuales, a as grandes maiorias de cada país, organizarse e lutar por sus reivindicações sociales e patrióticas; condena a os monopólios e empresas imperialistas que saquean continuamente nossas riquezas, explotan a nossos operários e camponeses, desangran e mantienen em retraso nossas economias, e someten a política da América Latina a sus designios e interesses.
"La Assembleia General Nacional do Povo de Cuba condena, em fin, a explotação do homem pelo homem, e a explotação dos países subdesenvolvidos pelo capital financiero imperialista.
"En consecuência, a Assembleia General Nacional do Povo de Cuba, proclama ante América" —y lo proclama aqui ante o mundo:
"El direito dos camponeses à terra; o direito do obrero ao fruto de su trabajo; o direito dos crianças à educação; o direito dos enfermos à asistência médica e hospitalaria; o direito dos jóvenes ao trabajo; o direito dos estudiantes à enseñanza livre, experimental e científica; o direito dos negros e os indios à 'dignidad plena do homem'; o direito da mulher à igualdad civil, social e política; o direito do anciano a uma vejez segura; o direito dos intelectuales, artistas e científicos a lutar, com sus obras, por um mundo melhor; o direito dos Estados à nacionalização dos monopólios imperialistas, rescatando assim as riquezas e recursos nacionales; o direito dos países ao comercio livre com todos os povos do mundo; o direito das Nações a su plena soberania, o direito dos povos a convertir sus fortalezas militares em escuelas, e armar a sus operários" —porque em esto nós tenemos que ser armamentistas, narmar a nosso povo para defendernos dos ataques imperialistas—, "camponeses, estudiantes, intelectuales, ao negro, ao indio, à mulher, ao joven, ao anciano, a todos os oprimidos e explotados, para que defiendan, por sí mismos, sus direitos e sus destinos."
Alguns querian conocer qual era a línea do Governo Revolucionário de Cuba. Pues bien, ¡esta es nossa línea!
(OVACION)
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